Gostaria de ressaltar a importância da criatividade dentro do direito.
Aparentemente, parece um contra-senso abismal, mas não é. A criatividade, tanto
quanto a filosofia, faz parte de nossa vida cotidiana, mais do que se imagina.
Quando um advogado depara-se com uma situação (caso) inteiramente nova e,
lastrado na pesquisa, conhecimentos adquiridos e experiência profissional,
encontra uma solução inédita ou inovadora, isso é ser criativo. Em resumo, a
criatividade é uma técnica que nossa mente usa para resolver problemas.
O que é criatividade? Significa o ato de dar existência a algo novo,
único e original. É formar, mentalmente, idéias, imagens e coisas não
presentes.
Utilizando o método socrático de pensamento, é muito mais eficaz saber
formular perguntas, do que encontrar respostas. Esse raciocínio segue a
seguinte lógica: quanto maior o número de questionamentos, maior a
probabilidade de se chegar a essência de um problema. Estimulando a
criatividade, você fica com o terreno preparado (mente aberta) para o
surgimento do insight ou intuição, que é a percepção súbita de uma
solução.
Um
escritório jurídico é um ser vivo pulsante e que precisa se regenerar de tempos
em tempos. Desenvolver a criatividade é um ótimo caminho para iniciar uma
revolução pessoal.
O Brainstorm ou “tempestade cerebral”
Esta é uma técnica utilizada em publicidade para o
desenvolvimento de campanhas, mas que se aplica para a solução de qualquer
problema, seja de algum processo ou mesmo do dia a dia do escritório. Estimular
a criatividade dentro do escritório, e mesmo de sua vida pessoal, significa
encontrar soluções para problemas e inventar novos problemas, sempre visando a
otimização dos lucros. Criar é formar arquitetos de estratégias, mais que
apenas críticos.
Uma idéia criativa é uma nova combinação de
elementos antigos.
O brainstorm consiste na alteração
deliberada de duas etapas do pensamento: a criação e o julgamento. No brainstorm
deve-se ligar primeiro o espírito da imaginação e, depois, o julgamento – e
não pensar ao mesmo tempo na solução do
problema e na sua crítica. Resumindo, trata-se de uma reunião de interessados
aos quais um problema foi exposto e que, numa sessão de livre associação,
começam a sugerir soluções. A característica principal do brainstorm é a
ausência completa de crítica e o
julgamento adiado. Todas as idéias que surgirem serão anotadas, quaisquer que
sejam elas, mas nunca julgadas na mesma hora. Nessas sessões, é absolutamente
proibido fazer observações do tipo “não,
isso não serve”, “já foi experimentado e não deu resultado”, “tsk, tsk”,
dar aquele sorriso superior ou fazer qualquer gesto que fique clara uma desaprovação. Nada que possa inibir o fluir
livre das idéias deve ser tolerado. Assim, num brainstorm, qualquer
idéia, por mais incompleta que possa parecer, deve ser anotada sem qualquer
tipo de pudor.
Winston Churchill afirmava que: nenhuma idéia é tão maluca que não
mereça ser considerada com seriedade e firmeza.
10 pontos para uma reunião
bem-sucedida de brainstorm:
1) Certifique -se que o local de reunião é confortável e informal;
2) Quando se quer alimentar a mente, não se pode negligenciar o corpo, tenha na sala bastante líquido e alimento;
3) Selecione uma pessoa para ser a líder do grupo;
4) Defina claramente o problema quando a reunião começar;
5) Determine uma pauta e um tempo para a reunião e mantenha-se fiel a ambos;
6) Faça com que todas as idéias sejam anotadas;
7) Não permita qualquer crítica ou reação negativa às idéias
sugeridas;
8) Mantenha todos os participantes ativamente envolvidos em fazer
contribuições;
9) Encoraje as discussões livres e a ampla troca de idéias na reunião.
Lembre-se de que seu objetivo é a quantidade das idéias;
10) Quando a reunião terminar, aplique o seu julgamento normal de
negócios ao analisar todas as idéias, separando as melhores.
Uma das características
de um profissional competente deve ser o inconformismo que o leva a questionar
todas as soluções que, mesmo algoritmicamente, vêm dando certo através do
tempo.
Dicas para uma Sessão de Idéias Eficazes
1) Não
se apresse em julgar. Não comece a criticar as idéias ainda durante a sessão,
pois isso inibirá o fluxo de idéias. Simplesmente transcreva os pensamentos tão
rapidamente quanto eles ocorram, e adie o julgamento dos méritos de cada um deles
para o estágio de tomada de decisão. Tenha sempre papel e caneta por perto;
2)
Incentive o pensamento livre. Quanto mais louca a idéia, melhor, pois será essa
loucura que o deixará aberto para todo tipo de soluções imaginativas. Além
disso, é mais fácil adaptar uma idéia desatinada do que tirar uma solução
criativa de uma idéia medíocre;
3)
Procure a quantidade. Quanto mais idéias, mais opções você terá. E quanto mais
idéias propuser, mais idéias novas provavelmente lhe ocorrerão;
4) Deixe
os detalhes para depois. Simplesmente ofereça as idéias em estado bruto – você
poderá pensar nos detalhes específicos depois que tiver produzido a sua lista.
Definir os detalhes irá atrapalhar as idéias;
5) Use
idéias como catalisadores para outras idéias. Combine idéias, desenvolva
idéias, procure idéias opostas – faça qualquer coisa para manter as idéias
fluindo.
As
idéias sempre serão a mola-mestre da evolução, pois não existe como impedi-las
de serem formuladas. Quanto mais o ambiente de seu escritório for propício a
isso, maior as suas chances de sucesso profissional.
Para finalizar este artigo, defendo que a cultura
geral e profunda de um profissional deve se expandir além do seu ramo de
atuação. Tenho conhecido muitos advogados completamente obcecados com o direito
(ou uma parte específica dele) ao ponto de negligenciar os fenômenos culturais
de nosso tempo, acreditando, talvez, que eles não façam parte de seu
desenvolvimento pessoal ou mesmo tenha peso em seu sucesso. É exatamente o
contrário. Ter um domínio sobre literatura, música, artes em geral, cinema,
movimentos estrangeiros é básico para compor o processo neural de se encontrar
soluções para problemas e inovar. Quanto mais recursos intelectuais você tiver
(cultura), maior a essência de sua alma.
Nunca se esqueçam: os livros são a inteligência
coletiva e ordenada da humanidade.
sócio da Selem, Bertozzi & Consultores Associados, especializado em escritórios de advocacia. Administrador e MBA em marketing. Escritor nascido em Franca (SP), é autor dos livros Elias Poe, Depois da Tempestade, Um Futuro Perfeito, O Despertar, Marketing Jurídico, A Reinvenção da Advocacia, Revolution Marketing Place e O Senhor do Castelo.
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