Dever fundamental de educação para o século XXI. Educação para o futuro e para o desenvolvimento no Brasil

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Resumo: o artigo aborda a temática da educação enquanto aspecto mais fundamental para o desenvolvimento do país, estabelecendo a temática da necessidade de políticas públicas voltadas para a solução do gargalo educacional que vivemos. Aponta experiências nacionais e estrangeiras como fatores a serem replicados em massa pelo país para que se possa estabelecer um salto de qualidade em altíssima escala de modo a parear-nos com os países mais desenvolvidos, num círculo virtuoso que nos traga mais educação, mais produtividade, mais valor agregado, mais pessoas preparadas para trabalhar e empreender no seio da economia brasileira. O artigo menciona a importância avassaladora da gestão para a melhoria da qualidade do ensino, para galgar posições o país necessitará atuar quase que obsessivamente com a gestão nas mais diversas áreas, sobremaneira na área da educação e da educação estratégica. Para tanto não há de se reinventar a roda, demonstramos que seguindo as experiências exitosas é possível alcançar a excelência a exemplo de Cingapura, Coréia do Sul e Japão entre outros países que estão muito bem posicionados nos rankings educacionais e de riqueza.

Palavras-chave: Educação. Desenvolvimento. Gestão. Qualidade. Produtividade.

Abstract: the article approaches the theme of education as a more fundamental aspect for the development of the country, establishing the theme of the need for public policies aimed at solving the educational bottleneck that we live. It points to national and foreign experiences as factors to be replicated en masse in the country so that a quantum leap in quality can be established to match the more developed countries in a virtuous circle that brings us more education, more value added, more people prepared to work and to undertake within the Brazilian economy. The article mentions the overwhelming importance of management to improve the quality of education, in order to achieve positions the country will need to act almost obsessively with management in the most diverse areas, especially in the area of ​​education and strategic education. In order not to reinvent the wheel, we demonstrate that by following the successful experiences it is possible to achieve excellence such as Singapore, South Korea and Japan among other countries that are very well positioned in the educational and wealth rankings.

Keywords: Education. Development. Management. Quality. Productivity.

Sumário: 1. Dever fundamental de Educação. 2. Educação como prioridade. 3. Educação competitiva e sensibilidade para a mudança. 4. O dever de educar para crescer. Conclusões.

1 Dever fundamental de Educação

Das características mais marcantes do mundo atual: a busca por direitos, a exigência dos direitos. Entretanto há um certo esquecimento de que os direitos custam caro, por isso é tão importante a obra de Holmes e Sustein “El costo de los derechos” (2013), não deixa de ser interessante neste livro a ideia de que a liberdade depende dos impostos, não deixa de ser curioso que a liberdade dependa de algo “imposto”. Outro lado desta moeda é que direitos custam caro, direitos pressupõem deveres, e não se vê a mesma sede de deveres quanto há a de direitos. Prudente visitar os antigos e o seu senso de dever (CICERO, 2007). Ainda que seja importante a perspectiva dos direitos, sobretudo com “A era dos direitos” de Norberto Bobbio, é mister que se escreva, e trabalhamos em escrito futuro, “A era dos deveres” com a intenção de marcar a dimensão de moeda constituída destes dois lados que é a democracia. Certamente o maior compromisso da liderança de uma nação com o seu povo é a capacidade de construir um instrumental que lhes constitua da maior autonomia possível. Nunca quanto agora foi tão necessário formar pessoas suficientemente capazes de (auto)aprendizado e potencialização do talento quanto nos dias atuais para que as pessoas tenham prosperidade socioeconômica. Percebemos isso claramente na atuação de Deng Xiaoping (BARBOZA, 2011), (MARTI, 2007) e Lee Yuan Kew (MYDANS, 2015), na China e em Singapura respectivamente. O principal caminho para chegarem a este progresso foi o investimento em capital humano e abertura comercial adequada. A ausência de um pensamento e ação de longo prazo precariza o alavancar das nações levando-as ao fracasso (ROBINSON; ACEMOGLU, 2012). Nunca um líder fez tanto por tantas pessoas na história da humanidade quanto Deng Xiaoping (MIRSKY, 2011). O saldo é positivo, basta ver a ascensão chinesa (TROYJO, 2016); a China cresce há 4 décadas ininterruptamente (FRITSCHAK, 2011)(KISSINGER, 2012) a uma média de 10% ao ano, enquanto isso em 40 anos o Brasil perdeu 20, e se perdeu, em termos relativos perdeu os 40 anos porque quando comparados aos EUA, que são a fronteira econômico-tecnológica, o Brasil não saiu do lugar. Na história do Brasil o tema da educação não é uma questão central. É fundamental percebermos o quanto há batalhas a serem enfrentadas para que possamos avançar em termos de questões que são graves para que seja possível avançar para um momento maior em termos de capacidade produtiva que proporcione ganhos fundamentais para que proporcione outras capacidades gerando um círculo virtuoso. O problema maior da educação brasileira é que justamente em virtude de sua ausência as pessoas não percebem que dela carecem absurdamente, e tal incapacidade pode ser notada desde as séries iniciais da vida escolar perpassando por toda a vida escolar até chegar à pós-graduação. A educação brasileira está distante de ser excelente, assim como não está disposta a se esforçar o suficiente para atingir tal patamar na medida em que galgar posições exige certo comprometimento que toma tempo, atenção, trabalho contínuo (OLIVEIRA, 2015). A impressão que se tem avaliando os dados é que não há esse compromisso no país. Basta ver que não há universidades brasileiras entre as 100 melhores na lista de Shanghai, estamos na 63ª posição no ranking do Pisa entre 70 países, temos a pior posição do mundo em matemática financeira entre os países pesquisados (LIMA, 2017).

2 Educação como prioridade

Acreditamos que sem a construção de um ambiente suficientemente capaz de dar condições de aprendizado para as pessoas em larga escala, com stress suficiente para que se corresponda às exigências do mundo atual não haverá como produzirmos cérebros tão fantásticos. Neste sentido é interessante perceber o quanto é competitivo o ambiente acadêmico dos EUA, ver a história de John Nash Jr., ou mesmo o sistema europeu mais antigo a exemplo da trajetória acadêmica de Heidegger. Enquanto não enfrentarmos de maneira clara o nosso problema de produtividade não conseguiremos dar conta do nosso atraso econômico de modo a proporcionar um bem-estar maior à nossa população. É necessário certo nível de competitividade, comprometimento com as metas a serem alcançadas pelo time de alunos, professores e gestores das escolas, do ministério da educação, dos reitores etc, por todos que estiverem envolvidos no ambiente educacional, entre outros ambientes. Para tanto basta que nos lembremos de textos como “O mal-estar na civilização” de Freud, ou mesmo “O que é esclarecimento de Kant”, é dizer, o grande desafio da vida é a constituição da autonomia, um dos maiores legados da civilização é o pensar por si mesmo, aporia do sapere aude perpassa por tal formação. É preciso muita lucidez para enfrentar a vida de tal modo desperto diante dos desafios estéticos, políticos, econômicos, afetivos, sensoriais, religiosos e ser suficientemente capaz de escapar ileso diante de tantas armadilhas e muletas que o cotidiano nos reserva. Quando se é “treinado” na estética precária, no pensamento político sem consistência, em ideias econômicas antigas e insustentáveis, sem arcabouço matemático suficiente para uma melhor compreensão dos fenômenos que nos cercam, em situações afetivas que não passam a segurança suficiente para o pleno amadurecimento da pessoa haverá muita dificuldade para que se constitua alguém com discernimento suficiente para se tomar as melhores decisões, para criar riqueza da melhor forma possível, para que todo o ambiente daquela população especifica possa ascender. Afinal, uma das piores coisas do mundo é ascender onde ninguém ascende nem busca ascensão, pois quem cresce fica sem interlocutores. Por isso é tão ruim que se criem apenas poucas ilhas de excelência no sistema educacional. O sistema como um todo tem de funcionar a contento, com nível parecido e sempre puxando para cima. A pauta é ascender sócio-econômico-culturalmente. O primeiro passo neste sentido é a construção do ethos educacional.

Yuval Harari nos mostra com um grande apuro da necessidade de nos prepararmos para um futuro que ainda não está claro diante do nosso horizonte. Temos de nos preparar muitíssimo, pois muitas das profissões tal qual a conhecemos não existiram no horizonte de 10 a 40 anos. E significa que a próxima geração terá que se reinventar no sentido laboral. Estamos minimamente preparados para consubstanciar tamanha e radical mudança no seio da sociedade, tanto no mercado educacional quanto no mercado de trabalho? Havemos de encontrar soluções para os problemas, para que mais uma vez não corramos o risco de ficar atrás na história da humanidade. Como em tantos outros momentos pagássemos muito por nossa própria culpa do nosso próprio atraso. Tem-se a oportunidade na medida em que o futuro é obscuro para todos, ainda que para uns mais do que para outros; é auspiciosa a tentativa de nos igualar as nações concorrentes justamente pelo fato de que ninguém sabe ao certo para onde o mundo vai em vários sentidos, em vários mercados, de maneira radical. Essa é a nossa maior e melhor oportunidade para equalizar a nossa distância perante os países ricos e desenvolvidos, para tanto necessitamos de uma estratégia maior que condiciona os nossos estudantes sobretudo os mais jovens para aprender a aprender e aprenderem a desaprender. Numa quadra na qual temos 14 milhões de desempregados, uma depressão econômica muito contundente, por incrível que pareça esse é o melhor momento para formularmos um cenário de futuro e um engajamento que nos coloque em outra posição na luta do mundo. Pois se o conseguirmos no pior momento será mais fácil de manter quando vier a bonança. Nossa tradição em geral mostra que em momentos de calmaria não temos tido a capacidade para tomar as decisões corretas em para a manutenção do nosso desenvolvimento. Tanto que sempre que temos algum desenvolvimento este tem sido de curto prazo e sempre acaba numa depressão econômica grande, como aconteceu na ressaca do final dos anos 70 e na década de 80 inteira, tal como em 1999, tal como nesta quadra de 2015 a 2017. O que mais dói é que não precisaríamos passar por isso caso estivéssemos atentos às verdadeiras necessidades da nossa população num contexto de inserção nas cadeias de produção mundial. Tamanha ambição exige que tenhamos uma visão de longo prazo, que tenhamos um melhor ambiente econômico e uma sólida formação de capital humano para as várias áreas. É dizer, nem todos precisam ser engenheiros, mas o trabalhador que será encanador tem de ser alguém que conheça com bastante razoabilidade a sua própria língua e uma matemática suficiente para melhor entender as questões de medidas, de uso de materiais, de matemática financeira para o planejamento do seu negócio, e o entendimento dos manuais de instrução para lidar com os materiais com os quais ele trabalha. Que é algo importante na medida em que fará com que tenha maior precisão da quantidade material que irá usar, bem como qual o prazo em que fará o serviço assim como o quanto o trabalho vai custar com o respectivo material escolhido e no tempo requerido de ser trabalhado naquela forma de contratação. Ademais no médio prazo a construção civil será uma das empresas que mais serão afetadas pelo uso das máquinas e tecnologia, haverá muito desemprego no setor. A educação precária atinge nossa produtividade, que atinge seriamente nossa economia precarizando crucialmente nosso crescimento (MENDES, 2014). A questão da produtividade e do desenvolvimento econômico é um debate antigo no Brasil, remontando à querela entre Eugênio Gudin e Roberto Simonsem. Muitas vezes as pessoas não percebem o quanto o país perde com o fato de sua população não ser educada. E é algo que não precisaria ser desta forma na medida em que os escritos de Gary Becker e Schultz estão disponíveis desde os anos de 1964, sendo que tínhamos pesquisadores brasileiros nos EUA nos anos 60 e que poderiam ter feito algum planejamento maior juntamente com o estado brasileiro para dar um norte à sua população. Infelizmente, somente a partir dos anos 90 se fez um esforço maior para suprir nossa deficiência educacional, feita de modo ainda ineficiente. Afinal, triplicou-se a verba do MEC e ainda assim estamos estagnados em nossos índices educacionais, é dizer, ao ficarmos parados, regredimos. Apesar do esforço, ainda não avançamos e o que tem sido feito é tímido diante do tamanho dos desafios que temos pela frente. Temos uma luta imensa por vencer. É preciso que nos conscientizemos da importância de investirmos em educação básica de qualidade, é preciso que estejamos imersos nos estudos e na experiência da vida prática, estudo e experiência que nos dias atuais requer um foco em criatividade que não se revela só na lida com a tecnologia, mas também com ela. Há muito a ser feito, sobretudo na medida em que pensamos na evolução da educação no mundo asiático revelado no Pisa, sobretudo em Taipei, Hong-Kong, Macau, Japão, Vietnã, Cingapura. Estes países estão entre os 10 primeiros lugares da lista do Pisa, enquanto o Brasil está entre os últimos lugares. Não podemos permitir que isso aconteça, esta é a nossa “II guerra mundial particular” e somos alemães e aliados ao mesmo tempo, nossa batalha é dentro do nosso próprio território, nosso inimigo somos nós. É necessário que no médio prazo tenhamos a capacidade de viabilizar um salto educacional aproveitando inclusive a mudança do mundo no sentido cultural e tecnológico o que de certo modo permite este avanço diferenciado para se lidar com esse novo mundo que surge na medida em que ninguém sabe ao certo para onde o mundo irá necessariamente; sobre a incerteza do mundo futuro ver amplamente Harari (2016). Portanto, este seria o momento crucial de se estabelecer um esforço educacional para nos lançarmos a competitividade internacional em alto nível. Para tudo isso é preciso liderança, e este é o ativo mais em falta no Brasil e no mundo atual. Não se acha uma Angela Merkel ou um Emmanuel Macron em qualquer prateleira de supermercado, liderança é artigo raro, e tanto mais seja raro mais é importante e crucial para os destinos das nações.

3 Educação competitiva e sensibilidade para a mudança

Exemplificamos essa percepção de longo prazo com a visão de Noah Harari de que na medida em que não sabemos quais sãos as competências a serem ensinadas no futuro devemos focar em tornar os alunos mais criativos e mais preparados para serem pessoas mais resilientes, é fundamental em todas as idades ter uma identidade flexível, ter uma capacidade emocional para lidar com as mais diversas e mutáveis situações; tais características serão demasiadamente importantes para o horizonte futuro da humanidade (PILAR, 2016). Este ensinamento de Harari é justamente o que Cingapura pretende introduzir em sua educação (G1, 2017). Tanto o pensamento de Harari, quanto o planejamento de Cingapura estão em sintonia com as pesquisas da psicóloga americana Angela Duckworth (2016). Desde a época de Sócrates se discute o que ensinar aos jovens (PLATÃO), mas nunca foi tão imprevisível quais assuntos são imprescindíveis ou não. O caso de Cingapura não deixa de ser curioso porque em princípio Lee Kuan Yew tencionava uma fusão com a Malásia, mas esta tentativa foi malograda (AW, 2015), frustrando as expectativas do líder, o que fez com que se tentasse novos caminhos e estratégias para a pequena cidade estado. O surpreendente desta história é que Cingapura hoje é um dos países mais desenvolvidos do mundo e tem renda per capita de US$ 85.253 (em ppp) superior à da Malásia (US$ 26.314). Impressiona o que a qualidade da liderança e a dedicação de um povo são capazes de fazer. Não por acaso que Becker, Schultz e Mincer ganharam o nobel por suas pesquisas da educação no campo da economia, a descoberta destes economistas teve profundo impacto na formulação de políticas públicas e privadas no setor educacional dos países pelo mundo afora. Esse ganho de produtividade através da educação precisa ser perene para que não retroceda, pois, caso não se mantenha ou não aumenta ou não mantém a capacidade econômica daquele povo, vide o caso argentino que era um país rico e está se tornando um país pobre ao longo do século XX, no ranking do Pisa a argentina está numa posição mediana, caso não eleve sua posição as novas gerações terão grande dificuldade para criar o apogeu que este país já teve no início do século XX.

Na medida em que as crianças não têm como se proteger e construírem a sua educação elas não conseguem se instruir caso não tenham uma boa escola, sobretudo pelo fato de que a maioria das crianças brasileiras são de famílias pobres que precisam da proteção do estado para que consigam se desenvolver, avançar enquanto pessoas em sua trajetória adulta. E a família pobre não tem capacidade de educar a criança pelo fato de não ter conhecimento, já a família que tem uma maior condição financeira em geral tem pais que possuem alguma formação cultural que ajuda a construir e reforçar a auto estima dessas crianças ainda que a escola seja ruim, Érica Fraga trata deste tema num recente artigo na Folha (FRAGA, 2017). Entretanto, a criança que tenha estrutura em casa e tenha uma família estruturada e que tenha também conhecimento ocorrerá um avanço muito maior. Num exemplo simples podemos perceber que não haverá famílias ricas com capital cultural que não tenha saneamento básico em suas casas. E isto é um valor que a educação dá sem que as pessoas percebam. O próprio ganho da concepção do pensamento mais apurado é um ganho fundamental da educação, ainda que não tivesse ganho econômico algum, o simples valor de se pensar com elegância já é um ganho por si só.

Enquanto as pessoas realmente não tiverem a educação como aspecto central e importante do cotidiano do brasileiro pouco se avançará. E importância é aquilo que os atores consideram importantes dentro da ação que estão realizando. Relevância é a importância que terceiros dão àquela ação de determinados atores, a partir do impacto que tal ação tem na vida destes terceiros; é dizer, a relevância é externa aos atores (MEIRA, 2016). Mesmo um empreendedorismo de estado precisa saber dialogar com o mercado e equacionar a ausência de uma educação de qualidade que debilita a formação de quadros que alavanque a produtividade e o valor agregado do que essa economia produz, sob esta ótica vale a pena ler o livro de Mariana Mazzucato (2014). É preciso ultrapassar as burocracias, um ministério é importante, mas só será relevante se houver estratégia da qual derive políticas das quais derivem ações e operações que levem a tentativas de resolver problemas reais. Há de se explicitar quais são os desafios para fazer conexões que criem redes para construir a base de conhecimento, a disseminação deste conhecimento, depois incentivar processos de criatividade, inovação e empreendedorismo e os colocar no mercado. Existe no Brasil uma mitologia acerca da quantidade de empresas de tecnologia em Israel. Isso existe lá porque eles têm um problema de segurança que gera uma demanda por tecnologia para lidar com a questão da segurança que acaba gerando soluções para outros problemas que ataca questões de negócios de inovação e empreendedorismo (MEIRA, 2016).

4 O dever de educar para crescer

O desempenho econômico do Brasil proporcionou grande pobreza e contundente desigualdade de renda. É necessário que o país encontre meios de crescer de maneira sustentável, com a distribuição de renda, da maneira mais breve possível. Para cumprir este fim educação brasileira precisa ser reformada de maneira ampla. O momento histórico muito peculiar, vivemos a mais drástica revolução tecnológica pela qual a humanidade já passou; a maior crise da história do Brasil, tão grave quanto estamos perdendo o melhor momento da nossa pirâmide demográfica.

Temos de ter claro, não adianta gastar 10% do PIB em educação, pelo contrário temos que gastar menos do que gastamos em educação para obter resultados melhores. Se hoje gastamos quase 6% do PIB em educação temos que diminuir esse custo para cerca de 3%, para tanto temos de melhorar sobretudo a gestão da educação brasileira que é bastante precária em quase todos os sentidos. não faz sentido compararmos os nossos gastos em educação com os gastos dos países ricos por um motivo muito simples eles têm um nível de riqueza cinco vezes maior do que o nosso, só faz sentido uma comparação com outros países na medida em que comparando as economias e são parecidas com a nossa, veja-se o caso da China que tem feito com que algumas de suas províncias como adicionar esteja entre os primeiros colocados no resultado do Pisa assim como outros países asiáticos que são até economicamente inferiores ao Brasil e tem resultados absolutamente fantástico no Pisa exemplo do Vietnã. É importante enfatizar a mudança tecnológica radical que virá no horizonte, e que já é real. Pedro Doria (2017) aponta para a extinção dos empregos, informando que os dois homens mais ricos do mundo são de empresas de tecnologia, Jeff Bezos e Bill Gattes, e que o terceiro colocado o mexicano Carlos Slim pensa que no futuro próximo haverá mais extinção de empregos do que a criação de empregos. Notadamente se pensarmos que o local mais dinâmico no mundo atual é o vale do silício, todos os países gostariam de ter um vale do silício em seus territórios. Para Silvio Meira (2017) todos os setores num futuro próximo vão perder pelo menos 50% dos postos de trabalho para as máquinas. Portanto, um dos maiores mercados que o futuro terá será o de programação. Entretanto, como diz Noha Yuval Harari (2015), professor de história, importante autor de “Sapiens” (2015) e mais recentemente “Homo Deus” (2016) ninguém sabe muito bem para onde vai o futuro, sabe-se com certeza que as mudanças serão drásticas. Noah Yuval Harari afirma que a elite econômica atual já não precisa da massa de trabalhadores inservível. Com a utilização das máquinas muito da força de trabalho humana não será mais necessária, e o que chama a atenção não é que as pessoas estejam a denunciar que estão sendo exploradas, elas denunciam que nem mesmo exploradas elas estão sendo, elas foram esquecidas, eis uma das causas do brexit e da eleição de Donald Trump. Érica Fraga (2017) em coluna da Folha de São Paulo sobre educação toca na importante questão que já mencionamos acerca de quais são as competências que serão importantes para o futuro no mercado de trabalho. É preciso estruturar uma educação que nos forme para a resolução de problemas concretos, que abandone o mundo da decoreba pura e simples, da resolução de problemas de livro texto ou de apostila e que abrace o mundo, no sentido da preparação e da invenção da realidade, a saber, a persecução de competências para dar o salto tecnológico das próximas décadas ou pelo menos estarmos aptos a nos engrenar nos saltos que outros países derem. A qualidade da educação reflete também nas questões de poder do horizonte do mundo vindouro, o poder com a tecnologia será bastante diferente, o funcionamento da democracia e os desafios da manutenção e construção da democracia serão muito vivos. Uma população educada e esclarecida pode ter melhores condições de evitar certas tragédias, muito embora não haja seguridade absoluta neste sentido. A questão do poder é central neste sentido (NAIM, 2013).

Conclusões

Acreditamos que o Brasil tem profundo problema educacional. Acreditamos que a educação tem de ser vista como um dever garantidor de direitos. A ausência de educação de qualidade no país promove forte ineficiência em sua democracia. Caso não se resolva o abismo educacional que atravessa o país como um todo não haverá como construir uma rota sustentável de desenvolvimento porque será impossível incrementar a produtividade, preparar as pessoas para um momento de alta tecnologia pelo qual o mundo passará nas próximas décadas, bem como será impossível agregar valor aos produtos produzidos no Brasil e que necessitam de pessoas qualificadas para operarem este tipo de mercado. Sobretudo num horizonte em que as máquinas realizarão a maior parte das atividades humanas, devido a este fator haverá um enorme contingente de pessoas desempregadas; com o envelhecimento veloz da população e o empobrecimento do país pela ausência de reformas econômicas haverá um avassalador contingente de idosos desamparados, que já se faz sentir nas ruas das grandes metrópoles do país, e esta tendência somente aumentará nos próximos anos. Para o Brasil só resta uma saída, educar sua população (abdicando de vieses ideológicos) para o mercado buscando o pleno emprego e lutando para escapar da armadilha da renda média. Sem muito esforço conjunto e uma preparação vital da elite do país não haverá caminhos para a modernização do país na 4ª revolução industrial (SCHWAB, 2016). Enquanto o país não compreender a importância da educação de ponta não avançaremos, enquanto a gestão escolar não operar no detalhe do cotidiano de cada escola não avançaremos, enquanto cada aluno não for acompanhado em seu rendimento como as pessoas acompanham os jogadores dos seus times de futebol não avançaremos, enquanto as pessoas não comemorarem as vitórias acadêmicas como comemoram vitórias esportivas dos times e das seleções do Brasil não avançaremos, enquanto as pessoas não ficarem indignadas com a má educação e com o fracasso escolar de seus filhos (nossas crianças e jovens) não avançaremos, enquanto não acompanharmos os estudos dos jovens nos preparando para apontar caminhos para eles na medida do possível não avançaremos. Afinal, os jovens muitas vezes sabem muito de programação ou de regras gramaticais e desconhecem o peso da vida, dos desafios e frustrações da vida e para alertá-los e prepará-los para tantos desafios é que existem os adultos é sua função precípua. Não à toa que o número de suicídios mata mais no mundo que o número de mortes violentas (KERN, 2017).

Acreditamos que o exemplo dos asiáticos e sua ascensão podem ser replicadas ao nosso modo. Para tanto há de haver uma coordenação que direcione neste rumo. Caso o Brasil não encontre seu círculo virtuoso nesta temática estaremos fadados a fracassar; o Brasil não vai acabar por isso, mas viverá sempre como um país que não ultrapassará os US$15.000 de renda per capita (ppp), o que só por si é uma tragédia, sobretudo quando vista sob o prisma de nossa péssima distribuição de renda. Por sinal, nossa péssima distribuição de renda nada mais é do que um reflexo de nossa péssima distribuição de educação. Pois, educação e riqueza são a mesma coisa.

 

Referências
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Informações Sobre o Autor

Marlus Pinho Oliveira Santos

Advogado Mestrando em Direito governança e políticas públicas na Unifacs


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