CLT Flex é ilegal?

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A CLT Flex, também chamada de CLT Flexível ou CLT Cotas, é uma prática adotada por algumas empresas para reduzir a carga tributária sobre a folha de pagamento, pagando parte da remuneração do empregado de maneira informal, ou seja, “por fora”. Isso significa que o trabalhador recebe apenas uma parcela do seu salário de forma oficial, enquanto o restante é repassado através de benefícios, bônus ou até mesmo como Pessoa Jurídica (PJ).

Esse modelo de contratação se tornou comum em setores como Tecnologia da Informação (TI), processamento de dados e marketing digital, onde há alta demanda por mão de obra qualificada e as empresas buscam formas de oferecer salários mais competitivos sem aumentar seus encargos trabalhistas.

Contudo, a adoção da CLT Flex pode gerar implicações legais e financeiras significativas para ambas as partes envolvidas, podendo ser considerada uma fraude trabalhista.

A CLT Flex é ilegal?

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Sim, a CLT Flex pode ser considerada ilegal porque viola diversos direitos trabalhistas garantidos pela Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) e pela Constituição Federal. A prática fere princípios como o da irredutibilidade salarial e da transparência nos pagamentos salariais, colocando o trabalhador em uma posição vulnerável perante o empregador.

A legislação trabalhista determina que todo valor pago ao empregado a título de contraprestação pelo serviço prestado deve ser incluído na folha de pagamento e ter os devidos recolhimentos fiscais e previdenciários. Quando uma empresa adota a CLT Flex, parte dessa remuneração fica oculta, o que pode acarretar diversos prejuízos para o empregado.

Quais são os riscos para o empregado?

Redução de direitos trabalhistas

Como o salário registrado na carteira de trabalho é inferior ao valor real recebido, os cálculos de benefícios como FGTS, INSS, 13º salário, férias e rescisão contratual são prejudicados. Isso significa que, ao longo do tempo, o empregado perde valores que poderiam ser utilizados em situações de demissão, aposentadoria ou afastamento por doença.

Risco na concessão de benefícios previdenciários

O salário-base registrado é o que define a contribuição previdenciária do empregado. Caso ele precise solicitar aposentadoria, auxílio-doença ou pensão por morte, os valores desses benefícios serão reduzidos, já que foram calculados sobre um salário inferior ao realmente recebido.

Problemas na rescisão do contrato

Se um empregado sob regime de CLT Flex for demitido, ele receberá sua rescisão com base no salário formalmente registrado, o que pode ser muito inferior ao valor total que realmente ganhava. Caso ele precise recorrer à Justiça do Trabalho, será necessário apresentar provas da remuneração real, o que pode ser um processo demorado e desgastante.

Fragilidade jurídica

Caso o empregador decida interromper os pagamentos “por fora”, o empregado pode ter dificuldades para comprovar que recebia valores extras, tornando mais difícil reaver seus direitos na Justiça.

Quais são os riscos para o empregador?

Penalidades fiscais e trabalhistas

Empresas que adotam a CLT Flex podem ser alvo de autuações por parte da Receita Federal e da fiscalização do trabalho, já que essa prática configura sonegação de impostos e encargos previdenciários. Caso a irregularidade seja identificada, a empresa pode ser multada e obrigada a pagar os valores devidos retroativamente, com juros e correção monetária.

Ações trabalhistas

Se um empregado ingressar com uma reclamação trabalhista alegando a prática de CLT Flex, a empresa pode ser condenada a pagar todas as diferenças salariais, verbas rescisórias e previdenciárias, além de eventuais danos morais e multas.

Problemas com o eSocial

O eSocial, sistema do Governo Federal que centraliza informações trabalhistas e fiscais, permite o cruzamento de dados financeiros, o que facilita a identificação de irregularidades. Empresas que adotam a CLT Flex podem ser facilmente detectadas e penalizadas.

Alternativas legais para flexibilização da remuneração

A legislação trabalhista permite algumas formas de flexibilização dos contratos de trabalho, desde que sejam feitas de maneira transparente e dentro dos limites da CLT. Algumas alternativas legais incluem:

Plano de Participação nos Lucros e Resultados (PLR)

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O PLR é uma forma de remuneração variável que permite que o empregado receba parte dos lucros da empresa. Essa modalidade é regulamentada por lei e deve ser prevista em convenção coletiva ou acordo entre empregador e empregado.

Jornada de trabalho diferenciada

A CLT permite modalidades como o regime de tempo parcial, jornada 12×36 e banco de horas, que podem ser utilizados para atender às necessidades da empresa e do trabalhador sem comprometer direitos trabalhistas.

Benefícios legais

As empresas podem oferecer benefícios como vale-alimentação, assistência médica, planos de previdência privada e outros auxílios, sem que isso afete o salário base do empregado.

Perguntas e respostas sobre CLT Flex

O que é CLT Flex?

CLT Flex é uma prática adotada por algumas empresas para pagar parte do salário do empregado “por fora”, reduzindo os encargos trabalhistas. Essa prática pode ser considerada ilegal e prejudicial ao trabalhador.

A CLT Flex é considerada fraude trabalhista?

Sim. A CLT Flex pode ser caracterizada como fraude trabalhista porque oculta parte do salário real do empregado, reduzindo seus direitos e os recolhimentos fiscais obrigatórios.

Quais são as consequências para o trabalhador que aceita a CLT Flex?

O trabalhador pode ter benefícios reduzidos, dificuldades na aposentadoria, valores rescisórios inferiores ao que deveria receber e até problemas ao comprovar sua renda para obtenção de crédito ou financiamento.

Se um empregado estiver sob regime de CLT Flex, ele pode entrar na Justiça?

Sim. O empregado pode ingressar com uma reclamação trabalhista e buscar o reconhecimento dos valores pagos “por fora”, exigindo o pagamento de todas as verbas trabalhistas devidas.

Como um empregador pode flexibilizar salários de forma legal?

O empregador pode adotar programas de Participação nos Lucros e Resultados (PLR), oferecer benefícios adicionais ou negociar acordos coletivos dentro dos limites da legislação trabalhista.

O que acontece se a Receita Federal identificar uma empresa que usa CLT Flex?

A empresa pode ser autuada, multada e obrigada a pagar os encargos trabalhistas e previdenciários devidos retroativamente, além de responder por eventuais ações judiciais dos empregados.

Conclusão

A CLT Flex pode parecer uma alternativa atraente para empresas e trabalhadores, mas seus riscos superam qualquer aparente benefício. Essa prática é considerada ilegal e pode trazer prejuízos financeiros, trabalhistas e previdenciários para o empregado, além de penalidades severas para o empregador.

Para evitar problemas futuros, é fundamental que os contratos de trabalho sejam formalizados de acordo com a legislação vigente. Empregadores e trabalhadores devem buscar soluções dentro dos limites da CLT, garantindo segurança jurídica e proteção de direitos. Caso haja suspeita de fraude, o empregado pode recorrer à Justiça do Trabalho para reaver seus direitos e receber os valores que lhe são devidos.

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