Emprestei meu cartão e a pessoa não pagou posso processar?

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Sim, você pode processar a pessoa que usou seu cartão de crédito e não pagou, desde que consiga comprovar que houve o empréstimo, a autorização para o uso, e a obrigação assumida pela outra pessoa de arcar com a dívida. A responsabilidade inicial perante o banco ou administradora do cartão é sua, pois o contrato do cartão está em seu nome. No entanto, você pode mover uma ação judicial para cobrar da pessoa o valor que ela deixou de pagar, com base no inadimplemento da obrigação, podendo pleitear a devolução do valor, correção monetária, juros e até indenização por danos morais em casos mais graves. A seguir, vamos detalhar todos os aspectos importantes sobre essa situação.

A responsabilidade do titular do cartão

O contrato de cartão de crédito é firmado entre o titular do cartão e a instituição financeira ou administradora do cartão.

Portanto, perante o banco:

  • Você, titular do cartão, é o responsável pelo pagamento de todas as compras feitas com ele.

  • Mesmo que outra pessoa tenha utilizado o cartão com ou sem sua autorização, a dívida continua sendo sua frente à administradora.

Isso ocorre porque o banco não tem como fiscalizar a quem você emprestou o cartão. Assim, a obrigação de pagamento é pessoal sua e intransferível para terceiros no âmbito bancário.

A possibilidade de ação contra a pessoa que usou o cartão

Embora a dívida junto à administradora do cartão seja sua, você pode exigir judicialmente que a pessoa que utilizou o cartão e não pagou lhe reembolse os valores gastos.

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A base legal para isso é o princípio da responsabilidade civil pelo descumprimento de obrigação assumida, regulado pelo Código Civil.

Dessa forma, você pode mover:

  • Ação de cobrança: para exigir o pagamento da dívida.

  • Ação de enriquecimento ilícito: com base no artigo 884 do Código Civil, que veda o enriquecimento sem causa.

Essas ações servem para recuperar o prejuízo financeiro que você sofreu em razão da conduta da pessoa que usou o cartão.

Como provar o empréstimo do cartão e a dívida

O sucesso do processo dependerá das provas que você puder apresentar.

Formas comuns de comprovação:

  • Conversas por escrito: mensagens em aplicativos, e-mails, SMS onde fique claro o empréstimo do cartão e a obrigação de pagamento.

  • Testemunhas: pessoas que saibam da autorização e do compromisso assumido.

  • Comprovantes de compras: notas fiscais em nome da pessoa que usou o cartão ou comprovantes de entrega de mercadorias no endereço dela.

  • Transferências bancárias: se houve qualquer pagamento parcial.

  • Reconhecimento de dívida: se a pessoa assinou algum documento ou enviou mensagens reconhecendo a obrigação.

Se não houver provas suficientes, a ação pode ser difícil de vencer, já que, em regra, quem alega o fato precisa comprová-lo.

Quais ações judiciais podem ser propostas

Dependendo do caso concreto, o advogado pode sugerir diferentes tipos de ação, como:

Ação de cobrança

É a ação mais direta para exigir o pagamento de valor certo.

Você ingressa com a ação, demonstra a dívida e pede que o juiz condene a pessoa a pagar o valor, com correção monetária e juros.

Se houver sentença favorável, e a pessoa não pagar, você pode iniciar a execução judicial contra ela.

Ação monitória

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Se você tiver documentos que demonstrem a dívida (como mensagens claras ou comprovantes de uso), mas não um título executivo formal (como cheque ou nota promissória), pode usar a ação monitória.

É um procedimento mais célere que visa obter rapidamente um título executivo judicial.

Ação de indenização por danos materiais e morais

Se o não pagamento do cartão causou a você:

  • Inscrição indevida em órgãos de proteção ao crédito (SPC, Serasa)

  • Restrição bancária

  • Prejuízos financeiros significativos

Você pode, além de cobrar o valor da dívida, pleitear indenização por danos materiais e danos morais.

Pode haver acordo antes do processo

Antes de ingressar com ação, é recomendável tentar resolver a situação amigavelmente.

Você pode:

  • Conversar formalmente e pedir o pagamento amigável

  • Formalizar um acordo por escrito

  • Registrar um termo de confissão de dívida

Um acordo extrajudicial reduz os custos, o tempo e o desgaste emocional de um processo judicial.

Se a pessoa não aceitar ou não cumprir o acordo, aí sim o processo torna-se inevitável.

Riscos e cuidados ao emprestar o cartão

Emprestar o cartão de crédito é sempre um ato de risco.

Cuidados importantes:

  • Evite emprestar o cartão, mesmo para amigos ou familiares, salvo absoluta confiança.

  • Se emprestar, registre por escrito a autorização e a obrigação de pagamento.

  • Estabeleça limites claros sobre valores e prazos de pagamento.

  • Acompanhe as faturas para identificar eventuais gastos inesperados.

O ideal é nunca ceder seu cartão, pois a responsabilidade perante o banco será sempre sua.

Consequências se a dívida não for paga

Se a dívida do cartão não for paga:

  • O titular pode ter o nome inscrito no SPC, Serasa e outros cadastros de inadimplentes.

  • Pode haver restrições bancárias, como bloqueio de limites de crédito.

  • A administradora pode ajuizar ação de cobrança contra o titular.

  • Juros, multas e encargos financeiros aumentam rapidamente o valor devido.

Essas consequências agravam a situação financeira do titular, independentemente de quem tenha utilizado o cartão.

Prazo para processar a pessoa que usou o cartão

O prazo para ajuizar a ação de cobrança é de cinco anos, contados a partir da data em que a dívida se tornou exigível (vencimento da fatura, geralmente).

Após esse prazo, a dívida prescreve judicialmente, ou seja, você perde o direito de exigir o pagamento por via judicial.

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É importante não deixar passar muito tempo e reunir as provas enquanto ainda estão disponíveis.

Exemplo prático de caso

Imagine que você emprestou seu cartão a um amigo para comprar um celular no valor de R$ 3.000.

Ele prometeu pagar a fatura antes do vencimento, mas não cumpriu.

Você pagou a dívida para evitar restrições em seu nome.

Com base em:

  • Mensagens de WhatsApp onde ele pede o empréstimo

  • Nota fiscal do celular no nome dele

  • Promessa escrita de que pagaria a dívida

Você pode ingressar com ação de cobrança pedindo o ressarcimento dos R$ 3.000, com atualização monetária e juros legais.

Se provar esses fatos, o juiz poderá condená-lo ao pagamento.

Se a pessoa não tiver condições de pagar

Se, ao final do processo, a pessoa não tiver bens, salário penhorável ou patrimônio, a execução poderá ser frustrada.

Mas a dívida continuará existindo e poderá ser cobrada por até cinco anos após o trânsito em julgado da sentença.

Durante esse período, o credor pode tentar localizar bens, salários, contas bancárias para penhora.

Se a pessoa adquirir patrimônio no futuro, ela poderá ser executada.

Quando pode haver crime

Na maioria dos casos, o não pagamento do cartão é uma questão civil.

No entanto, pode haver implicações criminais se:

  • A pessoa utilizar o cartão mediante fraude

  • Forjar documentos para obtenção do cartão

  • Utilizar o cartão com má-fé premeditada (estelionato)

Nessas hipóteses, além do processo cível, pode haver processo criminal por estelionato.

Cada caso deve ser analisado individualmente para verificar a presença de elementos de crime.

Perguntas e respostas

Emprestei meu cartão e a pessoa não pagou. O banco é obrigado a cancelar a dívida?

Não. O banco não se responsabiliza por empréstimos voluntários de cartão. Você deverá pagar e buscar ressarcimento da pessoa.

Posso processar quem usou meu cartão mesmo sem contrato escrito?

Sim, mas você precisará de provas, como mensagens, testemunhas ou outros documentos que comprovem o acordo.

Preciso de advogado para entrar com ação de cobrança?

Para valores de até 20 salários mínimos, é possível ingressar nos Juizados Especiais sem advogado. Acima desse valor, o advogado é obrigatório.

Se eu emprestei o cartão mas também dei a senha, posso perder o processo?

Não necessariamente. O importante é provar que houve autorização para uso, mas também a obrigação de pagamento pela outra parte.

É possível pedir indenização por danos morais?

Sim, especialmente se a inadimplência causou inscrição indevida do seu nome nos órgãos de proteção ao crédito.

Quanto tempo tenho para processar quem usou meu cartão?

O prazo é de cinco anos a partir do vencimento da fatura ou do não pagamento.

Se a pessoa não tiver bens, como faço para receber?

Você pode pedir penhora de salários, contas bancárias, imóveis ou outros bens existentes ou futuros.

Emprestar o cartão é crime?

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Não. O empréstimo em si não configura crime, mas o não pagamento gera responsabilidade civil.

Conclusão

Emprestar o cartão de crédito a terceiros é uma prática que envolve riscos sérios, pois a responsabilidade perante a instituição financeira permanece integralmente com o titular do cartão. Quando o tomador do empréstimo não paga a dívida, o titular prejudicado tem o direito de buscar o ressarcimento judicialmente, desde que consiga comprovar o empréstimo, o uso autorizado e a obrigação de pagamento assumida.

É essencial reunir provas robustas e agir dentro do prazo legal para não perder o direito de cobrança. Embora seja possível resolver amigavelmente, muitas vezes o processo judicial é necessário para assegurar o reembolso das quantias gastas.

Diante disso, a recomendação é evitar o empréstimo de cartões sempre que possível e, se ocorrer, documentar ao máximo a operação, resguardando-se para eventuais necessidades futuras.

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