O Mercado jurídico está mudando radicalmente – e você pode aproveitar essa onda

** por Caroline Turri

As quase duas décadas dentro do tradicional universo jurídico me moldaram. Da postura à mentalidade, eu ia muito bem como uma advogada clássica (daquelas de filme). Fui me sobressaindo ao comandar equipes e resolver questões internas de um grande escritório. E a gestão jurídica se tornou meu caminho natural. Nada suave foi a mudança que veio depois. Deixar terninho, horário comercial e o jargão do direito para mergulhar no mundo das startups, em uma lawtech foi uma avalanche na minha vida. O leque de habilidades exigidas era mais amplo: entender de vendas, marketing, finanças, recursos humanos e, afinal, um pouco de tecnologia. Há 3 anos, estou nessa rica vivência e aprendizado diário.

Mudei o curso da minha carreira pelo desafio e oportunidade. No Brasil, existem mais de um milhão de advogados inscritos na OAB e cerca de 100 mil escritórios de advocacia. É o país com mais advogados por habitante no mundo. E com o maior número de faculdades, o que já nos fala do futuro. Um mercado muito competitivo, em que a maioria não atinge salários melhores nem consegue bons empregos. Entretanto, a formação pode levar o profissional a outra rotina, um mercado onde há o cruzamento entre direito e tecnologia.  Do universo de novos processos que ingressaram nos tribunais brasileiros em 2021, a quase totalidade, 97,2%, foi em formato eletrônico, segundo dados do Conselho Nacional de Justiça. A judicialização é um problema no Brasil, mas a informatização, puxada pelos tribunais superiores, é uma sinalização de que podemos avançar, ganhar celeridade e oferecer uma advocacia melhor.

Como COO da Doc9, startup líder em logística forense do país, ajudo a criar soluções para agilizar o funcionamento de escritórios e departamentos jurídicos de empresas dos mais variados portes, um mercado com imenso potencial de crescimento.

Pensando em tudo aquilo que possa liberar o advogado para que ele se dedique à atividade essencial da profissão e reduza despesas e tempo gastos com burocracia, nasceu a Doc9 e depois a WHOM, uma solução de marketplace e serviços SaaS que facilita processos, centraliza soluções e desenvolve tecnologia para otimizar a rotina jurídica dos seus clientes.

Desde que entrei neste mercado, ele cresceu mais de 1.300% , contando com 250 novas startups jurídicas, com produtos para melhorar a prática da rotina de trabalho, segurança cibernética, redução de custos e melhor relação com clientes. Em seu levantamento mais atual, a AB2L mostra que 72% dos potenciais clientes acreditam que os advogados deveriam adotar ferramentas tecnológicas.

Em uma startup, a rotina é animada, multidisciplinar e composta por uma grande parte da geração Z. As mudanças precisam ser implantadas com rapidez, inovação em tempo real. A cultura deste lado de cá precisa e pode impactar positivamente o conservador ambiente jurídico, ajudando-o a se modernizar. Quem pegar essa onda vai descobrir que advogados podem ser bem descolados!

 

Foto Caroline Turri**Caroline Turri é Diretora Jurídica e de Logística Jurídica na lawtech Doc9

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