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Esquerda x direita – o antagonismo da polarização ideológica e o modelo agonistico de democracia

Resumo: A polarização ideológica na atualidade escondida sobre os arquétipos do espectro político de esquerda e direita antes de ser uma possibilidade do crescimento do debate politico vem propagando a divisão da sociedade em polos antagônicos que se dividem e se combatem em uma guerra ideológica em que se sobressaem a superficialidade e a intolerância as ideias divergentes e a defesa do contraditório; fazendo com que teses, não recebam antíteses e consequentemente ocorram sínteses. O presente artigo tem como objetivo demostrar como o modelo antagônico de debate pode ser substituído por um modelo agonístico, onde a pluralidade se converge em síntese e ao fim da dicotomia simplória e fundamentalista onde todos perdem.

Palavras-chave: Política. Economia politica. Modelo agonístico de democracia. Esquerda e Direita brasileira. Sociologia.

Abstract: The ideological polarization in the hidden today on the archetypes of the political spectrum of left and right before a chance of growing political debate is spreading the division of society into antagonistic poles that divide and fight in an ideological war in which stand superficiality and intolerance of divergent ideas and the defense of contradictory; making theses, antitheses not receive and therefore occur syntheses. This article aims to demonstrate how the adversarial debate model can be replaced by an agonistic model, where the plurality converges in synthesis and the end of the simple-minded and fundamentalist dichotomy where everyone loses.

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Keywords: Political. Political economy. agonistic model of democracy. Brazilian Left and right. Sociology.

Sumario: Introdução. 1. Antagonismo X Agonismo. 2. Estado, Religião e Política no Brasil atual. Conclusão. Referências

INTRODUÇÃO

O presente artigo visa apontar caminhos que se coloquem acima da divisão ideológica no momento atual buscando formas de integração de ideologias e espectros políticos que antes de serem representações democráticas representam somente como reflexo de um plicaria tecnocentrica desenfreada. Para tal busca-se referencial teórico no modelo agonistico de Chantal Mouffe e na teoria social de Roberto Mangabeira Unger.

1- ANTAGONISMO X AGONISMO

O modelo agonistico de democracia explanado por Chantal Mouffe faz uma análise perfeita do contexto e do perigo dessa semiótica binária de análise social, que vivemos na divisão do espectro social em direita e esquerda, onde são polos antagônicos sem possibilidade de encontro de intersecção ideológica; a partir do instante em que o outro é percebido como ‘‘inimigo’’ a sua destruição se faz necessária seja no ataque verbal, ideológico ou em ultima instancia fatalmente no ataque físico, razão pela qual vemos o crescimento exponencial do retorno da mentalidade tribal de eliminação do diferente sem possibilidade de dialogo em comunidades de redes sociais, canais do youtube, partidos políticos, movimentos sociais e agrupamentos de sociedade civil, onde até mesmo a busca da diversidade ou amor ao próximo se transveste em uma perene homogeneidade, onde diferentes não são permitidos e padrões mentais, comportamentais e estéticos precisam ser repetidos; o que o modelo agonistico pressupõe é a reconsideração do “inimigo” fazendo com o mesmo seja metamorfoseado em adversário. O “inimigo” não é um oponente legitimo e uma análise antagônica objetiva a sua destruição; mas o adversário tem a legitimidade de sua verdade num efeito de complementariedade que seria o devir filosófico; como o dia e a noite que se complementam; ou agua e o fogo que se opõe, ou ainda na diferença feminino e masculino que se atraem e se diferenciam. É nesse ponto que o agonismo se opõe ao antagonismo, na transformação do “inimigo” em adversário que pode ser vencido, mas nunca destruído.

O antagonismo factual puro e existente simplesmente como efeito de contraponto já não serve como parâmetro para a criação de pensadores, militantes, políticos, filósofos, lideres ideólogos e ideologias; pois já pode ser notado ao longo da história contemporânea que o máximo que se atinge desse circo de horrores é somente a criação de facções ideológicas e fundamentalismo destrutivos, ou ainda a convocação de seguidores fanáticos sem capacidade de análise critica da realidade buscando lideres caricatos. E que quanto mais caricatos e estereotipados maiores as chances de sucesso perante a opinião pública. Isso fica mais fácil de visualizar quando olhamos a criação de ideologias de formação popular, vale ressaltar que aqui o vocábulo popular não diz respeito a nenhuma classificação de cunho social, econômico, etnográfica, de grupo ou classe. A palavra popular ou populis diz, neste momento, somente a parte numérica de determinado povo; quanto mais rápido o discurso, quanto mais rápida a mensagem, maior a chance de penetração e convocação de seguidores.

Um ponto muito comum e bem usado para a formação de novos seguidores em contraponto a discursos rápidos e simples, mas que apresenta um grande efeito é a colocação de um pseudo intelectual de base bibliográfica e formação duvidosa que atua como um orador eloquente, prolixo e agressivo. Se torna extremamente funcional colocar palavras de baixo calão para justificar teses duvidosas que vão cair como uma luva em corações apaixonados ou incautos com um pouco de letargia mental. O Fato social como exemplificava Emile Durkheim precisa ser coercitivo, geral e externo ao individuo; A percepção do individuo é clara e pungente inerente de cada um e inconfundível, contudo ao criar uma ideologia de massa esses valores se assenhoram de uma característica ainda mais pontual a criação de um coletivo de generalização. A sociedade mecânica de Durkheim possuía papeis sociais bem definidos onde o coletivo de generalização era facilmente identificado, em uma sociedade orgânica como a nossa os papeis sociais se entrelaçam e uma identificação de grupo é praticamente impossível de forma simples, pois os papéis sociais se misturam, explicando em arquétipos podemos ver que existem pobres de esquerda, pobres de direita, ricos de esquerda, ricos de direita, negros de esquerda, negros de direitas, homens machistas, mulheres machistas, homens pró-feminismo, mulheres feministas, homens misândricos, mulheres misandricas e aqueles que se alteram entre as duas posições no decorrer da vida.

2- ESTADO, RELIGIÃO E POLITICA NO BRASIL ATUAL

Ao observamos a religião e suas lideranças no momento atual, conseguimos facilmente identificar a produção em série de atores sociais formadores de opinião religiosa e politica, e a sua tangencialidade como forma de expressão; como isso situa, reflete, dinamiza e influencia em um Estado laico na sua penetração em determinados grupo sociais; realizando posteriormente a criação de vertentes ideológicas, ampliadas para padrões comportamentais configurados em estereótipos estéticos que a primeira vista parecem destituídos de todo e qualquer poder, seja ele para contribuição de mudanças ou manutenção de paradigmas já estabelecidos. Todavia quando instaurados em determinado momento politico, temporal ou de transição social fixados em uma sociedade cada vez mais mutável são produzidos efeitos que podem ser criativos ou destrutivos, como bem afirma a professora doutora Cecilia Loreto Mariz: “O ideário das novas comunidades é o ideário comunitário do cristianismo primitivo'' em suas dores e delícias.

A inferência do fundamentalismo em grupos religiosos, políticos e sociais em contraponto a uma sociedade em que afetos, sexualidade, direitos civis e sociais de grupos se descortinam em uma perspectiva transformadora de mudanças estruturais ou ideológicas; paralelamente também é notório a religião como elemento de inserção social, construtora de signos e simbologias diferenciadas de sua matriz formadora ou como Stuart Hall explica: “Na situação de diáspora as identidades se tornam múltiplas”. Como a religião que transforma e insere se encontra em choque de questões dogmáticas internas com direitos civis, inclusão social, conscientização politica, objetivos buscados por Martin Luther King, Mahatama Gandhi, Malcolm X, Mãe Menininha do Gantois, Chico Xavier, Sidarta Gautama em seus respectivos momentos históricos com as mudanças de paradigmas sociais, políticos e ideológicos vigentes e como eles se contrapõe ao fundamentalismo de determinados grupos religiosos no momento atual.

O problema se delimita as questões sociais envolvidas e nos grupos e na sua ação como reflexo e refletor de identidade de grupo induzidas, naturais ou imputadas e como ela dinamiza a criação de percepções e lideranças politicas, tornando tal assunto pertinente a todo e qualquer cidadão, sobretudo sendo estes funcionários públicos: políticos, honoríficos, credenciados ou mesmo administrativos; tendo em vista que em primeira e ultima instância, categoricamente produzem a representação do Estado; da sua indisponibilidade de interesse publico sobre disponibilidade do interesse privado. E todo aquele que convive e participa da diversidade ideológica que as relações interpessoais permitem; consequentemente produzindo interferência nas politicas públicas no direcionamento de ações; sejam elas usuais e cotidianas ou as mesmas que vão produzir determinados aspectos na criação e representações públicas em primeiro plano, ou em modo secundário em planejamentos estratégicos. Agora a pergunta que cabe: qual a será objetivo dessas lideranças politicas, religiosas ou militantes?

Observando tal questão e fazendo paralelo com o modelo agonístico de democracia explicitado por Chantal Mouffe já dito no tópico anterior; esse paradigma que nasce, urra, grita, chora e ao mesmo tempo se contrapõe a ordem vigente, instiga e faz com que se alastre a necessidade de compreender essa dicotomia; fazendo com que possa perceber o quanto tal ideologia se contrapõe a diversidade em suas questões de gênero, orientação afetiva, identidades de grupos apropriadas ou transmutadas em sua abrangência e pluralidade como catalisador de ideias e pensadores da sociedade seja além de razão maior agregada as instituições religiosas mereça ser entendido como aquela que introduz a quem dela participa a uma nova percepção de raciocínio complexo para toda e qualquer referencia de interação social que presencie ou participe. Não somente aquele que se encontre em sua vivencia sendo muito mais a necessidade de uma desconstrução de modelo mental que necessita ser feito; ou até mesmo uma obra que necessite nascer.

Gênero e religiosidade por configurar a espinha dorsal da sociedade ocidental; o que pode ser visto quando ela é amparada pelo modelo judaico cristão em toda essa mesma religiosidade; somente como matriz de referência, vale ressaltar; ou quando sua característica mais pungente de transformação de filosofia perene é revertida para o modelo humanista de pensar em uma filosofia de realidade objetiva que se abre em “tudo que é solido desmancha no ar, tudo que é sagrado é profanado” como Marx e Engels aludiram no Manifesto Comunista e mais tarde Marshall Berman reverteu em uma critica a modernidade; ou na teologia da libertação e sua preocupação humana dissertada pelo professor Leonardo Boff. Com esse arcabouço ideológico nascem três caminhos: primeiro de compreender até que ponto o Estado se perde ou se encontra em sua laicidade; segundo até que ponto a religiosidade se perde ou se encontra sendo subjugada e estereotipada; nesse caminho de idas e vindas outras janelas hipotéticas são abertas, surge o terceiro caminho que desemboca nos movimentos sociais, e mesmo que involuntariamente une os outros dois, já que não são religião em sentido lato, mas se tornam religiosos em ritos, rituais, nas promessas de transformação de não lugares em lugares; onde vemos mesmo que implicitamente Marc Augé; ou levando para o universo filosófico conceitual de Michel Foulcault: na microfísica do poder; onde entende-se que os lugares onde estamos fisicamente não são desejáveis, sendo apenas a pura realidade física e material; ou simplesmente a sociedade; e o objetivo que desejamos como utopia se torna o não lugar convertido em lugar. Um lugar perfeito para religião ou simplesmente: “O céu” de Santo Agostinho e um lugar perfeito para os movimentos sociais ou simplesmente: “O Estado do bem estar social” sonhado.

3 – CONCLUSÃO

 O objetivo buscado pela religião é o mesmo buscado por movimentos políticos sociais o que faz com que o combate entre duas formas de pensar se torne totalmente anacrônico aos dois grupos sociais envolvidos. Se usar a seguinte metodologia grupo A apresenta a tese; grupo B apresenta a Antítese (antítese) entao A+B conseguem chegar a síntese.

 Essa dicotomia e a necessidade de compreender seu funcionamento para posteriormente pensar complexamente sobre tal, para que no estágio final do processo seja produzido conhecimento científico amplo e pesquisas acadêmicas pelo estudo da presença da ação promovida pela multiplicação de identidades surgidas a partir das diásporas africana, hebraica e indígena nos conceituais de apropriação, adaptação, sincretização e transmutação de conceituais religiosos e como o mesmo se correlaciona como atores sociais, invisíveis pela sociedade; ou pela indiferença ou pelo preconceito. E como se faz necessário a observação da visão tribal nascente quando percebemos que a sociedade esta dividida em tribos. Com a idéia de extermínio do diferente e do que não entendemos; formas de pensar arcaicas e nefastas que passam configurar como valores absolutos. O objetivo e fornecer instrumentos de mediação teórica entre grupos para que seja possível através dele a construção de ferramentas de inclusão e dialogo entre todos os grupos envolvidos no fato social.


Informações Sobre o Autor

Jucemir de Oliveira Vidal

Pós-graduado em Gestão de Recursos Humanos pela Universidade Cândido Mendes Graduado em Administração pela Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro


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Equipe Âmbito Jurídico

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