“A maior revolução de nossos tempos é a descoberta de que ao mudar as atitudes internas nas mentes, os seres humanos podem mudar os aspectos externos de suas vidas.“(Willian James)
Não há distinção sobre quem deve se preocupar com a conduta ética.
Reputa-se a todos: professores, calouros, jovens e idosos.
Assim como uma vida virtuosa se condensa a prática reiterada e
contínua das virtudes, em consonância ao que aduz Aristóteles ao veicular que “uma
andorinha só não faz verão”, o exercício ético não tem termo final.
Apreender os conceitos éticos e empenhar-se em vivenciá-los deve ser atarefa
perpassada por toda vida.
A construção da base da estrutura da personalidade humana se dá na
infância, onde por todas as injunções externas a criança, ao passo que se desenvolve,
progressivamente absorve e refuta o mundo moral. Torna-se profícuo, portanto,
desde já receber ensinamentos que o conduza a ter postura compatível com a
convivência social. Para que ao deixar o mundo da heteronomia e principiar
questionamentos de propriedade da autononomia (será que é certo, verdadeiro,
válido tudo o que foi-me ensinado desde a mais tenra idade e, que abstrai e
aprendi a minha revelia, antes de poder utilizar do pleno uso da minha razão?),
granjeie respostas condizentes aos valores éticos/morais indispensáveis à
manutenção da vida social.
De fato é forçoso ensinar a criança valores éticos como a lealdade, o
companheirismo, a solidariedade, o patriotismo ou a cortesia, porquanto estamos
imersos numa sociedade competitiva, hedonista e voltada para o consumo em que
se buscam apenas a individualidade do “estar por cima de todos”. Numa sociedade
em que a marginalização, a criminalidade como ferramenta irremediável para
ascensão social e manutenção da própria vida em decorrência do Estado anômico,
em que a impunidade esta de laços atados às improbidades e corrupções, não
somente políticas, mas do próprio ser enquanto humano, sociedade da
indiferença, despreocupada com os deficientes físicos, com os idosos, que
agride a natureza e o patrimônio alheio, transforma-se professor truculento das
futuras gerações.
Mas isso não pode ser causa de arquivamento dos projetos de torna-la
ideal. Deve-se formar novos paradigmas frutos do ideal de formação em que a
razão e a informação são imperativos. Como nas palavras de Lanini (LANINI,
1999, p. 195), “se a humanidade não se converter e não vivenciar a
solidariedade, pouca esperança haverá de subsistência de um padrão
civilizatório preservador da dignidade”.
Estamos omissos em legar às futuras gerações o exemplo, considerado
pelo anexim a melhor lição. Somos conformistas aos diabos sociais como egoísmo,
hedonismo e o consumismo (os três citados pelo autor supra). Preocupamo-nos em
primeiro lugar conosco e em seguida com o próximo, dispostos a pisar em quem quer
que seja para satisfação dos nossos desejos. Vislumbra-se hedonismo exacerbado
nos indivíduos, jovens principalmente, que pregam o prazer a qualquer custo e
conversão da vida numa eterna festa. Curtição inconseqüente, festas, sexo sem
preservação e bebedeiras “é o que há”. E o que há, em verdade, são inversões de
valores em que jovens, cada vez mais jovens, ao, a título ilustrativo,
alcoolizarem-se e drogarem-se sentem-se dentro dos padrões socialmente aceitos
e até exigíveis. Senão, inexiste melhor demonstração de independência,
maturidade e sociabilidade do que a supracitada. Instaurou-se crise de valores.
A solução, irremediavelmente, resvala-se a problemática da cultura e educação a
latu sensu.
Reclama-se ao jovem vença as disputas competitivas dos certames
sexuais, esportivos, sociais, profissionais e lúdicos. Exige-se cada vez mais
vitória imediata, como se o mundo fosse acabar amanha adotando-lhe, por
corolário, pressa na conquista e usufruto tas benesses a qualquer custo. Em uma
sociedade valorizadora do produto consumista e supérfluo desprezam-se valores e
preocupam-se tão somente com tudo que seja permanente desfrute e prazer.
O âmago da nossa vida trabalha com o certo e o errado. Portanto temos
ainda maior responsabilidade de conhecer a ética e a moral. Devemo-nos entalhar
o quanto antes na formação subjetiva ética vez que ao se afrontar a vida
deparamo-nos com normativa ética bem definida, frisa-se na vida profissional em
que todas as profissões, a citar, advogados, juizes, promotores, médicos,
engenheiros, enfim, possuem um código de ética que nada mais é do que a
positivação das normas éticas convolando-a à norma bem definida e mais eficaz
quanto a finalidade de forma que se tornem imperativo atributivo e exigível,
inclusive com ferramentas de coerção.
Quando discutimos os problemas da vida e das sociedades deparamo-nos
com abundantes discursos e esquecemos de debater com mais intensidade suas
resoluções éticas. Um dos viés seria a intensificação do discurso ético da
vida, adentrando ao rol da infância, da juventude e da velhice, do aprendiz, do
acadêmico e do profissional. Não podemos nos olvidar que a omissão e o descaso
quanto à exigibilidade de atitudes morais e
valores éticos, seja deixando de exigir dos governantes a não se
corromper, dos filhos a respeitar os pais e ao próximo, dos estudantes a não
colar e plagiar trabalhos, bem como dos professores em não se cederem aos
incessantes pedidos de deturpação dos resultados das notas de provas ou métodos
de avaliação, dos policiais a não se subornar, enfim, acaba por incutir na
consciência da sociedade a pouca importância, ou talvez nenhuma importância,
que apresentamos ao que seja correto, justo e ético. A observância de se
realizar ações condizentes a lei e a moral não se pode ser limitada por
sentimento de obrigação ou medo de eventual cominação em não faze-lo, mas por
livre e intima convicção de que é o correto ter determinado comportamento.
Devemos apreender a lição do pensador idealista Descartes que elaborou
dociê de sua vida intentando melhorar-se enquanto ser humano. Precisamos
tentar fazer curriculum de si mesmo. Inventário crítico dos créditos e
débitos que obtivemos com a vida (pessoal, profissional ou familiar), com o
colégio e os professores e outrossim com os livros que tivemos oportunidade de
ler e não lemos. Libertar-nos dos preceptores, abandonar as reflexões fúteis e
convolar-nos a um ser que busca a auto-evolução, especialmente moral, e que
somente se pode ser encontrado em nós mesmos ou na grande obra do mundo. Feito
isto e observando tendência altruísta, elabore seu próprio Código de Ética, com
todos seus efeitos e resultado deste dociê, e empenhe-se em praticá-lo.
Ter agir moral mostra-se essencial
neste século em que se conjectura sinais de esperança. Enquanto houver quem se
preocupe em exigir, propagar e praticar as virtudes e preceitos éticos, em
lutar por justiça justa (desculpem-me o pleonasmo), quem defenda uma árvore, um
animal em extinção, ajude alguém que está em dificuldade, procure sanar os
gravames do mundo (seja doença, violência, preconceito ou indiferença), há
sinais de que nem tudo está perdido.
Bibliografia:
NALINI, José Renato. Ética geral e
profissional. 2. ed. ver. e ampl. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais,
1999.
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