O Ministro Márcio Thomaz Bastos

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Seria estupidez dizer que concordo com tudo o que pensa ou diz o Ministro Márcio Thomaz Bastos. Ao contrário. Seguramente há temas sobre os quais divirjo da posição do Ministro, como no caso da polêmica sobre a revelação da fonte de informação jornalística. Mas não poderia, por dever de justiça, deixar de manifestar-me diante dos ataques que, injustamente, vem sofrendo.

Não tenho e nunca tive qualquer simpatia pelo atual Governo. Ao contrário. Minha indignação só tem crescido desde o seu começo, quando inventou aquela história de fome zero, e, sobre essa tragédia que mata milhões de pessoas no mundo, ampliou seu discurso demagógico. E quem, além dos ignorantes e dos beneficiários, não se indignou com a corrupção revelada no seio de um partido político construído sobre o sacrifício de milhares de brasileiros que não passaram de massa de manobra e bucha para que uns poucos espertos se aboletassem no poder e dele usufruíssem de forma criminosa?

Mas isso não significa que todos os que estão no Governo sejam corruptos, incompetentes. Não tenho nenhuma dúvida ou qualquer receio ao afirmar que o Ministro Márcio Thomaz Bastos é uma dessas pessoas decentes, corretas, responsáveis, verdadeiramente amigas.

Advogado competente, cidadão consciente dos valores da cidadania, leal, é, talvez, a única pessoa confiável com quem o Presidente conta para ouvir orientação equilibrada.

Apesar de ser criminalista de renome, ter sido presidente da seccional paulista da Ordem dos Advogados do Brasil, vice-presidente e presidente do Conselho Federal da mesma OAB, é pessoa discreta, educada, de formação e conduta democráticas. Por isso, pouco virá à tona de quantas vezes tem poupado o Brasil de equívocos – para ser eufêmico – que poderiam ter sido cometidos pelo Presidente.

Um dos poucos casos que emergiram dos bastidores foi aquela estupidez da expulsão do jornalista Larry Rhoter, contornada pelo aconselhamento do Ministro da Justiça e, ainda bem, pelo bom senso do Presidente ao ouvir e seguir a orientação daquele Ministro que, mais do que Ministro, com certeza, tem sido amigo leal do Presidente,  o que, inevitavelmente, deve estar causando ciúme naqueles para quem a amizade se confunde com a bajulação.

Ouvi dizer que, entre seus críticos, estariam dirigentes da OAB. Ora, a direção da OAB, sob os próprios critérios que ela usa para criticar os outros, está sem autoridade moral para isso. Aliás, sua participação na campanha de combate à corrupção eleitoral é uma grande mentira e acabará por desacreditar a CNBB e outras instituições que participam do movimento, porque o exemplo que dirigentes da Instituição tem dado é exatamente o contrário do que pregam.

Não custa nada relembrar o caso da fraude de meio milhão de reais praticada pelos dirigentes da OAB-MA e da CAAMA, em 2003, cujo inquérito policial a OAB federal tentou trancar e impedir sua apuração. Fato esse omitido pelos seus dirigentes e não divulgado em seus veículos de comunicação com os advogados, que têm omitido, também, o fato de que os ex-dirigentes e atuais da OAB-MA e da CAAMA envolvidos naquela fraude foram indiciados pela Polícia Federal e os autos, na Justiça, foram remetidos para o Tribunal Regional Federal da 1ª. Região porque um dos indiciados, agora Secretário de Segurança do Maranhão, goza de foro privilegiado.

Ademais, como dar credibilidade a uma instituição que está integrada a um governo que ela mesma, antes, denunciou ter sido eleito sob o manto da fraude e da corrupção nunca apurados? É coerente a união dos iguais, mas essa soma não purifica nem redime.

Só merece credibilidade quem tem a conduta compatível com o que prega. O Ministro da Justiça é dessa estirpe. Que se discorde dele. Inclusive de suas amizades. Mas que se respeite sua conduta responsável e leal.

 


 

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Carlos Nina

 

 


 

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