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Os direitos humanos dos policiais

A militância pelos Direitos Humanos é aquela capaz de reconhecer em
todas as pessoas os valores da dignidade. Nesta simples exigência há uma enorme
complexidade. Ainda hoje, há quem desconsidere a humanidade de
determinados grupos e clame por políticas de extermínio. Cabe a nós insisitir na idéia, tão impopular no Brasil, de que é
preciso respeitar todos os seres humano. Com base
nisso, quero chamar a atenção para a necessidade de respeitarmos nossos
policiais. A função policial é uma das mais difíceis e arriscadas no mundo
moderno. Em nosso país, a grande maioria dos policiais
recebem salários aviltantes. Via de
regra, trabalham desprotegidos e estão muito mais expostos à vitimização. Em São Paulo, de cada 10 policiais
militares assassinados, 8 morrem nos períodos de folga. Por conta dos
baixos salários, a folga termina sendo usada para o segundo emprego,
quando os policiais encontram-se sem o apoio de sua corporação. Nesta
circunstância, são mortos com frequência, muitas
vezes executados no momento em que sua identidade é descoberta.

Para piorar o quadro, nossos policiais são obrigados às piores
circunstâncias de trabalho. O autoritarismo constitui, ainda, uma herança
perversa nas corporações. Desconsiderados como cidadãos, os policiais
terão dificuldade em respeitar a cidadania dos demais. Empobrecidos e
sem  amparo, convivendo com o crime e a violência, uma
parte dos policiais brasileiros é conduzida ao desespero e ao próprio
crime. Casos de suicídio, depressão e sofrimento psíquico, desvio de conduta, alcoolismo e drogadição
são, infelizmente, parte de uma rotina cada vez mais dramática.

Não há como suportar essa situação. Uma política de segurança
pública no Brasil deve enfrentar como prioridade nacional a promoção dos
Direitos Humanos dos policiais. Primeiro, definindo um piso nacional para a
função policial; segundo, assegurando uma carreira policial atraente.
Assim ofereceríamos segurança aos policiais e atrairíamos para a
função pessoas com maior qualificação. Ato contínuo,
devemos investir em inteligência policial, modernizando a investigação.
Sem esse investimento não há como reduzir a impunidade. Por fim, devemos
promover uma nova estrutrura e uma nova cultura
policial recuperando a auto-estima dos profissionais da
segurança. Qualquer reforma nas estruturas de policiamento deve ser concebida de tal forma que os próprios policiais
também sejam seus protagonistas e não simples objetos de
decisões governamentais. Trabalhando nesse sentido queremos que o Brasil
construa uma das melhores polícias do mundo e que cada policial possa oferecer
às nossas crianças a noção mais concreta possível sobre o que seja um herói.

 


 

Informações Sobre o Autor

 

Marcos Rolim

 

Jornalista

 


 

Equipe Âmbito Jurídico

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Tags: Marcos Rolim

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