A complexidade Interdisciplinar e saber ambiental surgem, sobretudo no último terço do século XX, com o fracionamento do conhecimento e a questão da degradação ambiental. Surge então como um saber desconhecido pela modernidade. A partir da década de 70 as questões ambientais ganham um maior espaço em virtude das problemáticas que passa a emergir. É nesse contexto que pode ser observado que os problemas ambientais são complexos, e demanda a necessidade do conhecimento interdisciplinar.
Neste contexto, observamos que os problemas ambientais envolvem várias variáveis e sua solução precisa de vários conhecimentos e profissionais envolvidos para uma possível solução. Uma visão ou conhecimento fragmentado deixaria muito a desejar, tendo vista que, as questões ambientais são sistemas complexos, nos quais intervém processos de diferentes racionalidades, ordens de materialidade e escalas espaço-temporais (PHILIPPI Jr, 2000).
A questão ambiental está diretamente ligada à social. É preciso então pensar na mudança do âmbito social, dos valores sociais impostos pela classe dominante, que nos leva a um viés individualista, utilitarista, egoísta e sem perspectiva temporal, no qual o ambiente natural não é levado em consideração, resultando em muitas agressões ao mesmo.
A nova consciência ecológica começa a surgir na década de 1970, com a ocorrência de alguns eventos que impulsionaram debates e colocaram em pauta a importância das questões ambientais. A noção de meio ambiente, que até então tinha uma visão naturalista, biologista e ecologista, amplia-se para os aspectos econômicos e sócio-culturais, pois assim como afirma a Unesco (1980), as dimensões sócio-culturais e econômicas definem as orientações conceituais, os instrumentos técnicos e os comportamentos práticos que permitem ao homem compreender e utilizar melhor os recursos da biofesra para satisfação de suas necessidades. Além disso, os problemas de ordem econômicos e sociais acabaram refletindo na questão ambiental, sobretudo com o intenso crescimento econômico, que para alcançar seus objetivos se apropriam dos recursos naturais, degradando-os e muitas vezes sem lembrar que são recursos finitos, pois a lógica capitalista não permite tal visão, apenas lucro.
Atualmente observamos que muitos problemas que o planeta e a sociedade em geral enfrentam, são tentados ser resolvidos pelo viés da cientificidade, tecnologia e ciência. Em virtude disso, nos deparamos com uma educação muitas vezes precária, quase nenhum investimento para pesquisas interdisciplinares, quando seria de grande importância, tendo em vista que a união de vários conhecimentos levariam a soluções mais eficientes. Muitas vezes a tecnologia e ciência tem se constituído uma força destrutiva, pois a racionalidade cientifica não leva em conta o saber ambiental.
Estamos vivendo atualmente as conseqüências do desenvolvimento tecnológico, da imposição do logos, superexploração da natureza pelo homem capitalista e produtivista. E diante dessa realidade é essencial o diálogo entre os saberes, o pensar coletivo e ao mesmo tempo a atuação individual. É preciso buscar novos entendimentos, concepções nos diversos conhecimentos para se tentar então uma prática interdisciplinar que nos leve a novos caminhos.
Diante de toda problemática que enfrentamos atualmente os saberes científicos já não atendem mais nossas necessidades. É imprescindível os saberes sociais, unir métodos interdisciplinares, assim também como políticas cientificas que levem a um resultado de interdisciplinaridade, que reflita em práticas de desenvolvimento sustentável e não de crescimento sustentável ou desenvolvimento dominante (consumo) regido pelas leis de mercado, buscando a lucratividade em detrimento da deterioração ambiental.
A complexidade ambiental e a interdisciplinaridade não pode ser confundido com a contribuição de conhecimentos, técnicos ou instrumento que possibilitam práticas de pesquisas e intervenção na natureza, mas como colaboração dos diversos conhecimentos, gerando algo novo, construindo um novo saber, que possibilite melhorias concretas para tantos problemas encontrados atualmente.
A problemática ambiental transborda, vai muito além do conhecimento disciplinar, onde a interdisciplinaridade se abre para a reconstrução do saber, que deve considerar a inter-relação sociedade-natureza e as questões sócio-econômicos e culturais, pois como afirma Phillipi Jr. (2000), deve-se reconhecer os efeitos das políticas econômicas atuais sobre a dinâmica dos ecossistemas e sobre as condições de vida das comunidades, ou seja, diferente do que muitos pensam, esta é uma questão que abrange todos os segmentos, do social ao ambiental. Assim, é importante que o cientista busque transpor os procedimentos da racionalidade científica.
Em suma, a Interdisciplinaridade Ambiental ainda está em construção, e reflete diretamente na necessidade do diálogo entre os saberes, transpondo fronteiras disciplinares, para a construção de um novo conhecimento mais consistente e integral, rompendo com a ciência moderna.
Licenciada em Geografia, Mestranda em Recursos Naturais pela Universidade Federal de Campina Grande / Campina Grande-PB
Assistente Social, Licenciada em Ciências Sociais, Mestranda em Recursos Naturais pela Universidade Federal de Campina Grande / Campina Grande.
Licenciado em Geografia, Mestrando em Recursos Naturais pela Universidade Federal de Campina Grande / Campina Grande-PB
Doutor em Recursos Naturais pela Universidade Federal de Campina Grande.
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