Poucos setores da economia apresentam tantas mudanças em tão pouco tempo quanto o setor publicitário. Como trabalha conectando os diferentes atores do mercado, como as empresas, os fornecedores e os consumidores, o Marketing é afetado sempre que há uma mudança em cada um deles.
Por exemplo, se há uma mudança na tecnologia de comunicação entre os consumidores, o Marketing muda. A Internet é o maior exemplo disso, se tornando essencial para as empresas assim que o acesso de massa aconteceu.
Se há alterações na capacidade de produção e agora existem mais produtos disponíveis, o foco do Marketing muda para dar conta dessa oferta extra e lidar bem com a demanda.
Enfim, o mercado publicitário vive em constante mudança pois há sempre uma alteração em um dos principais atores do mercado econômico.
O elemento de mudança mais recente e que tem oferecido mais desafios para o mercado publicitário, no entanto, é a alteração nos hábitos de consumo da população.
Essencialmente, o consumidor de 2020 é muito diferente do mesmo consumidor em 2010 e ainda mais distinto do que em 2000. No entanto, o consumidor de 2000 não é assim tão diferente do de 1990 e até mesmo daquele de 1980.
Por exemplo, as principais diferentes do consumidor de 2000 para o de 1990 ou 1980 pode ser a capacidade econômica ou os interesses. No entanto, os hábitos, o pensamento e a lógica de valorização dos produtos é a mesma.
Já o consumidor de 2010 e o de 2020 pensam de maneira diferente e possuem hábitos de consumo diferente, o que afeta bastante a maneira como o mercado publicitário deve lidar com eles.
O processo de tomada de decisão de compras é essencialmente diferente, modificado pelas ferramentas ao nosso redor. O consumidor de 2010 e 2020 é essencialmente mais bem-informado (o de 2020 é hiper informado!).
Isso porque a quantidade de conteúdo disponível para consumo e, logicamente, seu formato, são muito diferentes do que antes.
Um consumidor padrão, por exemplo, se informa muitas vezes antes de tomar uma decisão de compra. Ele recebe informações pelas redes sociais, em vídeos no YouTube, em Stories no Instagram do seu influenciador favorito e até mesmo em podcasts (atualmente, são 33 milhões de ouvintes de podcasts no Brasil).
Cada um desses meios oferece realidades distintas e níveis de profundidade diferente. Um profissional de marketing, hoje, precisa saber como produzir um podcast para vender um produto específico.
Por exemplo, a empresa que produza uma fritadeira a ar pode produzir podcasts com receitas para ouvir enquanto cozinha. Aos poucos, o programa começa a despertar a vontade de comprar o produto.
Além disso, o ciclo de vendas mudou radicalmente. Antes a relação da empresa com o cliente era até ele pagar pelo produto no ponto de venda. Ela só se esticava em caso de bens muito duráveis, como carros e computadores.
Hoje, a empresa continua com o cliente em todos os lugares, antes, durante e depois da compra, acompanhando-o em aplicativos de celulares, no e-mail e em outros pontos.
Um exemplo simples de entender é o suposto podcast citado anteriormente. A empresa que produz o eletrodoméstico pode fazer o podcast apenas para os clientes que já compraram o equipamento.
Por que produzir conteúdo para quem já comprou? Para criar propagadores. Aumentar o valor do produto e tornar os clientes tão satisfeitos, que eles vão propagar o eletrodoméstico com muito mais afinco e eficiência do que qualquer agência de marketing.
Basta entrar nas redes sociais para ver como vira e mexe um amigo ou conhecido faz um post encantado com a marca X ou a empresa Y ou o produto Z. Isso é o novo marketing e o novo mercado publicitário.
Essas ações são importantes pois os clientes buscam atualmente outros interesses em seus produtos. Não se trata só de satisfazer uma necessidade, pagar menos ou ter um produto mais bonito, mas sim de buscar uma experiência mais autêntica e, até mesmo, mais política.
Hoje, os consumidores visam afirmar suas identidades políticas, sejam elas quais forem, pelos meios de consumo. Comprar de uma empresa é, além de adquirir um produto, apoiar a causa que aquela marca apoia ou representa.
Isso visa dar mais autenticidade para os vínculos entre empresas e consumidores, mas também exige a mesma autenticidade. Não dá, por exemplo, para a empresa X defender Y em público e, nos bastidores, fazer o oposto.
Portanto, é fato que o mercado publicitário passa por uma série de mudanças e desafios. A comunicação 24 horas por dia das redes sociais, com as ferramentas de dados avançadas e estratégias de posicionamento são algumas das respostas dadas a um novo público.
Consumidores esses que desejam uma relação menos comercial e mais profunda com as empresas, ao mesmo tempo que estão hiper informados e buscando por mais informações em várias plataformas.
O que será que o futuro reserva para essa relação? Teremos de aguardar para ver.
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