Graus de autismo demandam suportes distintos

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A necessidade de apoio define o nível do espectro e o tratamento mais eficaz para cada pessoa.

O transtorno do espectro autista (TEA), popularmente conhecido como autismo, vem sendo cada vez mais abordado no país. Em programas de televisão, personalidades como Marcos Mion e Letícia Sabatella já falaram sobre o assunto e alertaram sobre a necessidade de a sociedade estar bem informada sobre a condição.

 

Só em 2021, o Sistema de Informações Ambulatoriais (SIA) registrou o atendimento de 9,6 milhões de pessoas com diagnóstico de autismo. Deste total, 4,1 milhões eram crianças com até 9 anos, conforme os dados divulgados pelo Ministério da Saúde. 

 

Os números ilustram a importância de que os profissionais desta e de outras áreas, assim como os familiares, amigos e quem convive com pessoas autistas tenham conhecimento sobre o que é o transtorno, os diferentes graus e as necessidades de suporte para assegurar o acolhimento e o tratamento adequados.

 

O TEA faz parte dos transtornos do neurodesenvolvimento que afetam as habilidades de comunicação e interação social. A diretora técnica geral da Clínica Espaço Cel, Virginia Vasquez, explica que pessoas com autismo podem apresentar padrões de comportamento repetitivos, hiperfoco e hipersensibilidade aos estímulos sensoriais. A condição pode se manifestar em três graus diferentes: leve, moderado e severo. 

 

De acordo Virginia, o diagnóstico pode ser feito antes dos três anos, já que os sinais do TEA costumam aparecer ainda na primeira infância. Cada grau apresenta necessidades específicas de suporte e, por isso, o tratamento para autismo varia de pessoa para pessoa.

 

De acordo com o Ministério da Saúde, o autismo não é caracterizado como uma doença e, portanto, não tem cura. Os tratamentos são focados em reduzir os impactos dos sintomas e estimular as habilidades sociais, comunicativas, de desenvolvimento e de aprendizado. 

Autonomia é uma das definições para o grau do TEA

O autismo é classificado, até o momento, em três graus. Segundo o Ministério da Saúde, o  primeiro é caracterizado por dificuldades de comunicação e interação social, mas a pessoa mantém a autonomia no seu dia a dia. Quem está dentro deste espectro pode não perceber que tem a condição e suavizar os sintomas de forma involuntária. Nesses casos, o diagnóstico é feito apenas na fase adulta.

 

Segundo informações do Instituto Federal da Paraíba (IFPB), a pessoa com grau leve de autismo também pode apresentar hiperfoco em assuntos de seu interesse e ser extremamente sincera, dizendo exatamente o que pensa. Em geral, ela não costuma apresentar atrasos na fala, mas pode responder de maneira diferente do que é socialmente esperado. Outra característica comum é que ela seja literal e tenha dificuldades de compreender metáforas e expressões de duplo sentido. 

 

Por terem autonomia para realizarem as atividades do dia a dia, as pessoas com grau de autismo leve não precisam de um tratamento multidisciplinar para o seu desenvolvimento.

Autismo moderado: como identificar

 

No segundo nível do espectro, a condição é mais evidente. De acordo com o Ministério da Saúde, as pessoas com autismo moderado apresentam dificuldades mais significativas, quando comparadas àquelas de grau leve. Por isso, necessitam de mais terapias e auxílio para o cumprimento das tarefas diárias. 

 

De acordo com as informações do IFPB, no grau dois, os autistas podem apresentar dificuldades de aprendizagem e pouca iniciativa para interagir, sendo preciso apoio para começar ou se manter em um momento de interação social. Em alguns casos, a resposta pode ser pouco frequente e, em outros, podem manter-se apenas como ouvintes. 

 

Ainda segundo o IFPB, os interesses são mais restritos e as estereotipias mais visíveis. As pessoas são resistentes às alterações de contexto, como mudanças de ambiente e contato com outros grupos sociais, sendo necessária uma preparação prévia para esse tipo de situação.

 

As crises de estresse, frustração e os episódios de auto e heteroagressão tendem a ser mais comuns, mas podem ser minimizadas com o apoio especializado. 

Autismo severo é o nível de maior comprometimento

As pessoas no terceiro nível do espectro têm dificuldades mais acentuadas: são voltadas para si mesmas, não estabelecem contato visual e, apesar de conseguirem falar, não usam a fala como ferramenta de comunicação, conforme o Ministério da Saúde.

 

O órgão pontua que, nas formas mais graves, o autista pode demonstrar ausência completa de qualquer contato interpessoal, sendo pessoas que se isolam e apresentam deficiência mental significativa.

 

Nesse nível do transtorno, é comum comportamentos repetitivos graves, forte fixação nos interesses restritos e muita dificuldade para fazer o que não lhes interessa. Além disso, podem ser agressivos em momentos de estresse, segundo o IFPB.

 

As pessoas com autismo severo têm pouca autonomia e, em alguns casos, podem ser consideradas juridicamente incapazes, como aponta o instituto. O acompanhamento multidisciplinar é necessário para garantir o suporte e os cuidados necessários no dia a dia.

Como é o tratamento do TEA

 

O tratamento para o TEA é direcionado com base nas necessidades de apoio que a pessoa apresenta, sendo capaz de proporcionar uma melhora considerável nas habilidades sociais e comunicativas. Entre as formas disponíveis estão medicamentos, fisioterapia, atividades lúdicas, terapia ocupacional, fonoaudiologia e acompanhamento psicológico. 

 

Em 2014, foi assinado o decreto nº 8.368, que concebe a Política Nacional de Proteção dos Direitos da Pessoa com Transtorno do Espectro Autista no Brasil. Dessa forma, é garantido por lei o direito de assistência à saúde, como cuidado integral especializado e hospitalar, disponibilidade de medicamentos incorporados ao Sistema Único de Saúde (SUS) e diagnóstico diferenciado precoce.

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