As decisões de isolamento social como resposta para conter a pandemia de COVID-19 e a imposição de restrições sobre as atividades de empresas de diversos segmentos de negócios, trouxeram impactos negativos para a realidade econômica brasileira e global
Segundo perspectiva da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) divulgada em junho deste ano, espera-se uma retração econômica mundial na casa 7,6% em 2020; no contexto brasileiro, de acordo com o relatório Focus do Banco Central do Brasil, lançado no último mês de agosto, o PIB nacional deve enfrentar um recuo de 5,66% – o dado é ligeiramente inferior ao levantamento de julho, quando se estimou uma queda de 6,5%, ainda assim, muito preocupante.
E quais são os efeitos da retração econômica para a população e para as empresas do país?
Há várias possibilidades de responder a essa pergunta – uma delas é pela queda brusca na renda per capita do brasileiro – que, segundo dados da consultoria britânica Economist Intelligence Unit, pode ficar 18,6% abaixo da média mundial; outra é pelo próprio sentimento de empobrecimento das famílias e maior preocupação com os gastos diários – segundo relatório da Opinion Box, que endereça os hábitos de consumo no país, 6 em 10 brasileiros estão receosos com a possibilidade de diminuição da renda, enquanto 47% acreditam que seus gastos irão aumentar.
Embora todas as possibilidades de resposta sejam relevantes, é oportuno explorar a relação entre a queda do PIB e o aumento da inadimplência, que, aliás, reflete grande parte dos efeitos apresentados há pouco.
Uma pesquisa de 2018 da Serasa Experian levantou 7 causas principais para o atraso no pagamento de compromissos financeiros, que inclui a diminuição da renda familiar, o empréstimo do nome para compras de terceiros e a falta de controle nos gastos. Quando analisamos os períodos recentes de retração econômica no Brasil, observamos queda na renda das famílias, redução das receitas das empresas, aumento do endividamento e da inadimplência.
Em 2015, quando o PIB do país caiu 3,8% atingindo o pior resultado desde 1990, o Banco Central prognosticou um aumento da inadimplência, fato que, realmente, ocorreu em diversos meses do ano. De acordo com a Serasa Experian, em agosto de 2015 o Brasil atingiu o patamar de 56 milhões de consumidores com dívidas em atraso – número que até então tinha sido o maior registrado nas séries históricas – além de aproximadamente 6 milhões de empresas.
Indo mais atrás na linha do tempo, em 2009, quando o país teve uma sutil retração do PIB de 0,2%, novamente, tivemos um aumento de 5,9% no número de inadimplentes no país.
Retornando para o presente, no esteio da crise econômica atual, tanto o endividamento, quanto a inadimplência tem crescido nas famílias brasileiras. Dados da Confederação Nacional de Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) apontam um percentual de 67,5% no número de famílias endividadas (recorde histórico para a série iniciada em janeiro de 2010), enquanto a inadimplência atingiu 26,7% das famílias (maior número desde março de 2010).
Já o endividamento das famílias com o Sistema Financeiro Nacional em relação à renda acumulada dos últimos doze meses, que pode ser observado no Sistema Gerenciador de Séries Temporais do Banco Central do Brasil, em junho de 2020 a taxa alcançou 46,75% ante 44,02% no mesmo período do ano passado.
Na perspectiva das pessoas jurídicas, vemos também uma significativa expansão da inadimplência, com potencial de aumento de 40% no número de pedidos de recuperação judicial para evitar a falência de empresas, quando comparado ao ano de 2016, no qual se atingiu número recorde de pedidos de recuperação judicial.
Os dados demonstram que os prováveis efeitos negativos das decisões de isolamento social ainda não podem ser dimensionados. Quatro dos maiores bancos do país, Itaú Unibanco, Bradesco, Banco do Brasil, e Santander contabilizaram R$ 31,5 bilhões em gastos com provisões para devedores duvidosos no segundo trimestre deste ano. Para termos ideia da dimensão do efeito, basta observar que o valor corresponde a mais do que o dobro do lucro líquido recorrente do período dos bancos, que foi de R$ 13,5 bilhões de abril a junho.
A elevação das provisões marca o período de isolamento social. Como resposta a uma provável elevação da inadimplência, os gestores de risco de crédito ampliam as reservas financeiras via provisão de devedores duvidosos para oferecer proteção ao negócio e cobrir as eventuais perdas em créditos não pagos. A proteção adicional visa principalmente o período após o término dos prazos de prorrogações e renegociações que está por vir, realizadas pelos bancos para suavizar os efeitos da crise nos resultados.
Neste momento, continuam válidas e necessárias as medidas para o melhorar o controle financeiro das pessoas e famílias – incluindo a adoção de planilhas e planejamento mensal detalhado; acompanhamento minucioso dos gastos, além da busca pela renegociação temporária de contratos, em caso de perdas que comprometam a renda familiar.
Para as empresas, aprimorar a gestão financeira com a avaliação contínua do risco de crédito dos clientes, acompanhamento diário do volume de pagamentos, evolução das quebras de pagamentos esperados e revisões contínuas das previsões de geração de caixa, são atividades essenciais neste momento. Para a eficiência destes acompanhamentos, as empresas devem lançar mão de tecnologias inovadoras, processos operacionais bem desenhados e um time financeiro consciente dos efeitos que a crise pode gerar nos próximos meses.
Sobre a Receiv
A Receiv é um CRM inteligente para contas a receber, que otimiza atividades operacionais de toda a jornada de cobrança. Fundada em 2014, ajuda empresas a aprimorar o relacionamento e a experiência do cliente que se encontra em situação de inadimplência. A solução All-in-One Cloud é de fácil usabilidade e atende tanto empresas B2B quanto B2C. Ipiranga, Brinks, Unimed e ePharma são alguns clientes. Veja mais: https://www.receiv.it/
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