* Petrus Santos
Da mesma forma que no mar uma bússola e os mapas de navegação são instrumentos indispensáveis para orientar e permitir ao timoneiro decidir o melhor curso para chegar ao seu destino, no mundo empresarial as Demonstrações Financeiras têm a mesma importância.
Quando projetados, esses relatórios (Fluxo de Caixa, Demonstração de Resultado e Balanço Patrimonial) passam a ser instrumento fundamental para o gestor visualizar com clareza o caminho a ser seguido e os obstáculos que se contrapõem ao objetivo de qualquer negócio, qual seja: sua sustentabilidade, que além de promover a continuidade da empresa e sua função social, ampara toda a atividade econômica.
Em tempos de crise, a importância destes instrumentos torna-se ainda maior. Com base em sua análise é possível, dentre outras coisas, aferir a capacidade de geração de caixa atual e futura (quando projetadas) em determinado período e a necessidade de capital de giro, antevendo, assim, situações muito sensíveis que comprometam a manutenção da operação, a exemplo do estrangulamento da capacidade da empresa de honrar com suas obrigações.
Antecipar-se a situações como essa, permite ao empresário atento intervir de forma eficaz, tomando decisões que impliquem em eliminar, mitigar ou contornar suas causas. Esse tipo de iniciativa é fundamental para a saúde da empresa e do próprio empresário, pois, além de manter o negócio no curso do seu objetivo conforme planejado, faz com que o gestor tenha a tranquilidade de estar focado e atuar no que realmente importa, sendo seu principal papel o de definir e executar as estratégias necessárias à geração de resultado.
Essa, entretanto, não é a nossa realidade. A utilização da técnica de análise das Demonstrações Financeiras e de suas projeções para orientação dos rumos do negócio, é uma prática ainda pouco comum no Brasil. A não utilização desses importantes instrumentos faz com que o gerenciamento das estratégias do negócio seja deixado a mercê das circunstâncias, da sorte e do tino empresarial.
Particularmente na crise, o monitoramento da geração de caixa, o destino do mesmo e o controle sobre a liquidez capaz de fazer face às obrigações contratadas são informações que nascem de uma gestão coordenada pelos indicadores gerados pelas Demonstrações Financeiras, afinal, nesses tempos difíceis, não nos custa lembrar do poeta que em seus versos cantou: “Não sou eu quem me navega/ quem me navega é o mar/ É ele que me carrega/ como se fosse levar”.
*Petrus Santos é contador e sócio-diretor da PPK Consultoria.
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