Escalada da violência e a mediação


Ao voltar os olhos para a trajetória do homem o que se constata é que são muito poucos os anos de civilidade; basta pensar no que se fazia e vivia apenas a dez séculos atrás. Portanto, estamos aprendendo a ser civilizados.


É muito fácil embarcar na escalada de violência quando se negocia, pois os gatilhos emocionais são muitos, e quantas vezes por nós desconhecidos. Assim, uma palavra, uma atitude do outro, podem desencadear emoções violentas, até mesmo surpreendentes; da mesma maneira essas emoções podem ser desencadeadas em nosso interlocutor por atitudes nossas, ainda que inconscientes. O ser humano realmente precisa ser descoberto; e se descobrir.


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Pela complexidade do seu mundo interior, envolvendo razão, emoção percepção, intuição, sensação, sentimentos, gera os cenários em que acontecem as suas relações, e que não são simples. Por conseqüência, ele faz a quebra de braço ou negocia.


Vem ao encontro disso um belo quadro:


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A tomada de consciência e a escolha do caminho na relação com o outro está bem colocada nessas palavras. E surge a pergunta a cada vez: Que cachorro eu vou alimentar?


Refletir sobre a dicotomia trazida pelo velho índio, e escolher o cachorro nas diversas situações de controvérsias e conflitos que o ser humano enfrenta, se constitui em uma ação fantástica e racional. E a ação, consciente e lúcida, qualifica as relações e facilita a busca das soluções.


Minha responsabilidade, sua responsabilidade.


A comunicação que se utiliza, por exemplo, pode gerar toda a escalada de violência em uma situação conflitiva; são ditas palavras que inviabilizam qualquer relação e qualquer acordo. Aqui cabe lembrar Calcaterra, Rubén A., em seu livro Mediación estratégica, publicado pela Gedisa editorial, em abril de 2002, Barcelona, 1º edição. Ao tratar da Teoria da Comunicação a fl.67 menciona:


“O novo paradigma em matéria de comunicação sustenta que a linguagem constrói o mundo a partir do reconhecimento da função formativa positiva que atribui para a linguagem, que quando nomeia não somente designa, senão que chama as coisas a serem o que são. Essa afirmação está baseada em Pierce” ( 1994).


Ora, se a linguagem chama as coisas a serem o que são, alcança a realidade e a pode alterar para pior, fazendo com que se inviabilize um acordo. Partindo desse princípio ao chamar alguém de vigarista poderá estar sendo reforçado o seu lado vigarista e esse alguém poderá se comportar como tal.


Pelas suas limitações, pelas limitações do outro, nem sempre o ser humano consegue dar conta sozinho das suas relações interpessoais,. especialmente quando isso envolve questões difíceis e controvertidas.


A vida exige relações negociadas.


A escalada de violência na negociação e a “inteligência social” que a mediação pode promover.


A busca do terceiro facilitador pode ser o caminho da solução, quando os negociadores não conseguem sozinhos estabelecer contato ou dar continuidade à sua relação frente aos conflitos.


E aqui é importante se valer do que Rubén Calcaterra chama de “competência social”. Ao tratar das possibilidades da mediação, diz o autor que o processo comunica às partes essa competência, no sentido da capacidade para resolver problemas futuros. Baseia-se, segundo ele, no limitar a nossa inclinação para delegar a responsabilidade na tomada de decisões, e no assumir as decisões tomadas. Isso implica na incorporação do exercício da autodireção das próprias eleições de vida. Mediación estratégica, Gedisa editorial, abril de 2002, Barcelona, 1º edição, fl.48.


Diz ainda que a mediação comunica uma espécie de “inteligência social” que é uma soma de habilidades para ter relações interpessoais que permitem alcançar objetivos pré-fixados e resolver problemas humanos.


A possibilidade que o mediador tem de estimular o ser humano para mude atitudes e desenvolva a sua “inteligência social” pode gerar a transformação e a qualificação nas relações. O mediador ensina a prática das RELAÇÕES NEGOCIADAS.



Informações Sobre o Autor

Regina Maria Coelho Michelon

Advogada e Administradora, especializada em Negociação e Mediação


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