Vitória dos “de baixo” contra os “de cima”

O voto de cada cidadão é a ferramenta mais poderosa da democracia. Porém, a população está tão bitolada com a idéia de ter uma mídia que tem por dever orientar os eleitores e ajudá-los a tomar decisões, que esqueceu que esta também tem o poder de controlar e manipular a mente humana.

De há muito – através de notícias e de programas de entretenimento – a mídia tenta passar para o público noções básicas de como agir e pensar, como se fôssemos máquinas e não seres racionais, ou seja: a mídia “estimula” a democracia, mas não permite que os cidadãos a exerçam.

É possível descobrir inúmeras fraudes e complôs contra o cidadão: o “Escândalo Proconsult” (Moreira Franco x Leonel Brizola), a verdade sobre as “Diretas Já”, o “Caso ACM” (Antônio Carlos Magalhães) etc.

Inclusive a recente avalanche de crises políticas e de escândalos – envolvendo o Congresso Nacional, membros do governo e dirigentes de um determinado partido – refrescam a memória do povo brasileiro quando citados, despertando momentaneamente nossa atenção.

Mas logo, logo, tudo cai no esquecimento.

As grandes redes de comunicação poderiam ser consideradas o quarto poder nacional atuando ao lado do legislativo, executivo e judiciário.

Porém este quarto poder não tem desenvolvido bem sua missão e seus valores para com a sociedade.

A mídia tem grande peso na formação de opiniões e essa influência é usada de maneira tendenciosa para reger não só a vida do povo como também suas opções eleitorais.

O “Escândalo Proconsult” foi um dos maiores esquemas de corrupção eleitoral engendrado. Basicamente consistia em fabricar índices artificiais por um instituto de opinião pública, sendo divulgado com exclusividade pela maior rede nacional de televisão, levando a camada mais baixa da sociedade a votar em quem aparentava estar na frente e por isso iria ganhar.

Diversos atos foram praticados de modo a influir na eleição, todos eles baseados no resultado e na divulgação de uma pesquisa eleitoral cujas projeções se prestaram a criar no eleitorado uma falsa percepção do cenário político-eleitoral.

Um exemplo disso está no livro-reportagem “Plim-Plim”, onde o jornalista Paulo Henrique Amorim revelou a mal contada explicação dada pela rede G. de televisão durante as investigações da fraude, examinando com atenção os bastidores do “Escândalo Proconsult”, mostrando como a emissora manipulou os resultados da eleição.

Na época, o jornal G dava Moreira Franco na frente, mas no jornal do B era Brizola quem vencia.

Todos sabemos que, embora seja um instrumento científico, a pesquisa é bancada por homens que têm interesses que, na maioria das vezes, não são interesses legítimos.

Pesquisas eleitorais sempre foram fonte de corrupção e de fraude.

O princípio maior é que o Brasil se constitui num Estado democrático. Democracia é o respeito à vontade livre da maioria, que precisa ser escoimada de qualquer vício.

Na véspera da eleição para Presidente da República, vimos pesquisas divergirem por larga margem em vários Estados, bem acima da chamada “margem estatística de erro” prevista.

O eleitor carecia ter votado de acordo com a sua consciência, e, não, induzido ou envolvido por qualquer um outro fator externo à realidade da sua consciência.

Aliás, o eleito prevaleceu em larga escala nos estados do norte e do nordeste: Em AL, ficou com 61,45% dos votos válidos; no AM, teve 70,4%; na PB, ficou com 75,01% dos votos válidos; em PE, ficou com 78,48%; no RN, teve 69,73%; em RO, ficou com 55,33%; Em SE, ficou com 60,12% dos votos válidos. Vitória dos “de baixo” contra os “de cima”.

Parafraseando Ruy Barbosa, “de tanto ver prosperar a corrupção e as injustiças, sinto vergonha de ser honesto”!

 


 

Informações Sobre o Autor

 

Luiz Fernando Boller

 

Juiz Diretor do Foro da comarca de Tubarão (SC)

 


 

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