Preparava outro artigo para esta
semana. Foram dias agitados. No Brasil, a perda de Jorge Amado, dono da cadeira
número 23 da ABL, respeitado escritor nacional, foi sentida no país inteiro,
levando o Presidente a decretar luto oficial. Jader Barbalho parece estar sem
saída. O governador de Minas, Itamar Franco, desistiu de concorrer à
presidência do PMDB, o que pode alterar de sobremaneira a corrida presidencial.
A seleção voltou a vencer, mesmo que contra o Panamá. Além disto, ainda
sentimos solavancos na economia argentina e valeria registro ainda a visita do primeiro-ministro britânico Tony Blair na primeira semana de agosto. Entretanto, estes dias
estarão marcados pelo cruel atentado do dia nove de agosto em uma pizzaria no
centro de Jerusalém que deixou 15 mortos, entre eles seis crianças e um
brasileiro, além de dezenas de feridos.
O cruel atentado cometido pelos grupos
extremistas Jihad e Hamas é
a conseqüência de uma séria situação de instabilidade começada em setembro do
último ano. A Intifada, como é conhecida a revolta
popular palestina em curso, teve início com a “visita surpresa” do hoje
primeiro-ministro de Israel Ariel Sharon ao Monte do Templo, um lugar sagrado
tanto para judeus quanto para palestinos, que o chamam de “al-Haram
al-Sharif”. Vale lembrar que Sharon, à época da
visita ao templo ainda era líder do Likud, e o
primeiro-ministro era o trabalhista Ehud Barak. A visita de Sharon a este local sagrado foi
considerada uma provocação pelos palestinos. Desde lá, os atentados e contra-golpes se tornaram uma
constante, atingindo o seu pico, até o momento, com o atentado suicida do
palestino Husseini Omar Abou Naeseh,
de 23 anos no dia nove de agosto.
A orientação do governo de Sharon é não
negociar enquanto persistirem os atentados. Sua política é caracterizada pelo
termo “bateu-levou”. Portanto, logo após o atentando palestino, Israel revidou
em posições esperadas, como Ramallah na Cisjordânia,
por meio de mísseis disparados contra postos da polícia palestina, não deixando
feridos. Outra retaliação foi o ato do exército israelense de ocupar a “Casa
Oriental”, QG da OLP, hasteando a bandeira de Israel no topo do prédio, o que
pode ser considerada uma séria provocação que pode levar a
novos atentados.
Do outro lado, o líder palestino Yasser Arafat, condenou o atentado, e logo depois fez duras
críticas à resposta israelense, acusando a atitude do governo de Sharon como um
incentivo à violência. Arafat não está errado. A resposta dura, muitas vezes
exigida pela população, só levará ao agravamento dos conflitos. Entretanto, o
mais preocupante é encontrar as manifestações favoráveis ao derramamento de
sangue, especialmente do lado palestino, como foram veiculadas as imagens de
comemoração do “sucesso” do atentado nos territórios ocupados.
A morte de crianças, civis e turistas
em um restaurante, como resultado de um ataque terrorista, é um fato
inaceitável. Os atentados estão tomando um vulto cada vez mais preocupante,
visto que a proporção deste tipo de ataque tem aumentado consideravelmente. O incidente
é a senha para a comunidade internacional se mobilizar imediatamente para ajudar palestinos e judeus a encontrar uma solução que
minimize o terror. Faço minhas, ao final deste artigo, as palavras de apelo do
líder palestino Yasser Arafat em apoio ao plano de
cessar fogo do Senador americano George Mitchell:
“Pedimos que o governo israelense nos acompanhe na publicação de uma declaração
conjunta de cessar-fogo para que se inicie imediatamente a implementação das
recomendações do Informe Mitchell, sob supervisão
internacional”. Cabe agora, a Sharon e principalmente a Arafat, controlar
a ação dos grupos extremistas de suas nações como o Hamas,
Jihad e Hezbollah. Sem este
controle, infelizmente, a paz parece cada vez mais distante. O terror
desnecessário deve parar.
advogado, sócio da Governale – Políticas Públicas e Relações Institucionais (www.governale.com.br). Habilitado em Direito Mercantil pela Unisinos. Professor de Direito Constitucional e Internacional do UniCEUB – Centro Universitário de Brasília. PIL pela Harvard Law School. MBA em Direito Econômico pela Fundação Getúlio Vargas. Especialista em Direito Internacional pela UFRGS. Mestrando em Relações Internacionais pela UnB.
Vice-Presidente do Conil-Conselho Nacional dos Institutos Liberais pelo Distrito Federal. Sócio do IEE – Instituto de Estudos Empresariais. É editor do site Parlata (www.parlata.com.br) articulista semanal do site www.diegocasagrande.com.br e www.direito.com.br. Tem artigos e entrevistas publicadas em diversos sites nacionais e estrangeiros (www.urgente24.tv) e jornais brasileiros como Jornal do Brasil, Gazeta Mercantil, Zero Hora, Jornal de Brasília, Correio Braziliense, O Estado do Maranhão, Diário Catarinense, Gazeta do Paraná, O Tempo (MG), Hoje em Dia, Jornal do Tocantins, Correio da Paraíba e A Gazeta do Acre. É autor do livro “A Recuperação da Empresa: Regimes Jurídicos brasileiro e norte-americano”, Ed. Síntese – IOB Thomson (www.sintese.com).
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