INTRODUÇÃO
Realmente, como prometeu o Sr. George W. Bush, presidente dos EUA, a guerra contra o Iraque foi rápida, pelo menos no que tange às batalhas travadas entre as forças armadas envolvidas. No entanto, as batalhas de ruas entre soldados americanos e rebeldes, arrastam-se pelo tempo, e o número de mortos vem crescendo, o que mostra um quadro muito parecido ao que aconteceu na guerra contra o Vietnã.
Neste período, muito se falou a respeito das razões de ambos os lados. Grosso modo, as acusações contra os americanos se voltaram à questão do petróleo. Hoje, os norte-americanos importam mais de 80% do petróleo que consomem, e enfrentam, já há muito tempo, dois problemas contrários e ao mesmo tempo complementares. De um lado, a necessidade premente pelo produto, isto, considerando-se o contínuo crescimento econômico mantido há décadas, sobretudo nos anos noventas. De outro, as cotas estabelecidas pela OPEP[1], fator este que pode, por sua escassez naquele mercado, elevar seu custo de produção e tornar seus produtos mundialmente menos competitivos. Assim, seguindo a linha de raciocínio que foi largamente utilizada, uma vez que o Iraque possui a segunda maior reserva mundial de petróleo e se coloca como grande inimigo da Democracia Americana, a existência de “armas não-convencionais” se colocou como um álibi que deu ensejo às razões norte-americanas para os ataques praticados.
Com este trabalho, não se procura dizer se a visão majoritária sobre este tema deixe de ser verdadeira ou que esteja completa, mesmo porque, essa visão atinge uma das teses conjunturais mais evidentes. Não se tem também a intenção de contradizer esta ou aquela linha de raciocínio, apenas se pretende mostrar mais um ponto de vista que, aliás, também não deixa de ser, como os outros, a visão de um ponto.
Por fim, com a finalidade de melhor esculpir uma linha de raciocínio mais clara e objetiva, tornando-se, por conseguinte, a exposição deste trabalho mais didática, fragmenta-se em três períodos a problematização proposta, procurando-se abordar o tema de forma holística, ou seja, sob o ponto de vista histórico, geográfico, político, legal e cultural, buscando-se, assim, um entendimento integral dos fenômenos ocorridos neste cenário marcial. Desta forma, acredita-se que os períodos que melhor explicariam a linha da causalidade que se pretende adotar, seriam: histórico, conjuntural e prospectivo, sendo que este último será abordado na conclusão do trabalho.
Contudo, antes de esboçar as razões que se propõe, vale dizer que não se pretende, de forma alguma, exaurir o tema. O intuito deste é desenvolver a amplitude de informações que se tem a respeito não só da guerra contra o Iraque, mas também, de mostrar um pouco mais a respeito da formação da civilização norte-americana e, por conseguinte, estudar as possibilidades futuras, levando-se em conta as tendências manifestamente exteriorizadas no presente e os fatos históricos impressos no passado.
1.HISTÓRIA AMERICANA: DO FEDERALISMO DE MADISON À SUPERPOTÊNCIA DE BUSH
Logo após a proclamação de sua independência ocorrida em 4 de julho de 1776, os Estados Unidos se lançaram a um voraz processo expansionista.
Este processo colocou em prática o Constitucionalismo de Rousseau.
[…] Uma Constituição sábia e forte é a primeira coisa que se precisa alcançar e deve-se antes contar com o vigor que nasce de um bom governo, do que com os recursos que um grande território prodigaliza. […][2]
Sobre este assunto, Emir Sader teceu uma opinião com um enfoque liberal, muito embora o resultado seja o mesmo, já que o cerne de sua argumentação, muito embora implicitamente descrito, é também o Constitucionalismo.
[…] A trajetória norte-americana é impressionante: de país vítima da maior potência colonial da época, faz uma bela revolução de independência, derrotando a Inglaterra e fundando a primeira democracia liberal do mundo. Até ali os ideais do liberalismo eram pregados pelo pensamento europeu, mas enquanto a Europa seguia povoada de monarquias parlamentares, quando não simplesmente de Estados absolutistas, eram os EUA quem instauravam um regime político liberal. […][3]
Até 1776, seu mapa ainda era formado por 13 colônias, em uma faixa de 500 km, banhada pelo Oceano Atlântico, que se estendia desde o nordeste, onde está localizado o Estado do Maine, até ao Sudeste, na Geórgia. Tinha como fronteiras, o Canadá, ao norte, um território espanhol, atual Estado da Flórida, ao sul, e um território Inglês, a oeste, cuja representação se dava em uma área onde hoje se encontram os estados centrais, abaixo dos grandes lagos – Michigan, Ohio, Kentucky, Tennessee, Alabama, entre outros.
O expansionismo interno findou-se entre 1848 e 1853, com a aquisição de territórios, hoje compreendido pelos Estados da Califórnia, Nevada e Arizona.
Mudanças ocorreram, posteriormente, com a aquisição do Alaska, em 1863 e do Havaí em 1959. Deste momento em diante, as grandes potencias, Espanha, França e Inglaterra, já haviam sido expurgadas do continente americano. Ao seu lado, apenas o México, não mostrou muita resistência, quando teve parte de seu território tomado e o despovoado Canadá. Vale lembrar que outros potenciais inimigos, os nativos, já haviam sido praticamente dizimados.
Posteriormente, alguns outros territórios, tais como Gwan, Filipinas e Porto Rico foram incorporados pelos EUA.
As fronteiras foram abertas. Entre o final do século XIX e o início do século XX, os EUA foram um dos países que mais imigrantes receberam. Para estes, era a expectativa de terras, ouro, e o sonho de liberdade. Para os EUA, farta mão de obra e povoamento do seu território, contrariando-se a máxima Rousseuniana de que […] em geral o Governo democrático convém aos Estados pequenos, o aristocrático aos médios e o monárquico aos grandes. […][4]
Este capítulo melhor se explica com a aplicação da Doutrina Monroe em 1823[5], cujo slogan era “A América para os americanos”. Esta doutrina, de cunho persuasivo e dissuasivo, cuja maior proposta era a de afastar a influência os demais continentes, iniciou uma expansão extraterritorial norte-americana, alastrando suas pretensões por todo o continente.
Na virada para o século XX, todo o Continente Americano já estava sob seu controle, podendo exercer sua projeção de força econômica, cultural, ideológica e política em toda a extensão. Tal posição se consolidou com a “iniciativa para as Américas”[6]. O próximo passo seria agora a Europa.
Este fato não demorou a acontecer, e a porta de entrada dos EUA na Europa foi a Inglaterra.
A Inglaterra, então maior potência industrial, comercial , não mais investiu em novas tecnologias e mercados, vivendo apenas dos frutos plantados no passado e de suas técnicas de especulação financeira. Os EUA, em plena expansão e sem dinheiro para investir em sua infra-estrutura[7], utilizavam-se do capital inglês e figuravam como seu principal credor.
Porém, com o advento da Primeira Guerra Mundial em 1911, a Inglaterra não mais aplicou dinheiro na economia norte-americana porque começou a financiar seus gastos bélicos. Neste momento, os norte-americanos se tornaram o principal fornecedor de matéria-prima, armas, remédios, comida e soldados à Inglaterra e seu débito começou a ser saldado[8].
A guerra exigiu que a Inglaterra consumisse muito mais do que o crédito que possuía junto aos EUA. Ao final da guerra, a Inglaterra encontrava-se descapitalizada, devastada e devendo à sua ex-colônia.
Os EUA saem vitoriosos, juntamente com os demais aliados, e se inserem, definitivamente, no hall das grandes potências mundiais, além de se tornarem credores de grandes somas em dinheiro, fruto dos empréstimos de países europeus flagelados pela guerra. Assim, os EUA adquiriram, definitivamente sua notoriedade política e econômica em nível global.
De 1920 em diante, consolidaram-se ainda mais a posição norte-americana no cenário econômico mundial. O comércio passou por um crescimento brutal. A indústria, batia recordes de produção e, por outro lado, a Europa acumulava o que produzia para poder se reconstruir, motivo pelo qual se estagnou no quadro global.
Como os europeus voltaram seus saldos para a reconstrução, deixando antigos nichos desamparados, os EUA aproveitaram seus saldos e tomaram esses antigos mercados europeus, sendo que, pouco a pouco, começaram a se destacar entre as grandes potências mundiais.
Neste momento, a dependência européia à economia norte-americana era tão forte que o “crash” da Bolsa de Nova York, em 1929, trouxe um novo revés àquela economia, retardando ainda mais o reerguimento Europeu.
Não bastasse isso, em 1939 eclodiu a Segunda Guerra Mundial. A Europa que mal se refizera da Primeira Guerra, novamente se transformou no palco da Segunda Guerra Mundial. Por quase seis anos o Velho Continente foi novamente devastado e maltratado por todos os flagelos provenientes da guerra.
Mais uma vez, a presença norte-americana foi decisiva à sobrevivência do continente europeu. Depois de figurar-se apenas como fornecedor de insumos para a guerra, os EUA selam sua entrada no conflito, após o ataque japonês a Pearl Harbor, em 1941.
Foram mais quatro anos de carnificina, cujo ensejo se deu com o lançamento das bombas atômicas sobre Hiroshima e Nagasaki, em agosto de 1945. Com a rendição do Japão e da Itália, os ataques aliados foram concentrados na Alemanha. Poucas semanas depois, acabava a Segunda Guerra Mundial. Estima-se que, pelo menos, 50 milhões de vidas foram ceifadas no maior embate que a humanidade já experimentou.
Com o fim da Segunda Guerra Mundial, os Estados Unidos conquistaram o título de única superpotência mundial. A bomba atômica produziu, talvez, um impacto psicológico muito maior que geográfico, direcionando o mundo à aquisição desta nova tecnologia, tecnologia esta que se tornou o marco divisor entre os EUA e os demais países.
O título de única superpotência, o qual colocava os EUA em uma posição ímpar, durou apenas 4 anos. Em 1949 a então União Soviética explodiu sua primeira bomba atômica e um novo episódio político teve início na história da civilização. Inicia-se o capítulo histórico chamado: Guerra Fria. Neste mesmo ano inicia a Revolução Comunista na China. Agora, os EUA possuíam dois potenciais rivais grandes e distantes.
EUA e URSS começaram a disputar a supremacia! Além de obterem a superioridade econômica e política perante as demais nações, começou a luta ideológica entre a democracia liberal norte-americana e o socialismo conservador soviético.
Ambos começaram então a disputar parceiros estratégicos por todo o planeta, financiando intervenções, criando organizações – OTAN e Pacto de Varsóvia e fomentando guerras onde um tinha o outro como rival, como aconteceu no Vietnã – 1950 a 1975, em guerra com os EUA e financiado pela URSS e na Guerra do Afeganistão – 1980 a 1990, em guerra com a URSS e financiado pelos EUA.
As intervenções políticas e militares norte-americanas, dentro e fora do continente foram incessantes[9]. Sempre com o intuito de se auto-preservar, seu apoio às invasões, choques e golpes de estado não foram escassos.
Enquanto isto, na Europa, iniciava-se o plano de contenção do socialismo, pelo apoio ao Plano Marshal[10] e, na Ásia, houve a intervenção americana, através do Plano Colombo e participação nas guerras do Vietnã e Coréia.
2 CONJUNTURA
O ataque de 11 de setembro de 2001 a Nova York e Washington não só levou mais de 3.000 vidas humanas, mas também atingiu os símbolos financeiros, o World Trade Center, estratégico, o Pentágono e tudo indica que o quarto avião alcançaria o principal símbolo Político: a Casa Branca. O orgulho americano foi visceralmente atingido e a caçada ao inimigo estava para começar.
Neste diapasão, a carta da América[11] mexeu com os brios dos norte-americanos invocando-os a apoiar seu governo na luta contra um inimigo que mata sorrateiramente. Para tanto, foram prolixos ao analisarem as atitudes do inimigo e lacônicos ao analisarem as suas próprias. Talvez com o intuito de se dar ênfase ao crime cometido e, ao mesmo tempo, mostrar ao mundo que teria também suas razões.
Para construir a base de suas razões, os norte-americanos partiram de verdades, para eles, incontestáveis a toda raça humana:
[…] Afirmamos cinco verdades fundamentais referentes a todas a pessoas, se distinção:
1.Todos os seres humanos nascem livres e iguais em dignidade e direitos.
2.O objeto básico da sociedade é a pessoa humana, e o legítimo papel do governo é proteger e ajudar a fomentar as condições para a prosperidade humana.
3.Seres humanos desejam buscar a verdade somente o objetivo da vida e seus fins últimos.
4.Liberdade de consciência e liberdade religiosa são direito invioláveis da pessoa humana.
5.Matar em nome de Deus é contrário ã fé em Deus e é a maior traição da universalidade da fé religiosa. Lutamos pata nos defender e para defender esses princípios universais […].
Reconheceram, de forma tíbia, os erros que vêem praticando subliminarmente:
[…] Para muita gente, incluindo muitos americanos e muitos signatários desta carta, alguns valores as vezes vistos na América são feios e danosos (…) sabemos que, da parte de alguns de vocês, a desconfiança em nós é grande e sabemos que nós, americanos, somos parcialmente responsáveis por essa desconfiança. […] (grifos intencionais)
Supervalorizaram os atos praticados pelo inimigo:
[…] O líder da Al Qaeda descreveu os “abençoados ataques”de 11 de setembro como golpes contra a América, a “cabeça da infidelidade mundial”. […]
Por fim, com base no todo, chegaram a sua conclusão belicista:
[…] Uma guerra justa? – reconhecemos que toda guerra é terrível, representante extrema do fracasso da política humana. Sabemos também que a linha que divide o bem e o mal não passa entre uma sociedade e outra, muito menos entre uma religião e outra: em última análise, essa linha passa pelo meio do coração de todos os seres humanos. […].
Mais uma vez, a América valeu-se do Macarthismo[12] Imperialista para externalizar suas razões, o que me parece que vem a ser justamente um dos baluartes do agigantamento do antiamericanismo em todo mundo.
Diante deste quadro, questionamentos não faltaram a respeito da política internacional impressa e ditada pelos EUA, tais como: a violência, suas raízes fulcradas em um sistema econômico centralizado injusto, e conseqüentemente em um sistema geopolítico de péssima distribuição social, bem como em interesses políticos e econômicos mundiais dos grandes conglomerados financeiros, tecnológicos, industriais e, sobretudo, bélicos norte-americanos? É possível haver paz em um mundo onde liberdade e igualdade não são faces de uma mesma realidade[13]? Como podem os EUA insurgirem-se, empunhando a bandeira da justiça uma vez que não se submetem a organismos internacionais, por vezes por eles criados e incentivados, tais como a ONU, OMC, Tribunal Penal Internacional e outros?
Para Nietzsche, […] a verdade em geral significa apenas o que é apropriado à conservação da Humanidade. O que me faz perecer quando lhe dou fé não é verdade para mim: é uma relação arbitrária e legítima do meu ser com as coisas externas. […][14].
Em assim sendo, os americanos parecem acreditar, mesmo que tal crença tenha nascido de uma indução, que o que é apropriado à conservação da humanidade é o combate ao fundamentalismo religioso. Os “fundamentalistas”, por sua vez, parecem acreditar que o melhor para humanidade é o combate ao capitalismo dos americanos.
Como tem se mostrado através dos séculos, o comportamento odioso da verdade do mais forte prevaleceu sobre a verdade do mais fraco, e isto ocorreu nos impérios grego, romano e bárbaro, egípcio e hebreu, português, espanhol, francês, inglês, alemão e russo, relacionando-se alguns entre si e outros em relação às suas ex-colônias.
A agressividade imperialista da nação hegemônica, durante os tempos foi quase que uma regra. Não há nada de inédito na atual conjuntura. Como disse Marco Antonio Lopes, […] Aquilo que se apresenta como novidade é, em certos aspectos, apenas o velho, sob uma outra forma […][15]. Somente o velho que se apresenta com uma roupagem nova. O antigo modernizou-se. Dejà vu.
CONCLUSÃO
Durante os anos, os Estados Unidos praticaram uma série de atos, tanto interna como externamente, que levaram seus símbolos a adquirirem um valor pejorativo e, aos poucos estariam se prejudicando, tanto externa como internamente, pois:
[…] A Guerra contra o Mal está minando as próprias bases do Império Americano. Muitos outros impérios caíram por atitude semelhante. Foi o que ocorreu com o Império Soviético, por exemplo.
(…)
Os EUA inverteram a regra, no lugar do princípio da presunção de inocência, há a presunção de culpa.
(…)
Os outros Estados têm percebido que celebrar acordos com os EUA é inútil, já que eles irão desrespeitá-lo conforme sua conveniência. Com essa atitude de negação de direitos, os EUA perdem sua credibilidade no contexto internacional, […][16]
O isolacionismo americano atual, como o citado por VILHENA e DALLARI, ou histórico, como mostrado no primeiro capítulo deste trabalho, muito provavelmente mostre, de forma prospectiva, a tendência do curso a ser seguido pelo povo norte-americano. O porquê desta possível tendência, talvez tenha sua explicação no fragmento abaixo:
[…] Uma Weltanschauung sinistra dessa nova era foi muito bem expressada pelo demagogo nacionalista veneziano no romance de Michael Dibdin Dead Laggon:”Não é possível haver amigos verdadeiros. A menos que odiemos o que não somos, não podemos amar o que somos. Essas são as verdades antigas que estamos penosamente redescobrindo depois de um século de cantinelas sentimentais. Aqueles que as negam, negam sua família, sua herança sua cultura, seu direito inato, seus próprios seres! Eles não serão perdoados”. A lamentável verdade contida nessas verdades antigas não pode ser ignorada por estadistas e estudiosos. Os inimigos são essenciais para os povos que estão buscando sua identidade e reinventado sua etnia e as inimizades que têm um potencial mais perigoso estão situadas cruzando as linhas de fraturas entre as principais civilizações. […][17]. (Grifo nosso)
Desde seus primórdios, os EUA se colocaram a combater o que não era para preservar aquilo que eles eram, seja expulsando as grandes potências, tais como França, Inglaterra ou Espanha, no início de sua história, seja em sua participação nas duas Grandes Guerras, seja durante o período em que se estendeu a Guerra Fria, seja combatendo o terrorismo.
Em países emergentes, como Brasil, África do Sul, México, Rússia, China entre outros, a forma mais eficiente de manipulação popular, tendo em vista o atraso no sistema educacional e, por conseguinte, a ausência ou quase ausência da capacidade de julgamento pela maior parte da população, tem sido a própria ignorância.
Já em países onde a educação já atingiu patamares mais elevados, esta estratégia não funciona. A difusão do medo como forma de manipulação da opinião pública, tem se mostrado mais eficiente.
Porém, com o fim da antiga URSS, seu último inimigo poderoso deixou de existir. Então, como continuar explicando ao povo e aos demais países os elevados gastos militares? Como continuar explicando ao povo e aos demais países à disseminação da ideologia norte-americana através do “American Way of life”? Que álibi utilizar para explicar a máxima “Clausewitziana” de que o poder não se divide e de que “a guerra é a continuação da política por outros meios[18]”, para continuar se mantendo como a única superpotência, se não há mais inimigos potenciais?
O terrorismo vem justamente no momento em que havia uma lacuna a ser preenchida, um álibi a ser encontrado, um bode expiatório um hiato que se fazia necessário para que o poder continuasse nas mesmas mãos. Poder este que seria externalizado mesmo que, para tanto, se cassassem direitos fundamentais de um povo filho desta mesma nação.
Esta nova forma de terror traz um novo elemento que se fazia necessário para construir este nexo causal e constrói, com isso, um raciocínio lógico no que tange a sua pretensão, ou seja, a de se isolarem cada vez mais no topo.
Advogado formado pelo UNIMAR, especialista em Direito Especiais pela UNIVEM, especialista em Política e Estratégia pela USP, Mestrando em Teorias do Direito e do Estado pela UNIVEM e atualmente é professor de Direito Constitucional, Direito Internacional, Sociologia e Teoria Geral do Estado e Ciência Política nas Faculdades Integradas de Ourinhos – FIO.
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