Patricia Punder
Todos os dias, as mídias sociais trazem notícias de assédio moral ou sexual no mundo corporativo. Não importa qual o mercado que atua a empresa ou o tipo de negócios que realiza, infelizmente, temos uma imensa lista de empresas, muitas listadas na bolsa de valores de Nova Iorque, envolvidas em escândalos de assédio.
Quando iniciou a pandemia, pensei que o número de notícias sobre este tema iria diminuir drasticamente, pois muitos países e empresas estimularam a adoção do home office. Sem o contato humano diário, as situações de assédio deveriam ser quase uma exceção. Entretanto, o que aconteceu foi o oposto.
No “mindset” de muitos executivos trabalhar remotamente significa “ficar de férias”. Acreditam que os colaboradores somente produzem se estiverem ao alcance dos olhos de seus superiores hierárquicos. Com a pandemia, este modelo não é possível de ser aplicado. As questões sanitárias são prioridade para salvar vidas.
Sendo assim, muitas empresas passaram a monitorar remotamente seus colaboradores de forma quase que “agressiva”. Instalaram softwares nos notebooks dos colaboradores que conseguem controlar quantos segundos os mesmos ficam sem tocar no teclado, além de quanto tempo gastam indo ao banheiro. Outras empresas realizam reuniões virtuais no inicio do expediente para verificar se os colaboradores estão pontualmente trabalhando e controlam se os filhos estão no mesmo ambiente ou não. Tais práticas estão quase atingindo um patamar de paranoia ou utilizando a terminologia correta: assédio virtual corporativo.
A prevenção sempre é o melhor caminho para evitar futuras ações trabalhistas e escândalos reputacionais. O papel do Departamento de Recursos Humanos e Departamento de Compliance são essenciais para ajudar a evitar tal prática.
Existem recomendações que podem e devem ser implementadas pelo Departamento de Recursos Humanos e Departamento de Compliance conjuntamente para prevenção ao assédio virtual:
Mediante a utilização das recomendações acima mencionadas, com certeza a cultura da empresa será incrementada, os colaboradores irão se sentir mais acolhidos e escutados pela Alta Direção das empresas. Além disso, as empresas terão uma fotografia, via pesquisa de clima, sobre como estão seus colaboradores em vários aspectos, inclusive no quesito saúde mental. O que poderá ajudar a melhorar ainda mais a implementar outras ações para incrementar o ambiente virtual da empresa. Teremos uma cultura saudável ao revés da cultura tóxica que impera em muitas empresas.
Podemos concluir que as empresas devem ter empatia neste momento onde o Brasil possui mais de 400.000 (quatrocentas mil) mortes em decorrência da pandemia, o desemprego impera e a miséria espalha-se pelo território nacional. Todos os trabalhadores em home office querem manter seus empregos e serem produtivos, mas não devem existir abusos por parte das empresas devido a este cenário catastrófico que vivemos.
Com sólida experiência no Brasil e na América Latina, Patrícia tem expertise na implementação de Programas de Governança e Compliance, LGPD, ESG, treinamentos; análise estratégica de avaliação e gestão de riscos, gestão na condução de crises de reputação corporativa e investigações envolvendo o DOJ (Department of Justice), SEC(Securities and Exchange Comission), AGU, CADE e TCU (Brasil).
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