Introdução
A educação ambiental está presente na vida dos seres desde o início de sua existência na Terra, pois, para sua sobrevivência era imprescindível o homem saber relacionar-se com o meio ambiente. De acordo com Donella Meadows (1996) “desde o primeiro o momento em que os seres humanos começaram a interagir com o mundo ao seu redor, e ensinaram seus filhos a fazerem o mesmo, estava havendo educação e educação ambiental”. Após o processo de urbanização e industrialização a percepção de que a educação ambiental se faz presente em nosso dia-a-dia começou a mudar, o mundo começou um modelo de “desenvolvimento insustentável”, pois não importava o destino dos resíduos químicos, sendo estes da indústria ou das residências, todos eram despejados nos rios, nas matas, no meio ambiente em geral. Devido ao êxodo rural, há crescimento populacional nas cidades ocasionando assim aumento na geração de resíduos, os recursos naturais renováveis são vistos como inesgotáveis, não há nenhuma preocupação com o meio ambiente. A preocupação com o meio ambiente passou a ter maior importância devido a desastres sócio-ambientais que suscitaram o medo e, com isso, começaram a aparecer concepções para um “desenvolvimento sustentável”. Porém convém salientar que antes houve raros manifestos falando dos possíveis danos que poderiam ser causados pelo uso dos recursos indiscriminadamente. Um desses manifestos ocorreu em 1854 quando o chefe indígena Seattle enviou uma correspondência ao governo norte-americano que tentava comprar as terras indígenas alertando para as conseqüências da urbanização desenfreada e sem planejamento.
Algumas catástrofes ambientais ocasionadas pela Segunda Guerra Mundial levaram a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO) em 1948, a realizar a Conferência na cidade francesa de Fontainebleau que levou ao surgimento União Internacional para a Conservação da Natureza (UICN). Dentre essas catástrofes podemos citar o Smog (termo que combina as palavras inglesas “smoke” e “fog”, fumaça e neblina), poluição atmosférica de origem industrial em Londres e a imensa poluição do ar, água e do solo devido à reconstrução dos países pós-guerra.
Na atualidade estamos vivenciando inúmeras catástrofes naturais que ocorrem devido à intervenção do homem na natureza. Considerando esse contexto, questionamos como a educação se posiciona perante a esta realidade? Qual será a postura das escolas em relação a essa situação? Será que os professores têm se sentindo preparados para trabalhar com a educação ambiental? Supondo que os professores possam ser formadores de opinião, que estratégias pedagógicas os mesmos vêm usando para conscientizar seus alunos dos estragos que o meio ambiente tem sofrido?
Frente a essas discussões, consideramos a importância desse estudo para investigarmos o desenvolvimento da Educação ambiental nas séries iniciais do ensino fundamental na escola…
Pensamos que esse estudo é fundamental para analisarmos as eventuais estratégias pedagógicas desenvolvidas pelos professores com relação ao meio ambiente, pois a partir delas possivelmente serão formados pesquisadores ecológicos atentos as questões ambientais atuais.
Objetivo Geral
Analisar a forma como a Educação Ambiental é abordada no espaço escolar.
Objetivos específicos:
Verificar qual é a percepção dos professores em relação à Educação Ambiental.
Investigar quais são as estratégias pedagógicas usadas pelos professores no desenvolvimento do trabalho com a Educação Ambiental.
Conhecer de que modo os alunos reagem às estratégias pedagógicas utilizadas pelos professores no trabalho com a Educação Ambiental.
Metodologia
A pesquisa a ser realizada terá uma abordagem qualitativa. Serão utilizados questionários, roteiros de observação e entrevistas com os sujeitos envolvidos na pesquisa. Iremos recorrer a entrevistas semi-estruturadas. De acordo com Bogdan e Biklen (p. 135, 1994), este tipo de entrevista oferece ao entrevistador uma amplitude de temas consideráveis, possibilitando que o sujeito molde seu conteúdo.
O maior foco de investigação recairá nos professores, embora os alunos e outros educadores da escola (serventes, coordenadores, etc.), possam também ser ouvidos, com o intuito de avaliarmos se, em alguma medida, também contribuem para aprendizagem dos alunos. Segundo os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN’S) o trabalho que o professor realiza na área de Educação Ambiental deve ser desenvolvido a fim de ajudar os alunos a construírem uma consciência global das questões relativas ao meio para que possam assumir posições afinadas com os valores referentes à sua proteção e melhoria (p. 35, 1998).
A primeira etapa para coleta de dados exigirá a leitura de textos sobre a Educação Ambiental no âmbito internacional, nacional, estadual e no município de Belo Horizonte. Através de sites confiáveis obteremos informações e analisaremos referências, conceitos, instrumentos legais bem como documentos sobre a evolução da Legislação Ambiental no Brasil.
A etapa seguinte implicará na escolha de uma escola da rede pública onde se realizará o estudo de caso. A partir da observação, elaboraremos as entrevistas e questionários. Após a etapa de coleta de dados analisaremos e interpretaremos os dados através da Análise de conteúdo que, segundo Bardin (1977), tem por objetivo uma descrição analítica e sistemática, propiciando uma compreensão qualitativa do conteúdo das informações.
REFERENCIAL TEÓRICO
A Secretaria do Meio Ambiente (1999) vem tentando construir uma relação estreita entre a educação e a educação ambiental. E através de publicações, estudos, discursos em grupos procura estabelecer quais as principais idéias que a educação ambiental deve transmitir. A educação ambiental vem integrar novos conhecimentos, valores, capacidades que podem levar ao surgimento de uma nova consciência ambiental. Essa consciência integra o homem como parte da natureza e não sendo dono dela. Os Parâmetros Curriculares Nacionais consideram a Educação Ambiental um eixo transversal, pois deve ser trabalhado de modo multi, inter, ou até transdisciplinar, pois o meio ambiente engloba a vida e tudo o que gira em seu entorno.
De acordo com SATO (2000, p.13), há urgência em gerenciar os problemas ambientais. Isso “obrigou” que diversas esferas institucionais de Estados brasileiros se preocuparem com o problema. A transversalidade da Educação Ambiental (EA) nestas instituições começou assegurar uma melhor qualidade nas atividades, em função do trabalho coletivo, além de evitar a duplicidade das ações, como eventos e comemorações em ocasiões especiais. No contexto da formação de professores, a parceria ocorre através de diversas interfaces como palestras, cursos participação em eventos, orientação para trabalho de campo, visitações em parques, museus ou horto florestal, além de outras atividades. A EA vai sendo desenhada com contornos regionais firmes, em processo co-formação, que atravessa departamentos, instituições e áreas do conhecimento, oferecendo um verdadeiro trabalho interdisciplinar.
Segundo CARVALHO (1998, p.8) a visão do ambiente escolar ainda se estabelece na disciplinarização dos conteúdos, porém a educação ambiental ao ser trabalhada nesta forma ocasiona lacunas que são impossíveis preencher. Então cada dia mais os educadores acreditam no trabalho interdisciplinar para a EA, pois este tipo de trabalho possibilita realizar conexões indispensáveis para compreender a estrutura do meio ambiente.
I. Evolução da consciência ecológica
Já na década de 1960 começaram a surgir críticas ao modelo de educação tradicional e tecnicista, que formava pessoas para o mercado de trabalho e não se preocupava com a questão ambiental. Com isso, a educação ambiental começou a ganhar maior relevância nas últimas duas décadas desse século.
Em março de 1965, na Conferência de Educação da Universidade de Keele, da Inglaterra, definia que a Educação Ambiental deveria ser uma matéria indispensável para a formação do cidadão.
Em 1968 a UNESCO define que o meio ambiente deveria ser compreendido como uma junção de aspectos sociais, culturais econômicos que estão interrelacionados e iniciar seu estudo pelo entorno física e progressivamente em ambientes mais distantes.
Em 1977 ocorreu Conferência Intergovernamental de Educação Ambiental de Tbilisi, no município da Geórgia (ex-União Soviética), entre 14 e 26 de outubro. Esta conferência foi promovida devido à parceria entre a UNESCO e o PNUMA. As definições, os objetivos, os princípios e as estratégias definidos por este evento são adotados, até hoje, em todo o mundo para trabalhar para a Educação Ambiental.
No Brasil em 1975 aconteceu Primeiro Encontro Nacional sobre Proteção e Melhoria do Meio Ambiente, promovido pelo Governo Federal. Em 1977 era criado o primeiro documento brasileiro sobre Educação Ambiental, que foi assinado pela Secretaria Especial do Meio Ambiente e pelo Ministério do Interior. Denominado “Educação Ambiental” baseado na Conferência Internacional de Tbilisi (1977). Mesmo antes da criação desde documento já existia algumas atividades relacionadas à educação ambiental nas escolas. Uma dessas atividades foi em 1950 , quando o Professor Carlos Nobre Rosa leva seus alunos para ter aulas ao ar livre, estas aulas levaram-no a escrever o livro “Animais em nossas praias” publicado pelo IBECC.
Em 1981 foi promulgada a Lei Federal nº6938/81 destinada a solucionar problemas ambientais, que institui a “Política Nacional do Meio Ambiente”. Esta política propiciou vários debates sobre como deveria ser a educação ambiental a adotar para se trabalhar na Escola.
Em 12 de outubro de 1981, o governo brasileiro lança o programa “Nossa Natureza, O Desafio do Desenvolvimento Sustentável”.
Em 1991, o Ministério da Educação (MEC) juntamente a Secretaria de Estado de Meio Ambiente (SEMA), apoiados pela United Nations Educational, Scientific and Cultural Organization (UNESCO) e a embaixada do Canadá, promoveram o “Encontro Nacional de Políticas e Metodologias para Educação Ambiental”.
Em 1992 acontece a Rio- 92 que era a Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento paralelamente ocorria eventos como a “1º Jornada Internacional de Educação Ambiental” e “Workshop sobre Educação Ambiental”. Durante os onze dias da Rio-92 os debates sobre questões metodológicas e informações trocadas entre pessoas de várias nacionalidades propiciou a formulação de três importantes documentos que hoje são referência para a prática em Educação Ambiental.
O primeiro documento, Agenda 21, contem o conjunto de propostas ratificadas pelos governantes de mais 170 países que participaram da Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento.
O segundo , A Carta Brasileira para a Educação Ambiental, afirma a necessidade de um compromisso real do poder público federal, estadual e municipal para cumprimento da legislação brasileira e a introdução da EA em todos os níveis do ensino. Este documento foi produzido pelo Workshop coordenado pelo MEC.
O último, Tratado de Educação Ambiental para as Sociedades Sustentáveis e Responsabilidade Global contém princípios e um plano de ação para educadores ambientais.
A Rio-92 propiciou a abertura para EA. Começou então uma busca por maneiras de vida ecologicamente corretas. O que levou em 1997 a incluir Meio ambiente como um tema transversal nos Parâmetros Nacionais Curriculares.
II. A educação ambiental: um saber interdisciplinar
Quando falamos em educação vem sempre à idéia de que o único lugar para se educar é a escola. Sabe-se que a educação se faz também em casa e no convívio social. Ou seja, a educação pode acontecer em espaços formais ou informais.
Em tempos atuais há urgência na conscientização da população quanto aos danos sofridos pela natureza. Toda estrutura de uma sociedade depende da natureza e o homem moderno tem consciência disso, apesar das suas ações não condizerem com seus conhecimentos. Para que essa conscientização ocorra é preciso uma melhor integração sociedade-natureza e a escola é um dos espaços mais propícios para que essa integração aconteça. Não sendo é claro o único local responsável por essa conscientização.
Ao inserir em todas as disciplinas um pouco mais de conscientização ambiental, sobre os males que causam os atos impensados dos desmatamentos, poluição de mananciais e tantos outros atos cometidos, as escolas estariam dando início a uma teia que faria a ligação educação-sociedade, através dos aprendizes e toda a comunidade escolar. A partir da ampliação das informações, também se ampliará a possibilidade de um futuro sem tantas ocorrências municionadas pelo desconhecimento das causas geradoras do caos natural. Temos na atualidade, todos os meios de comunicação sendo usados para estampar tragédias provocadas por intempéries causadas pela ação do homem na natureza. E para inteirar-nos das causas e efeitos que essas ações vêm causando ao meio, pesquisamos as muitas correntes existentes que abordam esse assunto, são elas:
– Corrente naturalista: centrada na natureza com enfoque educativo cognitivo, ou seja, viver na natureza e aprender com ela. Desenvolvida pelo norte-americano Steve Van Matre (1990), é por certo o modelo típico de proposição relacionado com a corrente naturalista e defendido por Michael Cohen.
– Corrente conservacionista/recursista: centrada na conservação dos recursos, tanto no que concerne à sua qualidade quanto à quantidade: água, solo, energia e plantas. Defendida pela associação COREN da Bélgica e por Wolfgangs Sachs. Ao constatar os primeiros sinais de esgotamento dos recursos depois do boom econômico, após a Segunda Guerra Mundial nos países desenvolvidos.
– Corrente resolutiva: adota a visão central de educação ambiental proposta pela UNESCO no contexto de seu programa Internacional de Educação Ambiental (1975-1995). Defendida por R, Harold Hungerford. e colaboradores da Soutthern Illinois University.
– Corrente sistêmica: permite conhecer e compreender adequadamente as realidades e as problemáticas ambientais. Desenvolvida em Israel, em 1987 por Shoshana Keiny e Moshe Shashack. Defendida por André Giordan e Crirstian Souchon.
– Corrente científica: com o objetivo de abordar com rigor as realidades e problemáticas ambientais e de compreendê-las melhor, identificando mais especificamente as relações de causa e efeito. Defendida por Louis Goffin e colaboradores (1985).
– Corrente humanista: dá ênfase à dimensão humana do meio ambiente, construído no cruzamento da natureza e da cultura. Defendida por Bernard Deham e Josette Oberlinkels, (1984).
– Corrente moral/ ética: baseia-se em um conjunto de valores, mais ou menos conscientes e coerentes entre eles. É defendido por Louis Iozzi (1987) e aponta para o desenvolvimento moral dos alunos, em vínculo com o desenvolvimento do raciocínio sociocientífico.
– Corrente holística: com enfoque exclusivamente analítico e racional das realidades ambientais encontra-se na origem de muitos problemas atuais. Defendida por Nigel Hoffmann (1994) inspira-se no filósofo Heidegger e no poeta naturalista Goethe para propor um enfoque orgânico das realidades ambientais.
– Corrente biorregionalista: inspira-se geralmente numa ética ecocêntrica e centra a educação ambiental no desenvolvimento de uma relação preferencial com o meio local ou regional, no desenvolvimento de um sentimento que pertença a esse ultimo e no compromisso em favor da valorização deste meio. Defendida por Davir Orr (1992).
– Corrente práxica: a ênfase desta corrente está na aprendizagem, na ação pela ação e para a melhora desta. Não se trata de desenvolver a priori os conhecimentos e as habilidades com vistas a uma eventual ação, mas em pôr-se imediatamente em situação de ação e de aprender pelo projeto por e para esse projeto. Defendida por Willian Stapp e colaboradores (1988), desenvolveram um modelo pedagógico que ilustra muito bem a corrente práxica: a pesquisa-ação para a resolução de problemas comunitários.
– Corrente de critica social: insiste, essencialmente, na análise das dinâmicas sociais que se encontram na base das realidades e problemáticas ambientais; análise de intenções, de posições, de argumentos, de valores explícitos e implícitos, de decisões e de ações dos diferentes protagonistas de uma situação. Desenvolvida por Alberto Alzate Patino (1994).
– Corrente feminista: opõe-se ao predomínio do enfoque racional das problemáticas ambientais, tal como freqüentemente se observa nas teorias e práticas da corrente de crítica social. Os enfoques intuitivos, afetivos, simbólicos, espirituais ou artísticos das realidades do meio ambiente são igualmente valorizados. Desenvolvida por: Darlene Clover e colaboradores (2000).
– Corrente etnográfica: propõe não somente adaptar a pedagogia às realidades culturais diferentes, como se inspirar nas pedagogias de diversas culturas que tem outra relação com o meio ambiente. Proposto por Michael J. Caduto e Joseph Bruchac (1988).
– Corrente da ecoeducaçao: está dominada pela perspectiva educacional da educação ambiental. Não se trata de resolver problemas, mas de aproveitar a relação com o meio ambiente com um pouco de desenvolvimento pessoal, para o fundamento de um atuar significativo e responsável. Defendida por Gaston Pineau (2000).
– Corrente da sustentabilidade: a educação ambiental estaria limitada a um enfoque naturalista e não integraria as preocupações sociais, em particular as considerações econômicas no tratamento das problemáticas ambientais. A educação para o desenvolvimento sustentável permitiria atenuar esta carência. Desde 1992, os promotores da proposição do desenvolvimento sustentável pregam uma “reforma” de toda a educação para estes fins. Difundido pela UNESCO no Congresso Eco-Ed, dando continuidade ao capitulo 36 da Agenda 21. Esta é uma proposta critica de Edgar Gonzáles-Gaudino que oferece um exemplo de visão integrada de preocupações econômicas, sociais e ambientais em uma perspectiva de sustentabilidade.
Depois de ter acesso a todas essas diferentes correntes, vimos à possibilidade de adotar uma como base de nossos estudos. A corrente resolutiva foi a que mais se identificou com nossa pesquisa, pois visa desenvolver habilidades voltadas a resolver ou amenizar as problemáticas ambientais.
Adotando as formas da corrente resolutiva que surgiu em princípios dos anos 70, os educadores podem desenvolver um modelo pedagógico centrado no desenvolvimento seqüencial de habilidades de resolução de problemas. A educação ambiental deve estar centrada no estudo de problemáticas ambientais, com seus componentes sociais e biofísicos e suas controvérsias inerentes: identificação de uma situação-problema, pesquisa desta situação (inclusive a analise de valores dos protagonistas), diagnósticos, busca de soluções que podem não esta incluída nesta proposição. (SATO, 2005, p. 21).
E para desenvolver essas habilidades deve-se iniciar na mais tenra idade, e expandir através de toda a sociedade. Esta ampliação de informação possibilitará um futuro com menor índice de agressões ao meio ambiente, todo planeta esta sendo agredido pela ação humana e isso exige ações que possam fazer reverter este quadro. A educação não pode ficar a margem do problema. Quando lidamos com educação há sempre mais de um lado a ser discutido, no caso específico da educação ambiental se faz necessário antes de tudo desenvolver uma consciência ecológica.
Toda a estrutura humana pode vir a ruir se nada for feito para (re) educar-nos ambientalmente, devem ser utilizadas todas as formas possíveis para inserir no âmbito social esta consciência necessária. Nossas escolas são o meio mais abrangente de informação por isso conseguindo adaptar a EDUCAÇÃO AMBIENTAL em suas disciplinas diversas, ou seja, promovendo a interdisciplinaridade maior número de aprendizes terá noção das necessidades de mudar hábitos ambientais. Ao incorporar a educação ambiental em nosso currículo teremos oportunidade de visualizar por vários ângulos a questão preocupante que se tornou o meio ambiente.
Na atualidade todos estamos propensos a buscar justificativa para todas as falhas cometidas em nosso passado, também se pode dizer que não é de todo errada esta forma de pensar, já que, é do passado que herdamos essa estrutura focada nos materiais de consumo que cada vez mais avassala a humanidade. Segundo Michèle Sato, (2005, p. 56): “Nesta conexão entre presente e passado o sujeito, freqüentemente, identifica lá no passado às raízes remotas do que decorreu depois”. No tempo que o homem usava a natureza como meio de sobrevivência, todo o potencial natural conspirava a seu favor, e quase nunca se ouvia falar de catástrofes. O desenfreado consumo humano, as necessidades desnecessárias da pulsão descontrolada do gasto, nos arremeteu a esta urgência de (re) educar-nos ambientalmente.
O problema ecológico não é somente um problema técnico, mas é também um problema ético. Uma vasta literatura no campo da Ética ambiental tem identificado o antropocentrismo como um dos elementos responsáveis pela devastação ambiental. Em seu trabalho, Ética e Educação Ambiental Grun (2002, p. 46) salienta que “toda a estrutura conceitual do currículo e, mais especificamente, o livro-texto, inocentemente continuam a sugerir que seres humanos são a referência única e exclusiva para tudo que existe no mundo”. O enfoque em ética ambiental e educação ambiental têm contribuído na aceitação, sem maiores questionamentos, como solução para o trabalho em educação ambiental. A dimensão ambiental configura-se crescentemente, como uma questão que envolve um conjunto de atores do universo educativo, potencializando o engajamento dos diversos sistemas de conhecimento.
Nesse sentido, a produção de conhecimento deve necessariamente contemplar as inter-relações do meio natural com o social, incluindo a análise dos determinantes do processo, o papel dos diversos atores envolvidos e as formas de organização social, a começar pela escola, que aumentam o poder das ações alternativas de um novo desenvolvimento. Em uma perspectiva que priorize novo perfil de desenvolvimento, com ênfase na sustentabilidade socioambiental. A realidade atual exige uma reflexão cada vez menos linear, e isto se produz na inter-relação dos saberes e das práticas coletivas que criam identidades e valores comuns e ações solidárias. Diante da reapropriação da natureza, numa perspectiva que privilegia o diálogo entre saberes. A preocupação com o desenvolvimento sustentável representa a possibilidade de garantir mudanças sociopolíticas que não comprometam os sistemas ecológicos e sociais que sustentam as comunidades.
A complexidade desse processo de transformação de um planeta, não apenas crescentemente ameaçado, mas também diretamente afetado pelos riscos socioambientais e seus danos, são cada vez mais notórios. A concepção “sociedade de risco”, de Beck (1992 p. 67), amplia a compreensão de um cenário marcado por nova lógica de distribuição dos riscos. Existe, portanto, a necessidade de incrementar os meios de informação e o acesso a eles, bem como o papel indutivo do poder público nos conteúdos educacionais, como caminhos possíveis para alterar o quadro atual de degradação socioambiental. Trata-se de promover o crescimento da consciência ambiental, expandindo a possibilidade da população participar em um nível mais alto no processo decisório, como uma forma de fortalecer sua co-responsabilidade na fiscalização e no controle dos agentes de degradação ambiental.
Há uma demanda atual para que a sociedade esteja mais motivada e mobilizada para assumir um papel mais atuante, de forma concreta. A falta de iniciativa do governo na implementação de políticas ditadas pelo binômio da sustentabilidade e do desenvolvimento num contexto de crescente dificuldade na promoção da inclusão social. As escolas são os meios de maior eficácia para levar o conhecimento a famílias que não tem grande poder aquisitivos, e estão propensas a aceitar todas as imposições dadas como única verdade.
Diante de tantas catástrofes atuais, cada vez mais se faz necessário reeducar-nos para tentar estabelecer certo equilíbrio entre o homem e a natureza. O crescimento da degradação ambiental o Brasil, esta ligada ao crescimento demográfico e as industrializações.
A consciência do bem sustentável é incutida em nossa realidade desde muito cedo, o que não se informa a nossos futuros formadores de opinião é que esta sustentabilidade deixou de existir desde os anos 50. Nossas escolas lidam com a questão ambiental de forma muito vaga, não fazendo as notificações devidas às crianças. Com isso toda estrutura construída que poderia vir a gerar novas consciências não passe de uma matéria sem importância. O choque entre a realidade e os conteúdos de ensino trás grande dificuldade na aprendizagem, se adotarmos novas formas de mostrar o quanto se faz necessário cuidar do meio em que vivemos estaremos formando adultos mais responsáveis ecologicamente. Não apenas tratar o meio ambiente nos ensinos de ciências ou geografia, mas, em todas as áreas de estudo.
As conseqüências do consumo exagerado
A ampliação do consumo exagerado e da produção desenfreada de bens materiais ocasiona uma grande preocupação com a destinação dos resíduos, pois rapidamente ficam obsoletos. A mídia vincula o consumo ao prazer, a felicidade. As pessoas consomem em busca da felicidade imediata. E cada produto novo ou reformulado exige novos consumidores e, para atraí-los, é necessário renovar a promessa de felicidade, os produtos antigos já não servem mais. Então a incógnita: onde descartar estes produtos que não têm mais serventia? Por que as indústrias não recebem de volta ou tornam recicláveis estes produtos? O que fazer para que esse quadro mude? Para que haja mudança é necessário um cuidado consciente com o meio ambiente, uma revolução nos valores política, social e cultural que reoriente os objetivos da produção de bens materiais.
Devido à ampliação da insustentabilidade social e ambiental houve a formação de uma opinião publica ambientalizada que busca a compreensão do problema ambiental e vem construindo uma cultura ecologizada. No ocidente há uma diferenciação do humano e não humano, pois se acredita que o não-humano (animais, plantas e objetos) é destituído de espírito. Essa destituição ocasiona uma diferenciação entre sujeito e objeto do conhecimento, onde o homem é o sujeito e o objeto é o meio ambiente. A relação estabelecida desde então propiciou o homem que o sujeito fosse apenas observador do objeto, não acreditando que fosse um sujeito transformador que intervêm diretamente no meio ambiente. Ao se separar do meio ambiente, aumenta-se a possibilidade de destruição e degradação deste meio.
Uma das causas do descaso com meio ambiente é o etnocentrismo. Compreende-se que este não está presente em todas as culturas o que nos remete a pensar: qual será o motivo da difusão do etnocentrismo? É preciso desvincular a idéia que somos seres independentes do meio ambiente e começar a construir uma relação mais harmoniosa com a natureza, onde seja possível através de processos democráticos de planejamento de intervenções, que haja participação de todos os integrantes da sociedade, para que esse processo possa ser melhor difundido.
Para que haja ações transformadoras é importante compreender o que está acontecendo com o meio ambiente. A participação ativa é imprescindível para proporcionar a formulação de diferentes hipóteses para cuidar do meio ambiente.
Diferentes formas de tratar o meio ambiente.
Cada cultura possui diferentes maneiras de tratar com a natureza. O meio sociocultural/econômico em que a pessoa vive influencia drasticamente em suas atitudes sobre o meio ambiente. Com inúmeras maneiras de o tratar, para minimizar ação destrutiva do homem acaba surgindo um novo perfil de profissional: o educador ambiental. Este educador estará em diversos ambientes, conduzindo e estimulando ações efetivas com vista de melhorar o seu entorno.
A escola local da educação ambiental
A escola é um dos principais locais para que esse profissional atue. As atitudes de preservação e cuidado ecológico devem ser cultivadas desde os primeiros anos escolares. A formação na infância é mais efetiva, pois as crianças ainda não possuem conceitos formados sobre o meio ambiente. Os adultos precisam desconstruir certos conceitos para apropriar-se de uma nova consciência ecológica. A escola propagará valores e atitudes responsáveis, respeitando a diversidade ambiental.
Como a educação ambiental não se desenvolve fragmentada, a escola é um dos locais mais adequados para que ela aconteça. A escola pode proporcionar a conexão entre as várias áreas do conhecimento presentes na sociedade, sendo está conexão imprescindível para que a educação ambiental aconteça. O conhecimento sobre a complexidade e diversidade de questões sobre o meio ambiente possibilita um cuidado melhor com o planeta Terra.
A educação ambiental está relacionada a um projeto mais amplo de educação para a cidadania. Este tipo de educação visa que o ser humano reveja seus pensamentos e comportamentos diante dos seus modos de consumo, estimulando a reflexão sobre os valores individuais e coletivos. Para que surja uma nova cultura são algumas transformações profundas nas relações da sociedade com a natureza. Novos valores devem ser criados. E a política é fundamental nesse processo, pois o trato com o meio ambiente é um problema político. A associação de pessoas, ambiente e política pode propiciar a minimização das catástrofes ambientais.
Para que ocorra a resolução dos crescentes e complexos problemas ambientais é preciso que haja uma mudança radical nos sistemas de conhecimento, valores, comportamentos gerados pela sociedade. De acordo com Jacobi (2003):
“Refletir sobre a complexidade ambiental abre uma estimulante oportunidade para compreender a gestação de novos atores sociais que se mobilizam para a apropriação da natureza, para processo educativo articulado e compromissado com a sustentabilidade e a participação, apoiado numa lógica que privilegia o dialogo e a interdependência de diferentes áreas do saber.” (JACOBI, Pedro 2003, p.191)
Segundo CARVALHO (1998, p.8) a educação na escola ainda está “organizada sobre a lógica dos saberes disciplinares” tratando questões importantes de uma única perspectiva. Porém, relata que os educadores cada vez mais percebem que certas situações quando tratadas de modo disciplinar, identificam lacunas que não possíveis preencher. Então “cada dia mais os educadores – principalmente os educadores ambientais – têm sido confrontados com a necessidade de incorporar a dimensão interdisciplinar em suas atividades” CARVALHO (Idem, p.8). Percebe-se que a incorporação da interdisciplinaridade no trabalho do educador gradativa e a cada dia o encontra possibilidades para a interação do ensino de educação ambiental com outras disciplinas.
A escola deve iniciar a tratar a educação ambiental a partir dos conhecimentos prévios dos alunos. Este tipo de aprendizado permite que os alunos analisem a natureza de acordo com as práticas sociais. Uma análise crítica poderá contribuir profundamente para as mudanças de valores sobre o cuidado com o meio ambiente. Sendo este local um importante meio onde pode ocorrer a reflexão sobre o meio ambiente. O aprender a cuidar da natureza é algo gradativo, onde o ser humano compreende que o uso indevido dos recursos naturais pode afetar sua qualidade de vida e do resto do mundo e que o cuidado com o meio ambiente não é somente responsabilidade dos órgãos governamentais. Além disso, os cidadãos devem ter a possibilidade de participar ativamente nos processos decisórios para que assumam sua co-responsabilidade na fiscalização e controle dos agentes responsáveis pela degradação ambiental. Segundo Jacobi (2003), é preciso romper com a cultura dominante:
“Trata-se de criar as condições para a ruptura com a cultura política dominante e para uma nova proposta de sociabilidade baseada na educação para a participação. Esta se concretizará principalmente pela presença crescente de uma pluralidade de atores que, pela ativação do seu potencial de participação, terão cada vez mais condições de intervir consistentemente e sem tutela nos processos decisórios de interesse público, legitimando e consolidando propostas de gestão baseadas na garantia do acesso à informação e na consolidação de canais abertos para a participação, que, por sua vez, são precondições básicas para a institucionalização do controle social.” (JACOBI, Pedro 2003, p.203)
A educação ambiental possibilita repensar práticas sociais e o papel dos professores como mediadores e transmissores de um conhecimento necessário para que os alunos adquiram uma compreensão essencial do meio ambiente global e local, da interdependência dos problemas e soluções e da importância da responsabilidade de cada um para construir uma sociedade mais igualitária e ambientalmente sustentável.
O Brasil tem uma lei que visa estimular e regulamentar a Educação Ambiental (EA). Talvez seja o único ou um dos poucos países que a tenha. “É a Lei 9.795/99, regulamentada pelo Decreto 4.281/02.” Segundo a Lei, as atividades vinculadas à Política Nacional de EA devem ser desenvolvidas na educação em geral e na educação escolar através: da capacitação de recursos humanos, dos desenvolvimentos de estudos e pesquisas, da produção de material educativo e do acompanhamento e avaliação.
Em relação à educação formal a lei aponta dois importantíssimos aspectos: o que a EA deve ser desenvolvida em todos os níveis e modalidades do ensino formal; e o que a EA deve ser desenvolvida como prática educativa integrada, contínua e permanente e não deve ser implantada como disciplina específica no currículo.
III. Conferência de Copenhague: reflexões sobre suas polêmicas
Diante de inúmeros documentos lidos sobre a preocupação com o meio ambiente desde a década de 60, que levou a ONU a promover a Conferência sobre o Meio Ambiente em Estocolmo (1972). Iniciaram-se as discussões mais acirradas sobre os riscos da degradação do meio ambiente. No mesmo ano, Dennis Meadows e os pesquisadores do “Clube de Roma” publicaram o estudo Limites do Crescimento. O estudo concluía que, mantidos os níveis de industrialização, poluição, produção de alimentos e exploração dos recursos naturais, o limite de desenvolvimento do planeta seria atingido, no máximo, em 100 anos, provocando uma repentina diminuição da população mundial e da capacidade industrial. Este estudo recorria ao neo-malthusianismo como solução para a iminente “catástrofe”. As reações vieram de intelectuais do Primeiro Mundo (para quem a tese de Meadows representaria o fim do crescimento da sociedade industrial) e dos países subdesenvolvidos (já que os países desenvolvidos queriam “fechar a porta” do desenvolvimento aos países pobres, com uma justificativa ecológica). Com a conferência de Copenhague constata-se esse fato, já que, expõe algumas fraudes ligadas à participação do homem e dos países desenvolvidos nas catástrofes que avassalam a humanidade. Enquanto em 1973, o canadense Maurice Strong lançou o conceito de ecodesenvolvimento, cujos princípios foram formulados por Ignacy Sachs (1973). Segundo eles os caminhos do desenvolvimento seriam seis:
– “Satisfação das necessidades básicas”;
– Solidariedade com as gerações futuras;
– Participação da população envolvida;
– Preservação dos recursos naturais e do meio ambiente;
– Elaboração de um sistema social que garanta emprego,
– Segurança social e respeito a outras culturas;
– Programas de educação; ”
Um dos principais resultados da Eco-92 foi o acordo para reduzir as emissões de gases do efeito estufa que causam o aquecimento global – a Convenção Quadro das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas.
Assinada inicialmente por 154 países, a Convenção entrou em vigor em 1994, quando os representantes dos países signatários da Convenção-Quadro passaram a se reunir anualmente. A primeira COP foi em Berlim.
O que são as COPs?
As Conferências das Partes sobre Clima (COPs) existem desde 1995. As deliberações das COPs são operadas por meio de consenso entre os representantes dos governos de todos os países que ratificaram os acordos. Por isso o processo de negociação exige muito esforço e se torna lento. Atualmente, 193 países participam das negociações.
Após doze anos do Protocolo de Kyoto constatou-se que não houve uma diminuição no aquecimento atmosférico. Viu-se a necessidade de uma nova COP para tentar estabelecer novas metas de redução e um mercado de créditos de carbono como forma de compensar sua produção de dióxido de carbono (CO2), o principal gás estufa.
Entre 7 e 18 de dezembro de 2009, na Dinamarca, os países reuniram-se para debater e estabelecer novos compromissos. A participação na COP – 15 é restrita aos representantes nomeados pelas Partes, pelos Estados observadores e pela imprensa/mídia acreditada, e as sessões não são abertas ao público.
Questões abordadas pelos países chave
Atualmente os quatro maiores emissores de carbono são membros da Convenção: China, Estados Unidos, União Européia e Índia. Para que houvesse um acordo significativo em Copenhagen, seria que esses membros se entendessem e comprometessem.
A discussão sobre ações concretas para um novo acordo global sobre o clima não chegaram um denominador comum, o que torna difícil um acordo justo diante de tantas diferenças e interesses políticos e econômicos em jogo. Os emissores anteriormente citados apresentaram as seguintes propostas: os Estados Unidos tem por objetivo à redução das emissões de CO2 em 17% até 2020, tendo como referência as emissões do ano de 2005, aumentando para 30% em 2025 e 42% em 2030. Esta proposta aguardava a votação da lei de mudanças climáticas no Senado Federal dos EUA.
O governo chinês anunciou que irá reduzir entre 40% e 45% a intensidade energética em 2020 (emissão de dióxido de carbono por unidade de PIB), em relação aos níveis de 2005. A União Européia tem posição definida: irá reduzir 20% de suas emissões até 2020 em relação a 1990.
China e Índia, por sua vez, selaram recentemente um acordo para levarem à COP 15 a mesma posição e as mesmas demandas: grande compromisso dos países industrializados e o condicionamento de seu desempenho na mitigação das mudanças climáticas a apoio financeiro a ser oferecido pelas nações ricas.
Algumas das decisões da COP 15 foram:
1- As partes presentes na Convenção devem cooperar para evitar mudanças climáticas perigosas, reconhecendo a ampla visão científica de que o aumento médio na temperatura mundial não deve exceder 1.5ºC a 2ºC acima dos níveis pré-industriais;
2- Os países desenvolvidos integrantes, como um grupo, devem reduzir suas emissões de gases de efeito estufa em 75%–85 % (por cento) sendo progressivamente até chegar a 95% dos níveis de 1990 até 2050;
3-Países desenvolvidos devem prover recursos financeiros, tecnologia e capacitação adequadas, mensuráveis e sustentáveis, para apoiar a aplicação da ação de adaptação na redução de emissões nos países em desenvolvimento.
Uma das negociações que teve um avanço significativo foi sobre a REDD, sigla em inglês para Redução de Emissões por Desmatamento e Degradação Florestal. A REDD pode ser considerada um mecanismo que busca incentivar com financiamentos a conservação e o uso sustentável de florestas e a redução de desmatamento nos países tropicais. Tendo por objetivo a redução de emissões provenientes do desmatamento, a redução de degradação florestal, a conservação dos estoques de carbono nas florestas, o seu manejo sustentável e o aumento dos estoques de carbono das florestas, ou seja, a recuperação e o enriquecimento florestal.
A inclusão dos Estados Unidos no processo foi uma das conquistas desta COP. Anteriormente, nenhum outro acordo teve perspectiva de sucesso sem a adesão deste país, que na atualidade é o mais rico e mais poluidor do planeta. Os EUA, que não aderiram ao Protocolo de Kyoto,em 1997, e vinham se recusando a assumir qualquer compromisso. Esse protocolo decreta que os países industrializados devam reduzir, entre 2008 e 2012, a emissão de gases que provocam o efeito estufa, como o carbônico, metano, óxido de nitrogênio e clorofluorcarbono (CFC), em pelo menos 5,2% abaixo dos níveis registrados em 1990, o que equivale à cerca de 714 milhões de toneladas de gases por ano. A redução na emissão desses gases significa, primariamente, a contenção do crescimento industrial, o que poderá levar à retração das diferentes economias dos países desenvolvidos, motivo pelo qual os Estados Unidos, maior poluidor mundial, não aderiram, até então, apesar de estarem sofrendo intensas pressões internas nesse sentido. Atualmente, 126 países são signatários deste protocolo que já vem mostrando bons resultados nas suas metas de redução. Enquanto isso, o homem comum é levado a acreditar que é o único culpado pelo aquecimento global e todas as outras intempéries que o planeta está vivenciando
Um dos únicos compromissos que o os EUA aceitaram foi uma negociação paralela na COP de 2007, em Bali, um segundo acordo, para substituir o Protocolo de Kyoto. Este segundo acordo foi denominado Ação Cooperativa de Longo Prazo (LCA na sigla em inglês). Está previsto que o LCA entre em vigor em 2012, substituindo Kyoto.
Pode-se perceber que as decisões foram vagas o que propiciou muitas polêmicas e o Climategate foi uma delas. O caso Climategate foi a descoberta da manipulação dos dados sobre o aquecimento global por hackers que violaram os arquivos através de um servidor da Universidade de East Anglia (Reino Unido), que continha centenas de e-mails trocados entre conhecidos climatologistas britânicos e norte-americanos, onde aparentemente discutem formas de manipular dados científicos para combater os argumentos dos cépticos e suportar a tese da origem humana do aquecimento global.
A Unidade de Investigação Climática da universidade teve mais de mil e-mails e três mil outros documentos trocados entre cientistas de 1996 a 2009, publicados na Internet pelos hackers. Este centro de investigação é considerado um dos melhores do Mundo na área do clima e os seus cientistas tiveram uma participação determinante no último relatório de avaliação do Painel Intergovernamental para as Alterações Climáticas (IPCC) da ONU.
De acordo com o conteúdo desses e-mails várias informações foram ocultadas de forma intencional para não criar duvidas sobre a influência do dióxido de carbono (CO2) na temperatura do planeta.
Delgado Domingos (2009) contesta o alarmismo que o aquecimento global seja apenas ao CO2, afirma que a União Européia deveria estar preocupada com as alterações climáticas de origem humana, reflete sobre Climategate que no qual os debates científicos configuram opções políticas, mas sem o associar a qualquer fraude. Concluindo que os outros efeitos que resultam dessas emissões chegam para se fazer opções políticas e que não necessário dramatizar o seu efeito no aquecimento global.
A alteração climática da Terra é uma realidade que perpassa pelo nosso planeta há muitos anos. Desde os anos de 1600 a Terra tem enfrentado um processo de arrefecimento, conhecida como a “Pequena idade do gelo”. No entanto, o relatório de 2001 IPCC omite essas informações negando, dessa maneira, a história climática dos últimos 1000 anos. Os gráficos contidos nesse relatório mostram apenas a alteração da temperatura do planeta nos últimos 100 anos. Possivelmente, essa omissão está pautada por interesses sociais, econômicos e ideológicos em prol de uma classe dominante. Percebe-se uma intenção nesse posicionamento dos envolvidos no IPCC em culpabilizar o homem pelas alterações climáticas existentes, reforçando a idéia de que a ação humana provoca o aquecimento global, descartando com isso os fenômenos naturais que atingem o sistema climático da Terra
Alguns cientistas possuem outras hipóteses sobre possíveis mudanças climáticas na Terra, associadas a outros fatores. O cientista britânico James Lovelock autor da Teoria de Gaia, que em entrevista a BBC, afirma “que considera o planeta como um superorganismo, no qual todas as reações químicas, físicas e biológicas estão interligadas e não podem ser analisadas separadamente.” [1] Ao dizer isso, o cientista considera que a Terra é composta de matéria viva e não-viva, e que há um auto-ajuste entre essas matérias. Este auto-ajuste é uma característica do planeta para que possa haver vida. Sendo a vida uma pequena porcentagem em Gaia (Terra) devemos conhecer sua estrutura, para tentarmos viver em equilíbrio.
Com o início da escassez dos recursos naturais, somado ao crescimento desordenado da população mundial e a intensidade dos impactos ambientais, surge o conflito da sustentabilidade dos sistemas econômicos e naturais, que faz do meio ambiente um tema literalmente estratégico e urgente. O homem começa a entender a impossibilidade de transformar as regras da natureza e a importância da reformulação de suas práticas ambientais. A humanidade está usando 20% a mais de recursos naturais do que o planeta é capaz de repor, segundo dados fornecidos pelo Relatório Planeta Vivo 2002, elaborado pelo WWF, sigla em inglês de World Wildlife Fund que significa Fundo Mundial da Natureza, e lançado este ano em Genebra. Com isso, destruindo os estoques naturais da Terra, comprometendo as gerações atuais e futuras.
O planeta Terra deveria ser visto como um sistema vivo, pois assim, seria possível compreender que intervenções humanas afetam, direta ou indiretamente, a sua estrutura. O ser humano não teve consciência que não podia poluir o ar ou usar a superfície terrestre de forma indiscriminada, usufruindo de seus oceanos e sistemas florestais, como uma mera fonte de produtos para nos alimentar e mobiliar suas casas. Essas intervenções têm afetado o planeta, porém não devemos acreditar que todas as catástrofes são originárias da ação humana, nem atribuí-las ao aquecimento global. Terremotos, furacões, maremotos, tsunamis são eventos geológicos/climáticos que trazem conseqüências graves para os habitantes, do local onde estes eventos ocorrem.
A pouca estrutura e planejamento na construção de cidades, estudos sobre fenômenos geológicos /climáticos ou preparação/ prevenção/aviso da população sobre os fenômenos, poderiam minimizar as conseqüências destes eventos. Eventos recentes causaram grandes catástrofes que dizimaram cidades, países e milhares de pessoas. Alguns exemplos ilustram bem essa afirmação. O furacão Katrina ocorreu em agosto de 2005. Apesar do governo de Nova Orleans saber das conseqüências, nada foi feito para minimizá-las. O soterramento de casas e pousadas na Ilha do Bananal, em Angra dos Reis (dezembro de 2009, Brasil) também não pode ser atribuído as emissões de CO2, mas sim ao crescimento desordenado das cidades. A construção de casas em encostas ou barrancos, muitas vezes, não possui nenhum estudo
prévio sobre o terreno. Esse fato nos leva a refletir que o Estado é co-responsável por este desastre, por não fazer cumprir as leis que proíbem construções em encostas e barrancos.
As conseqüências de terremotos no Haiti (janeiro de 2010) demonstram como os países são vulneráveis a eventos naturais. Após alguns dias tivemos outro terremoto no Chile (fevereiro de 2010) com um menor número de mortos, devido à estrutura das construções, que já estão preparadas para suportar tremores. Será que num mundo com enorme aparato tecnológico, os países não compartilham estratégias de como minimizar as mortes ocasionadas por estes desastres? Será que o ser humano esquece que mora em cima de uma imensa quantidade de magma, que se movimenta ocasionando colisões entre placas tectônicas, erupções e tsunamis? Em 2006 na Indonésia, um tsunami atingiu toda a região litorânea deixando 105 mortos e 127 desaparecidos. O governo da Indonésia em resposta a BBC afirmou que priorizaria a construção de um sistema de avisos de tsunamis, planejado após a tragédia com um tsunami em 2004 que deixou um saldo de 168.000 mortos. Qual será o motivo para que o sistema de avisos não estivesse pronto? Apesar de ter motivos suficientes para ter um sistema de aviso tsunamis e abalos sísmicos, o sistema ainda não estava pronto. Infelizmente estamos preocupados muito mais em consumir, do que promover políticas de prevenção de catástrofes naturais que dizimam milhares de pessoas todos os anos.
As enchentes nos grandes centros urbanos são provenientes da falta de espaço para o escoamento de água. O concreto e o asfalto já recobrem grande parte das ruas e terrenos. O assoreamento dos rios aumenta as chances de acontecer enchentes. O assoreamento é causado pelo desmatamento da mata ciliar, pela falta de cobertura vegetal nas encostas e também pela poluição/lixo neles jogado. O lixo acumulado nos leitos contamina a água, tornando a imprópria para consumo e para o desenvolvimento de vida naquele habitat.
Com o desenvolvimento tecnológico, a humanidade começou a criar materiais que não são biodegradáveis e demoram milhares de anos para se decompor. Os seres humanos são grandes produtores de lixo. Segundo o relatório do Programa da ONU para o Meio Ambiente, o PNUMA, o Brasil é um dos três maiores produtores de lixo eletrônico dos países emergentes no mundo. Existe uma falta de controle sobre o descarte, o lixo eletrônico possui substâncias químicas danosas ao meio ambiente e à saúde dos seres humanos. A ONU solicita que os países estabeleçam estratégias para lidar com o crescimento do lixo eletrônico. Sugere que desenvolvam tecnologias para reciclagem, e “centros de gestão do lixo eletrônico”.
O lixo doméstico e hospitalar não é descartado corretamente. Os resíduos químicos das indústrias, esgotos residenciais também não. Assim continuamos a poluir a terra, a água e ar. Os lixões a céu aberto são grandes causadores de doenças para a população que moram próximos a eles. Aterros sanitários podem poluir lençóis freáticos. Ações impensadas ou mal elaboradas podem causar diminuição de recursos naturais e, quem sabe, a extinção de alguma espécie (o que já vem acontecendo).
Após ter citado alguns eventos pode-se perceber que a vida na terra é interligada e que para sua manutenção é preciso que todos estejam atentos à resposta que a Terra dá, quando realizamos qualquer evento. Também precisamos perceber que nós não somos os senhores da Terra, mas habitantes que nela vivem.
A todo o momento podemos assistir a esse quadro do desastre climático em filmes, concertos, anúncios, dentre outros, que têm como propósito denunciar os benfeitores e as vítimas desse problema ecológico. Porém, já é tempo de relativizar a crença do aquecimento global. Os problemas ambientais devem ser atacados com determinação e realismo, pois os mesmos afetam a sustentabilidade ambiental. Para isso, é preciso que os esforços internacionais mobilizados para a Conferência de Copenhague consigam ultrapassar a obsessão do aquecimento/emissões para se concentrarem na eficiência energética, nas energias renováveis, na utilização devida do solo, no combate a desflorestamento, na fome e nos efeitos da variabilidade climática.
Na atualidade, a defesa ao meio ambiente se entrelaça com grandes interesses econômicos. Considerando que estamos inseridos em um sistema capitalista onde há um crescimento contínuo do consumo, os problemas ambientais precisam ser vistos como relações entre forças produtivas e relações sociais de produção.
A discussão sobre a viabilidade e desenvolvimento sustentável
O crescimento das massas desordenadas, a falta de estruturas o desrespeito ao homem inibem a aplicabilidade desses conceitos que são essenciais à vida. E são esses os pontos que deveriam ter sido confirmados na Conferência de Copenhague como princípio base. Porém, ao invés disso, tivemos a oportunidade de assistir à ambição desmedida de pesquisadores, que deveriam lutar para amenizar os transtornos naturais, usando recursos governamentais destinados ao bem estar da humanidade para desenvolver pesquisas particulares. Sabendo que as pessoas que trabalharam na Agenda 21 escreveram a seguinte frase: “A humanidade de hoje tem a habilidade de desenvolver-se de uma forma sustentável, entretanto é preciso garantir as necessidades do presente sem comprometer as habilidades das futuras gerações em encontrar suas próprias necessidades”.
Essa frase pode ser resumida em poucas e simples palavras: desenvolver, respeitando às limitações ecológicas do planeta, ou seja, sem destruir o ambiente, para que as gerações futuras tenham a chance de existir e viver bem, de acordo com as suas necessidades (melhoria da qualidade de vida e das condições de sobrevivência).
A conscientização ambiental em larga escala, só será possível com percepção e entendimento do real valor do meio ambiente natural em nossas vidas. Se os seres humanos tivessem o conhecimento desde o início das questões levantadas por nossos cientistas mundiais sobre os danos causados por ações humanas, o refreamento seria em maior proporção e maior eficácia. Não se agravaria tanto e tão exorbitantemente esta questão a ponto de se falar em extinção da vida no planeta. A humanidade tem sentido na pele os resultados da intervenção danosa do homem sobre a natureza, sobretudo quanto às mudanças climáticas provocadas pela excessiva emissão e concentração de gases de efeito estufa na atmosfera, gerados pelas indústrias, veículos automotivos, queimadas, dentre outras fontes naturais, que levam ao aquecimento de nosso planeta.
Diante de tantos encontros das cúpulas, para discutir a viabilidade de restaurar o equilíbrio natural, a sustentabilidade entra em foco por ser a forma mais precisa para reverter o quadro. Os princípios do desenvolvimento sustentável são baseados nas necessidades, sobretudo as necessidades essenciais e, prioritariamente, aquelas das populações mais pobres que não têm fácil acesso a meios de informação e conhecimento sobre sua ação no meio ambiente. Exemplo disso é que em 1987, a Comissão Mundial da ONU sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento (UNCED), presidida por Gro Harlem Brundtland e Mansour Khalid, apresentou um documento chamado “Our Common Future”, mais conhecido por relatório Brundtland. O relatório diz que “Desenvolvimento sustentável é desenvolvimento que satisfaz as necessidades do presente sem comprometer a capacidade das futuras gerações de satisfazerem suas próprias necessidades”.
O relatório não apresenta as críticas à sociedade industrial que caracterizaram os documentos anteriores; demanda crescimento tanto em países industrializados como em subdesenvolvidos, inclusive ligando a superação da pobreza nestes últimos ao crescimento contínuo dos primeiros. Assim, foi bem aceito pela comunidade internacional. Se o termo sustentável define práticas de desenvolvimento que atendem às necessidades presentes, a lógica é que seja aplicada com certa urgência após ser discutida pelos grandes contendores do poder.
Cada vez que se reúnem, os gastos são exorbitantes e a população só tem conhecimento do que a mídia transmite, sem conhecer a fundo o conteúdo da discussão. Determinadas concepções são impostas de forma desmembrada, de acordo com interesses políticos. Pessoas com mais conhecimentos tem em suas mãos o poder de opinar sobre as questões discutidas por seus governantes. Em sentido amplo, a estratégia de desenvolvimento sustentável visa promover a harmonia entre os seres humanos e entre esses e a natureza. Para tanto, são necessários:
– Sistemas políticos que permitam a efetiva participação dos cidadãos no processo de decisão;
– Sistemas econômicos que possibilitem para gerar excedentes e conhecimentos técnicos em bases confiáveis e constantes;
– Sistemas sociais capazes de resolver as diferenças causadas por um desenvolvimento desigual;
– Sistemas de produção que preservem a base ecológica do desenvolvimento;
– Sistemas tecnológicos que busquem novas soluções;
– Sistemas internacionais com padrões sustentáveis de comércio e financiamento;
– Sistemas administrativos flexíveis e capazes de serem corrigidos.
Embora seja comum dizer que a abordagem ambiental deva ser de abrangência geral e que devemos pensar globalmente e agir localmente, o que percebemos muitas vezes é uma práxis que reforça a forma incorreta de lidar com o meio ambiente, não levando em consideração aspectos importantes relacionados à cultura das pessoas. Existe toda uma cultura que precisa ser estimulada para uma nova concepção na relação do homem com o meio ambiente. Não há muito incentivo para que as pessoas reflitam sobre o seu comportamento no que se refere ao consumo e ao uso insustentável dos recursos naturais. Comprometendo e colocando a EDUCAÇÃO AMBIENTAL como prática dos princípios básicos de sustentabilidade, a oportunidade de avaliar questões voltadas ao meio ambiente, fica a critério do homem que operara de acordo com sua ética/moral sobre o meio que vivi. No entanto, pode ocorrer que alguém queira saber o que é meio ambiente e, neste caso, incorremos no velho modus operandi de controle ambiental no final da linha, quando na verdade deveríamos estar atuando na causa e, não somente, na conseqüência.
A formação de uma consciência crítica em relação a este processo é fundamental para a busca de soluções que não sejam somente mitigadoras, passando a ter um caráter mais preventivo e educativo. Ao motivar e capacitar as pessoas para a adoção de ações preventivas, a Educação Ambiental revela-se um importante instrumento da Gestão Ambiental, permitindo que as pessoas conheçam, compreendam e participem das atividades ambientais, assumindo postura pró-ativa em relação à problemática ligada ao meio ambiente. Para que essas questões sobre o meio ambiente sejam bem sucedidas é necessário que ocorram mudanças nas atitudes, nos padrões de comportamento e na própria cultura das instituições. A sociedade precisa perceber-se como parte integrante deste processo, tendo acesso a conhecimentos básicos sobre meio ambiente que a auxilie na identificação das principais fontes geradoras de impactos ambientais. Algumas outras medidas para a implantação de um programa minimamente adequado de desenvolvimento sustentável são:
– Uso de novos materiais na construção;
– Reestruturação da distribuição de zonas residenciais e industriais;
– Aproveitamento e consumo de fontes alternativas de energia, como a solar, a eólica e a geotérmica;
– Reciclagem de materiais reaproveitáveis;
– Consumo racional de água e de alimentos;
– Redução do uso de produtos químicos prejudiciais à saúde na produção de alimentos.
O atual modelo de crescimento econômico gerou enormes desequilíbrios; se, por um lado, nunca houve tanta riqueza e fartura no mundo, por outro lado, a miséria, a degradação ambiental e a poluição aumentam dia-a-dia. Diante desta constatação, surge a idéia do Desenvolvimento Sustentável (DS), buscando conciliar o desenvolvimento econômico com a preservação ambiental e, o final da pobreza no mundo.
Para alcançarmos o DS, a proteção do ambiente tem que ser entendida como parte integrante do processo de desenvolvimento e não pode ser considerada isoladamente; é aqui que entra uma questão sobre a qual talvez você nunca tenha pensado: qual a diferença entre crescimento e desenvolvimento?
A diferença é que o crescimento não conduz automaticamente à igualdade nem à justiça sociais, pois não leva em consideração nenhum outro aspecto da qualidade de vida a não ser o acúmulo de riquezas, que se faz nas mãos apenas de alguns indivíduos da população. O desenvolvimento, por sua vez, preocupa-se com a geração de riquezas sim, mas tem o objetivo de distribuí-las, de melhorar a qualidade de vida de toda a população, levando em consideração, portanto, a qualidade ambiental do planeta. O desenvolvimento sustentável tem seis aspectos prioritários que devem ser entendidos como metas:
– A satisfação das necessidades básicas da população (educação, alimentação, saúde, lazer, etc.);
– A solidariedade para com as gerações futuras (preservar o ambiente de modo que elas tenham chance de viver);
– A participação da população envolvida (todos devem se conscientizar da necessidade de conservar o ambiente e fazer cada um a parte que lhe cabe para tal);
– A preservação dos recursos naturais (água, oxigênio, etc.);
– A elaboração de um sistema social garantindo emprego, segurança social e respeito a outras culturas (erradicação da miséria, do preconceito e do massacre de populações oprimidas);
– A efetivação dos programas educativos.
Na tentativa de chegar ao DS, sabemos que a Educação Ambiental é parte vital e indispensável, pois é a maneira mais direta e funcional de se atingir pelo menos uma de suas metas: a participação da população. As práticas de controle ambiental são recentes e ainda não foram totalmente incorporadas em nosso meio (educação), seja pelo seu alto custo dos cursos necessários para que se faça uma educação de qualidade ou pela falta de conscientização. Existe toda uma cultura que precisa ser estimulada para uma nova concepção na relação do homem com o meio ambiente. Percebe-se que pouco adiantará utilizar tecnologias de controle ambiental de última geração se as pessoas não refletirem sobre o seu comportamento no que se refere ao consumo e ao uso insustentável dos recursos naturais. O grande desafio da humanidade é promover o desenvolvimento sustentável de forma rápida e eficiente. Este é o paradoxo: sabemos que o tempo está se esgotando, mas não agimos para mudar completamente as coisas antes que seja demasiado tarde. Diz-se que uma rã posta na água fervente saltará rapidamente para fora, mas se a água for aquecida gradualmente, ela não se dará conta do aumento da temperatura e tranqüilamente se deixará ferver até morrer. Situação semelhante pode estar ocorrendo conosco em relação à gradual destruição do ambiente natural.
Hoje, grande parte da sociedade se posiciona como mero espectador dos fatos, esquecendo-se de que somos todos responsáveis pelo futuro que estamos modelando. Somos a primeira geração a dispor de ferramentas para compreender as mudanças causadas pelo homem no ambiente da Terra, e temos que por em pratica a educação ambiental para não ser, uma das últimas com a oportunidade de mudar o curso da história ambiental do planeta. A mudança climática é mais rápida e profunda do que se previa até agora. Está claro que esta mudança está tendo um impacto maior do que a maioria dos cientistas tinha previsto. Vencer o aquecimento global é um desafio de proporções dantescas, similares a apenas um evento na história da humanidade: a revolução industrial.
Mas, não é de se subestimar o problema do desmatamento. Evitá-lo também aparece com uma das coisas mais caras, na lista preparada por pesquisadores. Moral da história: não vai ser fácil desatar esse nó. Mas existe um senso de urgência, e não dá para descartar a necessidade de aceitação de limites, especialmente os países que mais poluem. Alguns mitos se criaram em relação ao desenvolvimento sustentável, e isso tem gerado uma enorme discussão. O primeiro ponto de incongruência em relação a isso é o fato de ser ecologicamente correto. O processo não é realizado em uma escala, assim como as linhas de produção chinesas, em modelo muito mais antigo e bem assentado e, portanto está bastante distante de ser economicamente acessível. Outro fator que gera grandes discussões é que ser ecologicamente acessível está muito mais em ter uma consciência a esse fator que necessariamente em uma atitude relacionada a uma mega estrutura de eventos. Enquanto existir uma consciência de consumo amplamente difundida, a produção de lixo e poluentes será muito maior do que se pode reduzir o impacto. Tomando-se como referência o fato de maior parte da população brasileira viver em cidades, observa-se uma crescente degradação das condições de vida, refletindo uma crise ambiental. A necessidade de abordar o tema da complexidade ambiental decorre da percepção sobre o incipiente processo de reflexão acerca das práticas existentes e das múltiplas possibilidades de defini-la como uma nova racionalidade e um espaço onde se articulam natureza, técnica e cultura.
A teoria do aquecimento global contemporâneo é, obviamente, mais jovem e o sistema é mais complexo (no sentido de que nenhum mecanismo, considerado de forma isolada, tem poder preditivo). É importante estar atento às múltiplas fontes de evidências e não só a uma em concreto. É necessário avaliar a temperatura da Terra de vários períodos não somente das últimas décadas. A discussão sobre métodos, eventuais erros e imprecisões em estudos concretos é fundamental. Porém, a discussão pública sobre este tema não deve menosprezar a vastidão das evidências, a independência de muitas das suas fontes, e a congruência, apesar das incertezas e variabilidade, das observações com as previsões.
Informações Sobre o Autor
Márcia Nazaré Silva
Bacharel em Direito