Friedrich von
Hayek, prêmio Nobel de economia, em sua célebre obra
“O Caminho da Servidão” afirmava que poderíamos aprender com o passado com
vistas a evitar um processo indesejável. O autor manifestava sua preocupação de
que pudéssemos seguir o destino da Alemanha nazista, marcada pela economia
planificada e supressão de liberdades individuais. Aquele período era
caracterizado fortemente pelo desprezo as idéias liberais do século XIX.
Infelizmente, o início do século XXI é marcado por movimentos que aproximam o
mundo cada vez mais de práticas intervencionistas, seja em relação às
liberdades individuais, seja relativa às liberdades econômicas. Este perigoso
caminho, já afirmava Hayek, conduz inevitavelmente ao
totalitarismo.
Um dos maiores regimes totalitários
do mundo foi aquele implementado na Alemanha nazista. Nasceu do desprezo ao
liberalismo do século XIX. Críticos alegavam que não havia justa distribuição
de riqueza no mundo, logo, pregavam que o Estado deveria assumir o papel de redistribuidor destas riquezas para que todos obtivessem
benefícios iguais do livre comércio. Neste discurso, incluíam-se propostas como
a valorização das empresas nacionais e concessão de subsídios com o objetivo de
preservação da identidade nacional. O mundo era invadido pelos produtos e
cultura da nação hegemônica da época, a Inglaterra. Portanto, os nazistas
aliaram o discurso nacionalista ao de ódio aos ingleses. Deveriam ser banidos
os avanços contínuos do pensamento mercantil inglês, o conforto inglês e o
esporte inglês, entre outros.
A maneira de erradicar a sombra da
potência estrangeira hegemônica sobre a Alemanha seria
por meio da implementação de uma política nacionalista, onde haveria submissão
do indivíduo ao todo e planejamento estatal central da economia. Assim, o povo
alemão levou ao poder o partido que aliava o nacionalismo ao socialismo, ou
seja, o partido nazista conduzido por Hitler.
Segundo Hayek,
os piores tendem a chegar ao poder, pois “é mais fácil aos homens concordarem
sobre um programa negativo – ódio a um inimigo ou inveja aos que estão em
melhor situação – do que sobre qualquer plano positivo”. Como podemos lembrar,
os nazistas chegaram ao poder conduzidos pelas
propostas de ódio a um inimigo em melhor situação, os ingleses. Sua permanência
no comando sustentou-se em duas frentes: perseguição dos judeus empresários em
boa situação financeira e propaganda. A pregação nacionalista guiada por Goebells deturpava os conceitos de liberdade, justiça, lei,
direito e igualdade, o que levou os alemães a pensarem como os dirigentes do
partido. No Tribunal de Nuremberg, as palavras de Hoess, comandante do campo de concentração de Auschwitz, são emblemáticas: “sempre me ensinaram que os
judeus eram inimigos da Alemanha. Éramos treinados para obedecer
ordens sem pensar”. O campo de Hoess eliminou 2
milhões e meio de prisioneiros, na sua maioria judeus.
No dias atuais há novamente desprezo pelo
liberalismo. A deturpação de conceitos é constante. Experiências como a da Venezuela provam que o caminho da supressão da liberdade
econômica levará ao desrespeito das liberdades individuais. Alguns países,
ainda de maneira ingênua, tendem a seduzir-se pelo discurso fácil de ódio a um
suposto inimigo ou inveja aos que estão em melhor situação, na atualidade, os
Estados Unidos. Este discurso é velho, pois não passa de chavões vazios onde se
pode enxergar o que desejar. A história nos mostra onde esta experiência nos
levará. Hitler, Stalin e alguns ditadores que ainda sobrevivem e surgem dentro
de uma agenda negativa são os exemplos do perigo que corremos. Espero que
grandes países, como o Brasil, não sigam esse perigoso discurso vazio que nos
levará inevitavelmente ao caminho da servidão. Deveríamos,
como diz Hayek, aprender com o passado com vistas a
evitar um processo indesejável.
advogado, sócio da Governale – Políticas Públicas e Relações Institucionais (www.governale.com.br). Habilitado em Direito Mercantil pela Unisinos. Professor de Direito Constitucional e Internacional do UniCEUB – Centro Universitário de Brasília. PIL pela Harvard Law School. MBA em Direito Econômico pela Fundação Getúlio Vargas. Especialista em Direito Internacional pela UFRGS. Mestrando em Relações Internacionais pela UnB.
Vice-Presidente do Conil-Conselho Nacional dos Institutos Liberais pelo Distrito Federal. Sócio do IEE – Instituto de Estudos Empresariais. É editor do site Parlata (www.parlata.com.br) articulista semanal do site www.diegocasagrande.com.br e www.direito.com.br. Tem artigos e entrevistas publicadas em diversos sites nacionais e estrangeiros (www.urgente24.tv) e jornais brasileiros como Jornal do Brasil, Gazeta Mercantil, Zero Hora, Jornal de Brasília, Correio Braziliense, O Estado do Maranhão, Diário Catarinense, Gazeta do Paraná, O Tempo (MG), Hoje em Dia, Jornal do Tocantins, Correio da Paraíba e A Gazeta do Acre. É autor do livro “A Recuperação da Empresa: Regimes Jurídicos brasileiro e norte-americano”, Ed. Síntese – IOB Thomson (www.sintese.com).
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