Culturalmente, os países latino-americanos têm diferentes percepções em relação a quem são os reais formadores de opinião em cada um deles. Essas visões foram ilustradas por um estudo conduzido pela agência Sherlock Communications, que, pelo segundo ano consecutivo, analisou os hábitos de consumo de mídia na América Latina. O relatório contou com a participação de mais de 3.100 brasileiros, chilenos, colombianos, peruanos, mexicanos e argentinos que compartilharam onde e como se informam, além de esclarecer quem ajuda a formar as suas opiniões.
Nesse último aspecto, os respondentes da Argentina apontaram que as principais figuras que levam em conta no momento de construir uma perspectiva sobre um assunto são os cientistas (89%) e seus familiares (82%). Ou seja, 8 a cada 10 argentinos têm seus parentes como seus maiores formadores de opinião, considerando-os tão importantes quanto aqueles que são especialistas no assunto.
Isso, no entanto, se torna um dado menos alarmante quando cruzado com outras informações disponíveis no relatório. Cerca de 93% dos argentinos que participaram do estudo disseram ter o costume de, pelo menos às vezes, verificar as notícias que recebem nos grupos de mensagens antes de compartilhá-las. Além disso, 36% dos respondentes argentinos afirmaram pesquisar no Google quando suspeitam que uma notícia é falsa. Ambos hábitos podem ser vistos como grandes aliados da diminuição da veiculação de fake news entre familiares e amigos.
Por outro lado, aqueles que os argentinos disseram levar menos em consideração quando estão no processo de formar uma opinião são os políticos e atores, com, respectivamente 10% e 17% de confiança dentre os entrevistados desse país. Esse comportamento ilustra uma forte descrença em figuras públicas, assim como pode um ser reflexo dos impactos de um contexto político relativamente instável.
Apesar de, no Brasil, familiares e cientistas ocuparem o mesmo lugar de destaque que na Argentina, o cenário de principais formadores de opinião é um pouco diferente quando observado de perto. 87% dos brasileiros entrevistados afirmaram confiar na perspectiva de cientistas, enquanto 72% disseram se guiar pela opinião de membros da família. Um número que, apesar de ainda ser grande, representa 7 em cada 10, em contraste com os 8 em cada 10 argentinos que têm confiança nessas figuras.
Em relação às pessoas menos confiadas no Brasil, os políticos e atores são vistos com níveis de desconfiança similares aos da Argentina, tidos como formadores de opinião por apenas 13% e 23% dos entrevistados, respectivamente. Nesse contexto, assim como no anterior, também é possível atribuir a desconfiança em relação aos políticos às crises que têm acontecido no país.
Para realmente entender a importância desses dados, é preciso saber que formadores de opinião são aquelas pessoas que são vistas como referências confiáveis por terceiros. Essas pessoas podem ser qualquer figura do dia a dia, desde produtores de conteúdo digital até pessoas não-públicas, como amigos e família.
Por definição, o principal aspecto para ser um formador de opinião não é ser famoso ou especialista em um tema. Na realidade, o que mais importa é o nível de confiabilidade com o qual essa pessoa é percebida. Por isso, formadores de opinião mudam de país para país, variando não somente na América Latina, mas em todo o mundo.
Conhecer quem influencia a opinião de um público-alvo dá pistas de quais são as melhores formas de se apresentar como uma marca confiável. Sendo assim, dados sobre formadores de opinião como aqueles veiculados no relatório de hábitos de consumo de mídia na América Latina mencionado acima são grandes aliados para empresas que desejam alcançar novos mercados.
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