Prometi que não escreveria sobre o
Fórum Social Mundial em virtude dos moldes em que o evento foi realizado.
Acredito que o dinheiro público não deve servir como forma de financiamento
para um evento que deseja promover os atos discricionários de um determinado
estado da federação, propagando um pensamento único, e inviabilizando o espaço
para o debate, fundamental na discussão de temas que seriam questionados no
Fórum. Entretanto, depois de tantos acontecimentos e depois de uma
cobertura tão intensa da mídia, não poderia deixar de escrever algo a respeito.
Nestes dias de Fórum em Porto Alegre, meu
E-mail foi bombardeado com notícias sobre o mesmo. Vários articulistas
escreveram artigos memoráveis sobre o que estava acontecendo no que parecia ser
a capital de parte dos gaúchos, pois se conseguia somente ouvir uma voz vinda
de Porto Alegre, a do socialismo e a da ode à economia de mercado internacional
e à globalização. Parecia que não havia outras vozes na capital do Rio Grande
do Sul. Contudo, não poderia ser diferente em um estado governado por
comunistas e socialistas que veneram os atos discricionários de um ditador como
Fidel Castro e tem como convidado um membro da mais sangrenta guerrilha
colombiana, que é freqüentemente citada na imprensa como aliada no tráfico de
entorpecentes, a famosa FARC.
Mas o sul do Brasil experimentou fatos
inusitados. O pior deles foi, sem dúvida, a invasão criminosa da propriedade
privada da Monsanto, que sofreu a destruição de suas
plantações por um grupo do MST liderado por um estrangeiro, o nacionalista
francês, José Bové. Poucos sabem, mas Bové, o protegido, é um próspero fabricante de queijo rockefort que recebe subsídios de seu país, logo, um
protecionista e contrário aos interesses da agricultura brasileira. Seus companheiros
agricultores franceses devem estar vibrando com a destruição de mais um
concorrente no mercado. Confesso que a cena mais engraçada foi a entrevista em
inglês (pasmem) dada pelo baderneiro nacionalista francês à
uma rede de TV. Ora, depois de destruir, segundo ele, um símbolo do capitalismo
e da globalização, ele deu entrevista em inglês. Além
disso, ficou confortavelmente hospedado no Hotel Plaza São Rafael, um dos mais
caros de Porto Alegre.
Foi estranho também observar o debate
via-satélite entre Davos e Porto Alegre. Será que a
esquerda percebeu que aquele debate foi a maior prova dos benefícios que a
liberalismo pode trazer? Foi usada uma tecnologia intitulada webcasting, aríete digital da globalização, como bem
enfatizou Joelmir Beting. Sem perceber, a esquerda
tentou combater a globalização, mas para fazer isto, teve que fazer uso dela.
Que me desculpe à esquerda, mas o debate já começou perdido.
Foi pouco divulgada nestes dias de
Fórum Anti-Social, uma visita que não estava nos planos dos organizadores do
evento. Oscar Luís Geerken, assessor do Comitê
Revolucionário cubano. Ele dedicou 16 anos de sua vida à causa fidelista, até que, em 1993, fugiu para Miami. Relatou os
desatinos cometidos pela ditadura cubana. Em uma frase ele resumiu: “mas o
homem experiente sabe que, para sujar bem, é preciso estar bem sujo: é mais
fácil para Fidel Castro sujar a reputação da testemunha que limpar o que ela
viu em sua ilha”.
Aqueles que pregam a luta incondicional
contra o neoliberalismo e a globalização não percebem que cada vez que uma
fazenda como a da Monsanto for destruída, será mais
difícil encorajar bravos empreendedores a montar negócios e gerar empregos. Ao
invés de assustar os empresários com atos discricionários e pregar uma
revolução socialista/comunista que provou ser um desastre em vários outros
países do globo, o Estado deveria se preocupar com o que são suas verdadeiras
funções e deixar os cidadãos livres para escolher seu destino, sem a imposição
de ditadores ou governos totalitários como os socialistas. Se o Estado deseja
emprego, não deve ser conivente com a destruição da propriedade privada, pois é
ela que gerará desenvolvimento, emprego, bem estar social e riqueza para seu
povo. A globalização é um fato. A intervenção na economia gera falta de
liberdade, fome, ditaduras e desemprego. De outra banda, está provado que os
países que adotaram a liberdade de mercado e a democracia como valores
fundamentais, geraram riqueza, empregos, justiça social e desenvolvimento para
seu povo. Portanto, não existe nada mais anti-social do que o Fórum Mundial
organizado com dinheiro público em Porto Alegre.
advogado, sócio da Governale – Políticas Públicas e Relações Institucionais (www.governale.com.br). Habilitado em Direito Mercantil pela Unisinos. Professor de Direito Constitucional e Internacional do UniCEUB – Centro Universitário de Brasília. PIL pela Harvard Law School. MBA em Direito Econômico pela Fundação Getúlio Vargas. Especialista em Direito Internacional pela UFRGS. Mestrando em Relações Internacionais pela UnB.
Vice-Presidente do Conil-Conselho Nacional dos Institutos Liberais pelo Distrito Federal. Sócio do IEE – Instituto de Estudos Empresariais. É editor do site Parlata (www.parlata.com.br) articulista semanal do site www.diegocasagrande.com.br e www.direito.com.br. Tem artigos e entrevistas publicadas em diversos sites nacionais e estrangeiros (www.urgente24.tv) e jornais brasileiros como Jornal do Brasil, Gazeta Mercantil, Zero Hora, Jornal de Brasília, Correio Braziliense, O Estado do Maranhão, Diário Catarinense, Gazeta do Paraná, O Tempo (MG), Hoje em Dia, Jornal do Tocantins, Correio da Paraíba e A Gazeta do Acre. É autor do livro “A Recuperação da Empresa: Regimes Jurídicos brasileiro e norte-americano”, Ed. Síntese – IOB Thomson (www.sintese.com).
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