Resumo: Este trabalho é fruto de leituras e discussões norteadas ocorridas no decorrer da disciplina “Agroecologia”, do Programa de Pós-Graduação em Recursos Naturais (CAPES 5) da Universidade Federal de Campina Grande, e trata-se de uma resenha dos capítulos da obra “Fundamentos de Agroecologia” da Associação Brasileira de Ensino Agrícola Superior. Todos os textos tratam de discussões atuais e pertinentes acerca do tema Agroecologia e de sua inclusão em diversos cenários crítico-científicos de implicações para a humanidade e o mundo.
Palavras-chave: Interdisciplinaridade, Educação, Sociedade
Abstract: This work is the result of guided readings and discussions that took place in the subject “Agroecologia”, of the Programa de Pós-Graduação em Recursos Naturais (CAPES 5) of the Universidade Federal de Campina Grande, and it is a critical review of the chapter in one book write and arranged by ABEAS. All texts dealing with current and relevant discussions about the issue of agro ecology and their inclusion in various educational settings and critical-scientific implications for humanity and the planet.
Keywords: Agro ecology, Education, Society
Sumário: Introdução; Agroecologia: evolução do conceito e subdivisões; Formas de agricultura alternativa e sustentabilidade; O papel das feiras agroecológicas; Conclusões; Referências.
A agroecologia consiste em uma proposta alternativa de agricultura familiar socialmente justa, economicamente viável e ecologicamente sustentável (PORTAL AGROECOLOGIA, 2013).
O termo pode ser entendido de diversas formas: como ciência, como movimento e como prática (WEZEL et al., 2009). Nesse sentido, a agroecologia não existe isoladamente, mas é uma ciência integradora que agrega conhecimentos de outras ciências, além de agregar também saberes populares e tradicionais provenientes das experiências de agricultores familiares de comunidades indígenas e camponesas (CAPARAL et al, 2006).
AGROECOLOGIA: EVOLUÇÃO DO CONCEITO E SUBDIVISÕES
Considerando os radicais que constituem a palavra, temos que agroecologia é o estudo do meio ambiente cultivado (ou cultivável), entretanto, o conceito é muito mais abrangente e considera técnicas e métodos multidisciplinares que permitam a manutenção da produtividade sem detrimento financeiro e, ao mesmo tempo, com o respeito ao meio ambiente e às sociedades, usando para isso, tanto novidades técnicas quanto o resgate de antigas práticas, sendo, desse modo, uma ferramenta de estímulo à inovação e manutenção das tradições.
Segundo a ABEAS (2005), a agroecologia está intimamente relacionada à sustentabilidade em suas diversas manifestações e é capaz de gerar inclusive desenvolvimento rural através de participação direta dos diversos atores envolvidos, sobretudo, a nível local.
Entre as principais subdivisões da agricultura o texto destaca: Agricultura Natural – Baseia-se em conceitos ecológicos e tenta manter os sistemas de produção iguais aos encontrados na natureza. Agricultura Biológica – Onde não há uso de produtos químicos e o controle de pragas se dá com o uso de agentes biológicos. Permacultura – Fundamenta-se na agricultura aliada à própria dinâmica vegetal e animal do ambiente. A permacultura apresenta vertentes ousadas, pois visa promover de maneira mais direta a relação entre homem e ambiente. Agricultura Biodinâmica – Baseia-se na filosofia humanista científica e relaciona a saúde das culturas cultivadas, dos animais, do ambiente e dos humanos a forças de origem cósmica da natureza. Atua principalmente através da ação de preparados que agem no controle de agentes nocivos. Agricultura Moderna (Convencional) – Conhecida com a 2ª revolução agrícola, tem por base o uso de fertilizantes químicos. Usa também sementes modificadas para o aumento na produção. Por fim, temos a Agricultura Orgânica – Essa modalidade busca promover o equilíbrio do meio ambiente, isentando as culturas agrícolas de quaisquer intervenções sintéticas ou químicas no controle de pragas ou melhoria na produtividade.
São de extrema importância estudos desse tipo pois, o entendimento dos conceitos que permeiam a agroecologia em suas diversas vertentes permitem o traçar de conexões entre essas práticas agrícolas e suas diversas modalidades de influências nos processos de formação social e cultural locais, na dinâmica econômica, na problemática ambiental, dentre outros aspectos relevantes de toda ciências verdadeiramente preocupada com o futuro do planeta.
FORMAS DE AGRICULTURA ALTERNATIVA E SUSTENTABILIDADE
Diversas modificações ocorreram ao longo da história de aperfeiçoamento das técnicas agrícolas no mundo, por exemplo, o início do sistema de rotação de áreas e culturas, a introdução dos fertilizantes químicos e dos agrotóxicos, a inserção das máquinas no meio agrícola e, até mesmo o melhoramento genético de culturas.
É evidente que todo esse conjunto de mudanças trouxe um enorme dinamismo aos processos agrícolas e, consequentemente, inúmeros benefícios como o aumento da produção e da produtividade, maior possibilidade de atendimento das demandas, maior resistência da lavoura, etc., contudo, junto com esses benefícios apareceram também diversos conflitos e problemas que tornaram-se, em certos casos, mais agudos que os próprios resultados positivos, tornando assim cogente a necessidade de se repensar as maneiras de utilização do ambiente natural e seus recursos na produção de alimentos através da agricultura.
Uma das alternativas encontradas para amenizar os problemas socioambientais decorrentes da aplicação da agricultura tradicional foi o desenvolvimento do conceito e a aplicação da agricultura orgânica e da agroecologia. No mundo, é crescente o número de países e mercados que se abrem para essa forma diferente de produção e exploração sustentável do ambiente.
A preservação da biodiversidade de organismos e microrganismos do solo, a chamada ‘adubação verde’ (biofertilização), dentre outras práticas auxiliam na conquista de diversos objetivos da agricultura orgânica, como, por exemplo, a produção de um produto verdadeiramente orgânico em um solo genuinamente saudável, com respeito a todos os critérios necessários a essa modalidade de produção, desde o manejo vegetal até os cuidados com os nutrientes e a água.
Diversas pesquisas vêm contribuindo para o desenvolvimento dessa modalidade de produção agrícola em diversos âmbitos, a saber, ecológico, socioeconômico, cultural, etc. Além disso, ações locais também têm sido extremamente pertinentes e úteis para a o avançar da agroecologia.
Leituras como a da obra comentada aqui são assaz necessárias, pois permitem uma apropriação técnico-teórica fundamental para o desenvolvimento de práticas mais conservacionistas, bem como para a manutenção da saúde e qualidade de vida sem agressão dos direitos fundamentais de respeito ao ambiente e aos semelhantes do planeta.
O PAPEL DAS FEIRAS AGROECOLÓGICAS
As feiras agroecológicas constituem uma estratégia interessante para se encarar e superar a fome, o subemprego, o pouco aproveitamento da capacidade produtiva dos agricultores e familiares, e das diferenças de concentração de renda.
Muitas feiras agroecológicas são espaços de comercialização de produtos hortifrutigranjeiros produzidos com manejo agroecológico por camponeses. Muitas vezes, as experiências das feiras agroecológicas que estão vinculadas a áreas de assentamentos e acampamentos.
Espera-se que essas feiras tenham como objetivo maior a constituição de espaço e processos de educação solidária entre camponeses e consumidores. Além do mais, busca-se ainda assegurar o acesso a alimentação saudável as famílias assentadas, gerar renda através da comercialização do excedente, produzir no sistema agroecológico como forma de difusão e preservação do ambiente sustentável e eliminar o atravessador como forma de garantia de maior rentabilidade para os camponeses.
No estado da Paraíba é possível identificar as seguintes metodologias de ação na produção e comércio agroecológico: Produção diversificada (frutas, raízes, cereais, legumes, hortaliças, mel de abelha, artesanato, comidas típicas, plantas medicinas, remédios alternativos caseiros, aves, ovos, carne de bode, carne de sol, polpa de frutas e multimistura; combate a pragas e doenças através de preparo e fabrico de produtos naturais alternativos com realizações de oficinas com jovens e adultos; rotação de culturas, aquisição de mudas arbóreas e frutíferas para implantação nos assentamentos, implantação de um centro de mudas para multiplicação de mudas de hortaliças, implantação de minhocários, etc.
Essas feiras estão suscitando processos educativos que contribuam com a construção e reconstrução de valores e novas relações de gênero, com garantia da equidade entre mulheres e homens, construindo um desenvolvimento na perspectiva da sustentabilidade, através de alternativas que combinem os seguintes aspectos: Econômicos, fortalecendo a perspectiva de construção de uma economia solidária; Ambientais com a conservação e reciclagem dos recursos e redução dos desperdícios; Sócio-comunitários que promova a satisfação das necessidades humanas básicas; redução das desigualdades; gestão transparente e participativa; e aumento da auto-suficiência local.
CONCLUSÕES
A agroecologia é ainda uma ciência e uma prática em franca expansão. Nos últimos anos nota-se uma preocupação constante de universidades, centros de pesquisa e programas e projetos de extensão em trabalhar aspectos e características técnico-científicas, bem como os impactos sociais provenientes da prática agroecológica.
Desse modo, torna-se imprescindível que o tema seja cada vez mais abordado dentro da acabemia, sobretudo em cursos que tratem do tripé Ambiente, Economia e Sociedade, no intuito de, cada vez mais caminhar rumo à sustentabilidade.
Biólogo, Mestre em Recursos Naturais da Universidade Federal de Campina Grande, Centro de Tecnologia e Recursos Naturais/ UFCG. Membro do Grupo de Pesquisas em História, Meio Ambiente e Questões Étnicas da UFCG
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