Resumo: Este estudo teve como objetivo conhecer a percepção dos docentes de uma instituição privada quanto à realização de um curso preparatório para a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) na modalidade Ensino a Distância (EaD). A metodologia adotada foi qualitativa, com uso do método de pesquisa de campo. Os colaboradores foram dez docentes do curso de Direito de uma universidade privada do interior de São Paulo, tendo a coleta de dados se efetivado entre os meses de outubro/ novembro de 2013. Os resultados mostraram que a maioria dos docentes tinha idade superior a 45 anos, com formação em nível de pós-graduação, com apenas um docente com experiência em EaD. Com relação a parte qualitativa, foram elencadas categorias a partir das falas dos colaboradores: “Postura do aluno”, “Interação professor/aluno”, “Resistência dos professores ao EaD”. “Dificuldades e facilidades apontadas pelos docentes”. Nessa questão, o principal ponto apontado como dificultador foi a inexperiência dos docentes em relação ao EaD.
Palavras-chave: Professor. Tutor. Trabalho. Ensino a Distância.
1. Introdução
Educação a Distância
A história da humanidade perpassa pelo desejo incontrolável do homem na busca pelo conhecimento e pela vontade de transmiti-lo.
Nesse contexto, caracteriza-se a evolução do conceito de ensino-aprendizagem, com a introdução de ferramentas que possibilitam desde a transmissão direta da informação do professor para o aluno até a utilização da mídia permeando esse processo, seja ela através da imprensa, rádio, cinema, televisão e, mais recentemente, através da informática, possibilitando através da internet que a educação ocorra através da denominada Educação a Distância (EAD).
A Educação a distância pode ser percebida como uma estratégia desenvolvida por sistemas educativos que criam oportunidades para todos os indivíduos que tem dificuldade para acesso à educação presencial (GONZALEZ, 2005, p.33).
Este sistema pode ser realizado nos mesmos níveis da regular, ou seja, ensino médio, superior, pós-graduação, sendo mais apropriada para uso em adultos, em especial os que já têm experiência em aprendizagem individual e pesquisa (MORAN, 2002).
A EAD se diferencia da Educação presencial em alguns elementos constitutivos. Algumas dessas diferenças são pontuadas por Preti (1996), tais como:
A distância física professor-aluno: a presença física do professor não é indispensável, e ela se dá de modo virtual;
Estudo individualizado e independente: investe-se aqui no desenvolvimento da autonomia dos estudantes nos processos de aprendizagem; "o estudante deve aprender a construir seu caminho, seu conhecimento por ele mesmo";
Processo de ensino-aprendizagem mediatizado: ocorre através do material didático, meios tecnológicos, sistema de tutoria e de avaliação;
o uso de tecnologias: o rápido e crescente desenvolvimento de recursos técnicos de comunicação e de informática tem possibilitado cada vez mais romper com as barreiras das distâncias, das dificuldades de acesso à educação e dos problemas de aprendizagem de quem "estuda individualmente, mas não isolado e sozinho";
Comunicação bidirecional: no processo de EaD busca-se estabelecer "relações dialogais, criativas, críticas e participativas" com o estudante; "o estudante não é mero receptor de informações".
Sendo assim, um fator preponderante na EAD é o foco na aprendizagem, sendo aqui entendida como um processo de mudança de comportamento obtido através da experiência construída por fatores emocionais, neurológicos, relacionais e ambientais. Aprender é o resultado da interação entre estruturas mentais e o meio ambiente, portando, é intrínseca ao homem, influenciada pelo tempo, lugar e situação onde ocorre (CARVALHO, 2009).
Atualmente, a ênfase educacional tendência para metodologias centradas no aluno, onde o professor é coautor do processo de aprendizagem destes. Nesse enfoque centrado na aprendizagem, típico do “Problem Based Learning” (PBL), o conhecimento é construído e reconstruído continuamente, levando o aluno a “aprender a aprender”, sendo fonte de contínuo estímulo para que adquira autonomia intelectual (PEREIRA, 2003).
Nesse conceito, o professor passa de transmissor para estimulador, o aluno por sua vez deixa de ser apenas um receptor e passa a ser o construtor do próprio pensamento com participação ativa em seu currículo (OLIVEIRA et al., 2007).
Dessa forma, surgem novos olhares e possibilidades de compreensão do que significa educar o homem nas múltiplas realidades sociais indicando a necessidade de se investir em práticas educacionais que tenham na participação crítico-reflexiva, um pilar fundamental. Rompe-se com o modelo educacional produtivista, onde a escola é concebida como uma fábrica e o aluno é matéria-prima de uma linha de montagem de produtos padronizados. Os novos métodos permitem ao aluno estar apto a analisar, comparar, avaliar e intervir em sua realidade (SOUSA, 2010).
Consequemente há uma mudança na forma como o aprendizado ocorre e como deve ser avaliado. Apesar disso, ainda hoje é realizado o processo formal de avaliação, onde são dadas notas aos alunos, sob a justificativa de estarem mais ou menos aptos em relação ao conteúdo ministrado.
Em contrapartida, sabe-se que modelos de ensino onde há uma participação ativa dos alunos conduzem para um processo de aprendizagem efetivo, intervindo literalmente no estilo de trabalho futuro do aluno.
Dessa forma, a aprendizagem baseada em metodologias como a utilizada no PBL se dá através de uma ação motivada, da codificação de uma situação problema, da qual se distancia para analisá-la criticamente, o que é aprendido não decorre da imposição ou memorização, mas do nível crítico de conhecimento ao qual se chega pelo processo de compreensão, reflexão e crítica. (PEREIRA 2003).
Exame da Ordem dos Advogados do Brasil
A partir deste contexto, a EAD surge como uma metodologia passível de ser utilizada para graduandos do curso de Direito, em especial em sua preparação no exame da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB).
No exame realizado em 2013, o número de candidatos inscritos foi 114.763, com apenas 11.820 aprovados (G1, 2013).
O aluno de Direito deverá ter como pressuposto uma sólida formação teórica, que muitas vezes é colocada à prova no momento do exame da Ordem.
Esta formação teórica é solidificada nos cinco anos do curso de graduação, normalmente com práticas jurídicas obrigatórias que complementam esta formação.
Porém, rotineiramente, em pequenas cidades do interior, o graduando descobre um panorama de pouca acessibilidade à prática das várias áreas jurídicas que são ensinadas no curso de Direito, ficando à mercê dos poucos campos de estágio oferecidos.
Dessa forma, justifica-se a criação de um curso de curta duração na modalidade EAD para graduandos em Direito, contínuo, em todo o decorrer da faculdade de direito, cujo conteúdo terá como objeto a prática teórica forense, comum nos exames de segunda fase da OAB.
Não se trata de um simples curso preparatório, mas de um curso para "aprendizagem e apoio" ao aluno focado nesta temática.
O aluno de Direito não será um simples serviçal da lei, mas deverá respeitar todo o lado social e filosófico pretendido quando da escolha de sua profissão. Questões éticas, comunitárias e sociais são inerentes como parte da formação.
Dessa forma, o aprender deverá ocorrer com a prática do perceber, do interpretar e do refletir sobre os problemas reais que permeiam o dia a dia do aluno.
A EAD pode contribuir para o conhecimento dos alunos, ressaltando tais qualidades nesses futuros profissionais, em especial possibilitando o acesso aos alunos a situações hipotéticas onde poderá utilizar-se de seu conhecimento teórico, fazendo um binômio entre teoria e prática forense.
Porém, tão importante quanto conhecer o perfil dos alunos é traçar um perfil de professores voltados para o EaD, pois exige-se deste a condução do processo ensino-aprendizagem de forma inovadora e centrada, onde a educação e tecnologia caminham juntas e as técnicas devem ser consideradas como meios e não como conteúdos de educação. Dessa forma, a informática surge como um instrumento integrado na dimensão de objetos de estudo e de ferramentas pedagógicas, portanto, esse professor tem que saber como mediar o processo ensino-aprendizagem, direcionando o aluno para a busca ativa do conhecimento focado, exercendo esse processo de forma que sua função docente assuma uma característica coletiva (não mais individual), lembrando a necessidade de integrar-se na mediatização do processo ensino-aprendizagem, com a participação intensiva dos meios digitais e teletransmissores. Deve ainda ser capaz de valorizar o conhecimento do aluno, especialmente frente a autonomia do aluno aluno adulto, capaz de gerir seu próprio processo de aprendizagem (BELLONI, 2005).
Justifica-se, dessa forma, o objetivo desta pesquisa no sentido de conhecer o que pensam os professores de direito sobre o ensino EaD.
2. OBJETIVO
Conhecer a percepção dos docentes de uma instituição privada quanto a realização de um curso preparatório para a OAB na modalidade EaD.
3. METODOLOGIA
3.1 Pesquisa qualitativa
A metodologia escolhida para realização desta pesquisa foi a qualitativa, justificada pelo fato da possibilidade desta relacionar o mundo real e o sujeito, enfocando uma abordagem indutiva-subjetiva-contextual, a qual não pode ser traduzida em números. Têm como base a interpretação dos fenômenos e a atribuição de significados, sendo o ambiente natural a fonte utilizada para coleta de dados.
A pesquisa qualitativa possibilita ao pesquisador captar a maneira pela qual os indivíduos pensam e reagem as questões focalizadas, proporcionando condições de conhecimento da dinâmica e da estrutura da situação em estudo, sob o olhar daquele que a vivencia (MERIGHI E PRAÇA, 2008).
Dentro da pesquisa qualitativa, optou-se pelo método de pesquisa de campo, pois a pesquisa foi realizada em local comum da vida cotidiana, no caso, dentro de uma universidade onde existe o curso de graduação em Direito.
Esse método, pesquisa de campo, possibilita traz dados sobre a relação indivíduo-grupo-sociedade, a partir de alguns conceitos teóricos que nos permite perceber nos indivíduos pesquisados a sociedade que habitam, com a mediação do grupo social a que pertencem, possibilitando que a partir de entrevistas, haja um reconhecimento nas formas singulares dos relatos, revelando ao mesmo tempo um discurso próprio, mas também comum ao grupo social, mesclando a história específica com a coletiva, compartilhada. Nessa perspectiva investigativa, torna-se possível aprofundar a compreensão da relação entre o habitar e o ser (NARITA, 2006).
De acordo com Spink (2003), neste tipo de pesquisa “o pesquisador se desloca para o campo a fim de coletar dados que serão posteriormente analisados através de uma variedade de métodos, seja na realização da coleta quanto da análise”.
Portanto, alinhado com o objetivo, a metodologia qualitativa com utilização do método de pesquisa de campo trouxe a perspectiva de conhecer o “modus vivendi” deste grupo de professores do ensino superior de diferentes disciplinas da área do direito.
A análise de dados foi realizada de forma indutiva, focado no processo e seu significado (NARITA, 2006).
A procura foi pelo entendimento do processo, em busca da idéia-chave proposta por Bogdan e Biklen (1998), onde "os pesquisadores qualitativistas procuram entender o processo pelo qual as pessoas constroem significados e descrevem o que são estes". Ou seja, neste caso o pesquisador não quer explicar as ocorrências com as pessoas, individual ou coletivamente, listando e mensurando seus comportamentos ou correlacionando quantitativamente eventos de suas vidas. Porém, pretende conhecer a fundo suas vivências e as representações dessas pessoas em relação a determinada situação ou experiência.
3.2 Local
O local de escolha foi uma instituição privada de nível superior onde é oferecido o curso de graduação em Direito, situada na cidade de Boituva/SP. Esta instituição oferece essa graduação na modalidade presencial, no período matutino e noturno, com entrada direta por vestibular ou processo seletivo de, em média, 60 alunos/ano/período. O curso tem durabilidade de 5 anos e conta com um grupo docente diversificado, distribuído em diferentes disciplinas na área do Direito.
3.3 Colaboradores (sujeitos da pesquisa)
O curso de Direito da instituição escolhida conta com um total de quinze docentes inseridos no ensino de graduação em Direito, os quais ministram diferentes conteúdos disciplinares. Todos foram convidados a participar da pesquisa, tendo dez destes se disponibilizado para participação voluntária no estudo, de maneira aleatória.
3. 4 Coleta de Dados
As entrevistas foram realizadas no período de outubro a novembro de 2013, no local de trabalho dos entrevistados, fora do horário de aula destes. A durabilidade das mesmas foi variável, apresentando uma média de 15 minutos.
A coleta de dados foi realizada através de uma entrevista individual, gravada com consentimento dos colaboradores e o registro dos dados coletados seguiu o proposto por Cauhé (1995).
Cahué (1995) define entrevista como “a técnica, dentro da metodologia qualitativa, que se utiliza para se obter informação verbal de um ou vários sujeitos, a partir de um questionário ou guia”. Nesse interim, considerou-se o pressuposto desse autor em respeito aos elementos mais importantes da entrevista, que são aqueles relacionados ao entrevistador, com a criação de um clima favorável à confissão, ou seja, ambiente tranquilo, aberto, respeitoso e nunca julgando o discurso do entrevistado.
A entrevista foi semiestruturada, sem questionário, conduzido por roteiro prévio com os temas que deveriam ser abordados durante o decorrer da entrevista, tendo a primeira parte perguntas relativas ao perfil dos docentes (iniciais do nome, idade, instituição de formação em graduação em Direito, ano de formação, instituição de formação na pós-graduação, grau de formação da pós-graduação, ano de formação, experiência com EaD). Em seguida, a entrevista foi direcionada para o conhecimento destes em relação ao EaD, expectativas sobre um curso de preparo da ordem no formato EaD e as principais dificuldade e facilidades vislumbradas no curso em questão.
3. 5 Critérios éticos
Todos os participantes tiveram a garantia de anonimato, com utilização exclusiva dos dados para realização da pesquisa. Seus nomes foram substituídos por pedras, evitando assim a identificação dos mesmos. Foi-lhes oferecido um Termo de Consentimento Livre e Esclarecido e seguido os preceitos éticos da Resolução nº 466, de 12 de dezembro de 2012 (CNS, 2012).
4. RESULTADOS
Com resultado da primeira parte da entrevista, foram pontuados os dados gerais relativos aos docentes participantes.
Assim, a idade dos docentes variou entre 33 e 60 anos de idade, com 70% dos docentes apresentando idade superior a 45 anos.
Do total dos dez participantes, oito estudaram em escolas privadas em sua graduação em Direito, sendo que todos apresentavam curso de pós-graduação, com uma média de anos de atuação entre 15-20 anos.
Com relação a formação na pós-graduação, 6 apresentavam sua formação em latu-sensu, distribuídas em diversas áreas, inclusive fora do Direito, enquanto 4 apresentavam formação acadêmica em sctrictu-sensu, onde 3 apresentavam mestrado concluído enquanto apenas um apresentava o curso de doutorado finalizado, todos com uma média de formação acadêmica na pós-graduação que oscilou entre 3 a 10 anos.
Dentre os 10 docentes que colaboraram com a pesquisa, apenas um tinha experiência de ter realizado um curso como aluna na modalidade EaD (pós-graduação latu sensu).
A pesquisa qualitativa foi realizada com os dez docentes, apesar de ter atingido o ponto de saturação antes da finalização das entrevistas, porém optou-se por esta técnica em respeito a disponibilidade de todos esses professores em participar do estudo em questão.
Assim, o conteúdo das entrevistas foi categorizado em “Postura do aluno”, “Interação professor/aluno”, “Resistência dos professores ao EaD”. “Dificuldades e facilidades apontadas pelos docentes”.
Na categoria “Postura do aluno” foi pontuada a seguinte fala:
“O aluno de EaD tem que ser proativo, tem que querer aprender, senão não será possível ensinar” (Safira)
“Com as novas metodologias de ensino baseadas no estímulo ao aluno para que tenha um aprendizado direcionado, acho que teríamos alunos que se dariam muito bem no EaD” (Esmeralda)
Quanto a “Interação professor/aluno”, os docentes focaram em:
“Nunca trabalhei com EaD, mas acho difícil conseguir uma interação professor/aluno, já que tudo é a distância.” (Ametista)
“Não sei bem como fazer isso acontecer, mas acho que é possível pelo uso da tecnologia” (Rubi)
“Fui aluna de EaD de um curso de pós-graduação e adorei a experiência. Houve uma grande interação entre os professores e alunos e também entre nós, alunos. Achei muito bom” (Agata)
Na categoria “Facilidade do aluno em relação ao uso de ferramentas”, destaca-se a seguinte fala:
“ Hoje em dias os alunos sabem muito sobre informática, então eles têm uma facilidade muito grande para buscar informações. São muito curiosos e avançam com muita rapidez quando se fala do uso da internet. Acho que eles teriam muita facilidade para acompanhar um curso de EaD para preparo para a OAB”. (Diamante)
“Acho que os alunos hoje sabem mais utilizar computadores do que nós, que somos mais velhos. Então acho que o EaD poderia facilitar para eles, mas não sei se acompanho a tecnologia” (Onix)
A “Resistência dos professores ao EaD” foi a categoria mais pontuada:
“Acho que seria muito difícil conseguir montar um curso de EaD, pois teríamos que saber como fazer com que os alunos ficassem sempre motivados” (Turmalina)
“Não sei se daria certo um curso desses, como iríamos conseguir abordar todas as dúvidas dos alunos para um prova da OAB? Acho que teríamos dificuldade em conseguir colocar todo o conteúdo necessário.” (Onix)
“Nem sei como funciona um curso de EaD, não tenho a mínima idéia. Nunca frequentei nenhum e nunca dei aula assim, só presencial” (Topázio)
“Como aluna em EaD vi que é possível aprender muito nessa modalidade, só que o professor tem que se dedicar e o aluno tem que querer aprender” (Agata)
Quanto as “Dificuldades e facilidades apontadas pelos docentes” em relação a um curso de EaD para preparo ao exame da OAB, surgiram as seguintes falas:
“Vejo como minha principal dificuldade o uso das ferramentas, como internet com aquelas coisas de chat, fórum, vídeos” (Granada)
“Acho que o fato de estar distante é a principal dificuldade que vejo. Talvez seja porque nunca dei aula assim, mas acredito que teria dificuldade para concretizar o processo de ensino” (Topázio)
“Acho que o EaD é muito dinâmico. Fiz um curso nessa modalidade e adorei. Acho que seria muito bom porque a abrangência de alcance aos alunos é maior que no ensino presencial” (Agata)
“Ainda não tive oportunidade de trabalhar com EaD, mas acho que se for um curso com um conteúdo bem determinado, com infra-estrutura de internet e material, acredito que seria ótimo…. Daria muito certo” (Rubi)
“Pode ser que se tivéssemos a oportunidade de ter alguns encontros presenciais, acho que a questão da dificuldade de interação poderia ser superada, que é a principal dificuldade que visualizo” (Turmalina)
5. DISCUSSÃO
Nem sempre os conhecimentos aplicados no saber tradicional são suficientes para um professor de EAD.
Dos resultados apresentados, ficou claro que os docentes se preocupam com o perfil do aluno, que efetivamente tem que ser proativa, bem como pontuaram a dificuldade de interação entre professor/aluno, negligenciando a importância da interação aluno/aluno, ponto este constante na fala de todos os docentes colaboradores.
Nesse sentido, sabe-se que o EaD, devido a própria distância física entre professor e aluno, têm que fazer uso das ferramentas que a didática propicia para consolidar o ensino/aprendizado. Sabe-se que o contexto social permeia a atividade profissional, trazendo consigo o saber, que tem suas origens no sedimento histórico da humanidade (CARVALHO, 2009).
Nesse sentido, a didática tem como objetivo o ensino de métodos e técnicas que viabilizem a aprendizagem do aluno por parte do professor ou tutor. Tem como elementos essenciais o professor, o aluno, o conteúdo e o contexto.
Assim, surgiu nas falas dos docentes colaboradores a facilidade dos alunos em relação ao uso da tecnologia, contrapondo com a dificuldade dos professores mais velhos no manuseio dessas mesmas ferramentas.
Essa facilidade no uso de ferramentas tecnológicas é apontada como uma característica essencial da modernidade e dessa forma o uso dessa didática propicia ao aluno uma educação formal na universidade, mas com um olhar integrado na sociedade, cujo principal objetivo vai além de sua capacitação técnica, voltado para formar e desenvolver sua habilidade para lidar com grupos em atividades integradas (GONZALES, 2005).
Várias falas permearam a dificuldade quanto a aceitação de um curso de EaD, provavelmente devido a inexperiência com relação a essa modalidade de ensino, já que apenas um docente tinha tido experiência como aluno em um curso de EaD, sendo pontual quanto a sua credibilidade, apesar dos docentes mais jovens terem tendenciado para uma aceitação parcial ou total quanto a ideia de um curso nessa modalidade.
Nesse sentido, tem-se que pensar que o EaD é hoje uma realidade pedagógica e surge como uma alternativa para flexibilizar o tempo e o espaço do aluno, facilitado pelo acesso às novas tecnologias aplicadas a educação, possibilitando o desenvolvimento de sua autonomia através do processo de ensino onde a valorização está em viabilizar ao discente o conceito do "aprender a aprender", para que possa continuar seu processo de aprendizado contínuo além de sua formação universitária (SOUZA, 2010).
6. CONCLUSÃO
Através da presente pesquisa, buscou-se conhecer a percepção dos docentes de uma instituição privada quanto a realização de um curso preparatório para a OAB na modalidade EaD.
A pesquisa foi realizada com 10 docentes vinculados ao curso de graduação em Direito de uma escola localizada no interior de São Paulo, na cidade de Boituva, com a grande maioria apresentando idade acima de 45 anos e uma média de 15 a 20 anos de atuação na área do direito ou acadêmica, sendo a primeira parte referente a um levantamento do perfil dos colaboradores, enquanto a segunda parte deteve-se em uma pesquisa qualitativa, buscando o alcance do objetivo proposto.
A formação superior dos colaboradores se deu em escolas privadas, sendo que todos tinham formação na pós-graduação (latu ou strictu-sensu).
Apenas um docente apresentava experiência com a modalidade EaD, mesmo assim como aluno de um curso de pós-graduação latu-sensu.
Com relação a parte qualitativa, foram elencadas categorias a partir das falas dos colaboradores, conforme pontuadas a seguir: “Postura do aluno”, “Interação professor/aluno”, “Resistência dos professores ao EaD”. “Dificuldades e facilidades apontadas pelos docentes”.
Os resultados mostraram que as principais dificuldades apontadas pelos docentes referem-se a inexperiência com essa modalidade de ensino e com relação ao uso das ferramentas tecnológicas. Outro motivo de preocupação foi a dificuldade em criar um ambiente favorável para concretização da interação professor/aluno.
Mesmo assim, os docentes mais jovens demonstraram interesse e disponibilidade quanto a concretização de um curso de preparo para a OAB na modalidade EaD.
As facilidades apontadas foram relativas a abrangência de um curso em EaD e também a facilidade dos alunos no uso de novas tecnologias.
Assim, há que se pensar que a atual formação de professores universitários busca o conhecimento específico deste em determinado conteúdo, seja ele prático ou teórico, pouco privilegiando sua formação pedagógica, mesmo em pós-graduações "strictu-sensu", onde sabidamente na prática objetiva-se a formação de pesquisadores e não propriamente de docentes. Dessa forma, o despreparo e desconhecimento do processo ensino-aprendizagem espalham-se pelas universidades brasileiras, atingindo frontalmente o ensino de graduação. Consequentemente com graduados mal formados, o ensino se deteriora em cascatas, chegando ao ensino fundamental e médio com deficiência para o professor que ensina e, mais ainda, para o aluno que aprende.
Dessa forma, docentes possuem lacunas na formação pedagógica, com problemas para utilização de novas metodologias de ensino e quanto ao uso de diferentes estratégias e material de apoio. Dessa forma, a prática pedagógica acaba se perpetuando sem uma concepção ideológica do uso da didática, visto que não há uma formação específica do professor nesse sentido. Basicamente pode-se dizer que "o professor universitário aprende a ser professor" a partir de sua própria experiência de erros e acertos, utilizando parâmetros pessoais de conceito do que é ser um "bom professor". Nesse contexto e para suprir o vazio dos cursos de graduação e pós-graduação, surgem os cursos de educação continuada, voltados para qualificar professores com competência em busca da qualidade no exercício do ensino-aprendizagem. Dessa forma, a prática pedagógica pode buscar a articulação dos conhecimentos adquiridos sobre "como" ensinar e a refletir sobre "para quem, o que e por que" ensinar. Premissas essas inerentes ao conceito de didática.
Advogada. Doutora em Ciências pela Universidade de São Paulo USP mestre em Direito pela UNISANTOS MBA em Comércio Internacional pela Universidade de São Paulo USP e máster Management Stratégigue et Génie des Organisations – CAEE Internacional Manager pela Universidade em Grenoble França. Pós-graduada em Educação a Distância: Planejamento Implantação e Gestão. Docente de Direito da UNIP Sorocaba; FATEC Tatuí e Faculdade Ipanema Sorocaba
Coordenadora e Docente do Curso de Obstetrícia da Escola de Artes, Ciências e Humanidades da Universidade de São Paulo, mestre e doutora pela Escola de Enfermagem da Universidade de São Paulo, pós-graduada em Administração Hospitalar e Obstetrícia.
Graduado em Teologia e Letras. Pós-graduado em Metodologia do Ensino da Língua Inglesa e em Planejamento, Implementação e Gestão da Educação a Distância. Mestre em Linguagens da Religião pelo Programa de Pós-Graduação em Ciências da Religião da Universidade Metodista de São Paulo. Professor no Centro Universitário Claretiano de Batatais.
Mestre pela Universidade de São Paulo. Técnica de nível superior do curso de Obstetrícia da Escola de Artes Ciências e Humanidades da Universidade de São Paulo USP
Docente do Curso de Obstetrícia da Escola de Artes Ciências e Humanidades da Universidade de São Paulo USP. Doutora pela Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho
Docente do Curso de Obstetrícia da Escola de Artes, Ciências e Humanidades da Universidade de São Paulo (USP). Doutora e Mestre pela Universidade de São Paulo
Docente do Curso de Obstetrícia da Escola de Artes, Ciências e Humanidades da Universidade de São Paulo (USP). Doutora e Mestre pela Universidade de São Paulo
Docente do Curso de Obstetrícia da Escola de Artes, Ciências e Humanidades da Universidade de São Paulo (USP). Doutora e Mestre pela Universidade de São Paulo
Docente do curso de Obstetrícia da Escola de Artes, Ciências e Humanidades da Universidade de São Paulo (USP). Doutora e Mestre pela Universidade de São Paulo.
Graduanda em Obstetrícia pela Escola de Artes Ciências e Humanidades da Universidade de São Paulo USP
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