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Pancadarias de natal…

Nada como um final de ano para acentuarmos nossas paranóias em uma miscelânea doentia de consumismo, falsa afetividade e pálidas lembranças de uma crença. Enquanto nossos antepassados cultuavam o Mestre, seu incomparável legado religioso e humanista, salvo um em dez, nós endeusamos o “papai-noel” e acreditamos piamente que o “ano novo” é uma mística “potência” que vai resolver todas as nossas infelicidades acumuladas…

Duramente advertimos nossos fornecedores e tarefeiros que se a encomenda não chegar, o serviço não ficar pronto nem der certo até o natal ou ano novo, terão sérios problemas conosco. Eles, identicamente, com seus empregados numa progressão geométrica de xingamentos e desrespeitos que se avolumam, justamente nestes dias.

Nos grandes templos do consumo ou nas pequenas lojas, desfila a enceguecida procissão desses “novos fiéis” em busca de alguma coisa (em embalagens coloridas e brilhantes) que, por um subconsciente ou herança de um inconsciente coletivo remoto, possa lembrar o ouro, o incenso, a mirra e assim os aproximar das figuras bíblicas dos reis magos, dos quais, inclusive, esqueceram os nomes, de onde vieram, para onde iam e mesmo para quem levavam as oferendas ou o que significavam… Quem sabe os sociólogos ou psicólogos um dia se aprofundem mais nos estudos desses estranhos comportamentos atuais. Por enquanto, fico a observar os pais brigando com filhos que querem coisas inalcançáveis, casais brigando por esta ou aquela compra ou como pagá-la (em 12 ou 24, já comprometendo os próximos natais). Pessoas, ao invés, aborrecidas…

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O maior número de ocorrências policiais se dá justamente dos dias 20 de dezembro a 10 de janeiro. Pior, em família, as brigas são entre parentes que se encontram e discutem problemas antigos mal resolvidos (“você só aparece no natal, eu cuido dos pais o ano todo… Pô! Vai me pagar o que te emprestei cara? Quem fez essa fofoca foi tua mulher…”), abusos na comida, na bebida, no trânsito, nos foguetórios originando lamentáveis cifras negras…

Valores natalinos não se compram. Sabemos que os apelos comerciais são persuasivos e se não podemos fazer como Jesus fez com os vendilhões, ao menos podemos colocá-los nos seus devidos lugares… Comece por se isolar fechando os olhos por alguns segundos, concentrando-se na mesma estrela que riscou aqueles céus, nos que a seguiram e quem  encontraram… Encontre-O também. Assim, o aniversariante participará da sua ceia! Nada se mostrará mais valioso… Feliz Natal!

 


 

Informações Sobre o Autor

 

Elias Mattar Assad

 

Presidente da Associação Brasileira dos Advogados Criminalistas

 


 

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Equipe Âmbito Jurídico

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