Prescrição em direito penal

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A prescrição em direito penal é a perda do direito do Estado de punir ou executar a pena em razão da passagem do tempo. Quando ocorre a prescrição, o processo é extinto e o réu não pode mais ser punido pelo fato praticado. O Código Penal Brasileiro trata da prescrição como uma das causas de extinção da punibilidade, regulando seus prazos e hipóteses de forma detalhada.

O que é a prescrição penal

A prescrição penal é um instituto jurídico que impede o exercício do direito de punir do Estado ou o direito de executar a pena imposta, após o transcurso de determinado prazo fixado em lei, sem que haja o julgamento definitivo ou o cumprimento da sentença.

A prescrição visa proteger a segurança jurídica e a estabilidade social, evitando que uma pessoa viva indefinidamente sob a ameaça de sanções penais.

Natureza jurídica da prescrição penal

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A prescrição tem natureza jurídica de causa extintiva da punibilidade. Ela não atinge a existência do crime em si, mas impede que o Estado aplique ou execute a pena.

Em outras palavras, o crime continua existindo, mas o direito de punir desaparece. O réu se torna inatingível pelo sistema penal em relação ao fato prescrito.

Fundamentos da prescrição penal

Os principais fundamentos da prescrição penal são:

  • Segurança jurídica: Evitar que o indivíduo fique indefinidamente sujeito à ação do Estado.

  • Paz social: A sociedade se reestrutura com o tempo e a punibilidade perde o sentido.

  • Perda do interesse estatal: Após um longo lapso temporal, a repressão penal deixa de ser uma prioridade.

  • Dificuldade probatória: O tempo torna a produção de provas mais difícil e imprecisa.

Assim, a prescrição é vista como um instituto que atende tanto aos interesses individuais quanto coletivos.

Modalidades de prescrição penal

O Código Penal Brasileiro prevê diferentes modalidades de prescrição penal:

  • Prescrição da pretensão punitiva: Antes da condenação definitiva, impede que o Estado aplique a pena.

  • Prescrição da pretensão executória: Após o trânsito em julgado da condenação, impede que o Estado execute a pena imposta.

  • Prescrição retroativa: Calculada com base na pena fixada em sentença, podendo ocorrer mesmo antes do trânsito em julgado.

  • Prescrição intercorrente: Durante o processo, em razão da paralisação injustificada.

  • Prescrição da multa penal: Aplicável às penas de multa isoladas ou cumulativas.

Cada uma dessas modalidades tem suas peculiaridades, prazos e formas de contagem.

Prescrição da pretensão punitiva

A prescrição da pretensão punitiva impede que o Estado aplique a pena, caso o processo não tenha sido concluído com decisão definitiva dentro dos prazos legais.

Ela pode ocorrer:

  • Antes do recebimento da denúncia: Desde a prática do crime até o recebimento da denúncia ou queixa.

  • Durante o processo: Entre atos processuais relevantes.

Se a prescrição ocorrer nessa fase, o processo é extinto e não há imposição de pena.

Prescrição da pretensão executória

A prescrição da pretensão executória ocorre após o trânsito em julgado da sentença condenatória, ou seja, quando não há mais possibilidade de recurso.

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Se a execução da pena não for promovida dentro do prazo legal, a obrigação de cumprir a pena é extinta.

Essa modalidade protege o condenado de sofrer execução indefinidamente, garantindo estabilidade social e jurídica.

Como se calcula o prazo da prescrição

O cálculo da prescrição se baseia na pena máxima prevista para o crime ou na pena concretamente aplicada na sentença, conforme o momento processual.

Segundo o Código Penal:

  • Mais de 12 anos: prescreve em 20 anos.

  • Mais de 8 anos e até 12 anos: prescreve em 16 anos.

  • Mais de 4 anos e até 8 anos: prescreve em 12 anos.

  • Mais de 2 anos e até 4 anos: prescreve em 8 anos.

  • Mais de 1 ano e até 2 anos: prescreve em 4 anos.

  • Até 1 ano: prescreve em 3 anos.

O prazo é contado a partir de diferentes marcos, dependendo da fase processual, como veremos a seguir.

Prazos de prescrição antes da sentença definitiva

Antes da sentença definitiva, o prazo de prescrição é calculado com base na pena máxima cominada ao crime.

Exemplo:

Se o crime de roubo tem pena de 4 a 10 anos de reclusão, considera-se a pena máxima de 10 anos, e o prazo de prescrição será de 16 anos.

Esse prazo corre desde o dia em que o crime se consumou, salvo disposições especiais.

Prazos de prescrição após a sentença condenatória

Após a sentença condenatória, a prescrição é calculada com base na pena efetivamente imposta.

Exemplo:

Se a sentença condenou o réu a 3 anos de reclusão, o prazo prescricional será de 8 anos.

O prazo começa a correr da data da publicação da sentença condenatória.

Se ocorrer a prescrição retroativa, ela retroage até a data do recebimento da denúncia.

Causas que interrompem a prescrição penal

A interrupção da prescrição zera o prazo e inicia uma nova contagem. As principais causas de interrupção, conforme o artigo 117 do Código Penal, são:

  • Recebimento da denúncia ou queixa.

  • Pronúncia no Tribunal do Júri.

  • Decisão confirmatória de pronúncia.

  • Publicação da sentença condenatória recorrível.

  • Início ou continuação do cumprimento da pena.

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A interrupção pode ocorrer mais de uma vez durante o curso do processo.

Causas que suspendem a prescrição penal

A suspensão da prescrição paralisa temporariamente o curso do prazo, sem zerá-lo. Ela ocorre em situações específicas, como:

  • Quando o acusado se oculta para não ser citado.

  • Em casos de suspensão condicional do processo.

  • Em tratados de extradição, enquanto se aguarda a entrega do acusado.

  • Na fase de exame de insanidade mental.

Findo o motivo da suspensão, o prazo volta a correr de onde parou.

Crimes que não prescrevem

A Constituição Federal estabelece que determinados crimes são imprescritíveis:

  • Racismo.

  • Ações de grupos armados contra a ordem constitucional e o Estado Democrático.

Além disso, a legislação prevê que crimes de guerra e crimes contra a humanidade também são imprescritíveis, seguindo tratados internacionais.

Essas exceções reforçam a importância de proteger valores fundamentais da sociedade.

Efeitos da prescrição penal

A prescrição extingue a punibilidade e gera os seguintes efeitos:

  • Extinção do processo criminal.

  • Anulação da condenação.

  • Liberação do réu das obrigações penais.

  • Impossibilidade de nova ação penal sobre o mesmo fato.

Entretanto, a prescrição não afeta consequências de natureza civil decorrentes do crime, como indenizações.

Prescrição da pena de multa

A pena de multa também prescreve, conforme o artigo 114 do Código Penal. O prazo prescricional da multa é de 2 anos, salvo se aplicada juntamente com pena privativa de liberdade, caso em que se aplica o mesmo prazo da pena principal.

A execução da multa pode ser promovida pela Fazenda Pública, como dívida ativa.

Prescrição em crimes contra a administração pública

Nos crimes contra a administração pública praticados por funcionários públicos, o prazo prescricional pode ser aumentado. O Código Penal prevê que, enquanto o funcionário estiver no exercício do cargo, o prazo da prescrição não corre.

Essa regra busca impedir que o servidor público se beneficie da morosidade processual enquanto exerce sua função.

Exemplo prático de prescrição penal

Imagine que uma pessoa comete um furto simples, cuja pena máxima é de 4 anos de reclusão. O prazo de prescrição, nesse caso, será de 8 anos.

Se o processo ficar parado por mais de 8 anos sem julgamento definitivo, poderá ser extinto pela prescrição.

Se após a condenação a pena aplicada for de 2 anos, o prazo de prescrição será de 4 anos para a execução.

A importância do controle da prescrição pelo advogado

O advogado deve acompanhar atentamente os prazos prescricionais para proteger os direitos de seu cliente.

O pedido de reconhecimento da prescrição pode ser feito em qualquer fase do processo, e o juiz deve reconhecê-la de ofício ou a pedido da parte.

Por isso, a vigilância sobre os prazos é uma prática essencial na atuação penal.

Perguntas e respostas

O que é a prescrição penal?

É a perda do direito do Estado de punir ou de executar a pena devido ao decurso do tempo.

Quando começa a correr o prazo de prescrição?

Em regra, no dia em que o crime se consumou.

A prescrição pode ser reconhecida a qualquer momento?

Sim, em qualquer fase do processo, inclusive de ofício pelo juiz.

Quais crimes não prescrevem?

Crimes de racismo e ações de grupos armados contra a ordem constitucional, além de crimes contra a humanidade.

A prescrição atinge a obrigação de indenizar a vítima?

Não. A prescrição penal extingue a punibilidade, mas não afeta a responsabilidade civil.

É possível pedir prescrição depois da condenação?

Sim, mediante análise da pena aplicada e dos prazos legais.

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Qual a diferença entre interrupção e suspensão da prescrição?

A interrupção zera o prazo, enquanto a suspensão apenas paralisa temporariamente.

Conclusão

A prescrição em direito penal é um mecanismo que limita o poder punitivo do Estado em função da passagem do tempo. Seu objetivo é preservar a segurança jurídica, proteger a dignidade humana e evitar perseguições indefinidas. O conhecimento dos prazos e das modalidades de prescrição é fundamental tanto para a defesa dos acusados quanto para a correta atuação do Poder Judiciário.

Por ser uma matéria técnica e de grande impacto no processo penal, a prescrição exige atenção constante dos operadores do direito, assegurando que o sistema penal funcione dentro dos princípios constitucionais e da justiça.

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