Desconstruindo a discriminação: a hora dos negros brasileiros

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Todavia, nem tudo são flores e nem mesmo os cânones revolucionários do novo tempo conseguiram solucionar os grandes temas que foram relegados em segundo plano ou que não receberam atenção. O formato do noviço tempo é incompatível com as velharias e os entulhos retrógrados do passado. Para colocar-se por inteiro, pronto e habilitado para conviver com o tempo atual é indispensável superar, corrigir e deixar no seu devido lugar, no passado, ideologias, dogmas, teses e posições políticas ou de qualquer outra natureza que, justamente, foram o motor e o motivo dessa novíssima construção.

Desigualdade e discriminação racial, temas de profundo impacto na trajetória histórica brasileira, foram tratados com desapreço e desinteresse pelo país e, agora, coloca todos os brasileiros diante do indubitável: a hora e a vez dos negros brasileiros.

Os acalorados debates que perpassam todo o país na discussão do Estatuto da Igualdade Racial na atualidade e de Cotas, dão a dimensão e coloca-se por inteiro a amplitude do desafio extraordinário que, certamente, submeterá aos mais rigorosos testes os fundamentos e a solidez das instituições republicanas, assim como a capacidade de criação e execução por parte de todos os atores vivos do país, de soluções justas, efetivas e permanentes que em curto, médio e longo prazos conduzam ao lugar necessário e imperativo nos espaços sócio, econômico, político e cultural.

Instalação do ódio racial. Violação do princípio Constitucional da Igualdade. Racialização de questão social. Supressão do princípio do Mérito. Determinação de critério racial frente ao critério legal. Inexistência de raça do ponto de vista científico. Impossibilidade de determinar quem é negro num país miscigenado. Os quotistas irão rebaixar a qualidade da universidade pública. A autoclassificação irá instituir um tribunal racial. Racismo às avessas tem sido a média dos argumentos contrários e, muito desses argumentos sustentados por aqueles que ao longo de todo esse tempo não levantaram uma palha qualquer para pensar, apresentar propostas sérias e honestas para sua solução, sob a justificativa de que as coisas são e sempre foram assim para o bem geral da nação.

Tem sido assim, nos últimos 118 anos desde a abolição da escravatura. Somente foi diferente, durante os 350 anos da escravidão. O fato é que chegou a hora da construção. O tempo não cura fratura exposta e nem as maravilhas do novo mundo serão capazes de deitar por terra providências estruturais que são os pilares onde se assentam a grande construção nacional.

Será preciso muito mais! Muito mais empenho, muito mais disposição, muito mais vontade, muito mais trabalho, muito mais honestidade, muito mais sinceridade e, especialmente, muito mais capacidade de criação e realização para construção da nova fisionomia para o novo tempo, de um povo e um país marcado pela desigualdade e pela discriminação racial contra os negros, metade da população do país.

O novo mundo exige de todos os povos que realizem sua lição de casa, suficiente para promover coesão, a união e a extensão a todos seus partícipes dos valores humanitários e sociais.

O Brasil precisará escolher o caminho a seguir: manter intocado o privilégio de poucos, colocar-se de costas ao profundo descolamento e a ruptura do seu tecido social, fazer ouvidos moucos a vozes roucas do subterrâneo, assistir inerte e indiferente a formação de tsunamis embalados pelo abandono, pela descrença, pela falta de perspectiva e pela confirmação do determinismo deliberado da sua subalternidade social, que levará todos ao precipício.

Igualdade de oportunidades e participação na vida nacional asseguradas por ações e medidas efetivas, objetivas e eficazes que permitam fundir os dois brasis e, definitivamente, debelar de uma vez por todas a grande chaga que sempre corroeu a possibilidade da felicidade geral da nação e de todos os seus filhos, que reconstruirá o respeito à pessoa humana, indiferente da cor da sua pele e a união de uma nação dividida entre muitos que sempre tiveram tudo e o negro brasileiro que nunca teve nada.

 


 

Informações Sobre o Autor

 

José Vicente

 

Presidente da Afrobras e reitor da Universidade da Cidadania Zumbi dos Palmares

 


 

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