Dizer que o Fortnite e outras plataformas virtuais são o metaverso é o mesmo que dizer que o Google é a internet.
Mesmo passando horas dentro do Fortnite jogando jogos, socializando ou comprando ativos, essa não é necessariamente a experiência completa do metaverso.
Nesse artigo vamos saber
Será que o metaverso é uma versão melhorada do zoom? Um game? Uma sala virtual 3D?
Tudo isso, mas não somente isso…
Os conceitos que estão emergindo nas mídias depois da mudança de nome do Facebook para Meta, já existem há muito tempo.
A tecnologia de realidade aumentada, por exemplo, já era estudada em 1968 por Ivan Sutherland. Também a realidade virtual e mista, o blockchain, a inteligência artificial e machine learning estão ganhando espaço na rede mundial de “conteudistas” leigos, e atingindo pela primeira vez, muitas pessoas que nunca se interessaram pelo assunto.
Mark Zuckerberg deflagrou o interesse dos leigos quando anunciou que iria se apropriar do futuro da internet, mas tudo indica que a estratégia moonshot é mirar na lua para chegar o mais alto possível.
Metaverso é simplesmente a versão futura da internet. Será uma experiência imersiva (envolvendo diversos sentidos) em um ambiente descentralizado, persistente, com capacidade de usuários ilimitados e pouca barreira de entrada.
É preciso dizer que o metaverso ainda não existe em 2022. Neste momento, laboratórios de teste estão sendo operados cada um com suas características. Plataformas não param de surgir no mercado com o aval de grandes players como Roblox, Fortnite, Sandbox, Decentraland, NVIDIA Omniverse, Microsoft Mesh, e Facebook Horizons
À medida que os obstáculos são superados pelas tecnologias, uma economia robusta vai surgir nesse novo formato de internet. Usuários poderão criar ativos, comprar e vender bens digitais, e terão a possibilidade de levar seus bens de uma plataforma para outra.
Assim como na internet atual, empresas venderão produtos e serviços no metaverso, haverão ferramentas de marketing e martechs envolvidas em campanhas publicitárias. Vagas de trabalho vão ser oferecidas e o seu avatar é quem vai participar do processo de seleção e trabalhar como guia turístico ou professor no metaverso.
Tudo isso sem sair de casa.
Vamos ver alguns dos obstáculos que estão ainda no caminho da formação de uma economia de mercado no metaverso:
A sua mente não distingue o que é realidade e o que é simulação. O filme Matrix apresenta a possibilidade de já estarmos vivendo em um grande metaverso sem mesmo saber disso, onde nossos cérebros estariam sendo estimulados a acreditar em uma realidade fictícia.
Durante décadas a internet e redes sociais estão nos treinando para experiências virtuais e a pandemia acelerou o processo, então apesar de ser um obstáculo, atualmente cada vez mais pessoas estão aceitando interações virtuais como o novo normal.
Além dos óculos de Realidade Virtual, já existem devices de realidade aumentada e mista, como é o caso do smartglass da Apple, com estimativa de chegar ao mercado em 2022. Esse tipo de aparelho proporciona que a experiência do metaverso seja mais imersiva ainda, possibilitando que o usuário possa interagir com ambientes semi-virtuais sem se desconectar da realidade física. Talvez um dia as pessoas passarão muitas horas no metaverso trabalhando, estudando, se divertindo, e fazendo tudo o que já fazem no mundo de hoje.
Em Janeiro de 2022 a Microsoft anunciou a compra bilionária da desenvolvedora de games Activision Blizzard pela Microsoft por U$ 68 Bilhões – recorde histórico no setor.
Por mais que as bigtechs estejam realizando movimentação para se posicionar no tabuleiro do metaverso, as forças da descentralização estão ficando cada vez mais fortes.
Lideradas pela tecnologia do blockchain e as criptomoedas, a demanda pela descentralização parece ser um instinto natural da nossa espécie. Hoje já é possível comprar participação em projetos de DApps ou aplicativos descentralizados com código aberto, armazenados em blockchain que autenticam usuários com tokens criptográficos.
Já as DAOs são Organizações Autônomas Descentralizadas (Decentralized Autonomous Organizations) onde as regras são definidas por algoritmos digitais ou contratos inteligentes.
O grande desafio global para descentralização é a adequação às leis. No Brasil, uma pessoa jurídica é definida como “a unidade de pessoas naturais ou de patrimônio, que visa à consecução de certos fins, reconhecida pela ordem jurídica como sujeito de direitos e obrigações”.
A princípio, essa definição permitiria a classificação de organizações autônomas descentralizadas como pessoas jurídicas. Todavia, a legislação brasileira requer que a pessoa jurídica possa ser responsabilizada judicialmente, o que torna-se inviável na estrutura descentralizada digital.
Ainda não está claro como as leis dos governos, a força das bigtechs e os “gatekeepers” mundiais irão se sobrepor à tendência natural do ser humano de romper as amarras e acessar integralmente a liberdade de decidir o que fazer com a sua vida.
Vamos pensar neste mundo virtual onde é possível comprar e vender bens e que está o tempo todo disponível sem a necessidade de depender de uma única organização centralizada que a qualquer momento pode “desligar a chave”.
Mas peraí, algo parecido já existe. Chamamos de internet, ninguém consegue “desligar a chave” da internet, e lá existem plataformas como World of Warcraft, onde é possível comprar e vender bens em um mundo virtual persistente. Só que dizer que World of Warcraft seria o metaverso é equivalente a dizer que o google seria a internet.
Por outro lado, podemos dizer que o Google representa parte da internet com seus servidores e softwares conectados, assim como o World of Warcraft e o Fortnite representam parte do metaverso que ainda está em construção.
Hoje o limite de capacidade computacional e banda de transmissão de dados são os maiores desafios para manter muitos usuários em um mesmo ambiente imersivo. No entanto, os avanços tecnológicos tendem a derrubar essa barreira nos próximos anos. Poucos games imersivos permitem mais do que 100 participantes simultâneos devido a latência e processamento.
Segundo a Intel, o metaverso com participantes ilimitados só irá acontecer quando a capacidade computacional aumentar mil vezes. Mas os próximos cinco anos deverão produzir apenas dez vezes o poderio computacional atual. Esse é um desafio grande mas já existem aplicações em softwares e novas tecnologias, como DLSS ou XeSS, que usam Inteligência Artificial para aprimorar gráficos e aumentar a performance.
Thomas Malthus também fez a ilustre previsão catastrófica, em 1798, que a produção de alimentos seria menor do que o crescimento da população no século XX e a humanidade regressaria às condições de subsistência. Isso não aconteceu pois o renomado economista não levou em consideração, nos seus trabalhos, as novas tecnologias que foram inventadas posterior à sua morte e solucionaram o problema da escassez de alimentos.
Finalmente o último grande desafio para o futuro da internet acontecer é a barreira de entrada dos usuários. Estamos ainda na era pré metaverso porque o hardware imersivo é muito caro, muito volumoso/pouco portátil e com baixa capacidade de processamento.
À medida que as barreiras diminuem com os avanços das tecnologias, o tamanho de mercado do metaverso vai crescer em proporção inversa. Hoje apenas os early adopters, na sua maioria gamers, é quem fazem uso da experiência imersiva completa. E isso causa desconforto para quem está tentando entender o metaverso em aplicações diferentes do entretenimento.
Toda economia de mercado necessita de agentes geradores de demanda, agentes para suprir a demanda, uma moeda de troca e um mínimo de regulamentação para garantir a liberdade e direito à propriedade privada.
O problema dos meios de pagamento está solucionado com as criptomoedas, e a proteção à propriedade pode ser garantida com smart contracts (blockchain) e NFTs. Todo o hype que estamos presenciando pode indicar que as barreiras de entrada em plataformas imersivas irão cair mais rápido. Grandes player mundiais e consolidados já estão se posicionado no tabuleiro e trazendo capital humano, financeiro, tecnológico e networking para acelerar a experiência futura da internet.
Consequentemente, isso vai trazer mais agentes querendo consumir, agentes querendo vender, muitos querendo fazer marketing, e o efeito de rede tende a deflagrar uma massa crítica de trocas e transações dentro da economia do metaverso.
Neste momento não será mais opcional entrar ou não entrar, pois se os clientes estiverem imersos no metaverso, é lá que será direcionado o foco das empresas.
Talvez o metaverso seja onde você vai viver e trabalhar em breve.
Hoje já existem plataformas onde é possível comprar e vender terrenos em área virtual, como Decentraland e Sandbox
Tudo que você leu até agora serve para responder essa pergunta.
De cara, o metaverso pode melhorar a qualidade de vida das pessoas e aumentar a eficácia das empresas. Isso tudo gera valor para a sociedade em um jogo de soma positiva.
Empresas
Educação
Saúde
Varejo e comércio
Propósito pessoal e qualidade de vida
Se você vende produtos ou serviços ou trabalha em alguma empresa que faz isso, pode se preparar, pois o seu cliente em breve vai entrar no metaverso, assim como entrou na internet.
Hoje somos quase 8 bilhões de habitantes no planeta. Apenas 4 bilhões (metade) é usuário da internet. Nos próximos anos a tendência é que alguns bilhões a mais ingressem na internet e fiquem a um passo de entrar no metaverso.
Em um estudo recente da Bloomberg e PWC, o tamanho de mercado das principais categorias do metaverso deve atingir U $783,3 Bilhões em 2024.
Ainda há vários metaversos fragmentados e muitas formas de se lançar neles. Criação de ativos tridimensionais (3D), NFTs, compra de imóveis e terrenos digitais, gestão de comunidade, moderação de conteúdo, combinação de produtos digitais e reais, compra de fundos de ação e até investimento direto no equity de startups que estão construindo a infra estrutura do metaverso.
Se você tivesse a oportunidade de voltar para a década de 90, quando a internet estava apenas começando, como iria aproveitar o timing da oportunidade?
Algumas pessoas pensariam em comprar domínios de sites para valorização futura, outras pensariam em como criar mecanismos de busca para organizar toda a enxurrada de informação do mundo, outras poderiam ter a ideia de desmaterializar livros físicos, torná-los digitais e criar a primeira livraria online.
Agora a janela de oportunidades é semelhantes mas as tecnologias que podem ser utilizadas são diferentes e convergentes.
O ser humano é fascinado por aquilo que ainda não faz parte da realidade do seu mundo.
Foi assim no passado com as grandes navegações, está presente em um morador do interior que sonha conhecer a capital ou em uma criança que sonha em viajar para a Disney.
Foi assim no início da Internet, quando empresas criavam sites pelo simples objetivo de ter uma “presença” naquele novo mundo, mesmo que ainda não estivesse clara a utilidade de um website.
Recentemente a Space X tem flertado com a possibilidade de morarmos em outro planeta, o que deflagrou uma corrida espacial bilionária com participação de Jeff Bezos e sua Blue Origin.
Tecnicamente o metaverso, com uma experiência imersiva e descentralizada, é mais provável de acontecer nos próximos anos do que uma viagem de férias para Marte.
Gustavo Carriconde é o fundador do maior podcast de livros para empreendedores do Brasil e CEO full time da primeira Venture Builder, com tese em startups do metaverso.
Quer continuar esse diálogo? Tem alguma dúvida ou que me passar a sua opinião sobre o assunto?
Envia um email para:
gustavo.carriconde@gutenbergventures.com
Esse texto foi originalmente publicado em https://gutenbergventures.com/o-que-e-metaverso
*Texto revisado por Nivea Heluey
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