Firmando o conceito do Officeless nasce a Associação Brasileira de Legal Design

A entidade propõe discutir e inovar os moldes do conservador mundo jurídico

O futuro do universo de causas e processos pós pandemia prevê inovações que quebrarão as barreiras na forma de gerar negócios e na relação com o cliente. Mas essa mudança precisa ocorrer de forma organizada e ser discutida pelos envolvidos, uma vez que mexerá, e muito, com o tradicional mundo do Direito.

Após ser pioneiro em lançar a primeira organização jurídica Officeless, o advogado João Eduardo de Villemor Amaral, da J Amaral Advogados, cria a Associação Brasileira de Legal Design (ABLD) e convida seus companheiros de profissão para repensar o modelo da prestação de serviços jurídicos e da experiência do cliente, utilizados há mais de 40 anos. “Nosso objetivo é trazer os conceitos de design para o mundo do Direito. Colocar o cliente no centro da relação, simplificar, democratizar e tornar a linguagem e a comunicação dos serviços jurídicos mais acessíveis e claras para todos, independente do conhecimento técnico legal”, explica Amaral.

O propósito de criar um hub independente de pensamento para a discussão de um novo e atualizado formato das entregas e de experiências de serviços no universo do Direito, mais alinhado com o mundo digital dos dias atuais, surgiu na implementação do formato officeless, que dispensa a obrigatoriedade de um escritório físico, em seu próprio empreendimento jurídico. “Com as medidas impostas pelos governos, em parceria com os órgãos de saúde, foi necessário migrarmos nossas atividades para o modelo home office. Mas, eu havia passado por uma reorganização societária e resolvi ousar e continuar mudando”, comenta o advogado.

Após três meses atuando em home office, ele se deu conta de que não era mais obrigatório a presença diária em escritórios físicos luxuosos para garantir boas entregas e, após fazer uma pesquisa com seus colaboradores, decidiu mudar definitivamente seu modelo de negócio. “Descobrimos que 100% do time aprova e, principalmente, incentiva esse nosso novo posicionamento estratégico. Entendemos que sem a carga gerada pela manutenção de um espaço físico é possível promover diversas vantagens competitivas para nós e gerar economia para os nossos clientes”.

Segundo Amaral, a mente e o intelecto humano são as ferramentas que permitem que os temas e os desafios endereçados aos advogados possam ser resolvidos de forma criativa e eficiente. “É por intermédio das pessoas e de suas habilidades intelectuais que os serviços são entregues”, relativiza o sócio.

Com a ABLD, Amaral quer modernizar o trabalho no universo do Direito.  Ele entende que a mentalidade dos líderes dos escritórios de advocacia têm de se abrir. “Se esse posicionamento não for visto como estratégico e não for, verdadeiramente, o pilar do negócio, teremos, apenas, organizações com bons recursos tecnológicos. E não é esse o conceito do officeless + borderless”.

Toda inovação pretende promover a diferença e gerar resultados palpáveis. No caso dessa mudança de mentalidade é possível perceber relevantes impactos financeiros. “No modelo sob o qual estávamos estabelecidos e que é utilizado pelo mercado, os clientes são ‘sócios’ dos advogados nas estruturas físicas, uma vez que as despesas fixas como aluguel, IPTU, condomínio, luz, água, internet, mobiliário e decoração e, ainda, todos os demais ônus envolvidos na manutenção de um escritório tradicional são repassados para o contratante no momento de se estabelecer o investimento requerido para o trabalho. Ao adotar o officeless, passamos a ser capazes de ofertar honorários mais justos e competitivos, justamente por que não carregamos esse composto absolutamente desnecessário”, explica.

O exercício do trabalho realizado de casa foi o teste e o despertar para a mudança na forma de pensar.  “Logo nas primeiras semanas de quarentena, constatamos que havíamos nos libertado das ‘amarras físicas’. No modelo remoto, as pessoas, sem se dar conta, adquiriram a liberdade para realizar suas atividades profissionais do local que entendessem mais adequado, seja de suas moradias, da casa de campo ou de praia ou de qualquer lugar, o que é, justamente, a premissa do conceito officeless.

Identificando indicadores

O fundador da associação entende que é preciso estabelecer e discutir os indicadores que compõem esse movimento para a categoria. Para começar, Amaral compara o estilo de gestão de equipe antes da pandemia e o futuro. “No passado, ficou convencionado que gerir um time pressupunha um contato obrigatoriamente presencial. Hoje, os direcionamentos para as equipes são mais frequentes, muito mais interativos e não perdemos tempo com reuniões improdutivas e desnecessárias”. Ele detalha que fala com seus clientes, sócios e colaboradores mais vezes ao longo do dia, já que as conexões digitais são muito fáceis e rápidas de se implementar. Além do que, nesse formato, a pessoa tem que olhar e dar atenção plena ao interlocutor. “Acabaram os encontros internos ou com clientes em que um participante fica olhando o celular. Isso faz com que haja a atenção plena de quem está envolvido”.

Amaral destaca diversas vantagens do modelo officeless. Transparência, agilidade, capilaridade e eficiência. Para traduzir esses indicadores, o advogado diz que o cliente, no que se refere ao recebimento dos serviços, identifica claramente o que foi contratado versus o que foi entregue. Não há “custos” escondidos na contratação. O novo formato  pressupõe um trabalho dinâmico, que pode ser feito a qualquer hora, de qualquer lugar e que não depende da estrutura física de um escritório para ser entregue. Portanto, a rapidez na devolutiva ao cliente é muito maior.

“O officeless nos permite chegar a outros locais e a outros clientes que, eventualmente, com o conceito arcaico da barreira física e presencial, não era possível atingir. Se quisermos, por exemplo, expandir nossas atividades para outros locais do Brasil, nosso desafio será somente encontrar talentos para executar esses serviços e proporcionar a essas pessoas a infraestrutura de que precisam para o trabalho remoto; daí também o conceito borderless. Adicionalmente, executar nossos serviços via as plataformas digitais nos permite estar sempre conectados com nossos clientes. Podemos fazer, com um mesmo cliente, múltiplas reuniões e contatos digitais”, completa.

Junto com o novo posicionamento estratégico da J Amaral e da ABLD, Amaral acredita que a transformação trará consigo a geração de valor para a sociedade, uma vez que, “cobrando valores mais competitivos, estamos democratizando o acesso à prestação de serviços jurídicos para clientes pessoas jurídica e física que operem sob um limitação orçamentária para a contratação de um advogado”.

 

Sobre o J Amaral Advogados

Fundado em 2012 por João Eduardo de Villemor Amaral, o J Amaral Advogados é o primeiro empreendimento jurídico brasileiro baseado na cultura officeless, que defende a desobrigatoriedade de se ter um escritório físico para oferecer uma entrega de serviços com alto nível de qualidade. Em sua essência, J Amaral Advogados realiza seu trabalho sob a perspectiva de competência e criatividade. A banca atua com foco em societário, fusões e aquisições, infraestrutura, energia, contratos, startups,  tributário, trabalhista, arbitragem, contencioso cível, recuperação judicial, recuperação de ativos e créditos estressados e litígios de alta complexidade. Com o propósito de ser um empreendimento dinâmico, eficiente e com atendimento personalizado, J Amaral Advogados trabalha sob as premissas de manter a ética nas relações humanas, performar com objetividade e clareza, e primar pelo comprometimento e pelo desenvolvimento da equipe. Sua carteira de clientes nacionais e internacionais está estabelecida em diferentes segmentos da economia, tais como instituições financeiras, indústrias farmacêuticas, de alimentos, de infraestrutura e de energia, além de agronegócios e empresas de tecnologia.

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