Violência na mídia: prevenção e redução

Resumo: A divulgação da violência pela mídia pode acarretar grandes mudanças de antigos valores ou até mesmo induzir que outros sejam criados resultando na mudança de comportamento das pessoas. Pode ocorrer um condicionamento das pessoas ou até mesmo uma aprendizagem negativa do que é exposto pelos meios de comunicação. É o fato das pessoas sentirem-se aliviadas após ver uma cena violenta, por não estar acontecendo aquilo com eles ou com alguém da família. Ante a polêmica e relevância deste tema, o presente trabalho traz a tona a  discussão sobre violência e mídia (mais especificamente a televisão) e os adolescentes com um enfoque jurídico-psicológico, buscando apresentar as medidas que os pais podem tomar para prevenção e redução do impacto desta sobre seus filhos, conforme literatura específica da área, de maneira que o próprio leitor possa formar sua opinião a cerca do tema.


Palavras- chave: Violência, Mídia, Família.


Abstract: Disclosure of violence in the media can result in large changes of old values ​​or even induce others to be created resulting in changing people’s behavior. There may be a conditioning people or even a negative learning that is exposed by the media. It is the fact that people feel relieved after seeing a violent scene, not what is happening with them or a family member. Before the controversy and relevance of this issue, this paper brings up the discussion on violence and media (specifically television) and adolescents with a legal-psychological approach, seeking out the measures that parents can take to prevent and reduce the impact of this on their children, according to the literature of the field, so that the reader can form his own opinion about the subject.


Keywords: Violence, Media, Family.
Sumário: 1. Introdução. 2. Violência na mídia e adolescência: prevenção e redução. 2.2 Adolescência. 2.3 Violência na mídia: prevenção e redução. Conclusão


1. Introdução


De uma forma geral, as pessoas se interessam pela violência e mesmo repugnando estas informações querem estar em contato com elas. Este sentimento pode vir de uma simples curiosidade, como uma auto defesa ou até mesmo pelo instinto de vingança. Por exemplo quando um delinqüente é morto as pessoas sentem-se mais tranqüilas por ser menos uma pessoa má na rua. Vem uma sensação de alívio, por pensar que pode sair de casa sem maiores problemas, que seus filhos estarão correndo menos risco de serem assaltados ou mortos.


Outro motivo, para justificar o fascínio por assuntos violentos, é a possibilidade de extravasar a violência contida dentro de cada um. Como o adulto não pode externar o instinto violento ele absorve estas informações através de jornais ou TV para de uma certa forma aliviar este sentimento. De certa forma este meio de extravasar é benéfica, pois a pessoa alivia o desejo em frente a televisão.


Infere-se que a convivência com este tipo de notícia torna-se problema a partir do momento em que as informações começam a fazer parte da vida das pessoas como algo rotineiro ou normal, ou seja, o massacre, a tragédia, o crime hediondo torna-se algo banal no cotidiano das pessoas. A situação é mais grave quando a violência chega ao conhecimento dos adolescentes, uma vez que eles, correm o risco de crescerem com este tipo de informação achando que as atitudes mostradas são normais. Quando adultas elas vão apresentar atitudes totalmente agressivas e sem referências dentro de uma visão humana.


Todavia, é mister salientar que a relação entre mídia e violência e adolescência não pode ser percebida através de uma única abordagem. É conveniente esclarecermos, antecipadamente, que os aspectos por nós enfocados no presente estudo não podem ser tomados como capazes de elucidar a mencionada relação em sua totalidade.


2. Violência na mídia e adolescência: prevenção e redução   


2.2 Adolescência


De acordo com o Estatuto da Criança e Adolescente ECA (1990) adolescência é a fase compreendida entre os 12 e 18 anos.  A palavra adolescência é derivada do verbo latino “adolescere” que significa crescer até a maturidade. Existem alguns critérios quando se pensa na definição da adolescência:


– Critério sociológico: adolescência é o período de transição da dependência infantil para a auto-suficiência adulta;


– Critério cronológico: adolescência é o período que se estende de aproximadamente doze anos até vinte e um anos, com grande variações individuais e culturais;


– Critério do desenvolvimento físico: adolescência é a etapa da vida compreendida entre a puberdade e a vida viril, quando o desenvolvimento físico está quase concluído, aproximadamente aos 20 anos;


– Critério psicológico: período de extensa reorganização da personalidade, onde novos ajustamentos que distinguem o comportamento infantil do comportamento adulto têm que ser feitos.


Para TIBA (1996), a adolescência envolve mais um desenvolvimento pessoal da personalidade frente à cultura como um todo, do que apenas ao desabrochar do corpo. São importantes os aspectos psicológico e social do desenvolvimento, que proporcionam mudanças que se sobrepõem em importância ao desenvolvimento físico. Estes aspectos psicológicos e sociais são, sem dúvida, pontos cruciais no processo da compreensão da adolescência.


Como destaca SOUZA (2000, p.11),:


“não é fácil ser adolescente… Não é fácil ser pai e/ou mãe de adolescente… É uma missão difícil, mas não impossível. Ser  pai, mãe, professor, orientador de adolescente é estar disponível para eles e, ao mesmo tempo, ser dispensável. (…) É  orientar sem reprimir. É indicar limites, lembrando sempre que indicar limites não é o mesmo que impor: é fazê-los refletir.”


Neste contexto, ser adolescente é uma etapa da vida que se ultrapassa como muitas outras, desprende atenção, cautela e compreensão do adulto, mas que poderá ser superada caso haja o apoio necessário, caso haja um bom direcionamento das ações do adolescente mediante a definição de valores vivificados ao longo de sua infância.


De acordo com TIBA (1996), os adolescentes buscam saber o que querem da vida e o que valorizam nela. Não é defender uma determinada escala de valores, mas que eles tenham oportunidade de analisar e refletir sobre seus próprios valores, por isso a mídia exerce maior influência sobre estes. É preciso ficar bem claro, para os adolescentes, que os valores são crenças, opiniões sobre os acontecimentos do mundo que os rodeia. São as coisas em relação às quais se é a favor ou contra.


2.2 Violência e Mídia


MENDES (2003), destacou, a importância da mídia, e, especialmente a televisão,  na influência de tal instrumento na conduta anti-social que pode ter o indivíduo. Depois de ressaltar a irrupção, na sociedade, das modernas técnicas de difusão, profundamente modificadoras da autonomia humana, o autor afirma, com inteira razão, que a mídia vêm ocupando o universo mental do indivíduo, e, sem dúvida alguma, orientam o sentido de sua conduta.


A televisão representa o mais extraordinário meio de comunicação de um século marcado exatamente pela excelência técnica e importância crescente da imprensa em todas as suas modalidades. A força da televisão reside menos em suas características de movimento, som e imagem, que na facilidade com que se coloca no interior dos lares, onde freqüentemente ocupa o centro das atenções. Uma pesquisa recente do Instituto Nielsen indicava que as crianças e adolescentes norte-americanas assistiam em média de 21 a 23 horas semanais de televisão e projetava que, se mantivessem essa média, chegariam aos 70 anos, tendo permanecido de 7 a 10 anos diante da tela. A situação das as crianças e  adolescentes brasileiros provavelmente não é muito diferente. Também não é diferente outro aspecto – este mais grave – relacionado ao conteúdo da programação (ZAVASCHI, 1998).


Embora uma pequena porcentagem de programas da mídia seja produzida com o objetivo de educação, esse não é o objetivo da grande maioria. Para a maioria dos programas, o objetivo é gerar lucros. A forma mais eficaz de prender a atenção de alguém é estimular uma resposta. Consequentemente, os profissionais da mídia tentam incitar emoções fortes nos telespectadores para obter sua atenção. E certas coisas provocam isso de forma mais eficaz do que outras. No topo da lista está a violência.


A violência[1] é um assunto que ocupa parte considerável do conteúdo veiculado na mídia neste inicio do século XXI, embora quase sempre de uma perspectiva superficial e reducionista. Estima-se que até chegar à idade de 18 anos, um adolescente médio terá sido exposto a nada menos que 200 mil atos de violência exibidos pela televisão. A relação de causalidade entre essa superexposição a assassinatos, estupros, assaltos e todo o tipo de agressões, de um lado, e o crescimento da violência e dos comportamentos agressivos entre os jovens, de outro, tem sido motivo de discussão. Há imensos interesses em jogo, mas a polêmica não tem razão de ser depois que mais de mil estudos produzidos por técnicos de saúde mental e especialistas de relações sociais estabeleceram que, indubitavelmente, há um nexo de causalidade entre as duas situações (ZAVASCHI, 1998).


Algumas organizações profissionais, como a Academia Americana de Pediatria, a Associação Médica Americana, a Associação Americana de Psiquiatria e a  Associação Americana de Psicologia têm revisado a literatura científica e estão entre aquelas que foram registradas afirmando que há evidências esmagadoras de que o entretenimento violento é um fator causal na promoção de atitudes e comportamento agressivos.


É impossível analisar uma literatura tão vasta neste espaço limitado. Esta amostra de conclusões é ilustrativa, embora não exaustiva (ZAVASCHI, 1998):


– Em 1992, o Médico Brandon Centerwall, MPH (mestre), da Escola de Saúde Pública da Universidade de Washington, coletou dados demográficos de vários países. Ele descobriu que as taxas de homicídio duplicaram no período de 10 a 15 anos após a introdução da televisão, mesmo que a televisão tenha sido introduzida em épocas diferentes em cada um dos locais examinados. O rápido aumento só se deu depois que a televisão chegou e não pode ser explicado por outros fatores sociais.


– Um estudo de 1986 examinou as mudanças que ocorreram numa cidade remota do Canadá, que adquiriu a televisão pela primeira vez em 1973. Isso foi muitos anos após o restante do país já ter televisão. Os comportamentos dos estudantes de primeiro e segundo graus foram estudados e medidos objetivamente. Os índices de brigas, empurrões e mordidas entre essas crianças cresceu em 160% após dois anos de televisores em seus lares.


– Um estudo longitudinal de 22 anos de pesquisadores da Universidade de Michigan, Leonard Eron, PhD, e L.Rowell Huesmann, PhD, relatou uma correlação direta entre a quantidade de entretenimento violento visto pelas crianças de classe média e o subseqüente comportamento agressivo anti-social. Digno de nota é que os pesquisadores descobriram que mesmo uma criança, que não era agressiva até os 8 anos de idade, porém assistia uma quantidade substancial de programas violentos, tornou-se, aos 19 anos, mais agressiva do que outras da mesma idade que não haviam assistido a programação violenta de televisão. É importante ressaltar que as crianças que eram mais agressivas inicialmente não selecionavam programas mais violentos do que o faziam as crianças menos violentas.


– O recente Estudo Nacional sobre Violência na Televisão fez um perfil dos programas de televisão numa ampla gama de tipos de canais. Cinqüenta e sete por cento de todos os programas continham violência, assim como 66% dos programas para crianças. Dos programas com violência, um terço tinha nove ou mais atos violentos e aproximadamente três quartos demonstraram violência impune. Quando ocorria uma ação violenta, 58% das vezes a vítima não era mostrada experimentando qualquer dor.


Embora não se tenha encontrado pesquisas sobre os efeitos da violência nos vídeo games e dos jogos de computador/Internet por ser uma tecnologia nova e em rápida mudança, há poucas razões para se duvidar de que as conclusões sobre outros estudos de mídia também se aplicarão aqui. Muitos jogos são produzidos como acompanhantes de filmes populares violentos. A propaganda desses jogos os promove tanto como mais violentos quanto como mais realistas. O objetivo final é um jogo de realidade virtual, onde a violência é indistinguível daquela da vida real.


A UNESCO divulgou em 2008 uma pesquisa realizada em 23 países (Brasil inclusive) com 5 mil estudantes de 12 anos. O Estudo Global da Unesco sobre Violência na Mídia – o primeiro do gênero em escala mundial – mostra dados incontestáveis:


– A população infanto-juvenil de países considerados de “alta tecnologia”, que dispõe de maior acesso a meios eletrônicos de diversão (como TV e videogames e computador/Internet), tende a apreciar mais a violência, viva ela ou não em ambiente violento. No Canadá, nos EUA e na Europa, por exemplo, 18,9 por cento das crianças gostam de violência, ao passo que na África (área de “baixa tecnologia”), o índice baixa para 7,3 por cento. Os efeitos da violência na mídia, entretanto, são semelhantes em todos os países, independentemente das diferenças culturais.


– Há uma relação entre a preferência por violência na mídia e a necessidade pessoal de estar envolvido em atos violentos.


– A mídia exerce um importante papel no desenvolvimento de orientações culturais, visões de mundo, crenças, valores e imagens (geralmente estereotipadas). O fato é que a TV domina a vida das crianças e adolescentes: 97 por cento delas assistem televisão regularmente (a média mundial é de 3 horas por dia, enquanto o Brasil apresenta uma das maiores taxas: 4,5 horas por criança e adolescente). Em conseqüência, elas tendem a confundir realidade e ficção.


– Os programas da TV mostram que, para resolver todo tipo de problema, o comportamento violento é mais eficaz que os métodos não violentos. Além disso, 75 por cento dos atos violentos exibidos na tela não implicam nenhum tipo de punição nem trazem qualquer conseqüência para o agressor.


Que a violência na mídia afeta o comportamento e as atitudes dos espectadores, especialmente dos adolescentes, é sabido, assim a seguir enumera-se alguns efeitos que  são da maior preocupação, na visão de ZAVASCHI, 1998)::


1. Imitação de Comportamento. Uma vez que a principal forma de aprendizado das é a observação e a imitação, não é surpreendente que as pesquisas demonstrem que os adolescentes imitam o comportamento que vêem na mídia, iniciando já aos 14 meses de idade. Embora as crianças imitem os comportamentos sociais positivos que observam na mídia, também imitam os comportamentos violentos, agressivos.


2. Heróis Violentos. Os adolescentes competirão e imitarão os modelos que são apresentados. Os modelos dos quais elas gostam e que são considerados atraentes são ainda mais influentes.


3. Violência Recompensada. A violência, que é glamurizada ou mostrada como eficaz, ensina aso adolescentes que esta é premiada em nossa sociedade. Isso aumenta a imitação desse comportamento na vida real.


4. Violência Justificada. A violência tende a ser mais imitada se ela contiver implícita a mensagem: Está correto recorrer à violência, contanto que você acredite estar no seu direito. Qual adolescente não acredita estar com a razão em uma situação de conflito?


5. Dessensibilização. A exposição repetida a qualquer estímulo provocador de emoções sem as subseqüentes conseqüências leva à dessensibilização. A exposição constante à violência da mídia atenua a reação a ela com o passar do tempo. Não apenas ocorre um decréscimo na reação à violência, mas também há uma falta de solidariedade para com as vítimas dos ataques.


6. Aumento do Medo. Com pesada ênfase da mídia sobre a violência, o mundo parece um lugar atemorizante para o espectador jovem impressionável.


7. Maior Apetite pela Violência. O processo de dessensibilização descrito anteriormente aumenta a tolerância do espectador para mais violência. Quanto mais alguns espectadores assistem, mais eles querem. As pesquisas mostraram que as seqüências dos filmes de ação quase sempre contêm mais violência do que o original.


8. Violência Realista. Os adolescentes são emocionalmente mais reativos aos programas que retratam a violência realista do que àqueles de ficção. O crescimento recente da popularidade deste tipo de programa de televisão é uma fonte de preocupação. Os retratos nítidos ou sensacionalistas da violência nos noticiários podem produzir essa reação tanto quanto os programas de crimes fictícios.


9. Cultura do Desrespeito., talvez o efeito mais prejudicial da dieta constante de entretenimento violento voltado às crianças seja a criação e a sustentação de uma cultura do desrespeito. O comportamento violento em si mesmo é o ato máximo do desrespeito. Para cada adolescente que pega uma arma e atira em alguém, há muitos milhares de outros que não o fazem. Mas eles estão desrespeitando uns aos outros, empurrando, puxando, batendo e chutando com freqüência crescente. Isso torna as linhas que separam aqueles comportamentos mais fáceis de serem cruzadas. O resultado é que nós redefinimos a forma como devemos tratar uns aos outros.


Desta forma, os cuidados dos país para com a influência da mídia sobre o adolescente deve ser redobrada. Neste sentido, a seguir enumera-se algumas medidas recomendadas pela literatura.


2.3 Violência na mídia: prevenção e redução


De acordo com ZAVASCHI (1998) a mídia, especialmente a televisão, desempenha um enorme papel na vida diária, particularmente nas vidas das crianças e dos adolescentes. Embora a mídia atue na educação e socialização das crianças, há também um grande número de problemas de saúde associados à permanência excessiva em frente à televisão, independentemente de conteúdo. Além disso, um extenso conjunto de pesquisas documenta amplamente uma forte correlação entre a exposição das crianças à violência na mídia e um grande número de problemas comportamentais e psicológicos, intensificados principalmente pelo comportamento agressivo. As evidências mostraram que esses problemas são causados pela própria exposição à mídia. Desta forma, recomenda-se aos país algumas medidas de prevenção e redução dos efeitos da violência na mídia sobre os adolescentes, são elas:


1. Evite usar a televisão, vídeos ou vídeo games e computador como se fossem uma “babá”. Pode ser conveniente para pais muito ocupados, mas pode acabar se tornando um padrão usual se utilizar a mídia para entretenimento e diversão. Simplesmente desligar os aparelhos não é, nem de longe, tão eficaz como planejar alguma outra atividade divertida para a família.


2. Limite o uso da mídia. O uso da televisão deve ser limitado a não mais de uma ou duas horas de boa qualidade por dia. O mesmo deve ocorrer com o computador e vídeo game, Estabeleça também limites de acordo com a situação: nada de televisão, |Internet ou vídeo games antes da aula, durante o dia, na hora das refeições ou antes que a tarefa de casa esteja feito.


3. Mantenha aparelhos de TV, computador e de vídeo games fora dos quartos dos seus filhos. Colocá-los lá encoraja o uso e diminui a capacidade de controle.


4. Desligue o televisor durante as refeições. Utilize esse tempo para conversar e manter contatos familiares.


5. Ligue a TV somente quando houver algo específico que você decidiu que vale a pena assistir. Não ligue a TV para ver se está passando alguma coisa. Decida com antecedência se vale a pena assistir o programa. Identifique programas de alta qualidade, utilizando avaliações ao selecioná-los.


6. Não transforme a TV no ponto central da casa. Evite colocar a TV no lugar mais importante. As famílias assistirão menos TV ou jogarão menos vídeo e jogos da Internet se os aparelhos não estiverem literalmente situados no centro de suas vidas.


7. Assista o programa que seus filhos estiverem assistindo. Isso permitirá a você saber o que eles estão assistindo e lhe dará uma oportunidade de discuti-lo com eles. Seja ativo: fale e faça conexões com seus filhos enquanto assistem o programa.


8. Informe-se sobre os filmes que estão passando e sobre os vídeos disponíveis para venda ou aluguel e disponíveis da Internet. Seja explícito com seus filhos sobre suas diretrizes quanto a filmes apropriados e analise, antecipadamente, as escolhas de filmes propostos.


9. Torne-se um alfabetizado em mídia. Isso significa aprender a avaliar criticamente as ofertas da mídia. Primeiro aprenda você e depois ensine a seus filhos. Aprenda sobre publicidade e ensine seus filhos a respeito de sua influência nos meios de comunicação que eles usam.


10. Faça-se ouvir. Todos necessitamos elevar nossas vozes de tal forma que sejamos ouvidos por quem toma as decisões sobre a programação e por seus patrocinadores. É necessário que insistamos numa melhor programação para nossos filhos. Até porque, não  há uma legislação específica no meio jurídica que trate deste assunto


Sendo como certo e inquestionável o efeito negativo da veiculação sistemática da violência pela mídia sobre os interesses de melhor formação do adolescente. Cuida-se, aqui, de interesse superior, que se sobrepõe aos interesses empresariais comprometidos apenas e exclusivamente com o lucro – tanto que a propaganda, de alta rentabilidade, sobre drogas como cigarros e bebidas alcoólicas, corre solta em todos os veículos -, de sorte a ser juridicamente admissível o controle administrativo e, principalmente, o controle judicial das programações, ao efeito de ser arrostada qualquer forma ou conteúdo material que possa condicionar negativamente o comportamento dos cidadãos (SILVA, 1998).


Segundo Silva (1998), há, por isso a exigência de se aprimorar os instrumentos administrativos e judiciais desse controle, dotando a sociedade de equipamento normativo mais efetivo, uma vez que aqueles hoje existentes mostram-se deficientes e tímidos diante do discurso liberal dos empresários da mídia, que se arvoram em supremos decisores a respeito do produto que o cidadão e principalmente o adolescente deve ou não deve receber, independentemente de questões de segurança pública e de outras políticas sobre as quais possam repercutir.


Conclusão


Falar da violência e de suas múltiplas forma de manifestação, é algo complexo e controverso, pois esta se constitui hoje em um dos principais problemas e desafios a serem enfrentados pelo conjunto da sociedade em todos os seus níveis. A violência é um estado social, destituída de qualquer historicidade e materialidade. Na evolução histórica da mídia, a cobertura de atos e conflitos violentos, assim como todo fato jornalístico, tornou-se cada vez mais tempestiva e de maior alcance de público.


A mídia é uma das mais contundentes formas de se propagar e exaltar a violência. Conforme pesquisa feita pela Unesco em 23 países, incluindo o Brasil, os resultados mostram que a violência na mídia pode funcionar como compensação de carências em ambientes problemáticos e como fator de emoção onde não há problemas. Na verdade a mídia, que deveria espelhar as contradições e conflitos na sociedade, banaliza a informação. A onipresença da violência na mídia estimula muito mais as ações violentas para a resolução de simples conflitos cotidianos do que atos pacíficos e de respeito aos outros e a si mesmo


Assim, os brasileiros demonstram preocupação com a questão da influência negativa da mídia na formação dos filhos. Desta forma, são favoráveis a algum tipo de controle externo, de preferência na forma de classificação por faixa etária e horário. O chamamento para o exercício deste controle é a todos: Governo, emissoras e sociedade civil.


 


Referências bibliográficas:

ARAÚJO, U. F.  Um Estudo da relação entre ambiente cooperativo e o julgamento moral na criança. Dissertação de Mestrado, Campinas, S.P.: Faculdade de Educação, Unicamp, 2003.

BRASIL. ECA – Estatuto da Criança e do Adolescente. Brasília, 1990.

GUIMARÃES, P. R. A criança e a violência na mídia. São Paulo: Cortez, 1996.

SILVA, Ariovaldo Perrone da.  A Violência na Mídia: Aspecto Jurídico http://www.ufrgs.br/psiq/vio_viol.html, 2008

TIBA, I.  Disciplina : Limites na Medida Certa. 15ª Ed., São Paulo, Gente, 1996

ZAVASCHI, Maria Lucrécia S.  A Televisão e a Violência: Impacto sobre a Criança e o Adolescente. Porto Alegre, 1998.


Notas:

[1] Para MAFFESSOLI, (apud GUIMARÃES, 1996, p.9) “a violência é uma das maneiras que movimentam as relações humanas. Ela não deixa de levar em conta a instabilidade social como integrante de tudo que, em vez de eliminar os antagonismos, busca ordená-los”.


Informações Sobre o Autor

Aloisio Barbosa Calado Neto

Doutorando em Ciências Juridicas e Sociais pela UMSA – Universidade del Museo Social Argentino. Pós Graduando em Direito Processual Civil pela Universidade Gama Filho – RJ. Graduado em Direito pela Faculdade de Ciências Sociais Aplicadas. Membro do IBCCRIM – Instituto Brasileiro de Ciências Criminais.


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