CID M16 Dá Direito à Aposentadoria?

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A coxartrose, codificada na Classificação Internacional de Doenças (CID) como M16, é uma condição degenerativa crônica que afeta a articulação do quadril. Caracterizada pelo desgaste da cartilagem que reveste as extremidades dos ossos, a coxartrose pode levar a dor intensa, rigidez e limitações significativas de movimento, impactando diretamente a qualidade de vida e a capacidade laboral dos indivíduos. Diante de um diagnóstico de CID M16, muitos trabalhadores se questionam: a coxartrose (CID M16) dá direito à aposentadoria? A resposta, no âmbito do direito previdenciário brasileiro, é fundamentalmente condicionada à incapacidade laborativa que a doença provoca. Ou seja, o diagnóstico de CID M16, por si só, não garante automaticamente a concessão de benefícios como o auxílio-doença (atual benefício por incapacidade temporária) ou a aposentadoria por invalidez (atual benefício por incapacidade permanente). O que realmente importa para o Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) é se a condição causa um impedimento que impossibilita o trabalhador de exercer suas atividades habituais ou qualquer outra atividade compatível com suas limitações. Este artigo explorará em profundidade a coxartrose (CID M16), seus aspectos médicos, a legislação previdenciária aplicável, o papel crucial da perícia médica, e a jurisprudência, fornecendo um guia completo para quem busca entender o tema.


Índice do artigo

Entendendo a Coxartrose (CID M16): Aspectos Médicos e Sintomatologia

Para uma compreensão completa das implicações previdenciárias do CID M16, é essencial primeiro entender o que é a coxartrose sob a perspectiva médica. O código M16 na Classificação Internacional de Doenças (CID-10) refere-se especificamente à coxartrose [artrose do quadril], cobrindo desde a coxartrose primária (desconhecida a causa específica) até as secundárias (associadas a outras condições).

A Articulação do Quadril e a Degeneração Cartilaginosa

A articulação do quadril é uma das maiores e mais importantes do corpo humano, sendo do tipo “bola e soquete”. É formada pela cabeça do fêmur (osso da coxa, que se assemelha a uma bola) e pelo acetábulo (uma cavidade na pelve, que funciona como um soquete). Ambas as superfícies ósseas são revestidas por uma cartilagem articular lisa e escorregadia, que permite o movimento sem atrito e atua como um amortecedor de impactos.

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A coxartrose é uma forma de osteoartrite (ou artrose) que afeta essa articulação. Ela se caracteriza pelo desgaste progressivo da cartilagem articular do quadril. Com o tempo, essa cartilagem se torna áspera, adelgaça e pode desaparecer em certas áreas, expondo o osso subjacente. Quando o osso entra em contato direto com o osso, causa dor, inflamação e danos adicionais.

Causas e Fatores de Risco para a Coxartrose:

A coxartrose pode ser classificada como primária (idiopática, ou seja, sem causa conhecida específica, geralmente associada ao envelhecimento) ou secundária (resultante de outras condições). Os principais fatores de risco incluem:

  1. Envelhecimento: É a causa mais comum da coxartrose primária. Com a idade, a cartilagem se desgasta naturalmente.
  2. Genética: Há uma predisposição hereditária para o desenvolvimento de artrose.
  3. Traumas e Lesões Anteriores: Fraturas no quadril, luxações, ou lesões por esporte podem danificar a articulação e predispor à coxartrose secundária.
  4. Doenças Infantis do Quadril: Condições como a displasia do desenvolvimento do quadril (DDQ) ou a doença de Legg-Calvé-Perthes, se não tratadas adequadamente, podem levar à artrose na vida adulta (coxartrose secundária).
  5. Sobrecarga Articular:
    • Obesidade: O excesso de peso aumenta significativamente a carga sobre as articulações do quadril, acelerando o desgaste.
    • Atividades Físicas de Alto Impacto: Embora o exercício seja benéfico, atividades de alto impacto repetitivo podem contribuir para o desgaste em pessoas predispostas.
    • Profissões de Alto Esforço: Trabalhos que exigem levantamento de peso constante, longos períodos em pé, caminhada excessiva ou movimentos repetitivos do quadril podem sobrecarregar a articulação.
  6. Deformidades Articulares: Anormalidades congênitas ou adquiridas na estrutura do quadril que causam um encaixe imperfeito na articulação.
  7. Doenças Inflamatórias ou Reumáticas: Artrite reumatoide, espondilite anquilosante, lúpus, entre outras, podem danificar a cartilagem e levar à coxartrose secundária.
  8. Osteonecrose da Cabeça do Fêmur: Morte do tecido ósseo na cabeça do fêmur devido à interrupção do suprimento sanguíneo, que pode levar ao colapso da cabeça femoral e consequente coxartrose.

Sintomas da Coxartrose:

Os sintomas da coxartrose geralmente se desenvolvem lentamente e pioram com o tempo. Eles podem incluir:

  • Dor no Quadril: É o sintoma mais comum. A dor pode ser sentida na virilha, na parte externa da coxa, nas nádegas, e pode irradiar para o joelho. Inicialmente, a dor pode ser pior após atividade física ou no final do dia. Com a progressão, a dor pode se tornar constante, mesmo em repouso, e interferir no sono.
  • Rigidez: Especialmente pela manhã ou após períodos de inatividade. A rigidez pode dificultar o início do movimento.
  • Limitação de Movimento: Dificuldade em realizar movimentos como levantar a perna, virar o pé para fora, abdução (afastar a perna do corpo), ou rodar o quadril. Isso pode dificultar atividades simples como calçar meias e sapatos, cortar as unhas dos pés, entrar e sair de carros ou banheiras.
  • Crepitação: Sons de “rangido” ou “estalos” na articulação durante o movimento.
  • Claudicação (Manqueira): Devido à dor e à rigidez, o paciente pode começar a mancar ao caminhar.
  • Encurtamento do Membro: Em casos avançados, a perda de cartilagem e a deformidade óssea podem levar ao encurtamento da perna afetada.

O diagnóstico da coxartrose é feito por meio de exames de imagem (radiografias, ressonância magnética) e avaliação clínica do médico. O tratamento, quando necessário, visa aliviar os sintomas e melhorar a qualidade de vida, podendo incluir fisioterapia, medicamentos, infiltrações e, em casos mais graves e avançados, cirurgia de substituição total do quadril (artroplastia). Para fins previdenciários, o foco estará sempre na intensidade dos sintomas e no impacto funcional na capacidade do indivíduo de trabalhar.


O Conceito de Incapacidade Laborativa e sua Relação com o CID M16

No sistema previdenciário brasileiro, o direito a benefícios como o auxílio-doença (agora chamado de benefício por incapacidade temporária) e a aposentadoria por invalidez (atual benefício por incapacidade permanente) não é concedido apenas com base no diagnóstico de uma doença. O ponto central da análise é a incapacidade laborativa que essa doença provoca no segurado. No caso da coxartrose (CID M16), essa distinção é crucial: a simples presença da doença não garante o benefício; é a sua consequência funcional que importa.

Distinguindo Doença e Incapacidade Laborativa:

  • Doença: Refere-se à condição patológica em si, diagnosticada por um médico. No caso, a coxartrose (CID M16). Uma pessoa pode ter coxartrose em estágio inicial, com pouca dor ou limitação, e continuar plenamente capaz de trabalhar.
  • Incapacidade Laborativa: É a impossibilidade de o segurado exercer sua atividade profissional habitual ou qualquer outra atividade compatível com suas qualificações e experiência, em decorrência da doença ou do acidente. A Previdência Social só concede benefícios quando a coxartrose gera uma limitação funcional tão severa que impede o trabalhador de desempenhar suas funções.

Tipos de Incapacidade Avaliados pelo INSS:

  1. Incapacidade Temporária:

    • É a condição na qual o segurado está temporariamente impossibilitado de exercer sua atividade habitual, com expectativa de recuperação e retorno ao trabalho.
    • Se reconhecida, concede o auxílio-doença (benefício por incapacidade temporária).
    • Na coxartrose, isso pode ocorrer em fases de agudização da dor, após procedimentos cirúrgicos (como artroscopia ou artroplastia total do quadril em fase de recuperação), ou durante um período de tratamento intensivo que impede o trabalho.
  2. Incapacidade Permanente:

    • Caracteriza-se pela impossibilidade total e definitiva de o segurado exercer qualquer tipo de atividade que lhe garanta a subsistência, e sem perspectiva de recuperação ou reabilitação para outra profissão.
    • Se reconhecida, concede a aposentadoria por invalidez (benefício por incapacidade permanente).
    • Para a coxartrose, a aposentadoria por invalidez é considerada em casos muito avançados e severos, onde a dor é refratária, a limitação de movimento é extrema, e a cirurgia (artroplastia total do quadril) já foi realizada sem sucesso ou é contraindicada, tornando o segurado permanentemente inapto para qualquer tipo de trabalho. Fatores como a idade do segurado, sua escolaridade e a dificuldade de reabilitação profissional são fortemente considerados aqui.

Como a Coxartrose (CID M16) Pode Levar à Incapacidade:

A coxartrose pode gerar incapacidade laborativa de diversas formas, dependendo da sua intensidade e do seu impacto nos movimentos e na dor:

  • Dor Crônica e Limitante: A dor no quadril, especialmente ao caminhar, levantar, sentar ou realizar movimentos específicos, pode ser tão intensa que impede o segurado de manter a jornada de trabalho, afetando a concentração e o desempenho.
  • Rigidez Articular: A rigidez, principalmente matinal, pode dificultar o início do movimento e a execução de tarefas que exigem flexibilidade ou agilidade.
  • Limitação de Movimento: A perda de amplitude de movimento no quadril impede a realização de atividades que exigem agachamento, subida de escadas, longas caminhadas, permanência em pé, sentar por períodos prolongados, ou movimentos de rotação do tronco, inviabilizando profissões que demandam essas habilidades (ex: pedreiros, faxineiros, motoristas, vendedores, agricultores).
  • Claudicação (Manqueira): A claudicação persistente impacta a mobilidade e o equilíbrio, tornando perigoso ou impossível o desempenho de funções que exigem deslocamento constante ou segurança ao caminhar.
  • Cronicidade e Refratariedade ao Tratamento: Quando a coxartrose está em estágio avançado, e mesmo após tratamentos conservadores (fisioterapia, medicamentos, infiltrações) ou cirúrgicos (artroplastia), a dor e as limitações persistem de forma incapacitante.

É fundamental que o segurado e seus documentos médicos demonstrem de forma clara e objetiva como esses sintomas impactam diretamente sua capacidade de desempenhar as funções de sua profissão. Para o INSS, a mera presença do CID M16 sem a comprovação do impacto funcional é insuficiente para a concessão de benefícios.


Requisitos Previdenciários para Concessão de Benefícios por Incapacidade

Para que um segurado do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) tenha direito a um benefício por incapacidade (seja o auxílio-doença ou a aposentadoria por invalidez) em decorrência da coxartrose (CID M16), além da já discutida incapacidade laborativa, é fundamental que ele preencha outros requisitos básicos previstos na Lei nº 8.213/91, que rege os Planos de Benefícios da Previdência Social.

  1. Qualidade de Segurado: O segurado precisa estar filiado ao Regime Geral de Previdência Social (RGPS) no momento em que a incapacidade para o trabalho se manifesta. A qualidade de segurado é mantida enquanto a pessoa está trabalhando e realizando suas contribuições mensais para o INSS (seja como empregado, contribuinte individual, facultativo, MEI, etc.). Mesmo após a interrupção das contribuições, o segurado pode manter a qualidade de segurado por um período conhecido como “período de graça”, que é um tempo adicional de cobertura previdenciária. Esse período varia conforme a situação:

    • 12 meses após a cessação das contribuições, para segurados em geral.
    • 24 meses para quem já pagou mais de 120 contribuições mensais sem perda da qualidade de segurado.
    • 36 meses para quem já pagou mais de 120 contribuições e está em situação de desemprego involuntário, devidamente comprovado (com registro no SINE ou recebimento de seguro-desemprego).
    • 12 meses após o término de benefício por incapacidade.
    • Enquanto estiver recebendo benefício por incapacidade.

    É fundamental que a data de início da incapacidade (DII) esteja dentro desse período de graça, caso o segurado não esteja trabalhando e contribuindo no momento.

  2. Carência: A carência é o número mínimo de contribuições mensais que o segurado precisa ter pago ao INSS para ter direito a um determinado benefício.

    • Para o auxílio-doença (benefício por incapacidade temporária), a carência exigida é de 12 (doze) contribuições mensais.
    • Para a aposentadoria por invalidez (benefício por incapacidade permanente), a carência também é de 12 (doze) contribuições mensais.

    Exceções à Carência: Em algumas situações específicas, a carência pode ser dispensada. Isso ocorre em casos de:

    • Acidentes de qualquer natureza: Incluindo acidentes de trabalho e doenças profissionais (ou do trabalho). Se a coxartrose for comprovadamente uma doença do trabalho (por exemplo, desenvolvida ou agravada por condições de trabalho que exigiam sobrecarga constante no quadril, como para um carregador de peso, um minerador, etc., e haja um nexo causal comprovado), a carência pode ser dispensada.
    • Doenças graves especificadas em lista do Ministério da Saúde e do Ministério do Trabalho e Previdência: Essa lista inclui doenças como cegueira, cardiopatia grave, AIDS, Parkinson, esclerose múltipla, entre outras. A coxartrose (CID M16), por si só, não está incluída nessa lista de doenças que dispensam carência, a menos que seja uma forma de artrite reumatóide ou outra doença reumática que conste da lista e que cause a coxartrose secundária.

Aplicação do CID M16 Frente aos Requisitos:

  • Qualidade de Segurado: Se a coxartrose e suas complicações se manifestarem de forma a gerar incapacidade enquanto o segurado está trabalhando ou no período de graça, esse requisito será atendido.
  • Carência: Geralmente, o segurado com coxartrose precisará ter as 12 contribuições mensais. A dispensa de carência é uma exceção e requer a comprovação de um nexo causal com o trabalho, ou que a coxartrose seja uma manifestação de uma doença grave já listada.

Portanto, a combinação da qualidade de segurado, carência (ou sua dispensa em casos específicos) e, acima de tudo, a comprovação detalhada e objetiva da incapacidade laborativa são os pilares para o sucesso na solicitação de um benefício por incapacidade devido à coxartrose (CID M16) e suas implicações.


A Perícia Médica do INSS: O Ponto Decisivo para o CID M16

A perícia médica do INSS é, sem sombra de dúvidas, o momento mais crucial e determinante para o segurado que busca um benefício por incapacidade em decorrência da coxartrose (CID M16). É nessa avaliação que o médico perito do INSS irá verificar se a condição de saúde do segurado realmente gera uma incapacidade para o trabalho, conforme os critérios da Previdência Social. É fundamental entender que o perito do INSS tem uma função diferente do médico assistente: sua missão não é tratar a doença, mas sim atestar a existência e a extensão da incapacidade laborativa.

O Processo da Perícia:

  1. Análise Documental: O perito inicia a perícia revisando todos os documentos médicos que o segurado levou. A clareza, a completude, a organização e a relevância desses documentos são vitais para embasar a decisão.
  2. Anamnese (Entrevista): O perito fará uma série de perguntas ao segurado. É fundamental ser honesto, objetivo e detalhado ao descrever:
    • Histórico da dor: Quando começou, sua intensidade (em escala de 0 a 10), frequência, irradiação (se vai para a virilha, coxa, joelho), o que melhora e o que piora a dor (por exemplo, piora ao caminhar, subir escadas, levantar de uma cadeira).
    • Outros sintomas: Rigidez (principalmente matinal ou após repouso), limitação de movimento (dificuldade em calçar sapatos, cortar unhas dos pés, entrar e sair de carros), claudicação (manqueira), crepitação.
    • Tratamentos realizados: Quais medicamentos foram usados (doses, frequência), sessões de fisioterapia (quantas, por quanto tempo, e qual a resposta), hidroginástica, acupuntura, infiltrações, cirurgias (artroplastia total do quadril, artroscopia), e qual foi o resultado desses tratamentos (se houve melhora, se a dor persiste, se há sequelas).
    • Impacto nas atividades diárias: Como a dor e as limitações no quadril afetam atividades simples do dia a dia, como caminhar, subir/descer escadas, sentar por períodos, levantar-se, higiene pessoal.
    • Impacto nas atividades laborais: Este é o ponto mais importante. O segurado deve explicar de forma clara e específica quais tarefas de sua profissão ele não consegue mais realizar ou realiza com grande dificuldade e dor por causa da coxartrose. Ex: “Sou pedreiro e não consigo mais agachar, levantar sacos de cimento ou carregar pesos devido à dor intensa no quadril e à limitação de movimento.” ou “Sou motorista e não consigo permanecer sentado por mais de X horas devido à dor no quadril que irradia para a perna e dificuldade para pisar na embreagem/freio.”
  3. Exame Físico: O perito realizará manobras e testes para avaliar a amplitude de movimento do quadril (flexão, extensão, abdução, adução, rotação interna e externa), a presença de dor à palpação, a força muscular dos membros inferiores, a presença de encurtamento do membro ou assimetria e a forma de caminhar (observando a claudicação).

O Que o Perito Busca na Avaliação do CID M16:

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O diagnóstico de coxartrose por si só não é o foco. O perito buscará evidências objetivas de que a coxartrose causa:

  • Dor Crônica e Refratária: Dor intensa e persistente que não é adequadamente controlada pelos tratamentos conservadores (medicamentos, fisioterapia) ou que persiste mesmo após cirurgias.
  • Limitação Funcional Significativa: Impossibilidade de realizar movimentos essenciais para a sua profissão, ou para qualquer outra atividade compatível. A rigidez, a dor ao movimento e a claudicação devem ser evidentes e impeditivas.
  • Exames de Imagem Corroborando os Sintomas: Os laudos de radiografias, tomografias ou ressonâncias magnéticas (que mostram o desgaste da cartilagem, osteófitos, cistos, esclerose óssea, diminuição do espaço articular, etc.) devem ser consistentes com a gravidade dos sintomas relatados.
  • Prognóstico Desfavorável: Se a condição é progressiva e sem perspectiva de recuperação da capacidade funcional, ou se os tratamentos já esgotados não geraram melhora substancial.

Dicas Essenciais para a Perícia:

  • Leve TODOS os documentos: Organizados por data, do mais antigo ao mais recente, com destaque para relatórios médicos e laudos de exames recentes.
  • Seja honesto e consistente: Descreva seus sintomas de forma clara, objetiva e sem exagerar. A incongruência entre o relato e o exame físico pode prejudicar.
  • Foque no Impacto Funcional: Não apenas diga que você tem dor no quadril, mas explique como essa dor e a limitação o impedem de realizar as tarefas de sua profissão.
  • Não esconda informações: Seja transparente sobre seu histórico médico e tratamentos.

A perícia médica é o filtro principal do INSS. Uma preparação adequada, com documentação completa e clara, e um relato honesto sobre as limitações funcionais são fundamentais para aumentar as chances de sucesso na concessão do benefício.


Documentos Médicos Essenciais para Comprovar a Incapacidade pelo CID M16

A apresentação de documentos médicos detalhados e completos é um pilar fundamental para o sucesso na solicitação de um benefício por incapacidade devido à coxartrose (CID M16). Não basta ter o diagnóstico; é preciso provar a incapacidade que a doença gera. O segurado deve construir um dossiê médico que demonstre claramente a gravidade da condição, a persistência dos sintomas e o impacto funcional na sua vida e, crucialmente, na sua capacidade de trabalho.

Prepare e leve à perícia, de forma organizada e legível, os seguintes documentos:

  1. Relatórios Médicos Detalhados: Este é o documento mais importante. Deve ser elaborado pelo seu médico assistente (preferencialmente um ortopedista ou reumatologista) e deve conter:

    • Diagnóstico Preciso: Mencionar o diagnóstico de Coxartrose (CID M16), especificando se é primária ou secundária, se é unilateral ou bilateral, e o estágio da doença (leve, moderado, grave). Deve incluir também outras condições associadas (ex: osteonecrose da cabeça do fêmur, deformidades congênitas, artrite reumatoide, etc.), com seus respectivos CIDs.
    • Histórico da Doença: Quando os sintomas iniciaram, como evoluíram, se são progressivos, e por quanto tempo você tem tido dor e limitação de movimento.
    • Descrição dos Sintomas Atuais: Detalhar a dor (localização precisa, intensidade em escala de 0 a 10, frequência, irradiação para coxa/joelho, fatores que a agravam – como caminhar, subir escadas, permanecer em pé/sentado, e que a melhoram – como repouso). Descrever a rigidez (principalmente matinal e após inatividade), limitação de movimento (dificuldade em rotação, abdução, flexão do quadril), claudicação (manqueira), crepitação, e se há encurtamento do membro.
    • Exames Realizados e Resultados: Citar e anexar os laudos dos exames de imagem (radiografias, ressonância magnética, tomografia) e outros testes (ex: cintilografia óssea). O relatório deve correlacionar os achados dos exames com os sintomas clínicos. Por exemplo, se a radiografia mostra diminuição do espaço articular, o relatório deve relacionar isso à dor e à limitação de movimento.
    • Tratamentos Realizados e Resposta: Listar cronologicamente todos os tratamentos tentados:
      • Medicamentos: Nomes, doses, período de uso, efeitos colaterais e, crucialmente, se houve melhora ou se a dor persiste (falha terapêutica).
      • Terapias Não Farmacológicas: Fisioterapia (tipo de terapia, número de sessões, resultados, dificuldades), hidroginástica, acupuntura, RPG, etc., indicando a frequência e a resposta.
      • Infiltrações/Bloqueios: Se foram realizados, com que frequência e qual o efeito.
      • Cirurgias: Se houve cirurgia (artroplastia total do quadril – prótese, artroscopia, osteotomias), indicar a data do procedimento, o tipo de cirurgia, e qual foi o resultado (se houve melhora, se há sequelas, se a dor persiste após a cirurgia e se há limitações residuais).
      • É vital que o relatório mencione a falha terapêutica ou a refratariedade da condição aos tratamentos, indicando que, apesar dos esforços, os sintomas persistem de forma incapacitante.
    • Limitações Funcionais: Esta é a parte mais importante para o perito do INSS. O médico assistente deve descrever, de forma detalhada, objetiva e específica, como os sintomas da coxartrose impactam a capacidade do segurado de realizar as atividades de vida diária (AVDs) (caminhar, subir/descer escadas, agachar, sentar/levantar, calçar sapatos, dirigir) e, crucialmente, as atividades laborais de sua profissão habitual. Ex: “Paciente com coxartrose grave que o impede de permanecer em pé por mais de 30 minutos, de caminhar longas distâncias, de agachar, de levantar pesos acima de 5 kg, e de realizar movimentos de rotação do quadril, o que inviabiliza sua função de pedreiro/faxineiro/vendedor/motorista.”
    • Prognóstico e Incapacidade: O médico deve indicar se a condição é crônica, se há chances de recuperação total, se a incapacidade é temporária ou permanente, e qual a previsão de retorno ao trabalho (se houver). Se a condição for progressiva e sem perspectiva de melhora funcional, isso deve ser destacado.
    • Assinatura e Carimbo: Todos os relatórios devem ser assinados, datados e carimbados pelo médico, com seu CRM.
  2. Laudos de Exames de Imagem:

    • Radiografias (Raio-X) do Quadril: São essenciais para mostrar o desgaste da cartilagem, a diminuição do espaço articular, osteófitos, esclerose subcondral e cistos ósseos. Leve os laudos descritivos e as imagens.
    • Ressonância Magnética (RM) do Quadril: Oferece uma visão mais detalhada das estruturas moles (cartilagem, labrum) e pode detectar osteonecrose, edemas ósseos e outros problemas que o raio-x não mostra.
    • Tomografia Computadorizada (TC): Útil para avaliar a estrutura óssea em detalhes.
  3. Receituários Médicos: Comprovam os medicamentos que você está utilizando e a continuidade do tratamento.

  4. Atestados Médicos Anteriores: Comprovam os afastamentos do trabalho por motivo de saúde ao longo do tempo, evidenciando a evolução da incapacidade.

  5. Relatórios de Fisioterapia/Reabilitação: Relatórios dos fisioterapeutas ou clínicas de reabilitação detalhando o tratamento, o número de sessões, a evolução e as dificuldades do paciente em seu processo de reabilitação.

A organização e a clareza dessa documentação são cruciais. Ela deve ser o mais completa possível, pois é por meio dela que o perito do INSS formará sua convicção sobre a existência e a extensão da sua incapacidade.


O Caminho Judicial: Buscando o Direito em Caso de Indeferimento Administrativo

É uma situação comum que, mesmo com a coxartrose (CID M16) em estágio avançado, causando dor e limitações severas, o INSS indefira o pedido de benefício (auxílio-doença ou aposentadoria por invalidez) em âmbito administrativo. Isso pode ocorrer por diversos fatores, como uma avaliação pericial considerada superficial, a falta de documentos suficientemente detalhados na solicitação inicial, ou uma interpretação mais restritiva por parte do perito do INSS.

Quando o benefício é negado administrativamente, o segurado não está desamparado. A legislação brasileira garante o direito de buscar a proteção de seus direitos pela via judicial. O caminho a seguir, nesses casos, geralmente é:

  1. Recurso Administrativo (Opcional, mas Recomendado em Alguns Casos): Após o indeferimento do pedido inicial, o segurado tem um prazo para apresentar um recurso administrativo à Junta de Recursos do Conselho de Recursos do Seguro Social (CRSS). Embora a lei não exija que se esgote a via administrativa para ingressar com uma ação judicial em matéria previdenciária (com raras exceções), o recurso pode ser uma estratégia útil por alguns motivos:

    • Permite que o próprio INSS reveja sua decisão, o que, em alguns casos, pode levar à concessão do benefício e evitar a necessidade de um processo judicial, que é mais demorado e custoso.
    • Demonstra a boa-fé do segurado em buscar o reconhecimento de seu direito pelas vias oficiais antes de acionar o Judiciário.
    • Gera uma nova decisão administrativa formal que, se for novamente negativa, pode ser anexada à ação judicial, mostrando que todas as tentativas administrativas foram esgotadas.
    • É uma oportunidade de apresentar novos documentos médicos ou reforçar a argumentação que pode não ter sido suficientemente clara na primeira perícia.
  2. Ação Judicial (Ação de Concessão ou Restabelecimento de Benefício por Incapacidade): Se o recurso administrativo for negado (ou se o segurado optar por não recorrer administrativamente), a próxima e muitas vezes mais eficaz etapa é ingressar com uma ação judicial contra o INSS. Essa ação deve ser ajuizada perante a Justiça Federal (ou Juizado Especial Federal, se o valor da causa for de até 60 salários mínimos).

Vantagens da Via Judicial para Casos de Coxartrose (CID M16):

A via judicial oferece vantagens significativas para o segurado com coxartrose:

  • Perícia Judicial Mais Detalhada e Imparcial: A principal diferença é a nomeação de um perito judicial. Este é um médico especialista na área (geralmente ortopedista ou reumatologista) nomeado pelo juiz. O perito judicial tende a realizar uma avaliação mais aprofundada, com mais tempo para analisar a documentação completa, ouvir o segurado e realizar um exame físico minucioso. Ele emitirá um laudo técnico imparcial que será fundamental para a decisão do juiz. O perito judicial tem uma visão menos focada na “caixa” do INSS e mais na realidade clínica e funcional do paciente.
  • Produção de Outras Provas: Além do laudo pericial, o processo judicial permite a produção de outras provas cruciais:
    • Prova Testemunhal: Testemunhas (familiares, amigos, colegas de trabalho) podem ser chamadas para atestar as dificuldades que o segurado enfrenta no dia a dia e no trabalho devido à dor, rigidez e limitação de movimento do quadril.
    • Análise Socioeconômica: O juiz, ao proferir a sentença, não se limita apenas ao laudo médico. Ele pode e deve considerar o contexto social, a idade do segurado, seu grau de escolaridade, sua qualificação profissional e a dificuldade de reabilitação para outra atividade. Para uma pessoa com coxartrose grave, especialmente se for mais velha e com baixa escolaridade e uma profissão que exige esforço físico, a impossibilidade de reabilitação para outra área é um fator decisivo.
  • Maior Sensibilidade do Judiciário: Historicamente, o Poder Judiciário tem demonstrado maior sensibilidade em reconhecer a incapacidade em casos de doenças crônicas e degenerativas, como a coxartrose, compreendendo a complexidade do impacto na vida do trabalhador. Muitos casos negados administrativamente são revertidos na Justiça.

A Importância do Advogado Especialista:

A atuação de um advogado especializado em direito previdenciário é indispensável para o sucesso da ação judicial. O advogado:

  • Realizará uma análise prévia do caso e da documentação para determinar a viabilidade da ação.
  • Elaborará a petição inicial, que deve ser robusta e bem fundamentada.
  • Acompanhará todas as fases do processo, garantindo que os prazos sejam cumpridos e os direitos do segurado sejam resguardados.
  • Auxiliará na preparação do segurado para a perícia judicial, orientando sobre como se portar e o que destacar.
  • Poderá formular quesitos (perguntas) para o perito judicial e, se o laudo for desfavorável e inconsistente, impugná-lo.
  • Defenderá os interesses do segurado em todas as audiências e manifestações processuais.

A ação judicial é uma via efetiva para garantir o acesso aos benefícios previdenciários quando o INSS falha em reconhecer a incapacidade. Embora o processo possa ser demorado, é, muitas vezes, o único caminho para que o segurado com coxartrose grave e incapacitante tenha seu direito reconhecido e sua subsistência garantida.


Casos de Sucesso e Exemplos Práticos na Concessão de Benefícios por CID M16

Para ilustrar como a coxartrose (CID M16) pode, de fato, levar à concessão de benefícios previdenciários, é útil analisar exemplos práticos de situações em que o auxílio-doença ou a aposentadoria por invalidez foram deferidos (seja administrativamente ou, mais comumente, judicialmente). Esses casos reforçam que o sucesso não depende apenas do diagnóstico do “bico de papagaio no quadril”, mas da comprovação de sua severidade e impacto na capacidade laboral.

Exemplo 1: Auxílio-Doença Concedido por Coxartrose Unilateral Grave

  • Segurado: Carlos, 48 anos, pedreiro. Sua função exige grande esforço físico, movimentos de agachamento, levantamento de peso e permanência em pé por longos períodos.
  • Condição: Carlos foi diagnosticado com coxartrose avançada no quadril direito (CID M16.1 – Coxartrose primária unilateral). Ele apresentava dor intensa na virilha e na lateral da coxa que irradiava para o joelho, claudicação acentuada (manqueira), rigidez matinal severa e limitação significativa de todos os movimentos do quadril direito, tornando impossível agachar, levantar pesos e caminhar longas distâncias.
  • Tratamentos: Carlos havia tentado meses de fisioterapia, uso contínuo de analgésicos opióides e anti-inflamatórios, além de infiltrações articulares, sem obter alívio significativo da dor ou melhora funcional. Seu ortopedista indicou a necessidade de uma artroplastia total do quadril.
  • Resultado: Na perícia do INSS (ou mais provavelmente, em uma perícia judicial após negativa administrativa), o perito, ao analisar os laudos de radiografias e ressonância magnética que mostravam o desgaste grave da cartilagem, a diminuição do espaço articular e os osteófitos, e o relatório médico detalhado sobre a falha do tratamento conservador e o impacto funcional explícito na sua capacidade de trabalhar como pedreiro, reconheceu a incapacidade temporária de Carlos. Foi concedido o auxílio-doença pelo período de 6 meses, considerando o tempo de recuperação da cirurgia.
  • Ponto Crucial: A gravidade do desgaste articular, a refratariedade aos múltiplos tratamentos conservadores, o impacto direto e limitante nos movimentos essenciais da profissão e a indicação de cirurgia (com tempo de recuperação) foram determinantes.

Exemplo 2: Aposentadoria por Invalidez Concedida Judicialmente por Coxartrose Bilateral Refratária à Cirurgia

  • Segurada: Joana, 62 anos, zeladora. Sua função exige caminhada constante, subir escadas, carregar objetos leves e movimentos repetitivos de flexão e extensão.
  • Condição: Joana foi diagnosticada com coxartrose bilateral severa (CID M16.0 – Coxartrose primária bilateral). Ela já havia sido submetida a uma artroplastia total do quadril direito há 3 anos, mas a dor no quadril esquerdo se agravou progressivamente, e as dores persistiam no lado operado devido a complicações. Apresentava dor incapacitante nos dois quadris, rigidez extrema, claudicação severa, e perda total da mobilidade para atividades básicas como sentar, levantar e caminhar poucos metros. A cirurgia no quadril esquerdo foi contraindicada devido a outras comorbidades e ao risco de falha.
  • Tratamentos: Joana havia tentado todas as formas de tratamento conservador e cirúrgico, mas seu quadro era refratário e progressivo. Seus laudos médicos eram claros quanto à incapacidade total e permanente.
  • Resultado: Após a negativa administrativa do INSS, Joana buscou um advogado e ingressou com ação judicial. O perito judicial (um ortopedista) constatou a gravidade da coxartrose bilateral, a falha terapêutica (mesmo após cirurgia em um lado) e a incapacidade total e permanente de Joana para qualquer tipo de trabalho que exigisse mobilidade ou esforço. O juiz, além do laudo pericial, considerou a idade avançada de Joana (62 anos), sua baixa escolaridade (ensino fundamental incompleto) e a impossibilidade de reabilitação para outra função, concedendo a aposentadoria por invalidez (benefício por incapacidade permanente).
  • Ponto Crucial: A coxartrose bilateral grave, a falha terapêutica mesmo após cirurgia, a cronicidade e irreversibilidade da incapacidade, e a análise socioeconômica do juiz que inviabilizava qualquer reabilitação, foram decisivos.

Exemplo 3: Indeferimento por Coxartrose Leve ou sem Incapacidade Laboral

  • Segurado: Ana, 35 anos, advogada. Sua função exige predominantemente trabalho sentado e uso de computador.
  • Condição: Ana foi diagnosticada com coxartrose incipiente (CID M16.9 – Coxartrose não especificada) em um exame de rotina, sem grande desgaste da cartilagem. Ela ocasionalmente sentia um leve desconforto no quadril após longas horas sentada, mas que era facilmente controlado com alongamentos e analgésicos comuns, sem impacto em sua produtividade.
  • Resultado: Se Ana solicitasse um benefício por incapacidade com base apenas nesse diagnóstico, o pedido seria indeferido por ausência de incapacidade laborativa. A coxartrose, em estágio inicial, sem sintomas significativos e sem impacto na funcionalidade ou na capacidade de exercer a profissão, não gera direito a benefícios.

Esses exemplos demonstram a importância de documentar não apenas a doença, mas, sobretudo, suas consequências incapacitantes na vida do segurado e em sua capacidade de trabalho, especialmente em relação às exigências da sua profissão.


Prevenção e Qualidade de Vida para Pessoas com CID M16 (Coxartrose)

Embora o foco principal deste artigo seja a relação entre a coxartrose (CID M16) e o direito previdenciário, é fundamental abordar a importância da prevenção do agravamento da doença e da busca contínua por qualidade de vida para as pessoas que convivem com essa condição degenerativa. Um bom manejo clínico e a adoção de hábitos saudáveis podem minimizar o impacto da coxartrose na vida diária e, em muitos casos, postergar ou evitar a necessidade de afastamento do trabalho e de solicitação de benefícios previdenciários.

A coxartrose é uma condição progressiva e crônica, e o tratamento visa principalmente o controle dos sintomas e a melhora da funcionalidade.

Medidas para Prevenção do Agravamento e Melhora da Qualidade de Vida:

  1. Controle do Peso Corporal: A obesidade é um dos maiores fatores de risco para o desenvolvimento e agravamento da coxartrose, pois aumenta significativamente a carga sobre a articulação do quadril. Manter um peso saudável é uma das medidas mais eficazes para aliviar a pressão e proteger o quadril.
  2. Atividade Física Regular e Orientada: O sedentarismo piora a artrose. A prática regular de exercícios de baixo impacto é fundamental para fortalecer os músculos que dão suporte ao quadril (glúteos, coxas), melhorar a flexibilidade, lubrificar a articulação e reduzir a dor.
    • Exercícios Recomendados: Natação, hidroginástica, ciclismo (com ajuste de altura do banco), caminhada em superfícies macias, pilates, yoga.
    • Evitar: Atividades de alto impacto como corrida em asfalto, saltos ou esportes que exijam movimentos bruscos de torção do quadril.
    • Acompanhamento: Sempre realizar exercícios sob orientação de um fisioterapeuta ou educador físico qualificado.
  3. Fisioterapia e Reabilitação: Para quem já tem coxartrose, a fisioterapia é um pilar essencial do tratamento conservador. Ela ajuda a aliviar a dor, reduzir a rigidez, melhorar a amplitude de movimento, fortalecer a musculatura enfraquecida e educar o paciente sobre como proteger a articulação no dia a dia.
  4. Uso de Calçados Adequados: Utilizar sapatos confortáveis, com bom amortecimento e solado antiderrapante pode reduzir o impacto sobre o quadril ao caminhar.
  5. Adaptações Ergonômicas:
    • No Trabalho: Se a profissão exige longos períodos sentado ou em pé, adaptar o posto de trabalho com cadeiras ergonômicas, mesas na altura correta, e fazer pausas para alongar e caminhar.
    • No Lar: Instalar barras de apoio no banheiro, usar bancos para chuveiro, elevadores de assento sanitário e outros dispositivos que facilitem as atividades diárias e reduzam a carga sobre o quadril.
  6. Medicamentos e Infiltrações: O uso de analgésicos, anti-inflamatórios, condroprotetores (sob prescrição médica) e, em alguns casos, infiltrações articulares, pode ajudar a controlar a dor e a inflamação, melhorando a qualidade de vida.
  7. Terapias Complementares: Acupuntura, massoterapia e osteopatia podem complementar o tratamento principal, ajudando no alívio da dor e na melhora da mobilidade.
  8. Educação sobre a Doença: Entender a coxartrose, seus mecanismos, a importância da adesão ao tratamento e das mudanças de estilo de vida empodera o paciente para gerenciar melhor sua condição.

Impacto na Qualidade de Vida e Prevenção do Afastamento:

A implementação dessas estratégias de manejo pode levar a uma redução significativa da dor, rigidez e melhora da mobilidade, impactando diretamente a qualidade de vida. Isso permite que a pessoa mantenha sua autonomia, participe de atividades sociais, e, crucialmente, mantenha sua capacidade laboral por mais tempo, ou seja, continue trabalhando, evitando a necessidade de recorrer a benefícios previdenciários.

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Para os advogados, é importante orientar os clientes com coxartrose não apenas sobre seus direitos previdenciários, mas também sobre a importância de buscar e documentar adequadamente todos os tratamentos conservadores. Isso não só é benéfico para a saúde do cliente, mas também fortalece qualquer futura reivindicação de benefício, ao demonstrar que todas as vias de tratamento foram esgotadas sem sucesso na recuperação da capacidade de trabalho. O enfoque primordial deve ser sempre na busca pela funcionalidade e bem-estar, sempre que possível.


Perguntas e Respostas

O CID M16 (coxartrose) por si só garante aposentadoria?

Não. O diagnóstico de coxartrose (CID M16) por si só não garante automaticamente a aposentadoria por invalidez (benefício por incapacidade permanente) ou auxílio-doença (benefício por incapacidade temporária). O que realmente importa para a concessão desses benefícios é a incapacidade laborativa que a coxartrose provoca, ou seja, se a doença e seus sintomas (dor, rigidez, limitação de movimento) são tão severos que impedem o trabalhador de exercer suas atividades habituais ou qualquer outra atividade compatível.

Quais sintomas da coxartrose podem indicar direito a benefício previdenciário?

Sintomas que podem indicar direito a benefício são aqueles que causam incapacidade para o trabalho, como:

  • Dor intensa e persistente no quadril (virilha, lateral da coxa, nádegas) que não cede a tratamentos e que impede atividades como caminhar, permanecer em pé ou sentado por longos períodos, agachar, levantar pesos.
  • Rigidez acentuada do quadril, principalmente pela manhã, que limita a movimentação essencial para o trabalho.
  • Limitação severa da amplitude de movimento do quadril que inviabiliza tarefas específicas da profissão (ex: dificuldade em calçar sapatos, entrar em veículos, subir escadas).
  • Claudicação (manqueira) significativa que compromete a mobilidade e a segurança no trabalho.
  • Condição refratária a múltiplos tratamentos conservadores (fisioterapia, medicamentos, infiltrações) ou persistência da incapacidade mesmo após cirurgia (artroplastia total do quadril).

Que documentos médicos são essenciais para comprovar a incapacidade pela coxartrose?

Você precisará apresentar documentos médicos detalhados, incluindo:

  • Relatórios médicos do seu ortopedista ou reumatologista, descrevendo o diagnóstico (CID M16), estágio da doença, sintomas atuais (intensidade, localização, irradiação, impacto na vida diária e no trabalho), tratamentos realizados (e a falta de resposta a eles), e o prognóstico (se a incapacidade é temporária ou permanente).
  • Laudos de exames de imagem (radiografias, ressonância magnética, tomografia) que mostrem o desgaste da cartilagem, diminuição do espaço articular, osteófitos, e outras alterações degenerativas no quadril.
  • Receituários médicos dos medicamentos em uso.
  • Atestados médicos de afastamentos anteriores.
  • Relatórios de fisioterapia ou outras terapias que evidenciem o tratamento realizado e as dificuldades do paciente.

A coxartrose dispensa a carência para ter direito ao benefício?

Não. A coxartrose (CID M16), por ser uma doença degenerativa comum, não está na lista de doenças que dispensam carência para a concessão de benefícios previdenciários. Portanto, o segurado precisará ter cumprido a carência mínima de 12 (doze) contribuições mensais para ter direito ao auxílio-doença ou à aposentadoria por invalidez. A dispensa de carência só ocorreria se a coxartrose fosse comprovadamente uma doença do trabalho (com nexo causal) ou se fosse uma manifestação de outra doença grave que conste da lista oficial do Ministério da Saúde.

Se o INSS negar meu pedido de benefício por CID M16, o que posso fazer?

Se o INSS negar seu pedido administrativamente, você pode:

  1. Apresentar um recurso administrativo ao próprio INSS, contestando a decisão.
  2. Ou, diretamente, ingressar com uma ação judicial contra o INSS na Justiça Federal (ou Juizado Especial Federal), com o auxílio de um advogado especialista em direito previdenciário. Na via judicial, um perito médico nomeado pelo juiz fará uma nova e mais aprofundada avaliação da sua incapacidade.

Conclusão

A coxartrose (CID M16), uma doença degenerativa do quadril que causa dor, rigidez e limitação de movimento, é uma condição que pode impactar significativamente a capacidade laboral do indivíduo. Contudo, a resposta à pergunta “a coxartrose aposenta?” não é um simples sim ou não. Ela depende fundamentalmente da incapacidade laborativa que a doença, em seu estágio e manifestação específicos em cada segurado, provoca. O diagnóstico do CID M16 é o ponto de partida, mas a comprovação de que a doença impede o trabalhador de exercer sua profissão habitual ou qualquer outra atividade compatível é o que realmente abre as portas para os benefícios previdenciários.

Para ter sucesso na solicitação de auxílio-doença ou aposentadoria por invalidez, é indispensável que o segurado apresente uma documentação médica robusta e detalhada na perícia do INSS. Relatórios médicos claros sobre a intensidade dos sintomas, os tratamentos realizados (e a falta de resposta a eles), e o impacto funcional direto na capacidade de trabalho são cruciais. Os laudos de exames de imagem devem corroborar a gravidade da degeneração e das limitações.

Diante de um indeferimento administrativo, a via judicial emerge como uma ferramenta poderosa. Nela, o segurado terá a oportunidade de uma nova avaliação pericial, agora por um médico nomeado pelo juiz, e uma análise mais abrangente de seu caso, que considera não apenas os aspectos médicos, mas também seu contexto socioeconômico, idade e escolaridade para determinar a impossibilidade de reabilitação profissional.

Por fim, é vital ressaltar que a busca por qualidade de vida e a prevenção do agravamento da coxartrose são atitudes proativas. Manter um peso saudável, praticar atividades físicas de baixo impacto sob orientação, e aderir ao tratamento médico e fisioterápico são medidas que podem aliviar os sintomas e, em muitos casos, postergar a necessidade de afastamento do trabalho. A compreensão de que o direito previdenciário é um amparo para aqueles que são verdadeiramente incapacitados pela doença, e a preparação adequada para comprovar essa incapacidade, são os caminhos para assegurar a proteção e a dignidade do trabalhador afetado pelo CID M16.

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