Tecnologia pode ser integrada às ações de conformidade para potencializar resultados.
A Inteligência Artificial (IA) pode ser usada para fortalecer a conformidade das organizações públicas e privadas com a legislação vigente. O uso da tecnologia permite otimizar processos e aumentar a precisão dos procedimentos internos, facilitando o trabalho de prevenção, identificação e solução de irregularidades.
As funcionalidades da tecnologia auxiliam os profissionais de compliance na realização das atividades do dia a dia, como a realização de avaliação de riscos, fiscalização, recebimento e investigação de denúncias.
Os mecanismos de IA, como Machine Learning e Deep Learning – aprendizado de máquina e aprendizagem profunda, em tradução livre – garantem funcionalidades para além da automação mecânica. Elas incorporam processos cognitivos similares aos dos seres humanos, como pensar, ponderar e decidir.
Dessa forma, nos casos de denúncias recebidas pelo canal da empresa, a integração da IA à ferramenta permite coletar dados acerca do fato, das pessoas envolvidas e seus cargos, das infrações, do local da ocorrência, entre outras informações indispensáveis para a apuração.
Com essa primeira etapa semi estruturada, os profissionais de compliance podem direcionar a atenção para as medidas que devem ser tomadas diante da situação. O trabalho de investigação e a solução para o caso devem ser pautados pelo que é disposto no código de conduta da organização.
Levantamento feito pela MIT Sloan Management Review mostrou que 52% dos entrevistados afirmam que suas organizações implementaram um programa de Inteligência Artificial Responsável (RAI). No entanto, a maioria dessas implementações (79%) é considerada limitada em termos de alcance ou escopo.
O conceito de RAI engloba a integração da tecnologia à governança corporativa. Dessa forma, estão incluídas estruturas, processos e ferramentas que garantam a conformidade ética e promovam o bem-estar ao serem incorporadas aos negócios. Outra pesquisa, realizada pelo BCG GAMMA, indicou que 55% dos executivos superestimam o nível de maturidade de seus programas internos de RAI.
De acordo com os entrevistados pela MIT Sloan Review Brasil, a IA oferece diversas possibilidades para auxiliar programas de compliance. Alguns exemplos incluem identificar potenciais violações e riscos, avaliar questões políticas internas, monitorar questões regulatórias, além de fornecer informações e dados conforme a linha de raciocínio atribuída a ela.
Todos esses exemplos mostram que a tecnologia contribui para a tomada de decisões sobre questões complexas. Quanto mais dados a IA absorve, mais claro fica o domínio que ela apresenta.
Conforme essa dinâmica vai ocorrendo, a tecnologia passa a manifestar características “humanas”, no que diz respeito a percorrer uma determinada lógica de raciocínio e fornecer respostas com características como, por exemplo, o estilo de escrita ou o tom de voz de quem a comanda. A IA é útil, ainda, no sentido de aumentar a velocidade e a eficiência das atividades repetitivas, já que pode automatizar processos de compliance e de governança.
De acordo com o material publicado pelo MIT Sloan Review Brasil, a transparência é o aspecto mais relevante quando se trata da relação entre IA e programas de compliance. Isso significa que é necessário que toda a equipe esteja ciente sobre os modos de operar desse recurso, as decisões que estão sendo demandadas por seu intermédio, como ele está sendo usado e se há supervisão profissional humana.
A responsabilidade também é fator-chave para que essa parceria possa funcionar. É preciso definir quem fica responsável pelas decisões tomadas pela inteligência artificial. Nesse sentido, os especialistas ressaltam que a privacidade ganha evidência, já que é importante saber de maneira clara e precisa como as informações e os dados serão utilizados.
Vale lembrar que os modelos de IA e seus algoritmos são passíveis de erros, podendo levar à análise de situações e decisões inadequadas e incorretas. Assim, aspectos legais e de justiça também fazem parte do alicerce para usar a ferramenta da melhor maneira possível. É fundamental garantir que a tecnologia não seja utilizada de maniera discriminatória ou influenciada por tendências negativas, como discriminação e preconceitos de etnia, classe, raça, gênero, orientação sexual e outros.
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