MÃE SOCIAL
A situação jurídica da mãe social está regulamentada no ordenamento jurídico brasileiro pela Lei n° 7.644, de 18 de dezembro de 1987.
As instituições sem finalidade lucrativa, ou de utilidade pública de assistência ao menor abandonado, e que funcionem pelo sistema de casas-lares, utilizarão mães sociais visando a propiciar ao menor as condições familiares ideais ao seu desenvolvimento e reintegração social. Trata-se, portanto, de Contrato de Trabalho Especial.
Destaca-se que mãe social é aquela que se dedica à assistência ao menor abandonado, exercendo encargo social dentro do sistema de casas-lares ou aldeia assistencial.
São condições para admissão como mãe social (art. 9°):
a) idade mínima de 25 (vinte e cinco) anos;
b) boa sanidade física e mental;
c) curso de ensino fundamental, ou equivalente;
d) ter sido aprovada em treinamento e estágio exigidos pela Lei;
e) boa conduta social;
f) aprovação em teste psicológico específico.
Por menor abandonado entende-se, para os efeitos da Lei n° 7.644/87, o “menor em situação irregular” pela morte ou abandono dos pais, ou, ainda, pela incapacidade destes.
Disciplina a Lei que:
Casa-Lar é a unidade residencial sob responsabilidade da mãe social, que abrigue até 10 menores (art. 3°). A mãe social deve residir na casa-lar, junto com os menores (Parágrafo Único do art. 4°). A intenção da norma sob o aspecto de direitos humanos é propiciar ambiente semelhante ao familiar, para o desenvolvimento e a integração social desses menores.
A Aldeia Assistencial consiste num agrupamento de casas-lares, nos termos do § 1°, do art. 3°, da Lei n° 7.644/87.
São atribuições da mãe social:
I – propiciar o surgimento de condições próprias de uma família, orientando e assistindo os menores colocados sob seus cuidados;
II – administrar o lar, realizando e organizando as tarefas a ele pertinentes;
à casa-lar que lhes forem confiados.
À mãe social ficam assegurados os seguintes direitos:
I – anotação na Carteira de Trabalho e Previdência Social;
II – remuneração, em valor não inferior ao salário mínimo;
III – repouso semanal remunerado de 24 (vinte e quatro) horas consecutivas;
IV – apoio técnico, administrativo e financeiro no desempenho de suas funções;
V – 30 (trinta) dias de férias anuais remuneradas nos termos do que dispõe o capítulo IV, da Consolidação das Leis do Trabalho;
VI – benefícios e serviços previdenciários, inclusive, em caso de acidente do trabalho, na qualidade de segurada obrigatória;
VII – gratificação de Natal (13º salário);
VIII – Fundo de Garantia do Tempo de Serviço ou indenização, nos termos da legislação pertinente.
A mãe social não tem direito a horas extras[1], eis que seu trabalho é considerado intermitente, realizado pelo tempo necessário ao desempenho das tarefas. Também não tem direito ao adicional noturno consoante previsão legal:
Art. 6º – O trabalho desenvolvido pela mãe social é de caráter intermitente, realizando-se pelo tempo necessário ao desempenho de suas tarefas.
Caberá à administração de cada aldeia assistencial providenciar a colocação dos menores no mercado de trabalho, como estagiários, aprendizes ou como empregados, em estabelecimentos públicos ou privados. Nessas situações, as retribuições percebidas pelos menores serão assim distribuídas e destinadas:
I – até 40% (quarenta por cento) para a casa-lar a que estiverem vinculados, revertidos no custeio de despesas com manutenção do próprio menor;
II – 40% (quarenta por cento) para o menor destinados a despesas pessoais;
III – até 30% (trinta por cento) para depósito em caderneta de poupança ou equivalente, em nome do menor, com assistência da instituição mantenedora, e que poderá ser levantado pelo menor a partir dos 18 (dezoito) anos de idade.
Por derradeiro, os menores são dependentes da mãe social para efeitos previdenciários. Verbis:
“Art. 3º.(…)
§ 3º – Para os efeitos dos benefícios previdenciários, os menores residentes nas casas-lares e nas Casas da Juventude são considerados dependentes da mãe social a que foram confiados pela instituição empregadora.”
PAI SOCIAL
Com fulcro no art. 5° I, da Carta Política de 1988, a justiça do trabalho tem autorizado a aplicação da Lei n° 7.644/87 ao trabalhador masculino na condição de pai social.
“Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:
I – homens e mulheres são iguais em direitos e obrigações, nos termos desta Constituição; (…)
A Lei n° 1.676/09, do Município de Ervália, Estado de Minas Gerais, que dispõe sobre a regulamentação das atividades de mãe e pai social prescreve em seu art. 2° que:
Art. 2º – Considera-se mãe e pai social, para efeito desta Lei, aqueles que, dedicando-se à assistência ao menor abandonado, exerçam o encargo em nível social, dentro do sistema de casa lares.
No mesmo sentido, a Lei n° 1.781/08, do Município de Palmas, Estado do Paraná.
Art. 2º – Considera-se Mãe e Pai Social, para efeito desta Lei, aqueles que, dedicando-se à assistência ao menor abandonado, exerçam o encargo em nível social, dentro do sistema de casas-lares.”
Professor Universitário. Auditor Fiscal do Trabalho. Autor das seguintes obras: Manual de Rescisão de Contrato de Trabalho. 4 ed. Editora LTr, 2011 e Manual Prático de Direito do Trabalho. 3 ed. Editora LTr, 2011.
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