Igreja e pedofilia

O título dessa matéria é proposital.  Fi-lo porque muitas pessoas, de maneira absolutamente equivocada, fazem uma linkagem entre os dois substantivos. Nada sem explicação.  Aqui e, em todo mundo, há, inclusive, uma imprensa que gosta de trabalhar a notícia em detrimento do fato.

A celeuma maior dos últimos dias, quase maior que CPIs e a confusão dos 30 milhões, foi o tal padre pedófilo, Félix Carreiro. A bem da verdade, esse sujeito é muito mais que pedófilo: é flex-total do crime. Pelo que se diz, queima álcool, gasolina, gás natural e diesel, além de meter a mão no dinheiro da paróquia. É pau pra toda obra, ou melhor, para toda sacanagem.

A intolerância religiosa, principalmente, ficou em estado de graça. Uma determinada emissora fez uma enquete interessante, se não fosse eivada de erros e preconceitos. A pergunta, salvo engano, foi: você acredita que há outros padres gays? Quase 100% disseram sim! Mas há muitos absurdos.

Antes que seja tarde e algum maluco da sexualidade ou da religiosidade queira importunar-me, devo informar que, sem medo ou discriminações, sou hetero convicto e não tratarei, nesse artigo, da religiosidade do sexo.

Ser gay ou não nunca determinou se o cidadão é ou não um criminoso. Cheira a mais absoluta hipocrisia achar que o celibato da igreja católica seja uma fábrica de homossexuais e de transtornados do sexo. Não há um só estrato da sociedade que possa se dizer imune. A homossexualidade é fato. Ultrapassa limites e faz parte da condição humana.

Não vejo, por outro lado, comunicação entre homossexualismo e pedofilia. Essa pode conviver e convive em pessoas com outros comportamentos.

O tal religioso, punido exemplarmente pela Igreja Católica, do ponto de vista legal, é um criminoso odiento, do ponto de vista médico, é um doente e, do ponto de vista da Igreja, é um pecador.

Essa última condição explica muita coisa. Todo cristianismo, mais que em Cristo, está baseado em alguns pilares: o sangue de Jesus limpa a todos dos pecados e que o mais absoluto pecador tem regeneração. Descrer nisso é o mesmo que transformar em nada o sacrifício da cruz. Digo que para o cristão a Páscoa é mais importante que o Natal. O perdão e a regeneração do perdido são mais importantes que o nascimento do próprio Cristo!

Ao contrário do que pensam os apressados, o arcebispo, dom Paulo Ponte, como chefe da Igreja, jamais poderá se comportar como um informante da polícia. Na investidura de pastor, tinha obrigação e dever de acreditar que o tal padre poderia se corrigir. Acreditou!

As lições são muitas, algumas óbvias. Os ministros, qualquer que seja a fé religiosa, são homens e, portanto, passíveis de errar. As famílias são, muitas vezes, co-partícipes dos erros dos filhos, quando abstraem o dever de cuidá-los e vigiá-los.

Os radicais, os intransigentes, os hipócritas e os desajustados sexuais adoram fatos como esse para exacerbarem suas contradições, fobias e desejos. A polícia, cumprindo o seu dever, não deixará passar impune esse dia de glória.

Enquanto isso, solitária e sem ter a quem recorrer, sofre a fé. O episódio não macula uma igreja somente, não preocupa uma igreja somente e não existe em uma só igreja em particular.

Felizmente as coisas estão caminhando por vias corretas e, pelas malhas do bom senso, não foi concluída uma idéia absurda, agressiva e sem lucro processual: levar o arcebispo ao constrangimento de ser ouvido no inquérito policial e, quem sabe, na instrução criminal. Seria um duro golpe para quem por tantos anos teve uma vida eclesiástica pura e ilibada.

Esse reconhecimento tem, por mim, algumas particularidades. Fiz muitas críticas ao posicionamento político do arcebispo, quanto ao sarneisismo e sou um homem de fé evangélica. Por isso, sinto-me à vontade para falar de bem desse religioso, que tem dignificado a nossa terra e a sua Igreja.

 


 

Informações Sobre o Autor

 

João Melo e Sousa Bentivi

 

João Bentivi é médico, advogado, jornalista e músico em São Luís do Maranhão

 


 

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