Tipos de radares

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Os tipos de radares de trânsito utilizados no Brasil podem ser categorizados principalmente em quatro grandes grupos: o radar fixo, que é instalado em postes ou pórticos e se subdivide em controlador de velocidade, redutor de velocidade (lombada eletrônica) e fiscalizador de avanço de sinal vermelho e parada sobre a faixa; o radar móvel, operado a partir de um veículo estacionado; o radar portátil, que é manuseado por um agente de trânsito em um tripé ou em suas mãos (tipo pistola); e o radar de velocidade média, uma tecnologia mais recente que calcula a velocidade do veículo ao longo de um trecho entre dois pontos. Cada um desses equipamentos utiliza tecnologias como o efeito Doppler, laços indutivos ou laser (LIDAR) para medir a velocidade e fiscalizar o comportamento dos condutores, visando sempre a segurança viária.

O Princípio de Funcionamento: Como um Radar Mede a Velocidade?

Para compreender os diferentes tipos de radares, é fundamental entender a tecnologia por trás de seu funcionamento. Embora o termo “radar” seja usado genericamente, os equipamentos de fiscalização eletrônica empregam métodos distintos para aferir a velocidade ou o posicionamento de um veículo. Os três principais são o Efeito Doppler, os Laços Indutivos e o Laser (LIDAR).

1. Efeito Doppler (Rádio Frequência) Este é o princípio mais clássico e dá nome ao radar (RAdio Detection And Ranging). O equipamento emite continuamente um feixe de ondas de rádio em uma frequência específica em direção à via. Quando essas ondas atingem um veículo em movimento, elas são refletidas de volta para a antena do radar.

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O “pulo do gato” está no Efeito Doppler. Se o veículo está se aproximando do radar, as ondas refletidas retornam com uma frequência mais alta (mais “comprimidas”). Se o veículo está se afastando, as ondas retornam com uma frequência mais baixa (mais “esticadas”). A magnitude dessa alteração na frequência é diretamente proporcional à velocidade do veículo. O computador interno do radar calcula essa diferença de frequência instantaneamente e a converte na velocidade em km/h que vemos no painel (no caso das lombadas eletrônicas) ou na notificação de infração. Este método é amplamente utilizado em radares portáteis, móveis e em alguns modelos de radares fixos.

2. Laços Indutivos (ou Magnéticos) Este método não utiliza ondas de rádio, mas sim campos magnéticos. Ele é extremamente comum em radares fixos, especialmente os de semáforo e controladores de velocidade instalados em grandes avenidas. Se você observar atentamente o asfalto alguns metros antes de um desses radares, verá cortes no pavimento em formato de quadrados ou retângulos. Ali estão embutidos os laços indutivos, que são, na essência, bobinas de fio de cobre.

Como funciona:

  • Duas ou mais dessas bobinas são instaladas a uma distância exata e conhecida uma da outra.
  • Uma corrente elétrica passa por elas, criando um campo magnético estável sobre a faixa de rolamento.
  • Quando a massa metálica de um veículo passa sobre o primeiro laço, ela causa uma perturbação nesse campo magnético. O sistema registra o tempo exato desse evento (t1).
  • Quando o mesmo veículo passa sobre o segundo laço, uma nova perturbação é registrada no tempo (t2).
  • O computador do sistema, sabendo a distância exata entre os laços () e o tempo que o veículo levou para percorrê-la (), calcula a velocidade com uma fórmula simples: .

Este método é muito preciso e permite a fiscalização individual de cada faixa de rolamento de uma via.

3. Laser (LIDAR) LIDAR significa Light Detection And Ranging. Diferente do radar que usa ondas de rádio, o LIDAR utiliza pulsos de luz infravermelha, invisíveis ao olho humano. O equipamento, geralmente portátil (no formato de uma pistola), dispara centenas ou milhares de pulsos de laser em uma fração de segundo em direção a um veículo específico.

Esses pulsos atingem o veículo e são refletidos de volta para o sensor do aparelho. O sistema mede o tempo exato que cada pulso levou para ir e voltar. Como a velocidade da luz é constante e conhecida, o aparelho consegue calcular a distância do veículo com extrema precisão a cada pulso. Ao comparar as mudanças na distância ao longo desses múltiplos pulsos, o sistema calcula a velocidade do veículo com uma precisão notável. Sua principal vantagem é a capacidade de mirar em um único carro, mesmo em tráfego intenso, o que o torna ideal para a fiscalização com o aparelho portátil.

Radar Fixo: O Guardião Permanente das Vias

O radar fixo é o tipo mais conhecido pela população. São equipamentos instalados de forma permanente em postes, braços metálicos ou pórticos sobre as vias. Sua localização é estudada e definida com base em estatísticas de acidentes e na necessidade de controle do fluxo. Eles se subdividem em algumas categorias funcionais.

Controlador Eletrônico de Velocidade Conhecido popularmente como “pardal”, seu objetivo é fiscalizar se os condutores estão respeitando o limite de velocidade regulamentado para aquela via. Geralmente é instalado em retas de avenidas, rodovias e vias expressas onde há tendência ao excesso de velocidade. Ele opera 24 horas por dia e pode usar tanto a tecnologia Doppler quanto os laços indutivos para medir a velocidade. Quando um veículo passa acima da velocidade permitida (já considerada a margem de tolerância), o sistema captura uma imagem da placa do veículo, registrando data, hora, local, velocidade medida e velocidade considerada para a infração.

Redutor Eletrônico de Velocidade (Lombada Eletrônica) Embora pareça similar ao controlador, o redutor de velocidade tem um propósito diferente. Ele é instalado em pontos críticos que exigem uma redução drástica da velocidade, muito abaixo do limite geral da via. Exemplos clássicos são as proximidades de escolas, hospitais, travessias de pedestres perigosas ou curvas acentuadas. Sua característica principal é a presença de um grande display de LED que mostra a velocidade do veículo em tempo real para o condutor. O objetivo principal é educativo: alertar o motorista para que ele reduza a velocidade. A fiscalização ocorre apenas se o condutor passar pelo ponto acima da velocidade máxima estabelecida especificamente para aquele trecho (por exemplo, 40 km/h), que estará claramente indicada em uma placa junto ao equipamento.

Fiscalizador de Avanço de Sinal, Parada na Faixa e Velocidade Este é um equipamento multifuncional, geralmente instalado em cruzamentos com semáforos. Ele integra diferentes tipos de fiscalização:

  • Avanço de Sinal Vermelho: Utilizando laços indutivos posicionados antes e depois da linha de retenção, o sistema é ativado assim que o sinal do semáforo fica vermelho. Se um veículo cruzar o primeiro laço após o sinal fechar, o sistema entende que houve a infração de avanço e captura uma imagem. Uma segunda imagem é geralmente capturada com o veículo já no meio do cruzamento para comprovar que ele de fato prosseguiu.
  • Parada sobre a Faixa de Pedestres: A mesma tecnologia de laços pode identificar um veículo que, após o sinal fechar, para sobre a faixa de pedestres, obstruindo a passagem. Esta é uma infração distinta do avanço de sinal.
  • Excesso de Velocidade: Muitos desses equipamentos também acumulam a função de controlador de velocidade, multando veículos que cruzam o local acima do limite permitido, independentemente da cor do sinal (verde, amarelo ou vermelho).

Radar Móvel: Fiscalização Estratégica e Itinerante

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O radar móvel é aquele instalado dentro de um veículo caracterizado da autoridade de trânsito (Polícia Rodoviária, DETRAN, etc.), que fica estacionado em um ponto estratégico de uma via. Ele utiliza a tecnologia Doppler para medir a velocidade dos veículos que passam por ele.

A grande vantagem do radar móvel é a flexibilidade. Ele pode ser deslocado para diferentes locais de acordo com as necessidades da fiscalização, focando em trechos com picos temporários de acidentes ou onde a instalação de um radar fixo não se justifica. Por lei, o veículo deve estar visível aos condutores, e o trecho fiscalizado precisa ser precedido por sinalização que indique a velocidade máxima permitida. A prática de “esconder” o radar móvel, embora já tenha ocorrido no passado, hoje é coibida pela regulamentação, que preza pelo caráter educativo e preventivo da fiscalização.

Radar Portátil: A Versatilidade na Ponta dos Dedos

O radar portátil é o equipamento que pode ser operado manualmente por um agente de trânsito ou montado sobre um tripé na beira da via. A maioria dos modelos modernos utiliza a tecnologia LIDAR (laser), o que lhes confere alta precisão e seletividade.

Sua principal característica é a versatilidade. Pode ser utilizado em operações de fiscalização de curta duração, em qualquer tipo de via (urbana ou rodoviária) e a qualquer hora do dia ou da noite, graças aos seus sistemas de flash e infravermelho. O agente aponta o dispositivo para o veículo alvo, e o equipamento mede a velocidade e, caso haja infração, captura a foto da placa.

Este tipo de radar costuma ser o centro de muitas polêmicas, com alguns condutores o acusando de ter um viés puramente arrecadatório (a chamada “indústria da multa”). No entanto, as autoridades de trânsito defendem seu uso como uma ferramenta essencial para coibir o excesso de velocidade em locais variados, onde a presença constante de uma viatura (radar móvel) ou a instalação de um equipamento fixo não seria viável.

Radar de Velocidade Média: A Nova Fronteira da Fiscalização

Também conhecido como “radar de trecho” ou “dedo-duro”, este é o tipo mais moderno de fiscalização de velocidade e já está em uso em muitos países e em fase de testes e regulamentação no Brasil. Seu funcionamento é conceitualmente diferente dos demais.

Em vez de medir a velocidade instantânea em um único ponto, ele mede a velocidade média do veículo ao longo de um determinado trecho. O sistema funciona da seguinte maneira:

  1. Um primeiro pórtico com câmeras (Ponto A) registra a placa e o horário exato em que um veículo passa por ele.
  2. Um segundo pórtico com câmeras (Ponto B), localizado a uma distância conhecida (por exemplo, 5 km adiante), também registra a placa e o horário de passagem do mesmo veículo.
  3. O sistema central calcula o tempo que o veículo levou para percorrer a distância entre A e B.
  4. Com a distância e o tempo em mãos, ele calcula a velocidade média do veículo no trecho através da fórmula: .

Se a velocidade média calculada for superior à máxima permitida para a via (considerando a tolerância), a infração é lavrada. A grande vantagem deste sistema é que ele inibe a prática comum dos motoristas de frear bruscamente apenas no ponto do radar e acelerar logo em seguida. Para não ser multado, o condutor é obrigado a manter uma velocidade compatível com o limite ao longo de todo o percurso monitorado, o que gera um efeito muito mais eficaz na pacificação do trânsito e na redução de acidentes.

Aspectos Legais e Regulamentação: O Que a Lei Exige?

Para que uma multa de radar seja válida, não basta que o equipamento funcione perfeitamente. É preciso que uma série de requisitos legais e normativos, estabelecidos pelo Conselho Nacional de Trânsito (CONTRAN) e pelo Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia (INMETRO), seja cumprida.

Aferição Periódica pelo INMETRO Todo e qualquer equipamento de fiscalização eletrônica em operação no Brasil deve ser aprovado em um modelo de avaliação do INMETRO e, crucialmente, ser verificado periodicamente. A verificação (ou aferição) deve ocorrer obrigatoriamente a cada 12 meses. Esse procedimento garante que o aparelho está medindo a velocidade com a precisão exigida. O laudo de aferição é um documento público, e o cidadão pode consultar no portal do INMETRO se o radar que o multou estava com a verificação em dia na data da infração. Se não estiver, a multa é nula.

Sinalização Obrigatória A regulamentação do CONTRAN é clara: toda fiscalização de velocidade, seja por radar fixo, móvel ou portátil, deve ser precedida de sinalização vertical (placas) informando o limite de velocidade da via (placa R-19). A ausência dessa sinalização torna a autuação irregular. Houve um tempo em que se discutiu a necessidade de uma placa específica alertando para a “Fiscalização Eletrônica”, mas as regras mais recentes focam na obrigatoriedade da placa de limite de velocidade, que é a informação essencial para o condutor.

Tolerância de Velocidade Nenhum equipamento de medição é 100% perfeito, por isso a legislação prevê uma margem de erro, uma “tolerância” que sempre beneficia o condutor. Essa tolerância é aplicada sobre a velocidade medida pelo radar para se chegar à “velocidade considerada”. A regra é a seguinte:

  • Para vias com velocidade máxima de até 100 km/h: desconta-se um valor fixo de 7 km/h da velocidade medida.
    • Exemplo: Em uma via de 60 km/h, o radar mede seu carro a 68 km/h. A velocidade considerada será 68 – 7 = 61 km/h. Como 61 km/h é maior que 60 km/h, a multa é aplicada. Se o radar medisse 67 km/h, a velocidade considerada seria 60 km/h, e não haveria multa.
  • Para vias com velocidade máxima superior a 100 km/h: desconta-se um percentual de 7% da velocidade medida.
    • Exemplo: Em uma rodovia de 110 km/h, o radar mede seu carro a 125 km/h. A velocidade considerada será 125 – (7% de 125) = 125 – 8,75 = 116,25 km/h. O valor é arredondado para baixo, resultando em 116 km/h. Como 116 km/h é maior que 110 km/h, a multa é aplicada.

Perguntas e Respostas

Qual é a diferença entre um radar e uma câmera de monitoramento? Um radar é um dispositivo específico para medir velocidade ou detectar avanço de sinal/parada na faixa de forma automatizada. Uma câmera de monitoramento, por sua vez, é um equipamento de vigilância que transmite imagens em tempo real para uma central. Um agente de trânsito pode, olhando as imagens dessa câmera, lavrar autos de infração por condutas observáveis, como uso de celular, falta de cinto de segurança ou estacionamento irregular. Portanto, o radar autua automaticamente com base em medições, enquanto a câmera de monitoramento depende da observação de um agente humano para a autuação.

Todos os radares precisam ter sinalização prévia? Sim. A legislação de trânsito exige que todo trecho fiscalizado por radar de velocidade seja sinalizado com placas que informem o limite de velocidade da via (placa R-19). A falta dessa sinalização é um motivo válido para contestar e anular a multa.

Como posso saber se o radar que me multou estava com a aferição do INMETRO em dia? Você pode acessar o Portal de Serviços do INMETRO nos Estados (PSI-E). Nele, é possível consultar os instrumentos de medição de velocidade. Você precisará informar o número do equipamento (que deve constar na notificação da autuação), o estado e o município para verificar a data da última aferição e sua validade.

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Radares funcionam à noite ou com chuva? Sim. Os radares modernos são projetados para operar em diversas condições climáticas e de luminosidade. Eles utilizam tecnologia de flash infravermelho, que é invisível ao olho humano mas ilumina a placa do veículo o suficiente para que a câmera faça um registro nítido, mesmo na escuridão total. A chuva forte pode, em casos extremos, interferir no desempenho de alguns modelos, mas em geral eles são à prova de intempéries.

É verdade que mudar de faixa perto de um radar fixo evita a multa? Isso é um mito. Os radares fixos que utilizam laços indutivos possuem sensores em cada faixa de rolamento, fiscalizando-as individualmente. Mesmo os que usam Doppler possuem um feixe de ondas largo o suficiente para cobrir todas as faixas. Trocar de faixa não oferece nenhuma proteção e, pior, pode causar um acidente.

Posso ser multado por um radar de semáforo se passei no sinal amarelo? Não. A infração de avanço de sinal vermelho (Art. 208 do CTB) ocorre quando o veículo cruza a linha de retenção quando o semáforo já está na luz vermelha. Passar no amarelo não é infração, embora seja uma conduta não recomendada por segurança, indicando que o condutor deve parar, se possível. Os sistemas de radar são programados para ativar apenas uma fração de segundo após a luz vermelha acender.

Conclusão

Os radares de trânsito, em suas diversas formas e tecnologias, são ferramentas cruciais para a gestão da segurança viária no Brasil. Longe de serem meros instrumentos de arrecadação, seu principal objetivo, quando instalados e operados corretamente, é o de salvar vidas. A presença de um radar, seja ele fixo, móvel ou portátil, força a moderação da velocidade, que é um dos principais fatores de risco para a ocorrência e a gravidade dos acidentes de trânsito. O surgimento do radar de velocidade média representa uma evolução nesse controle, promovendo um comportamento mais seguro ao longo de trechos inteiros, e não apenas em pontos isolados. Para o condutor, compreender o funcionamento desses equipamentos e, principalmente, as regras que os cercam, não é apenas uma forma de evitar multas. É um exercício de cidadania que contribui para um trânsito mais humano, seguro e previsível para todos. O respeito às leis e à sinalização continua sendo a maneira mais eficaz de garantir a própria segurança e a dos outros, tornando a tecnologia de fiscalização um aliado, e não um adversário.

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