Resumo: A sociedade depende do sistema de governo e a incrementação de políticas econômicas, tecnológicas, de saúde e habitação para que o Estado possa avançar. Não é possível se construir um país moderno com conceitos e ideias testadas, fracassadas e falidas ao longo da história humana.
Palavras chaves: Ciência; Política; Estado; Direito; Contemporâneo.
Abstract: Society depends on the system of governance and the implementation of economic, technological, health and housing policies for the state to move forward. Unable to build a modern country with concepts and tried and failed and failed throughout human history ideas.
Keywords: Science; policy; State; law; Contemporary.
Sumário: Introdução; 1. Os baluartes da Ciência e Política; 2. O estudo da Ciência Política pode oferecer alguma mudança de mentalidade ao Estado?; O objetivo da Ciência Política; Conclusão.
Introdução
A ciência política não está no cenário acadêmico apenas para alimentar ideias comezinhas sobre partidos políticos e seus integrantes (os chamados políticos), está acima deste ambiente povoando a academia com a destreza de proporcionar um rico debate na esfera do sistema de organização do Estado, sua forma de atender as necessidades existentes dentro de seu território, desenvolver novas e melhores possibilidades de trabalho, de educação, facilitar conquistas a seus habitantes a bens materiais entre outras e importantes necessidades humanas.
A sociedade depende do sistema de governo e a imcrementação de políticas econômicas, de tecnologia, de saúde e habitação para que o Estado possa avançar. Não é possível se construir um país moderno com conceitos e ideias testadas e fracassadas e falidas ao longo da história humana, se assim é como o estudo da Ciência Política hoje pode proporcionar alguma mudança de mentalidade ao Estado?
Se o chamado Estado Moderno deve possuir a ambição de construir em seu em torno mudanças reais e robustas para atender as expectativas de um cenário mundial globalizado e com tecnologia de ponta, onde estar na rabeira significa o mesmo que ser reduzido a expectador, como mudar esta condição de expectador para ator principal?
Com isto claro é importante ainda responder: O que não é ciência política? Qual o principal objetivo de estudo da ciência política?
Este é o grande desafio ao estudar e perscrutar a ciência política nos dias de hoje.
1. Os baluartes da Ciência e Política
Na Ciência Política se encontram dois baluartes importantes e decisivos para os dias atuais: a ciência; como forma de conhecimento e estudo, e a política; a forma e maneira de administrar o Estado.
Para expandir o pensamento, se torna indispensável verificar:
“Desde os filósofos e pensadores gregos os fatos relativos ao governo da sociedade humana vêm sendo objeto de estudos exercendo influência profunda e duradoura na cultura ocidental. Etimologicamente política vem do grego: politéia (πολιτεία), politiké (política em geral) e politikós (relativo aos cidadãos) e estava relacionado à organização das polis, as cidades-estados gregas – uma nova forma de organização política e social que ocorreu na Grécia Antiga. Desde então, a política passou a denominar a arte ou ciência da organização, direção e administração de nações ou Estados. Os dois primeiros grandes sistematizadores do pensamento político, Platão e Aristóteles, entendiam a política referente ao estudo da polis, suas estruturas, instituições, constituição. É de Aristóteles a ideia de que a política é a ciência “maior”, ou a mais importante do seu tempo, preocupado com um governo capaz de garantir o bem-estar geral (o bom governo) da sociedade. Contudo, foi só no Renascimento que a política começou a adquirir, de fato, contornos de uma ciência. A ciência política moderna é uma disciplina relativamente nova, da qual alguns autores datam seu surgimento (ao menos no que concerne a ciência política moderna) no século XVI, com Nicolau Maquiavel.” (http://www.portalconscienciapolitica.com.br/ci%C3%AAncia-politica/)
Como se pode observar desde os tempos idos a política tem ocupado intensos e importantes estudos, não sendo só uma forma de se fazer prevalecer esta ou aquela ideia avançando de forma a ser objeto de ciência. Este avanço transformador tornando a política em ciência se deu pela importância de se perceber como se deve cuidar de forma adequada da organização do Estado, sua administração e direção. Diante deste fato é de suma relevância o aspecto organizacional sendo mister sistematizar o funcionamento do Estado para atender as necessidades internas e externas de seu crescimento.
“[…] o estudo da ciência política contemporânea, em certo sentido, ainda é o mesmo daquele de Aristóteles, só que levando em consideração toda a complexidade das organizações político-sociais contemporâneas e pressupondo uma orientação metodológica e objetividade de pesquisa compatíveis com as exigências da ciência atual. A ciência política é a teoria e prática da política e a descrição e análise dos sistemas políticos, das organizações e dos processos políticos e do comportamento político. Envolve o estudo da estrutura (e das mudanças de estrutura) e dos processos de governo. A ciência política abrange diversos campos, como a Filosofia Política, os sistemas políticos, ideologia, economia política, geopolítica, análise de políticas públicas, relações internacionais e exteriores, estudos da administração pública e do governo, política jurídica (Política e Direitos Humanos), processo legislativo, entre outros.” (http://www.portalconscienciapolitica.com.br/ci%C3%AAncia-politica/)
Com este prisma a ciência política pretende estudar as teorias, suas organizações e processos políticos dentro do comportamento adotado e analisar nestes sistemas políticos surgentes desta hecatombe de significados a polarização da ação em função de um organismo plural em suas múltiplas facetas etéreas.
O desafio nos dias atuais é enorme uma vez não se dar o devido sonido e magnitude a um ramo do estudo tão importante como a política, que há muito tem se perdido em conceitos provincianos e deletérios distante do seu objeto mensurável e distinto. Urge desvelar mesmo diante de um processo similar a uma doutrinação inflexível e de dura cerviz o basilar conceito em sua plenitude ímpar e trazer a lume tudo aquilo que os estudiosos e idealistas desejaram que ocorresse em seu baluarte translúcido.
“Uma dimensão importantíssima que toma a Ciência Política é a de caráter sociológico. O fenômeno político é um fato social por excelência, segundo a definição durkheimiana. Desta forma, o fato político vai ser o núcleo de uma sociologia especial, a Sociologia Política. A aplicação de critérios rigorosamente sociológicos para a análise dos fenômenos que se prendem à realidade política fez surgir uma disciplina chamada Sociologia Política. Há uma esfera comum de estudo e pesquisa entre a Ciência Política e a Sociologia Política: grupos, classes sociais, instituições, opinião pública, os regimes políticos, as ideologias, as utopias etc. Além disso, o estudo do Estado e do fenômeno político constitui um dos pontos altos e culminantes da obra de Max Weber. Em Weber encontramos estudos sobre as bases sociais em que o poder repousa, investiga-se o regime político e a organização dos partidos, interrogam-se as formas de legitimidade da autoridade. Por outro lado, em uma tendência de cunho exclusivamente jurídico, Kelsen constrói uma Teoria Geral do Estado, fundando em bases de feições jurídicas uma teoria que assimilou o Estado ao Direito. Sob esta perspectiva, o Estado se explica pela unidade das normas de direito de determinado sistema de modo que, quem elucidar o direito como norma, elucidará o Estado. Situando Direito e Estado em relação de identidade, esta teoria faz de todo Estado, Estado de Direito. Uma perspectiva menos radical faz da Teoria Geral do Estado um apêndice ou introdução ao Direito Público e Constitucional, sem, no entanto, reduzir o Estado a considerações exclusivamente jurídicas. Sob uma perspectiva não reducionista, podemos falar de uma tríplice análise do Estado: o Estado como ideia (prisma filosófico), como fato social (prisma sociológico) e fenômeno jurídico (prisma jurídico).” (http://www.portalconscienciapolitica.com.br/ci%C3%AAncia-politica/)
A confusão ocorre de forma proposital onde a política é considerada apenas como partido político e os políticos em sua dura cerviz. Há de se observar que ciência política vai além destes personagens figurantes (partido político e político), elevando o Estado em sua teoria de organização, sistemas e autoridade a condição de protagonista neste teatro social.
Com esta ideia em mente é significativo ampliar este viés:
“Neste ponto cumpre enfatizar a relação que a Ciência Política possui com as mais variadas áreas das Ciências Sociais, entre elas a Economia, a História, a Psicologia. O conhecimento dos aspectos econômicos em que se baseia a estrutura social são fundamentais para a compreensão dos fenômenos políticos e das instituições pelas quais uma sociedade se governa. […] Não é sem razão que a disciplina Economia Política tem uma importância fundamental no âmbito da Ciência Política. A História, e também o Historiador, têm uma contribuição assaz importante para oferecer à Ciência Política, na medida em que nos ajuda a entender a origem dos sistemas, das ideias e das doutrinas políticas do passado, ao longo de toda tradição Ocidental-Oriental. A importância dos estudos históricos, da História das Ideias Políticas, é por demais clara para que precise de maior justificativa e argumentatividade para demonstrar sua relevância. A História do pensamento político deve abranger a história dos acontecimentos políticos. Ao lado da história dos acontecimentos políticos, há também o estudo da história das instituições e, ainda, a história das ideias políticas”. (http://www.portalconscienciapolitica.com.br/ci%C3%AAncia-politica/)
Assim como as demais ciências humanas esta é também conectada com outras ramificações dos conhecimentos humanos. Na esteira desta educação multifocal existe a multiplicidade da sociedade moderna entrelaçada entre muitos ramos não se sustentando apenas em um único.
2. O estudo da Ciência Política pode oferecer alguma mudança de mentalidade ao Estado?
Para melhor entender esta indagação é melhor se perguntar, há alguma coisa que se precisa mudar quanto à forma de se conceber o Estado?
O Estado deve existir para atender seus cidadãos é o que de forma comum se perscruta nos dias atuais, mas o papel do Estado não é criar um grupo de pessoas dependentes de suas ações, seu papel deve ser facilitador, um apoiador de novas conquistas e para isto se é necessário uma mudança de paradigma.
É importante que se considere o conceito de Ciência Política:
“No significado clássico e moderno a palavra política tem sua origem na palavra grega pólis, mais especificamente na palavra politikós, que em strictu sensu se refere ao urbano, ao que é civil e social, ao que é público, ou seja, relaciona-se com a Cidade e a tudo o que lhe diz respeito. Está muito ligada a ideia de Poder. Podemos definir a ciência como sendo “um conjunto organizado de conhecimentos, que se desenvolve no domínio do concreto e experimental, baseando na observação da realidade”. (DE CICCO: 2011, p. 177).
Com a ideia central da política sendo o Poder torna-se evidente ser o grande objetivo a extensão de este poder e não a busca pela melhora da vida dos cidadãos com a prosperidade do Estado. Com efeito, urge buscar nos anais da história o sentido mais conveniente da política para possibilidade de mudança de mentalidade e postura daqueles que assumem o comando da nação.
Na mesma obra se amplia esta ideia desaguando em sua plenitude:
“A política possui a sua ciência, a chamada ciência política. Os elementos históricos que a humanidade denota mostram que o termo “ciência política” surgiu com o pensamento de Nicolau Maquiavel. Entretanto, é inegável que a política era discutida antes do pensador ora comentado, […] se considerarmos que a ciência política tem seu nascedouro, terminologicamente, com o pensamento florentino Maquiavel, há de se considerar que o pensamento político teve seus precursores […] chamamos de Ciência Política o estudo de casos práticos da política, bem como a análise e a descrição dos sistemas políticos e seu comportamento. Consiste, portanto, no estudo do Governo do Estado no aspecto teórico ou doutrinário, buscando analisar a realidade social e histórica, bem como seu funcionamento”. (DE CICCO: 2011, p. 178).
Neste diapasão encontrando os elementos que analisa os sistemas políticos e “seu comportamento”, e ainda, o “estudo do Governo do Estado”, na busca de “analisar a realidade social” e histórica, assim “como seu funcionamento”, é possível se imaginar que com o passar do tempo havendo um estudo corajoso, desapegado de ideologias, centrado na crítica para progresso do que se deve esperar para uma sociedade, passa ser de suma importância as possíveis mudanças que se poderá implementar mudando aquilo que assim se demonstrar necessário para melhoria.
É indispensável que se perceba que só será possível uma mudança tal se houver sensibilidade real às críticas a postura assumida e como reconstruir o modelo utilizado. Nada menos se deveria esperar de quem governa, ou pretende governar.
O que se vê é o oposto disso, uma luta polarizada em apenas dois modelos, e é importante que se diga um destes já ultrapassado e falido, enquanto o outro sem dúvida se faz necessário rever alguns pontos para melhor aplicação.
Com esta verdadeira queda de braço entre estes modelos, nada de novo se vislumbra no horizonte, enquanto é perceptível algo precisa ser modificado, amplificado e dinamizado para atender um Estado mais exigente com a Globalização, uma sociedade mais informada, por conta de uma comunicação mais rápida, mais nem sempre eficaz e veraz. As exigências acabam por alcançar até países que não possuem história recente e nem passada de inconformismo, de não aceitação, como se pode vislumbrar na chamada “primavera árabe”.
“A Primavera Árabe não se trata de um evento, de algo breve ou de uma estação do ano, trata-se de um período de transformações históricas nos rumos da política mundial. Entende-se por Primavera Árabe a onda de protestos e revoluções ocorridas no Oriente Médio e norte do continente africano em que a população foi às ruas para derrubar ditadores ou reivindicar melhores condições sociais de vida. Tudo começou em dezembro de 2010 na Tunísia, com a derrubada do ditador Zine El Abidini Ben Ali. Em seguida, a onda de protestos se arrastou para outros países. No total, entre países que passaram e que ainda estão passando por suas revoluções, somam-se à Tunísia: Líbia, Egito, Argélia, Iêmen, Marrocos, Bahrein, Síria, Jordânia e Omã.” (http://www.brasilescola.com/geografia/primavera-Arabe.htm)
O descontentamento tomou conta de um povo que historicamente é conhecido por conviver razoavelmente bem com a diferença radical do mundo ocidental, não é comum, pelo menos historicamente, ver manifestações tão fortes contra o modelo de governo até então aceito. E estas manifestações foram tão fortes que seus líderes não souberam como resolver, e nem tão pouco tiveram o chamado “jogo de cintura”, para tentar negociar de forma adequada, o que se viu foi um banho de sangue grosseiro e devastador, em alguns países como Egito e ainda, a Síria, o governo perdeu o controle, sendo que no último país o uso da força passou e muito de todos os limites de uma guerrilha urbana passando a massacre de civis, muitas vezes desarmados e impotentes.
É currial que se diga que grande parte destas manifestações teve sucesso pelo uso da internet e sua velocidade de mobilização, fazendo que quando os governos ameaçados percebem-se ser esta uma arma aos chamados “rebeldes” cortar o sinal deste meio de comunicação para tentar conter a fúria da multidão.
“Nestes termos, as revoltas do mundo árabe de 2011 expressam exatamente este novo momento que a sociedade global está vivendo. A falta de perspectivas para o futuro em um universo em que o desemprego predominava, a população vivia marginalizada e sem perspectivas motivou fortemente as pessoas a buscarem por melhorias imediatas através da internet. […] Essa massa insatisfeita fez uso das novas tecnologias e das mídias sociais, como telefones celulares, mensagens de texto, redes sociais e da internet para convocar o povo às ruas e juntos protestarem contra o governo. O Twitter era usado para a marcação de encontros pelos ativistas e para a disseminação de informações sobre o protesto. O Facebook era utilizado para debates, divulgação de locais e hora dos protestos, fotos e vídeos. O Youtube servia como ferramenta de armazenamento de vídeos. Ao saber do início dos levantes e do uso das ferramentas tecnológicas como uma arma mais eficiente, tanto no Egito quanto na Líbia, o governo decidiu cortar o acesso à internet. Esta atitude foi sintomática ao fato de que era imprescindível a existência da internet e das redes sociais como uma ferramenta organizadora naquela região. Ou seja, o ato de encerrar com a comunicação significa admitir que de fato houvesse grande acesso à internet, às redes sociais e, consequentemente, às novas ideologias e que este mecanismo tinha grande força naquele contexto. Vale ressaltar que mesmo o Estado tendo bloqueado o acesso a esse meio de comunicação, o conteúdo nele colocado e não controlado pelo governo atingiu outras regiões, demonstrando assim a capacidade de disseminação da internet. Para Ghannam (2011), o poder das mídias sociais e das novas tecnologias, principalmente, da telefonia móvel provaram ser uma grande ameaça para os governos que não agradam as massas.”(http://mundorama.net/2012/11/06/o-papel-das-redes-sociais-na-primavera-arabe-de-2011-implicacoes-para-a-ordem-internacional-por-viviane-brunelly-araujo-tavares/).
Esta é a mais pura forma de Ciência Política perceber os fenômenos sociais e mudanças que dele decorrem para estudar sua origem, forma de impacto em todo mundo atual, e como a história está recepcionando todos estes movimentos. O estudo destes acontecimentos, a análise profunda e sua concepção demonstram a importância da Ciência Política como estudo acadêmico e justifica esta disciplina na Academia.
E observando a indagação inicial o reforço na resposta positiva de que sim é possível haver mudança de mentalidade do Estado quando se leva a sério, ou se apropria de forma adequada à pretensão de se ter como ferramenta de análise a compreensão das mudanças sociais através da política e seus possíveis movimentos advindos do povo para transformação de uma nação.
3. O objetivo da Ciência Política
A compreensão do tema proposto exige o entendimento do objetivo majorante da Ciência Política, muito bem apresentada pelo Cláudio Di Cicco.
“A Ciência Política não é mera divagação para satisfazer a curiosidade ou dar largas asas à imaginação. O objetivo da Ciência Política, em última análise, é fornecer uma visão clara do que seja um bom governo, que promova o bem comum. Mesmo que na análise da história tenhamos um mau governo retratado, é a Ciência Política que apresentará críticas e modelos que devam ser seguidos a fim de buscar o já citado bem comum […]” (DE CICCO: 2011, p. 180).
O papel estabelecido pela Ciência Política é ter uma visão crítica para analisar qual papel o governo está exercendo junto à população, e se está buscando em sua governabilidade, o bem comum tão importante para o sucesso do modelo de governo proposto. Caso assim não esteja agindo se fará necessária uma mudança de paradigma, a releitura do modelo proposto e a reavaliação dos pressupostos necessários para que tudo possa ser contornado e a população que oferece ao governante uma procuração com tempo determinado e, não com plenos poderes para usar e abusar do que não seja do interesse do povo, devolva esse poder a quem direito, a todos que compõe a nação e este ofereça a quem possa trazer o que se espera de um governante.
“Ao se tratar de Estado em sua formação, que é seu objetivo, urge à necessidade de tratar do tema política, e para tanto utiliza a forma de se conduzir o governo7 como contraponto para melhor entendimento da política. Isso suscita, inicialmente, um aparente desabafo de Foucault: “(…) o governo dos homens na medida em que, e somente na medida em que, ele se apresenta como exercício da soberania política. ‘Governo’ portanto no sentido estrito, mas ‘arte’ também, ‘arte de governar’ no sentido estrito, pois por ‘arte de governar’ eu não entendia a maneira como efetivamente os governantes governam. Não estudei nem quero estudar a prática governamental real, tal como se desenvolveu, determinando aqui e ali a situação que tratamos os problemas postos, as táticas escolhidas, os instrumentos utilizados, forjados ou remodelados, etc. Quis estudar a arte de governar, isto é, a maneira pensada de governar o melhor possível, e também, ao mesmo tempo, a reflexão sobre a melhor maneira possível de governar”. (FOU-CAULT. Nascimento da biopolítica. 2008. p. 4). Há de se observar os movimentos construídos em torno do Estado, demonstrações de manutenção do poder, o alcance das medidas produzidas nessa concepção e sua forma mais impertinente de sobreviver mesmo diante de situações adversas. No texto citado, flui quase um sentimento de quem observou a política de forma mais densa, e viu nela, algo que foge a sua natureza primal. Há um quase desdém nesta afirmativa foucaultiana, asseverando ser a prática governamental, algo do não desejo, de visitar, de estudar, de conhecer. Aponta como seu objeto de estudo a arte de governar. Qual diferença se é buscada? No texto vertido, a resposta aparece de forma ímpar: a melhor maneira de governar. Olhando de fora desta pretensiosa afirmativa, há de se pensar ser um intento irreal, um devaneio ou algo do gênero. Mas Foucault, longe de ser um idealista, nessa sua proposta vê a possibilidade real de mudar o cenário político governante compondo uma forma de governar diferente daquelas vistas e estudadas.” (DUARTE: 2014, p. 23 e 24).
É salutar perceber que há mais vozes afirmando qual deve ser o papel do Estado e o que não deve ser seu objetivo, como forma de governar. Com absoluta certeza se deve buscar nesta máxima da Ciência Política o modelo que melhor se adaptar a um Estado e a forma de desenvolver sua governabilidade, afinal, o papel do de um governante é proporcionar aos habitantes de um país o melhor para sua vida e futuro.
Esse objetivo central de qualquer estudo que passe pela Ciência Política é de suma importância e de igual necessidade primal do Estado. Não se pode conviver com menos do que isso, e ainda assim desejar que a população se mantenha tranquila e satisfeita. Como foi demonstrado até países mais tradicionais, com maior parcimônia em aceitar modelos tradicionais com o advento da comunicação rápida e sem fronteiras não se permitem aceitar menos do que se tem em outros países. Diante desse fato, a visão foucaultiana encontra eco nos dias atuais.
Foucault apresenta em suas obras uma radiografia do que os governantes fazem ao estar no poder.
“O que se extraí da leitura de suas obras é um projeto investigativo voltado às genealogias das práticas usadas em função de se possuir e manter o poder; e sua forma de alcançar e aumentar essa situação de poder. Nessa conjugação entre Estado, governo e população é perceptível sua perseguição histórica não só para demonstrar sua análise, como para compreender os mecanismos que foram utilizados na busca do intento maior. Daí perceber os desdobramentos multifacetados para demonstrar esse jogo de força, por meio de modelos ao longo dos séculos XVI-XVIII usados para detenção do poder através da realidade social que se vai criando ao redor do discurso como elemento agregador do Estado, tendo nessa prática e seu efeito uma referência importante na transformação de opiniões, desejos e ideias.A disciplina exigida e controlada demarca a biopolítica exposta por Foucault, pois aglutina em seu cerne uma forma de modelo concebido politicamente para controle da sociedade, impingindo aos cidadãos onde a supervisão é permanente a menor possibilidade de levar adiante qualquer pensamento senão aqueles propostos socialmente à massa. Vislumbra-se a necessidade de um estado de controle para refrear qualquer movimento contrário que possa expor a política conduzida pelo Estado. Destilando sua pesquisa e pensamento, vão surgindo alocuções pertinentes à questão Política e Estado como: poder concentrado; controle imoderado; domínio das massas; discursos inebriantes; economia política; governamentalidade; a nova arte de governar; liberalismo e neoliberalismo; estado de polícia; e a razão do Estado entre outras.” (DUARTE: 2014, p. 19 e 20).
Com este papel científico/ investigativo a Ciência Política pretende trazer a lume exatamente esta questão que pensadores como Foucault e outros trazem a baila quando observam como o Estado está sendo administrado. Como um pensador que observa a história como pano de fundo para construir suas teorias, Foucault traz de forma salutar os objetivos espúrios trazido no bojo de cada governo e sua forma de manter sobre controle a população com mecanismos disciplinadores. O que escapa a grande maioria entendendo estar o governante tratando de seus interesses perpassa pelo filósofo que destrona esta ideia maquiavélica de poder desvendando sua forma mais cruenta.
Sem mostrar totalmente a face mais cruel este estilo de governo, que Foucault a Política e o Estado se manifesta no: “poder concentrado; controle imoderado; domínio das massas; discursos inebriantes; economia política; governamentalidade; a nova arte de governar”… Como se pode ver a ideia de governar não muda após a monarquia praticamente desaparecer, mas se conserva se reconstruindo com outro viés e natureza, mas mantendo seu grande objetivo, manter o poder sem limites, apenas controlado por quem ocupa o governo.
Exaltando ainda o estudo das premissas da Ciência Política se pode buscar seus fundamentos necessários para uma massa crítica satisfatória.
“A Ciência Política parte de um conceito básico: a sociedade política, ou Estado é uma sociedade como as demais. […] como uma associação de indivíduos reunidos para atingir determinada finalidade,sob direção de uma autoridade capaz de conduzi-las ao fim almejado”. (DE CICCO: 2011, p. 181).
Este conceito parte do cerne da importância de havendo uma sociedade política, e minimamente organizada, se possua daí finalidades que alcancem o bem comum, atendendo as necessidades básicas cruciais para desenvolvimento de todos que no país vivam.
Nada de exagero, apenas o necessário para se garantir uma vida digna e decente da população.
Conclusão
A Ciência Política trata de dar o sonido correto do que se espera de um governante e um governo.
Em suas premissas constitutivas, e seu método de observar através dos modelos já existentes na sociedade, fica evidente o que se pode empreender e o que se deve abandonar na construção de um Estado eficiente e operante.
A história oferece ferramentas de sobejo do que funcionou, como e porque chegou a ser positivo. Também em contrapartida, oferta inúmeros governos com seu modelo desumano que funcionou para a parte mínima da população, sem levar em conta o bem comum.
Aprender a ser um observador respeitando estes ensinamentos e buscando acima de tudo o que é melhor para o todo é o desafio e continuará a ser da Ciência Política.
Repensar modelos, rever fórmulas funcionais ou não sua grande contribuição para sociedade livre e futura.
Doutorando em Ciência Criminal UBA Mestre em Filosofia do Direito e do Estado PUC/SP Especialista em Direito e Processo Penal formado em Direito e Teologia Professor de Processo Penal e Direito Penal da Faculdade de Rondnia FARO Professor de Pós-Graduação da UNIJIPA pesquisador da PUC/SP e da CNPq
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