Finalizar o processo de inventário é uma etapa crucial para organizar e dividir os bens de uma pessoa falecida entre seus herdeiros. No entanto, depois de finalizado o inventário, muitas pessoas se perguntam quais são as ações necessárias para que os herdeiros possam, de fato, usufruir dos bens herdados. Neste artigo, vamos detalhar os principais passos que devem ser seguidos após o término do inventário, desde a regularização dos registros até as obrigações fiscais, explicando o que fazer para garantir que a partilha seja completa e os bens possam ser gerenciados pelos herdeiros.
O que acontece quando o inventário é finalizado
O inventário é considerado encerrado quando a partilha dos bens é aprovada pelo juiz, em casos de inventário judicial, ou quando a escritura pública de partilha é registrada em cartório, nos casos de inventário extrajudicial. Isso significa que os bens foram oficialmente distribuídos conforme os critérios legais ou acordos firmados entre os herdeiros.
No entanto, mesmo com o inventário concluído, há uma série de etapas a serem realizadas para que a propriedade dos bens seja devidamente transferida e registrada. Sem essas providências, os herdeiros não conseguem, por exemplo, vender, alugar ou utilizar os bens de forma legalizada, o que torna a continuidade dos processos de regularização fundamental.
Registro de imóveis em nome dos herdeiros
Uma das principais tarefas após a conclusão do inventário é registrar os imóveis herdados no nome dos herdeiros. Esse processo é feito no cartório de registro de imóveis correspondente a cada propriedade e requer a apresentação da carta de adjudicação (para inventários judiciais) ou da escritura de partilha (para inventários extrajudiciais).
O registro de imóveis é essencial para oficializar a propriedade, permitindo que os herdeiros possam realizar transações como venda ou locação de forma legalizada. Para realizar essa atualização, os herdeiros precisam apresentar a documentação correta e pagar as taxas de registro no cartório. Sem essa formalização, a posse do imóvel pode não ser reconhecida legalmente, dificultando qualquer operação futura com o bem.
Transferência de automóveis no Detran
Após o inventário, os herdeiros também precisam transferir a titularidade dos veículos herdados para os seus nomes. Esse procedimento deve ser realizado junto ao Detran do estado onde o veículo está registrado, exigindo a apresentação de documentos como a certidão de óbito, a carta de adjudicação ou a escritura de partilha, além do Certificado de Registro de Veículo (CRV).
O Detran pode solicitar o pagamento de taxas de transferência e a realização de uma vistoria do veículo, dependendo das regras de cada estado. Realizar essa transferência é necessário para que os herdeiros possam ter plena propriedade sobre o automóvel e possam vendê-lo ou licenciá-lo sem complicações. Manter o veículo no nome do falecido pode gerar problemas em fiscalizações e impedir a atualização dos documentos.
Acesso e encerramento de contas bancárias
Com o inventário finalizado, os herdeiros podem acessar e encerrar as contas bancárias do falecido, além de retirar ou transferir os saldos para suas próprias contas. Esse procedimento deve ser realizado diretamente nos bancos onde as contas estavam abertas, mediante a apresentação da documentação que comprova a conclusão do inventário, como a escritura pública ou a carta de adjudicação.
Cada banco pode ter exigências diferentes para liberar os saldos, podendo requerer a certidão de óbito e documentos de identificação dos herdeiros. É importante consultar a instituição financeira para garantir que todos os documentos necessários sejam apresentados, facilitando o acesso aos valores e o encerramento das contas.
Regularização de tributos e impostos pendentes
Após o inventário, é crucial que os herdeiros regularizem o pagamento de impostos, como o Imposto de Transmissão Causa Mortis e Doação (ITCMD), que incide sobre a transmissão de bens. Embora o ITCMD geralmente seja pago durante o processo de inventário, pode haver débitos que ainda precisam ser quitados para que a partilha seja definitivamente regularizada.
Além disso, os herdeiros devem verificar e quitar eventuais débitos de IPTU, IPVA e outras taxas relacionadas aos bens herdados. Manter os tributos em dia é fundamental para evitar problemas fiscais futuros e garantir que a titularidade dos bens seja reconhecida sem restrições.
Atualização cadastral de imóveis e veículos
Após receberem os bens por meio do inventário, os herdeiros precisam atualizar os registros dos imóveis e veículos junto aos órgãos públicos responsáveis, como prefeituras e cartórios. A atualização dos dados cadastrais dos imóveis é importante para que a cobrança do IPTU passe a ser emitida em nome dos novos proprietários, garantindo que as responsabilidades fiscais sejam devidamente atribuídas aos herdeiros.
A falta de atualização cadastral pode gerar dificuldades na administração dos bens, como problemas na emissão de documentos e na cobrança de taxas. Por isso, essa etapa é importante para formalizar a titularidade dos bens herdados e evitar futuras complicações.
Formalização da meação do cônjuge sobrevivente
Quando o cônjuge sobrevivente tem direito à meação, ou seja, à parte dos bens que eram comuns ao casal, é importante que ele providencie a regularização dessa parte após o inventário. A meação diz respeito aos bens que já pertenciam ao cônjuge sobrevivente e, por isso, não integram a herança a ser dividida entre os demais herdeiros.
Para regularizar a meação, o cônjuge precisa registrar sua parte dos bens, principalmente imóveis e veículos, de forma adequada. Esse procedimento é necessário para garantir que ele tenha todos os direitos sobre os bens que já lhe pertenciam antes do falecimento do cônjuge, permitindo que ele administre ou negocie esses bens conforme desejar.
Venda de bens herdados
Com a conclusão do inventário e a devida regularização dos bens, os herdeiros estão autorizados a vender os bens recebidos, como imóveis e veículos. Antes de efetuar a venda, é essencial que todos os registros estejam atualizados e que todas as pendências, como pagamento de impostos e taxas, estejam quitadas.
Para a venda de um imóvel, por exemplo, é necessário apresentar a escritura de partilha registrada e as certidões que comprovem a regularidade do bem junto ao cartório de registro de imóveis. A mesma lógica se aplica a veículos, que precisam ter a transferência concluída junto ao Detran antes de serem negociados. Essa regularização prévia garante uma transação segura e evita problemas futuros para os compradores.
Quitação de dívidas pendentes do falecido
Mesmo com a partilha dos bens concluída, é possível que existam dívidas deixadas pelo falecido que ainda precisam ser quitadas. Antes de assumir a plena titularidade dos bens, os herdeiros devem assegurar que essas dívidas sejam pagas, principalmente se elas forem de natureza hipotecária ou relacionada a financiamentos.
A quitação de obrigações pendentes é essencial para que os herdeiros não sejam surpreendidos com cobranças futuras. Esse cuidado garante que os bens herdados possam ser administrados sem riscos e que a partilha tenha ocorrido de forma justa e conforme os direitos de credores e herdeiros.
Considerações finais
Finalizar o inventário é um marco importante na regularização do patrimônio deixado por uma pessoa falecida, mas é apenas parte do processo para garantir que os herdeiros possam usufruir plenamente dos bens. Seguir os passos de regularização, registros e quitação de tributos é essencial para assegurar que a transferência dos bens ocorra de forma legal e sem contratempos.
A orientação de um advogado especializado em direito sucessório pode ser crucial para garantir que todas as etapas sejam cumpridas de maneira correta, evitando erros que possam prejudicar os herdeiros no futuro. Dessa forma, a partilha dos bens se torna um processo transparente e respeitoso, honrando a memória do falecido e garantindo a segurança patrimonial dos herdeiros.