A abordagem em operações da Lei Seca levanta muitas dúvidas entre os motoristas, especialmente sobre a obrigatoriedade de realizar o teste do bafômetro. A questão envolve direitos constitucionais, penalidades administrativas e procedimentos legais. Neste artigo, vamos esclarecer se o motorista é obrigado a soprar o bafômetro, quais são as consequências de recusar o teste e como se defender em caso de autuação.
A Lei Seca, regulamentada pela Lei nº 11.705/2008 e reforçada pela Lei nº 12.760/2012, proíbe a condução de veículos por motoristas sob efeito de álcool ou outras substâncias psicoativas. A legislação estabelece que qualquer concentração de álcool no organismo é considerada infração administrativa, independentemente da quantidade detectada.
O teste do bafômetro é o principal método para verificar a presença de álcool no organismo do condutor durante abordagens de trânsito. No entanto, o Código de Trânsito Brasileiro (CTB) permite que o motorista recuse o teste, com base no princípio constitucional de que ninguém é obrigado a produzir provas contra si mesmo.
Sim, o motorista tem o direito de se recusar a realizar o teste do bafômetro. Esse direito é garantido pelo artigo 5º, inciso LXIII, da Constituição Federal, que assegura o direito ao silêncio e à não autoincriminação. Contudo, essa recusa não impede a aplicação de penalidades administrativas previstas no artigo 165-A do CTB.
Portanto, embora o teste do bafômetro não seja obrigatório, a recusa resulta nas mesmas sanções aplicáveis a quem é flagrado dirigindo sob efeito de álcool.
A recusa ao teste do bafômetro é tratada como infração gravíssima, com as seguintes penalidades:
Em caso de reincidência no período de 12 meses, o valor da multa dobra para R$ 5.869,40.
Mesmo sem o teste do bafômetro, o motorista pode ser autuado se apresentar sinais visíveis de embriaguez, como:
Nesses casos, os agentes de trânsito podem registrar os sinais no auto de infração e aplicar as penalidades previstas em lei.
Não. Além do bafômetro, a legislação permite o uso de outras provas para confirmar a embriaguez do motorista, como:
Essas provas podem ser utilizadas em processos administrativos e criminais, especialmente em casos de acidentes com vítimas.
Se o motorista for autuado por recusar o teste do bafômetro, ele pode recorrer da penalidade. O processo é dividido em três etapas:
Na defesa prévia, o condutor pode apontar erros formais no auto de infração, como ausência de dados obrigatórios, falha na abordagem ou irregularidades na lavratura do auto.
Se a defesa prévia for negada, o motorista pode apresentar recurso à Junta Administrativa de Recursos de Infrações (JARI). Nessa fase, é possível apresentar argumentos adicionais e novas provas.
Caso o recurso na JARI também seja indeferido, o condutor pode recorrer ao Conselho Estadual de Trânsito (CETRAN), última instância administrativa.
Se todas as etapas forem esgotadas sem sucesso, ainda é possível buscar a Justiça para contestar a penalidade.
Não. O pagamento da multa por recusa ao bafômetro não elimina a suspensão da CNH. Para recuperar o direito de dirigir, o motorista deve:
Dirigir com a CNH suspensa é crime de trânsito, sujeito a detenção de seis meses a um ano, multa e cassação da habilitação.
Sou obrigado a soprar o bafômetro? Não. A legislação permite a recusa, mas essa decisão implica penalidades administrativas, como multa de R$ 2.934,70 e suspensão da CNH por 12 meses.
A recusa ao bafômetro é crime? Não. A recusa é uma infração administrativa, não um crime. No entanto, em casos de acidentes com vítimas, o motorista pode ser indiciado criminalmente com base em outras provas.
Posso recorrer da multa por recusa ao bafômetro? Sim. O motorista pode apresentar defesa prévia e recorrer às instâncias administrativas (JARI e CETRAN) ou à Justiça.
O bafômetro é a única prova de embriaguez? Não. Exames clínicos, testemunhos e vídeos também podem ser utilizados como prova.
Posso dirigir após pagar a multa? Não. O pagamento da multa não suspende a penalidade de 12 meses. Para recuperar a CNH, é necessário cumprir o prazo, fazer o curso de reciclagem e ser aprovado no exame teórico.
Embora o motorista tenha o direito de recusar o teste do bafômetro, essa escolha traz consequências severas, equiparadas às penalidades aplicadas a quem é flagrado dirigindo sob efeito de álcool. Por isso, é fundamental conhecer os direitos e deveres previstos na legislação.
Em casos de autuação, é possível recorrer administrativa ou judicialmente, especialmente se houver falhas formais na abordagem. Contar com a orientação de um advogado especializado em trânsito pode aumentar as chances de sucesso na defesa e minimizar os impactos das penalidades.
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