Setor de chips é fundamental para o avanço do 5G e IA, por exemplo
A Foxconn, maior montadora de iPhone e maior fabricante terceirizada de eletrônicos do mundo, anunciou que, embora suas previsões mostrem uma “ligeira melhora” em relação ao ano passado, a escassez de chips para IA deve continuar em 2024 tanto para ela quanto para o mercado geral.
Os semicondutores são o coração, o cérebro e a alma de quase todos os aparelhos eletrônicos presentes em nosso cotidiano.
A demanda mundial por esses itens vem crescendo de forma robusta desde a pandemia, em 2020. Automóveis, computadores, enfim, praticamente tudo que utilizamos hoje depende de alguma forma dos chips.
Para complicar a situação, poucas nações têm o controle no fornecimento dessas peças. Na verdade, apenas Taiwan é responsável por mais de 90% da produção mundial de chips de alta qualidade.
Para Alexander Coelho, sócio do escritório Godke Advogados e especialista em Direito Digital e Proteção de Dados, essa dependência extrema pode trazer riscos significativos para a economia mundial. “A complexidade e o custo de fabricação de chips avançados tornam difícil a entrada de novos competidores, perpetuando essa concentração. A dependência de poucos fornecedores aumenta a vulnerabilidade a interrupções devido a fatores geopolíticos, desastres naturais ou crises de saúde, como observado recentemente”, explicou.
A disputa comercial entre EUA e China também já invadiu o setor da tecnologia, numa espécie de “Guerra Fria Tecnológica” com efeitos no mundo todo. “Existem várias frentes de rivalidade, disputas por supremacia em tecnologias como o 5G a IA, em esforços para influenciar as normas e padrões globais de tecnologia. Isso inclui financiamento governamental significativo para pesquisa em universidades e institutos, além de incentivos para inovações no setor privado. Essa rivalidade não afeta apenas os dois países envolvidos. As tensões têm implicações para a economia global, afetando cadeias de suprimentos, parcerias comerciais e a evolução da tecnologia global.. Países e empresas ao redor do mundo encontram-se frequentemente tendo que navegar nesta complexa dinâmica e tomar decisões estratégicas em resposta a ela”, diz.
O Brasil tem um caminho longo, mas promissor, nessa nova diplomacia da tecnologia. “Para capitalizar esse potencial, seria crucial investir em educação, pesquisa e desenvolvimento, infraestrutura tecnológica e políticas que fomentem a inovação e a colaboração internacional. A posição geopolítica do Brasil, alinhada a uma estratégia bem definida, poderia permitir que o país se tornasse um hub regional para tecnologia e inovação, influenciando as tendências tecnológicas globais”, aponta Alexander Coelho.
Esse cenário de fragilidade na cadeia de suprimentos ficou evidente na pandemia, o que levou países a mudarem seu modelo de parceria. “Muitos países e empresas estão reconsiderando suas parcerias e procurando diversificar suas fontes de suprimento para reduzir a dependência de um único país ou região. No campo da tecnologia, isso pode se traduzir em uma maior regionalização e busca por parceiros mais próximos geograficamente. Essa tendência pode continuar, especialmente à medida que as nações buscam fortalecer sua segurança nacional e a resiliência econômica frente a crises futuras”, opina o especialista.
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