Espécie 91 INSS dá estabilidade no emprego?

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A espécie 91 do INSS, correspondente ao benefício de auxílio por incapacidade temporária acidentário (antigo auxílio-doença acidentário), gera muitas dúvidas, principalmente entre os trabalhadores e empregadores sobre seus efeitos legais. Uma das mais comuns é se o trabalhador afastado sob esse benefício tem estabilidade no emprego após seu retorno. A resposta é sim: a espécie 91 garante estabilidade ao empregado, conforme será detalhado neste artigo.

A seguir, abordaremos em profundidade o que é o benefício espécie 91, como funciona o processo de concessão, quais são os critérios de estabilidade, o tempo de duração da garantia no emprego, o que fazer em caso de demissão indevida, e como o trabalhador pode proteger seus direitos. Vamos entender todos os detalhes sobre a estabilidade relacionada à espécie 91 do INSS.

O que é o benefício espécie 91 do INSS

O código 91 do INSS se refere ao benefício de auxílio por incapacidade temporária acidentário, anteriormente conhecido como auxílio-doença acidentário. Ele é concedido ao segurado empregado que se afasta do trabalho por mais de 15 dias em decorrência de acidente de trabalho, acidente de trajeto ou doença ocupacional.

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Diferentemente do benefício por incapacidade comum (espécie 31), o auxílio espécie 91 está diretamente ligado ao trabalho, ou seja, decorre de um evento ocorrido no exercício da atividade profissional.

A espécie 91 é identificada dessa forma nos sistemas da Previdência Social e tem implicações específicas para o contrato de trabalho, inclusive gerando estabilidade provisória ao empregado quando este retorna ao trabalho após a cessação do benefício.

Diferença entre auxílio-doença comum e acidentário

A distinção entre o auxílio-doença comum (espécie 31) e o acidentário (espécie 91) é fundamental, pois os efeitos jurídicos para o trabalhador são diferentes.

No caso do auxílio-doença comum:

  • Não há estabilidade no emprego ao final do afastamento.

  • O afastamento não decorre de acidente ou doença relacionada ao trabalho.

  • O recolhimento do FGTS é suspenso durante o afastamento.

No caso do auxílio-doença acidentário (espécie 91):

  • Há estabilidade no emprego por 12 meses após o retorno ao trabalho.

  • O afastamento decorre de acidente de trabalho, doença ocupacional ou acidente de trajeto.

  • O empregador deve continuar recolhendo FGTS durante todo o período de afastamento.

Requisitos para concessão do benefício espécie 91

Para que o trabalhador tenha direito ao benefício de espécie 91, é necessário cumprir alguns requisitos:

  • Ser empregado com carteira assinada.

  • Ter sofrido um acidente de trabalho típico, de trajeto ou desenvolvido uma doença ocupacional.

  • Ter a incapacidade temporária constatada por perícia médica do INSS.

  • Ter se afastado por mais de 15 dias. Os primeiros 15 dias são pagos pela empresa, e a partir do 16º dia, o INSS assume o pagamento.

A comprovação de que o afastamento está relacionado ao trabalho é feita por meio da Comunicação de Acidente de Trabalho (CAT), que deve ser emitida pelo empregador ou pelo próprio empregado, sindicato ou médico, caso o empregador se recuse a fazer.

O que é estabilidade provisória e como ela se aplica à espécie 91

Estabilidade provisória é o direito que o trabalhador tem de permanecer no emprego por determinado período, impedindo que o empregador o demita sem justa causa durante esse tempo.

No caso de quem recebe o benefício da espécie 91, a estabilidade é garantida pelo artigo 118 da Lei nº 8.213/1991, que assegura ao empregado o direito de permanecer no emprego por até 12 meses após a cessação do benefício, desde que o afastamento tenha ocorrido em razão de acidente de trabalho ou doença ocupacional.

Exemplo: se um trabalhador ficou afastado por seis meses recebendo o auxílio-doença acidentário e retornou ao trabalho após a alta do INSS, ele terá estabilidade no emprego por mais 12 meses a partir da data do retorno.

Como identificar se o benefício concedido foi da espécie 91

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Para confirmar se o benefício recebido é da espécie 91, o segurado pode acessar o extrato do benefício no site ou aplicativo Meu INSS.

No extrato, constará o código do benefício. Se for “91”, trata-se de auxílio por incapacidade temporária acidentário. Caso conste “31”, é o auxílio comum e não gera estabilidade no emprego.

É importante conferir essa informação, pois em muitos casos o INSS concede equivocadamente o benefício como espécie 31, mesmo quando a origem do afastamento é relacionada ao trabalho. Nessa situação, o segurado deve solicitar a retificação da espécie do benefício, preferencialmente com o apoio de um advogado trabalhista ou previdenciário.

O papel da Comunicação de Acidente de Trabalho (CAT)

A emissão da CAT é essencial para que o benefício seja reconhecido como acidentário. A ausência da CAT pode fazer com que o INSS conceda o auxílio como espécie 31.

Mesmo se o empregador se recusar a emitir a CAT, o próprio trabalhador pode emiti-la. O documento pode ser preenchido e enviado pelo site da Previdência ou presencialmente em uma agência do INSS, sindicato ou serviço de saúde.

A CAT deve conter informações completas sobre o acidente ou doença e pode ser decisiva para garantir o direito à estabilidade no emprego.

O que acontece se o trabalhador for demitido durante a estabilidade

Se o trabalhador que teve benefício da espécie 91 for demitido sem justa causa durante o período de estabilidade, essa demissão será considerada nula e o empregador poderá ser obrigado a:

  • Reintegrar o trabalhador ao emprego.

  • Pagar os salários do período em que o trabalhador ficou afastado após a demissão.

  • Pagar as verbas rescisórias complementares.

Caso o trabalhador não deseje ser reintegrado, pode buscar na Justiça do Trabalho uma indenização substitutiva pela estabilidade não respeitada.

Estabilidade provisória também vale para contratos por prazo determinado?

Sim, a estabilidade prevista no artigo 118 da Lei 8.213/1991 também se aplica aos contratos por prazo determinado. A Justiça do Trabalho já se posicionou, em várias decisões, no sentido de que o contrato não pode ser encerrado durante o período de estabilidade, mesmo que o prazo final estipulado tenha se encerrado.

Isso significa que, mesmo contratos temporários ou de experiência devem observar a estabilidade de 12 meses após o retorno do empregado acidentado ao trabalho.

A estabilidade também vale para empregados domésticos?

Os empregados domésticos que contribuem para o INSS têm direito ao auxílio por incapacidade temporária, mas não há previsão legal expressa sobre a estabilidade no emprego nos moldes do artigo 118 da Lei 8.213/1991.

Contudo, decisões judiciais vêm reconhecendo esse direito com base nos princípios da isonomia e da dignidade do trabalho doméstico. Ainda assim, essa é uma área com menos segurança jurídica, e cada caso pode ser analisado individualmente pelo Judiciário.

A estabilidade da espécie 91 vale para servidores públicos?

Para servidores públicos celetistas (regidos pela CLT), a estabilidade de 12 meses também é aplicada se o afastamento for decorrente de acidente de trabalho. Já os servidores estatutários têm regras próprias, conforme o estatuto da categoria.

No caso dos estatutários, o afastamento por acidente pode garantir estabilidade de acordo com a legislação local ou do órgão. É fundamental verificar o estatuto do servidor e eventuais leis estaduais ou municipais.

O que o trabalhador deve fazer para garantir a estabilidade

Para proteger seus direitos, o trabalhador deve:

  • Exigir a emissão da CAT.

  • Verificar o código do benefício no Meu INSS.

  • Guardar cópias de todos os documentos médicos.

  • Registrar comunicações com o empregador, principalmente em caso de tentativa de demissão.

  • Buscar orientação jurídica, se necessário, principalmente se houver dúvida sobre a espécie do benefício.

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Em caso de erro do INSS na concessão do benefício como espécie 31 em vez de 91, o trabalhador pode:

  • Solicitar a revisão do benefício.

  • Juntar provas do nexo com o trabalho (exames, laudos, testemunhas).

  • Entrar com ação judicial para correção da espécie.

Perguntas e respostas

Quem recebe benefício do INSS espécie 91 pode ser demitido?
Pode, mas não sem justa causa durante os 12 meses após o retorno. Se for, a demissão é nula.

Quanto tempo dura a estabilidade da espécie 91?
Dura 12 meses a partir do retorno ao trabalho, conforme o artigo 118 da Lei 8.213/1991.

O benefício espécie 91 precisa de CAT para ser concedido?
Sim, a CAT é essencial para demonstrar que o afastamento é decorrente de acidente de trabalho ou doença ocupacional.

O INSS pode errar na espécie do benefício?
Sim. É comum o benefício ser concedido como espécie 31, mesmo em caso de acidente de trabalho. Nesse caso, o trabalhador deve pedir a correção.

Se o trabalhador tiver contrato temporário, também tem estabilidade?
Sim. A Justiça reconhece que mesmo em contratos com prazo determinado o trabalhador tem direito à estabilidade de 12 meses após o retorno.

O empregado doméstico tem estabilidade da espécie 91?
Não há previsão legal clara, mas a Justiça pode reconhecer o direito com base na igualdade de tratamento.

Conclusão

O benefício do INSS classificado como espécie 91 é de extrema importância para os trabalhadores, pois, além de garantir a remuneração durante o afastamento por acidente de trabalho ou doença ocupacional, assegura uma estabilidade provisória no emprego de 12 meses após o retorno às atividades.

Para usufruir plenamente desses direitos, o trabalhador deve estar atento à correta classificação do benefício, à emissão da CAT e à documentação médica que comprove o nexo entre a atividade profissional e a incapacidade.

Em caso de dúvidas ou de tentativa de demissão indevida, é altamente recomendável procurar a orientação de um advogado trabalhista para garantir a aplicação da lei e a proteção dos direitos do empregado.

Essa estabilidade é uma conquista legal que visa garantir a recuperação digna do trabalhador, resguardando sua saúde e seu vínculo profissional em um momento de vulnerabilidade.

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