O diplomata Blair

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O Embaixador Roberto Campos costumava
dizer que a diplomacia é a arte de ver ‘antes’, não necessariamente de ver
‘mais’. E nunca ver ‘demais’. Os últimos acontecimentos mostram que o
primeiro-ministro Tony Blair possui a preciosa
qualidade da inteligência diplomática. Em virtude desta, o premiê britânico
está posicionando a Inglaterra como a principal articuladora internacional na
ofensiva aliada contra o terrorismo. Blair está
expandindo sua liderança além dos limites do Reino Unido.

Logo após os cruéis ataques contra o
mundo em solo americano, no dia 11 de setembro, as primeiras palavras de
solidariedade e alinhamento com os Estados Unidos vieram do Reino Unido. O
reconhecimento americano veio nas palavras do presidente Bush quando discursava
no Capitólio, dirigindo-se a Blair,
e agradecendo o apoio do povo britânico, representados ali por um verdadeiro
amigo. Naquele momento, o mundo assistia a consolidação formal da aliança entre
dois povos irmãos, de mesma origem. Um momento para ficar na história.

O Primeiro-Ministro deixou Washington
com uma missão clara: a articulação de uma grande rede de cooperação
internacional contra o terrorismo. Obteve sucesso na Europa. Jack Straw, ministro das Relações
Exteriores inglês, conseguiu formar a coalizão necessária dentro da Otan. Com
tarefas estabelecidas, Washington e Londres costuraram a coalizão e o respaldo
necessário para iniciar a ofensiva militar em alvos logísticos do Afeganistão
com o intuito de neutralizar o poder armado do Taleban.
Contudo, a parte mais delicada da operação ainda estava por vir. Era preciso
acalmar os ânimos dos países vizinhos de origem muçulmana.

Então, Blair
se dirigiu ao Sultanato de Omã, Paquistão, Rússia, Índia, Egito, concedeu
entrevistas para canais de televisão locais, especialmente para emissora Al Jazira do Qatar. No retorno a
Londres recebeu Yasser Arafat e o rei da Jordânia, Abdulla II. O premiê britânico asfaltou a estrada por onde passa Colin Powell, secretário de
Estado norte-americano, com vistas a consolidar o apoio dos grupos moderados à
ofensiva aliada multilateral, isolando os grupos extremistas.

A conversa com Arafat na Downing Street nº10 foi
histórico. Logo após do 11º encontro do premiê inglês com o líder da Autoridade
Palestina durante seus 5 anos como chefe de governo, a Inglaterra declarou
apoio a constituição do Estado Palestino. Mostrando
total sintonia, Washington, do outro lado do Oceano Atlântico fazia a mesma declaração.

Tony Blair e
a Grã-Bretanha conhecem muito bem os horrores do terrorismo. Londres já sofreu
inúmeras vezes com a violência orquestrada pelo grupo terrorista IRA (exército
republicano irlandês). A história mostra que o atual gabinete inglês tem
buscado incansavelmente uma solução para o conflito entre católicos e
protestantes na Irlanda.

O alinhamento entre Londres e
Washington não é uma surpresa. Os ingleses e americanos tem muito em comum. Além da
mesma origem, os laços econômicos e políticos que ligam os dois países são
muito fortes. Além de os ingleses ainda se lembrarem da ajuda fundamental
fornecida pelos americanos durante a segunda guerra mundial, evitando que o
poder nazista dominasse Londres e conquistasse a Europa, Blair
sabe que o mal deve ser exterminado quando ainda encontra-se em estágio
inicial. Foi a inércia em deter Hitler que
deixou o nazismo se expandir. EUA e Reino Unido sabem que quando se tornam
aliados sua força aumenta. Blair percebeu isto, e
apesar de possuir diferenças quanto algumas posições republicanas, deixou-as de lado e alinhou-se com o Bush, pois os laços que
unem os dois países são mais fortes do que qualquer governo. A diferença do
grande estadista se encontra nestes pequenos detalhes. Blair,
com a aprovação de 88% dos britânicos, uma popularidade comparável a de Churchill, sabe disto e trouxe Londres para centro das
decisões mundiais novamente.

 


 

Informações Sobre o Autor

 

Márcio C. Coimbra

 

advogado, sócio da Governale – Políticas Públicas e Relações Institucionais (www.governale.com.br). Habilitado em Direito Mercantil pela Unisinos. Professor de Direito Constitucional e Internacional do UniCEUB – Centro Universitário de Brasília. PIL pela Harvard Law School. MBA em Direito Econômico pela Fundação Getúlio Vargas. Especialista em Direito Internacional pela UFRGS. Mestrando em Relações Internacionais pela UnB.
Vice-Presidente do Conil-Conselho Nacional dos Institutos Liberais pelo Distrito Federal. Sócio do IEE – Instituto de Estudos Empresariais. É editor do site Parlata (www.parlata.com.br) articulista semanal do site www.diegocasagrande.com.br e www.direito.com.br. Tem artigos e entrevistas publicadas em diversos sites nacionais e estrangeiros (www.urgente24.tv) e jornais brasileiros como Jornal do Brasil, Gazeta Mercantil, Zero Hora, Jornal de Brasília, Correio Braziliense, O Estado do Maranhão, Diário Catarinense, Gazeta do Paraná, O Tempo (MG), Hoje em Dia, Jornal do Tocantins, Correio da Paraíba e A Gazeta do Acre. É autor do livro “A Recuperação da Empresa: Regimes Jurídicos brasileiro e norte-americano”, Ed. Síntese – IOB Thomson (www.sintese.com).

 


 

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