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A história de Vanessa Selbst, formada em Direito em Yale e uma lenda do poker

 “Selbst (foto) em ação durante um torneio de poker”

O poker é um esporte extremamente democrático. Não importa o sexo, se tem 18 ou 50 anos, ou a colocação que chegou no último torneio: o jogador sempre terá a chance de competir em praticamente qualquer certame disponível, seja do World Series of Poker (WSOP) ou da competição do clube de uma cidade do interior.

De toda forma, mesmo em essência sendo uma modalidade democrática, o poker ainda é dominado pelos homens. Estima-se que aproximadamente 95% dos torneios são preenchidos pelo sexo masculino.  É uma questão histórica, até – mas que aos poucos vai mudando. “Você vai encontrar uma mulher a cada duas mesas. Deveria ser 50%, elas estão 10 vezes menores do que deveriam estar”, disse uma vez Igor Trafane, ex-presidente da Confederação Brasileira de Texas Holdem (CBTH).

Apesar da baixa representação atual, o cenário está mudando aos poucos e parte disso é reflexo do trabalho anterior de algumas mulheres que foram percursoras no nível elite — como é o caso de Vanessa Selbst.

Aos 35 anos, Selbst tem uma história de vida inspiradora. Formada em Ciências Políticas e posteriormente em Direito na conceituada Universidade de Yale, a ex-jogadora de poker marcou o seu nome na modalidade.

Em cerca de 10 anos como profissional, a estadunidense nascida em Nova Iorque quebrou quase todos os recordes possíveis entre as mulheres e conquistou três títulos no WSOP — circuito considerado a “Copa do Mundo do poker”. No seu auge, a jogadora era uma das principais competidoras do mundo e dominava como poucos a modalidade Texas Holdem, que é a mais popular do jogo.

O currículo de Selsbt nas mesas é realmente impressionante. Primeira mulher da história a ultrapassar a marca de US$ 10 milhões em prêmios, é só questão de tempo até que ela entre no Hall da Fama do Poker.

O início e o domínio na elite do poker

Assim como milhares de outros estadunidenses, Selbst foi influenciada pelo crescimento do poker no início da década de 2000, quando criou uma conta em um site para jogar de maneira recreativa.

Ao descobrir as regras e as nuances do poker de maneira casual, Selbst percebeu que tinha facilidade em dominar o jogo e não demorou muito para ela construir um fundo de US$ 150 mil com os seus ganhos online.

“Quando me formei em Ciências Políticas, fui trabalhar como consultora em Nova Iorque na McKinsey & Company. Naquela época, estava jogando poker 1/3 do tempo, mas fazendo três vezes mais dinheiro do que no trabalho de escritório”, disse Selbst em entrevista para o The New York Times. “Eu pensei: ‘ok, eu preciso dar uma chance para o poker’”, completou.

Depois que se tornou profissional na modalidade, ela focou muito no poker ao vivo (disputado em lugares físicos) e o nível de dominância foi incrível.

Em 2014, Selbst atingiu o topo do ranking do Global Poker Index (GPI), o mais conceituado do poker ao vivo. O feito segue como um recorde, visto que ela é a única mulher na história a ocupar o posto.

“Selbst conquistou os principais torneios em que disputou”

Entre as mulheres, ela foi eleita a melhor jogadora do mundo por três temporadas consecutivas (2012, 2013 e 2014). No ranking feminino de ganhos na carreira, ela tem quase o dobro de conquistas sobre a segunda colocada — mesmo após dois anos sem jogar profissionalmente.

Além dos títulos, a confiança no topo, os desafios amistosos com amigos da modalidade e o reconhecimento no nível elite: entre os melhores da última década, a estadunidense estava vivendo o sonho de muitos.

Com todo esse currículo, não é exagero afirmar que Selbst é a maior mulher de todos os tempos no poker. Um nível de qualidade que transcendeu todas as barreiras anteriores e estabeleceu novos limites na modalidade.

Nos primeiros seis anos de poker, Selbst venceu dois títulos no WSOP e já tinha um currículo milionário quando decidiu fazer uma pós-graduação em 2012. Ao escolher o Direito, a jogadora começava a pensar nos dias além do poker.

Apesar dos ganhos constantes e da reputação como uma das melhores jogadoras do planeta, Selbst sentiu que precisava um desafio diferente na vida. Nos primeiros dias de 2018, ela decidiu, ao lado da esposa Miranda Foster, que não queria mais a rotina de profissional nas cartas e anunciou a aposentadoria.

Para o mundo do poker, a aposentadoria de Selbst foi um choque. A jogadora estava no auge da carreira e, no momento do anúncio, tinha apenas 33 anos.

Pós-poker: utilizando as habilidades de poker em um fundo de investimentos

Um jogador de poker bem-sucedido precisa de estratégia para bater os seus oponentes e a capacidade de avaliar risco o tempo todo. De maneira direta, essas mesmas qualidades são necessárias para um profissional que trabalha no mercado de investimento.

Para Selbst, o futuro pós-poker tinha duas saídas: exercer o Direito ou utilizar as suas habilidades nas mesas para um ramo de investimento. A jogadora optou pela segunda opção.

Desde 2018 trabalhando na Bridgewater Associates, uma das maiores empresas de fundo de investimentos no mundo, Selbst teve que concluir um curso preparatório de nove meses para exercer a nova função.

Selbst conheceu o ramo do fundo de investimentos através de Galen Hall, ex-jogador de poker que deixou o esporte em 2011 para se especializar na Universidade de Stanford e entrar no mundo dos investimentos.

“Espero ir bem o suficiente nessa nova profissão para ajudar nas causas que eu apoio”, afirmou Selbst, que conta com um trabalho filantrópico na área judicial que apoia pautas progressistas.

Selbst ainda não tem planos para exercer a profissão em que se formou, seja no Direito Digital ou em alguma outra função diretamente relacionada ao ramo. No entanto, é fato que a ex-jogadora já mostrou diversas vezes que gosta de novos desafios e, portanto, não será uma surpresa se no futuro ela decidir optar pelo caminho do Direito.

De qualquer maneira, Selbst já cravou o seu nome na história como uma das melhores esportistas de sua respectiva modalidade. Mais uma grande personalidade que saiu das salas de estudo da Universidade de Yale.

Âmbito Jurídico

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