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Pensando sobre a proteção e uso da língua nacional

A imprensa tem noticiado, recentemente acerca das diversas críticas feitas por lingüistas, escritores, atores e dramaturgos quanto ao uso indiscriminado de estrangeirismos na dia-a-dia da língua brasileira, fato esse que tem criado uma enorme distorção no interrelacionamento entre esses notáveis e a maioria da população, que sequer faz idéia do prejuízo que pedir um “Big Mac” pode fazer às raízes da cultura nacional.

Todavia, esta polêmica poderia muito bem esvanescer-se nas brumas do esquecimento, não fosse a intervenção muito propicia dos insignes legisladores brasileiros que tomaram para si a tarefa de regulamentar tal uso e costume, determinando a proibição do uso dos chamados estrangeirismos, inclusive com a possibilidade de aplicação de sanções apropriadas (leia-se multa e até impedimentos de ordem legal).

Ora, o que se argüi, na verdade, é se, de fato, a publicação de uma lei seria motivo mais que suficiente para impedir que as pessoas, cidadãos comuns e simples que constituem o povo brasileiro, deixariam, efetivamente, de valer-se de expressões que, ao longo de anos a fio, acabaram por incorporarem-se aos costumes cotidianos, tornando-se parte de seus comportamentos e de suas formas de pensar. Não podemos aceitar que a edição de uma lei possa por fim a algo que tem íntima proximidade aos efeitos da globalização não só econômica com também social que, tal um enorme vergalhão que invade e possui tudo que encontra pela frente.

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Assim com não se pode exigir tal iniciativa do povo simples, também fica impossível que uma determinação legal dessa magnitude venha a ser observada por empresários em seus negócios e atividades mercantis.  Expressões como “just in time”, “back up”, “hedge” e muitas outras já se tornaram parte da capacidade de sobrevivência corporativa da indústria nacional, de tal forma que sua retirada, por qualquer meio, pode até mesmo significar a quebra do sistema, ou, em conseqüência, sua instabilidade ante seus parceiros, fornecedores e competidores multinacionais.

Uma análise mais acurada do cenário descrito nos leva à crença de que soluções de caráter intervencionista são absolutamente inócuas para eventos culturais deste tipo. O que se precisa de fato é uma política educacional de longo prazo, estimulando a leitura e a conservação de nossa língua, criando novas gerações de jovens brasileiros que compreendam que a língua faz parte da cultura nacional, e por esta razão fundamental deve ser conservada como integrante do conjunto de elementos culturais indispensáveis à própria sobrevivência do povo e também da nação brasileira.

Trata-se, então, de um processo, longo, árduo e cujas dificuldades serão muito maiores, pelo menos de início, do que os resultados obtidos, mas que, sem dúvida alguma, renderão frutos eternos e plenos de cidadania, e consciência nacional, constituindo uma nova geração de pessoas muito mais aptas a compreenderem que a grandeza de uma nação não se faz apenas de ações mais sim de palavras e de palavras que são necessárias e úteis ao desenvolvimento e constituição de uma grande nação.

 


 

Informações Sobre o Autor

 

Antonio de Jesus Trovão

 

formado em Administração de empresas pela UNIFEI, campus São Paulo, acadêmico de direito pela Universidade São Francisco e servidor público federal lotado no Tribunal Regional do Trabalho da Segunda Região.

 


 

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Equipe Âmbito Jurídico

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