Resumo: Resenha critica da obra do ilustre Eric Hobsbawn Globalização, Democracia e Terrorismo, tendo uma abrdagem social sobre o Terrorismo e as Guerras de quarta Geracao.
Nascido em Alexandria, em 1917, mesmo ano da Revolução Russa, porém educado na Áustria, Alemanha e Inglaterra, o autor de Globalização, Democracia e Terrorismo, lançado em 2007, porém escrito no período de 2000 a 2006, Eric Hobsbawm, maior historiador marxista vivo, apresenta em um texto dinâmico e bastante opinativo, os principais temas que compõem o cenário internacional contemporâneo.
A obra é constituída por ensaios a partir de dez conferências realizadas pelo autor em várias ocasiões e situações e discute temas como: a guerra e paz no século XXI, as vicissitudes dos impérios globais, o lugar do nacionalismo nos dias atuais, o futuro da democracia liberal e por fim, a violência política e o terror, sempre com um viés critico do que o próprio autor chama de “Império de Washington” e a busca da hegemonia pelos Estados Unidos, “um império sem limitações”. Assim, visando delimitar a abordagem, optou-se por analisar como o terrorismo foi utilizado por alguns grupos como forma de contestação, a partir das análises de Hobsbawm, assunto este desenvolvido nos capítulos oito e nove da obra.
O autor inicia o capítulo 8, intitulado “O terror”, com um questionamento: “A natureza do terror político mudou no final do século XX?” (p. 121). Conforme observamos em Rodriguez (2008), a última década do século XX se destacou pelo aprofundamento das políticas neoliberais econômicas e em resposta a deterioração da qualidade de vida, da falta de bem-estar e segurança, surgindo em diversos lugares do mundo movimentos plurais de contestação. O próprio Hobsbawm, que alcunha ao século XX a expressão “Era dos Extremos”, clássica obra de sua autoria, em suas reflexões atribui todos estes acontecimentos ao fenômeno da criação dos mercados livre globais, refletindo assim, sua contumaz crítica ao fenômeno da globalização.
Hobsbawm relata a ação de grupos que buscavam fazer política através de ações terroristas em diversas partes do mundo, tais como o movimento anti-imperialista no Sri Lanka, país considerado pacífico, Sendero Luminoso (Peru), Brigadas Vermelhas (Itália), Pátria Basca e Liberdade (ETA, da Espanha), Exército Republicano Irlandês (IRA), dentre outros, estes operando sem apoio de setores relevantes da população e em países estáveis, tornando-se assim um problema policial e não militar, com a finalidade de destacar a diferença com a lógica de ação da teológica casuística do Al-Qaeda, conforme palavras do autor “os rebentos da Al-Qaeda na resistência iraquiana, não são a parte mais importante nem a parte militarmente mais efetiva, e sim adendos marginais.” (p.135-136)
Nesse sentido, Hobsbawm assinala que apesar de toda a divulgação das ações de grupos terroristas, sobretudo os eventos mais recentes, como o 11 de setembro, os ataques ao metrô na Espanha e em Londres, o sistema global de poder, não sofreu alteração.
O autor enfatiza o crescimento da violência como:
“…notável, nos países com Estados fortes e estáveis e instituições políticas liberais (em teoria), em que o discurso público e as instituições políticas distinguem apenas dois valores absolutos e mutuamente excludentes – a “violência” e a “não violência”. (p. 125)
Assim, observa-se que os eventos terroristas recentes aceleram o processo de aproximação das práticas de contra-insurgência e contra-terrorismo. Inicia-se o processo de politização e securitização do terrorismo e de imediato originam respostas estatais, inter-estatais e transnacionais. A securitização do cotidiano se amplia e os atores políticos não-estatais passam a sofrer com a imposição de novas leis que, agora, servem para prevenir o terrorismo.
As crises sociais, a derrocada das políticas neoliberais, a deflagração de novas crises econômicas movem os cidadãos de diversos lugares do mundo para manifestações de revolta e contestação, porém o conjunto de ações postas em prática para contenção do terrorismo atua impedindo um elemento fundamental da democracia ocidental que é a contestação.
As guerras tradicionais, onde o acervo bélico era predominante, também chamada de guerras regulares ou convencionais, foram substituídas pela guerra assimétrica ou irregular, sobretudo devido às inovações tecnológicas do século XX, conflitos estes chamados de quarta geração, assim chamados pelo fato do “inimigo” poder não ser um Estado Organizado, mas um grupo terrorista ou qualquer outra organização criminosa.
A guerra convencional, por ser a forma mais antiga e conhecida por todos, devido a sua natureza de manobras de ataque e contra-ataque, uso de armamento tradicional, com armas de fogo, armas brancas e explosivos usuais. Neste caso a quantidade, variedade e capacidade de cada armamento podem trazer vantagens para aquele que as possui. E, de fato passa a ser o mais forte no enfrentamento.
Conforme Garcia (2005), a forma de guerra em que um Estado se opõe a outro, com as forças armadas divididas umas contra as outras. Este modo, de escolha Estatal para exercer a defesa de sua política, está inclinado a desaparecer. Devido ao tipo de violência em que o mundo está inserido atualmente, são situações predominantemente assimétricas, com início e formas não-convencionais.
O princípio norteador da guerra assimétrica revela que, entre as partes envolvidas no conflito, uma delas será obrigada a cumprir seus deveres, enquanto a outra receberá todos os direitos, revelando assim, a característica da assimetria.
Fatores como pobreza e discriminação social, são capazes de justificar agressões e rebeliões, concedendo aos seus autores convenientes desculpas que, são as incentivadoras para respaldar a continuidade da hostilidade irregular. Concluiu Hobsbawm afirmando que a preocupação com o terrorismo atualmente, é maior do que nos momentos anteriores da história. O trecho a seguir, apresenta, de forma sucinta, tal afirmação:
“Na prática, o perigo real do terrorismo não está no risco causado por alguns punhados de fanáticos anônimos, e sim no medo irracional que suas atividades provocam e que hoje é encorajado tanto pela imprensa quanto por governos insensatos. Esse é um dos maiores perigos do nosso tempo, certamente maior do que o dos pequenos grupos terroristas”. (p. 151)
Por todo o exposto entendemos que a reação de Estados fortes e estáveis quando vítimas de ações terroristas demonstram a capacidade dos mesmos em reafirmar sua soberania nos planos interno e global, significando que a assimetria de poder do mundo pós-guerra fria, levou ao surgimento, no plano da violência, de um novo ator global, o terrorismo, instalado e presente nos dias atuais. Assim sendo, segundo Eric Hobsbawm, a violência estará presente ainda por muitos e muitos anos no século XXI, embora o mesmo afirme que as guerras não serão tão mortíferas quanto foram as do século XX, concluindo com a perspectiva remota de um século de paz.
Mestre em Direito pela Universidade Católica de Brasília – UCB/DF. Especialista em Direito Público pela Faculdade Projeção FAPRO/DF. Especialista em Direito Militar pela Universidade Castelo Branco UCB/RJ. Procurador Jurídico do Município de Muriaé/MG. Professor Adjunto da Faculdade de Minas FAMINAS/MG. Advogado
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