Resumo: O presente ensaio aborda as mudanças nos costumes da sociedade que se processa desde sua origem até a atualidade. Ou seja, seu processo transformador. A teoria sociológica formulada por Elias pode ser considerada uma abordagem de caráter crítico, os quais os conceitos fundamentais foram construídos a partir da identificação das deficiências e limitações de perspectivas teóricas consideradas clássicas pelas ciências sociais, associadas. Hannah Arendt também ressalta que a sociedade é condicionada e condicionante aos indivíduos onde ali vivem. Portanto, sociedade e indivíduos são dependentes entre si. [1]
Palavras-chave: sociedade, indivíduos, processo transformador
INTRODUÇÃO
O sociólogo alemão Norbert Elias (1897-1990) foi responsável pelo desenvolvimento de uma teoria social inovadora, que serviu como gatilho para alargar o campo dos estudos sociológicos voltados aos processos de interação humana no âmbito da sociedade.
Este ensaio faz uma aproximação entre as teorias de Norbert Alias e Hannah Arendt (1906-1975), a qual a autora evidencia que são as condições que tendem a suprir a existência do homem. As condições variam de acordo com o lugar e o momento histórico do qual o homem faz parte.
Sendo assim, somos condicionados de duas maneiras: elementos internos de nosso condicionamento, como nossos atos, aquilo que pensamos ou sentimos; e pelos elemtnos externos, por exemplo, o contexto históricos em que vivemos – sendo a cultura, família, amigos.
Na teoria sociológica de Elias, porém, a relação entre o "indivíduo" e a "sociedade" é concebida de outro modo. Na teoria sociológica, Elias concebe sua tarefa como a de analisar os processos sociais baseados nas atividades dos indivíduos que, através de suas disposições básicas – ou seja, suas necessidades – são orientados uns para os outros e unidos uns aos outros das mais diferentes maneiras.
Claramente, há uma dicotomia entre os conceitos de civilização e cultura. Um indivíduo pode condicionar e/ou ser condicionado por cada um desses elementos. Enquanto a civilização é um momento da humanidade, em um sentido abstrato, a cultura é específica em cada sociedade. Em suma, a civilização é a congregação das culturas. Entretanto, a vida em sociedade está em constante transformação devido aos vários tipos de comportamento.
A grosso modo, o processo civilizador é onde as estruturas emocionais dos indivíduos incorporam controles baseadas no instinto e se modificam de acordo com as transformações que acontecem na própria sociedade. Determinadas práticas comuns em um dado momento histórico se transformavam em práticas repulsivas em outro momento ou vice-versa. Por exemplo, a criação de uma criança ou até mesmo aos modos adotados à mesa, como arrotar após as refeições. É natural em algumas culturas, como na indiana, porém, repulsiva para nós brasileiros.
O presente artigo busca a discussão para o entendimento de fatores da sociedade que sempre estarão em transformação. De acordo com Elias, a principal tarefa da sociologia é "(…) alargar nossa compreensão dos processos humanos e sociais e adquirir uma base crescente de conhecimento mais sólido acerca desses processos".
DESENVOLVIMENTO
Desde os primórdios da humanidade, o homem demonstra a necessidade de conviver em sociedade, construindo assim, grupos sociais, com o objetivo de facilitar a sua sobrevivência. Porém, conviver em sociedade não é algo tão simples, pois, refere-se à estruturação de um laço de convivência entre os indivíduos pertencentes a sociedade.
A sociedade, por sua vez, é condicionadora e condicionante, ou seja, determina o comportamento dos indivíduos que ali vivem, porém, também é condicionada pelos indivíduos que a formam (ARENDT, 2005).
As condições têm a tendência de suprir a existência humana, variando com o lugar e o momento histórico pelo qual aquela sociedade vive, desta forma, mesmo aqueles que condicionam o comportamento social, condicionam-se pela própria ação de condicionar.
Quando se fala em sociedade, parte-se da premissa de que todos, sem exceções, compreendem o que é sociedade. Temos a sociedade como moeda, de valor já afirmado e reconhecido por todos. No debate comum, analisa-se a sociedade como, a simples reunião de indivíduos em convivência, porém, se ela for apenas isto, todas as sociedades seriam iguais? Claramente a resposta é não. As sociedades possuem estruturas estritamente diferenciadas. A formação dessa estruturação social independe de cada indivíduo, independe da vontade das pessoas, ela é formada alegoricamente, sem um único planejamento.
A existência da sociedade e do indivíduo são dependentes. Nem a sociedade nem o indivíduo existem sem o outro. Um não pode existir sem o outro, nem um se pertence, coexistem ambos. Sem sociedade não existe o indivíduo, sem indivíduo não tem sociedade.
Conforme afirma Elias,
“[…] cada pessoa singular está realmente presa; está por viver em permanente dependência funcional de outras; ela é um elo nas cadeias que ligam outras pessoas, assim como todas as demais, direta ou indiretamente, são elos nas cadeias que as prendem. Essas cadeias não são visíveis e tangíveis, como grilhões de ferro. São mais elásticas, mais variáveis, mais mutáveis, porém não menos reais, e decerto não menos fortes. E é a essa rede de funções que as pessoas desempenham umas em relação a outras, a ela e a nada mais, que chamamos “sociedade” (ELIAS, 1994, p. 21)
Portanto, a sociedade é estruturada em suas origens. A criança nascida e criada em uma determinada sociedade, em determinada época, terá uma maneira diferente de pensar em relação a uma criança criada nesta sociedade em outra determinada época.
O homem, inegavelmente, é um ser social, e, para tal, depende da companhia de outros. É necessário, para isto, maleabilidade e adaptabilidade das funções relacionais humanas. Essa maleabilidade e adaptabilidade é o que diferencia os homens dos animais. A linguagem, a fala é um ajustamento social, necessário para o ser humano o que determina a linguagem do indivíduo é a sociedade em que ele cresce.
Constituídos de uma determinada ordem natural e social, os seres humanos têm em sua ordem social a peculiaridade da natureza humana, tal peculiaridade que consiste na mobilidade e maleabilidade especiais do comportamento humano, fato que o diferencia dos demais animais. O homem, por sua mobilidade e maleabilidade, pode ser criado em qualquer sociedade.
A vida em sociedade traz uma certa dependência, conforme afirma Elias “[…] quanto mais essa divisão avança numa sociedade e maior é o intercambio entre as pessoas, mais estreitamente elas são ligadas pelo fato de cada uma só poder sustentar sua vida e sua existência social em conjunto com muitas outras” (1994, p. 44), ninguém nega que “A história é sempre a história de uma sociedade, mais sem a menor dúvida, de uma sociedade de indivíduos” (ELIAS, 1994, p. 45).
As sociedades não têm limites ou fronteiras especificáveis, visto que, as cadeias de interdependência escapam a delimitações e definições abrangentes.
Percebe-se, portanto, que, a sociedade nos permite interagir com outras pessoas, e esta interação é requisito essencial para o desenvolvimento. Quando somos crianças dependemos totalmente dos nossos pais, ao crescermos aprendemos a fazer coisas sozinhos, mas precisamos deles para nos sustentar. Mesmo quando saímos de casa e temos nossa profissão dependemos do nosso emprego, e mesmo se tivermos um negócio próprio dependemos dos clientes, desta forma, somos todos dependentes.
Percebemos que, viver em sociedade não é uma escolha, mas sim uma necessidade. Temos necessidade de interação com os outros. Nossa constituição física e psicológica não permite que vivamos sós.
A vida em sociedade, permite que as pessoas continuem o aprendizado da vida, o qual iniciaram em família durante toda a sua vida. São as experiências boas e más, que necessariamente, contribuem para a formação de sua personalidade e interferem no seu modo de viver.
A sociedade, por sua essência, possibilita a convivência de diferentes visões de mundo e formas de vida, possibilitando desta forma, o enriquecimento das experiências pessoais. A contraponto, existe a pressão social de condicionar, forçando as pessoas a se adaptarem ao modo de ser da maioria e muitas vezes abrindo mão de sua personalidade. O filósofo francês, Jean-Jacques Rousseau, afirmava que a vida social corrompe o home, e que, ao colocá-lo em contato com os vícios e a mentira, ou seja, com a sociedade, estaríamos o corrompendo.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A vida em sociedade é uma constante formadora do homem, a própria convivência social condiciona a sociedade e é condicionada por esta. A vida social capacita o homem e o modula, formando-o para determinada sociedade.
Por sua própria essência, a espécie humana, possui uma carência encrustada em sua história. Desde os primórdios, nos remotos tempos do frio das cavernas, o homem, no uso de seus instintos de sobrevivência, juntava-se a outros para se aquecer, caçar e se proteger. Desta forma, a sociedade nascia de forma rudimentar e ainda em evolução.
A vida em sociedade permite ao homem crescimento, social, político, cientifico e cultural, mas modula a forma de sua necessidade.
Bacharel em Direito pela Faculdade Atenas. Pós-graduado em Direito Militar pela UCAM. Pós-graduado em Ensino de Língua Portuguesa pela UCAM. Graduando em Ciência Política pela UNINTER. Mestrando em Ciência Política pela UNIEURO
Mestranda em Ciência Política pela UNIEURO. Pós-graduada em Assessoria em Comunicação Pública pela IESB. Graduada em Comunicação Social – Jornalismo pela UNIEURO. Jornalista
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