Resumo: Entender o processo do envelhecimento humano e elaborar pontos de diversas áreas que contribuem para esse fenômeno tão natural e inevitável é o que propõe os estudos da gerontologia social. Mas o que temos nos tempos atuais é a gerontologia social dentro da busca feroz de soluções que retardem esse processo de envelhecer. Diante da exclusão social aos idosos e o maltrato na dignidade destes como pessoas humanas, acelera-se o campo de pesquisa na gerontologia social para retardar a chegada da velhice. As pessoas que ainda não atingiram a terceira idade sabem que esta chega para todos, e utilizam-se da gerontologia para entender os fenômenos que causam o envelhecimento e partirem para o tratamento e a prevenção possível de agressões biológicas, psicossociais, socioculturais e politicas que abreviam o envelhecimento. Uma das mais brilhantes soluções humanas para desacelerar o envelhecimento se dá através da dignidade da pessoa humana, que traz alegria específica aos homens, dando-lhes vida, vigor necessário na terceira idade, onde se acentuam a falta de educação e respeito para com os idosos.
Palavras-Chave: Envelhecimento, Idosos, exclusão social, dignidade.
Sumário: 1. Introdução – 2. Conceito de gerontologia – 2.1 Gerontologia Social – 3. A velhice, os aspectos biológicos e suas teorias – 3.1 A teoria da homeostase – 4. “Homeostase social” e aspectos culturais e socioeconômicos do envelhecimento – 4.1 A cultura brasileira em relação à velhice e o esgotamento da homeostase social dos idosos – 5. Os idosos na bíblia, e os aspectos sociais e psicológicos do envelhecimento – 6. Políticas públicas inerentes ao bem-estar da pessoa idosa – 7. O Sorriso como um método de prevenção ao envelhecimento célere – 7.1 As células Natural Killer e a felicidade face o envelhecimento célere – 7.2 Os Direitos Humanos dos Idosos: a expressão de um sorriso – 8. Conclusão – 9. Referências.
1. INTRODUÇÃO
O presente artigo abordará a gerontologia social e toda a sua contextualização dentro das causas do processo de envelhecimento acelerado e forçado por agentes excludentes e penalizadores. Os aspectos biológicos, sociais, políticos, culturais, econômicos e psicológicos são aspectos diretamente relacionados ao processo de envelhecer, e são estudados a partir do ponto em que esses aspectos não contribuem de forma benéfica para a finalidade de intervir nesses aspectos ou prevenir que eles venham a se fortificar provocando envelhecimentos prematuros.
O que se torna importante é saber que o processo de envelhecer se dá desde o nascimento da espécie em vida, e não a partir de uma determinada idade, embora a aparência envelhecida se acentue na fase idosa, e o aceleramento do envelhecer também, por exposição e desgaste humano de toda uma vida. Desta forma, pode-se mostrar as pessoas idosas não como pessoas velhas, mas sim como pessoas também em processo de envelhecimento assim como toda a faixa etária, embora no Mini Dicionário Aurélio (2001, p. 37) idoso signifique “Que(m) tem bastante idade; velho.”
A sociedade brasileira encara a velhice como doença, e o idoso como um velho cheio de enfermidades, ferindo a conjuntura sociopsicológica do individuo de idade avançada, paralisando seus atos e contribuindo para um envelhecimento célere de falecimento natural precoce. Quando a dignidade de um cidadão lhe é retirada, seu convívio com a sociedade e sua função são tidas como inexistentes, o equilíbrio da vida individual é atribulada e, consequentemente, a natureza humana é fragilizada e vulnerabilizada a feitios fortes de envelhecimento. É aí que as jurisdições humanas, aplicadas no meio social às pessoas idosas, e seus demais direitos, são vistos não somente como obrigação, mas como também retribuição de respeito e honra que os cabem, uma vez que além de pessoas, são pessoas em grau de vulnerabilidade maior.
2. Conceito de gerontologia
Gerontologia é a ciência que analisa o processo do envelhecimento em todos os aspectos, tais como biológicos, psicológicos e sociais, caracterizando uma área de análise multidisciplinar. As matérias como biomedicina, psicologia social, história, ciências sociais, filosofia, cultura e sociologia são alguns dos campos de pesquisa introduzidas na gerontologia.
Para Alkema e Alley (2006):
“Gerontologia estuda os processos associados à idade, ao envelhecimento e à velhice, sendo uma área de convergência entre a biologia, sociologia e a psicologia do envelhecimento.”
O processo de envelhecer, nesse sentido, está associado a complexidade da existência, não se limita aos aspectos biológicos, mas se estende ao meio em que o ser humano está inserido e suas atitudes em meio a vida individual e social.
2.1 Gerontologia Social
Gerontologia social é uma área que estuda o processo do envelhecer em todos os tempos, estuda também a atuação politica dentro da perspectiva da gerontologia. A gerontologia social foca o andamento de uma velhice bem-sucedida.
Segundo Neri (1995, p. 34), velhice bem-sucedida é “uma condição individual e grupal de bem-estar físico e social, referenciada aos ideais da sociedade, às condições e aos valores existentes no ambiente em que o indivíduo envelhece, e às circunstâncias de sua história pessoal e de seu grupo etário.”
Devido ao leque de possibilidades de uma velhice saudável dentro de uma sociedade saudável, é que essa matéria se dispõe a analisar as politicas que contribuem para a melhoria de uma sociedade que ofereça um ambiente propicio para um processo de envelhecimento profícuo.
3. A velhice, os aspectos biológicos e suas teorias
A velhice faz referência à idade avançada, entre a terminação da idade adulta-média até a ratificação da idade avançada. Existem vários aspectos que procuram esclarecer esse fenômeno, como os aspectos psicológicos, socioeconômicos, político e cultural do envelhecimento.
Mas o que popularmente se entende sobre velhice, ou o que é acessível à todos, em termos de informação, é o contexto dos aspectos biológicos, por um processo natural conhecido e ensinado como: “o homem nasce, cresce, se reproduz e morre”. Todas essas quatro passagens da vida se caracterizam por modificações no funcionamento dos órgãos, tais como coração, rins, pulmão, entre outros. Alterações no corpo como flacidez, enrugamento, cabelos brancos e aumento específico de pêlos. Há, ainda, variações no metabolismo que rege a energia indispensável ao funcionamento do organismo, como por exemplo, a circulação, a respiração e a temperatura corporal. Não se pode esquecer das ações patológicas, que são agitações nos organismos fruto de doenças.
Ao final das contas, resta o esgotamento das reservas funcionais, o acréscimo gradual da vulnerabilidade, causando enfermidades, além da falência parcial ou geral dos órgãos vitais, conduzindo a morte natural.
O que se tem hoje é o estudo da velhice a partir da idade de 45 (quarenta e cinco) anos do ser humano, atitude de incômodo, já que o processo do “modificar-envelhecer”, “alterar-envelhecer”, se dá desde o surgimento embrionário da espécie. Talvez o motivo de se estudar a velhice pós-idade adulta, seja por ainda não se saber completamente sobre os engenhos envolvidos na raiz do envelhecimento biológico.
Não restam dúvidas quanto ao surgimento de teorias para decifrar essa questão, tais como a teoria da deterioração das estruturas de síntese proteica. Essa teoria fala da dificuldade de produção de proteínas que mantém a vitalidade orgânica do corpo. Outra teoria é a do relógio biológico, em que o homem tem prazo de tempo restrito há aproximadamente 120 anos pra reprodução das células, as quais, por sua vez, se multiplicam até um determinado número e falecem.
Como ensina Jordão Netto (1997, p.38) sobre a primeira teoria mencionada, correlata à segunda:
“[…] se os seres humanos, ao longo de toda existência possível para a espécie, respeitassem sua própria capacidade orgânica e mantivessem condições ambientais e um estio de vida compatível com a preservação da capacidade orgânica, provavelmente atingiria a idade de 120 anos ou mais, dependendo do funcionamento do seu “relógio biológico”.
Também no que se refere a toda essa obrigação de alto cuidado, mencionado por Jordão Netto, se aplica outro empolgado estudo sobre equilíbrio interno e externo pelo ser humano na teoria da homeostase.
3.1 A teoria da homeostase
A teoria da homeostase se argumenta com base em um sistema que o ser humano regule o seu ambiente interno e externo para manter uma condição estável. Isso se dá por meio de combinações múltiplas e dinâmicas entre mecanismos inter-relacionados, como a ação de beber um refrigerante, por exemplo, na qual possui alta concentração de açúcar, e a ação consiste no aumento da glicose. Nesse caso, o pâncreas, imediatamente, lança insulina e glucagon no intuito de regular a concentração de açúcar no sangue.
A permanência de organismos vivos promove um meio interno e externo homeostático, ou seja, equilibrado e adaptado, contestando qualquer mudança. Caso não haja sucesso, poderá ocorrer a paralisia e/ou suspenção do funcionamento do sistema.
Assim, se aplica a teoria da homeostase como uma metáfora à vida social idosa, uma vez que para essa categoria se manter viva, terá que promover um meio social equilibrado, e adaptável as modificações sociais. O problema não é ter que se equilibrar, isso na verdade é necessário a sobrevivência de todas as idades, o que abate é ter de se adaptar, já que para isso, o ancião terá que aceitar as condições impostas pela sociedade, e uma dessas condições é aceitar sua cruel exclusão social.
4. “Homeostase social” e aspectos culturais e socioeconômicos do envelhecimento.
Walter Bradford Cannon foi quem introduziu o termo homeostase e o conceituou em sua obra “A Sabedoria do Corpo” (1932), hoje dividida nas designações homeostase ecológica e homeostase biológica.
Com base nesses estudos, poder-se-ia dizer que existe uma homeostase social. Essa homeostase social, inserida nesse artigo, indica equilíbrio e adaptação social aferida em uma sociedade excludente, uma sociedade que reduz as interações sociais na velhice, e frustra o prazer dos idosos de ainda cultivar relações sociais, por meio de obstáculos físicos e sociais fixados pela sociedade.
Não restam dúvidas de que a “homeostase social” em cada indivíduo de idade avançada, se faz necessária no presente contexto social. Essa necessidade se dá em razão da busca do aumento de chances de vida. A expressão vida é aqui tratada com toda a sua complexidade e abrangências de definições.
Uma vez que a homeostase, a exemplo do corpo humano, em seu termo genérico, trata-se da sobrevivência de sistemas complexos capazes de adaptar ao seu ambiente externo e interno, mas do que sobreviver, esses sistemas necessitam da homeostase para manter a estabilidade. Essa estabilidade é necessária para manter a capacidade de viver, assim como a vivencia social dos idosos, ou melhor, a sobrevivência deles.
Esse equilíbrio, essa homeostase, está sendo conseguida pelos idosos através de muito esforço em aceitar a exclusão social, se adaptando cruelmente a regras sociais que ferem seus direitos humanos. Fazer referencia a esforço, como uma aceitação forçada pelas pessoas de idade avançada a prescrições sociais, como imposições sobre o que é “próprio” ou “improprio” para a idade, é uma tentativa de mostrar o empenho da parte deles de viver, mesmo que isso custe golpear sua dignidade ainda como pessoa humana, já que o ser humano não o deixa de ser pessoa humana apenas porque alcançou uma determinada idade.
Toda essa preocupação leva as pessoas da terceira idade frente a exclusão social, ao abatimento da assiduidade da interação social, causada por dificuldades e pressões. Isso decorre involuntariamente das necessidades e dos anseios dos idosos.
Assim conclui-se que a homeostase social na terceira idade é frágil. Uma vez que uma homeostase social fortalecida em toda a sua plenitude só poderá ser alcançada através de um estado confortável. Isto é, através do respeito e considerações que cabem aos idosos para ter vida plena e saudável.
Se ao menos o estatuto do idoso fosse visto como uma política de inclusão social, e a retribuição de um direito que os cabem (o que realmente é), traria modificações na visão, e consequentemente, no agir social, digo no esboço cultural contemporâneo, para que todos pudessem enxergar o idoso como ele o é, um ser social, que necessita ser uma linha importante no tecido sócio- global, e não um fio desalinhado e descartável.
Mas não é desta forma que são aceitos o estatuto do idoso e as políticas de inclusão social, a verdade é que na cultura atual ela é aceita como um “favor” feito a um “excluído” que NÃO necessita de ajuda. Um exemplo dessa visão é o caso das filas de espera em uma determinada lotérica, em que há por determinação da lei a obrigatoriedade de uma fila especial aos idosos ou lugar de preferência nas filas, caso não fosse assim seriam pouquíssimos os que dariam seus lugares as pessoas idosas, ignorando os “excluídos”. Um motivo para a sociedade compreender que os idosos NÃO precisam de ajuda, seria a dedução, pela maioria das pessoas, que receber “dinheiro de graça” do Estado na forma de aposentadoria os justificam de qualquer tipo de amparo.
Ainda no exemplo da lotérica, é notória a presença da terceira idade de classe econômica baixa e média nesses estabelecimentos a procura de sorte nos jogos lotéricos em que haja bastante acúmulo de dinheiro. Esse feito se dá pela esperança de se tornarem ricos. Ganhar nos jogos de azar os fazem crer que somente assim, através do dinheiro e o status que ele traz, as pessoas poderiam respeitá-los e tratá-los dignamente, o que não deixa de ser uma verdade, em parte.
4.1 A cultura brasileira em relação à velhice e o esgotamento da homeostase social dos idosos
A ridícula cultura brasileira em relação aos idosos sugere mudanças urgentes na forma de pensar com relação às pessoas de idade avançada, uma vez que há analogias entre uma pessoa idosa a uma pessoa doente. Essas comparações são observadas constantemente, arrematando a história da lotérica, por exemplo, quando um idoso se ocupa de seu lugar de preferência nas filas, tem-se que ele é doente, sem condições de se pôr em pé por muito tempo; que suas enfermidades não os permitem de ficar em local fechado, ou permanecer ali por mais tempo, porque necessita constantemente de repouso e cuidado médico. Isso é verdade, pelos fatores biológicos do envelhecimento já mencionados, mas isso não se aplica a todos os idosos.
Se existisse por parte da sociedade o constante hábito de respeitar as pessoas de idade superior, não se necessitaria de obrigatoriedade por lei para oferecer um lugar na fila a alguém com muito mais vivência, ou se enxergaria a lei como um gesto de retribuição ao respeito a alguém de vasta experiência e que necessita de respeito para manter-se forte. Esse gesto foi bastante utilizado pelos povos antigos, o que culminou em longevidade de anos vividos por eles. De alguma forma, eles sabiam que a dignidade humana traz satisfação e mantém o corpo de pé.
Assim como os estudos de Aristóteles (384-322 a.C.) citado por Ballone (2001, p. 52), que diz:
“psique (alma) e corpo reagem complementariamente uma com outro, em meu entender. Uma mudança no estado da psique produz uma mudança na estrutura de corpo, e à inversa, uma mudança na estrutura de corpo produz uma mudança na estrutura da psique”.
Algum empecilho físico adquirido pelos anos poderia até tirar um idoso da fila de uma lotérica em pouquíssimos minutos, mas a dação de honra sem esforço pela sociedade como um todo a ele, o manteria na fila satisfeito pela força que a felicidade, através do respeito, traz.
Sabe-se que os anciões da antiguidade tinham vida longa pela autoridade que a eles pertencia, juntamente com honra. Quanto mais idade os homens tinham, mais importância, confiança e poder lhes eram entregues. Essa harmonia psicológica e socioeconômica que a cultura e política antiga proporcionavam a classe idosa alargavam-se seus anos de vida, e a cada nova estação sua representação na sociedade se fortalecia. Diferente dos tempos atuais, onde a cada ciclo de vida os idosos são obrigados pela sociedade a aceitar normas e valores menos favorecidos e diferenciados dos mais novos. Infelizmente o que se tem pela sociedade atual, é o grupo de faixa etária avançada, sendo denominado de pessoas desqualificadas, um exemplo disso é a exclusão precoce no mercado de trabalho que não analisa, ao demitir, a competência e a coesa experiência do profissional, abraçando os critérios do sistema capitalista.
A lei que dá direitos aos idosos, às políticas públicas de intervenção social frente a exclusão social dos idosos e às políticas assistencialistas a essa classe, contribuem muito para manter o equilíbrio homeostático da vida social dos idosos. Mas a cultura de que tudo isso é realizado por “pena”, juntamente com o egoísmo capitalista, o abandono familiar e o desrespeito social, fazem da homeostase social dos idosos ameaçada, o que gera o falecimento rápido do indivíduo.
As atuais tentativas de se compreender a respeito do envelhecimento focam a sabedoria, a felicidade e o controle do ser humano, observando, portanto, os costumes socioculturais das civilizações antigas, tendo em vista que ao contrário dos animais, de envelhecimento exclusivo do fenômeno biológico, o ser humano tem atributo racional, sendo indispensável atender seus componentes sociais, por terem um vasto efeito nas suas vidas e nos seus relacionamentos. O envelhecimento humano não se trata somente de aspectos biológicos, mas também de gênero, de etnia, de classe social, de cultura, e de todo o seu aspecto social e psicológico.
5. Os idosos na bíblia, e os aspectos sociais e psicológicos do envelhecimento
As histórias bíblicas do velho testamento, suas orientações e informações contidas em seus livros, são altamente consideradas até os dias atuais. Esse feito se dá pelo fato de a bíblia trazer histórias em que se podem extrair conhecimentos sobre o modo de vida, sobre a cultura, a família, a economia e entre outros dos ramos sociológicos, psicológicos, filosóficos e histórico-religiosos das civilizações antigas.
O livro de Jó, no antigo testamento bíblico, mostra vários pontos em que a velhice era respeitada e considerada a idade da sabedoria:
“E respondeu Eliú, filho de Baraquel, o buzita, dizendo: Eu sou de menos idade, e vós sois idosos; receei-me e temi de vos declarar a minha opinião” (Jó 32:6).
Essa passagem bíblica segue o relato de um jovem temendo opinar sobre suas idéias ou pensamentos diante de pessoas mais velhas, cominada ao poder de sabedoria e entendimento que elas possuíam ou lhes era dada essa confiança.
O primeiro livro bíblico, o livro de Gêneses, contém algumas passagens que informam sobre a idade alcançada pelos homens daquela época:
“Jarede viveu cento e sessenta e dois anos, e gerou a Enoque. Viveu Jarede, depois que gerou a Enoque, oitocentos anos; e gerou filhos e filhas. Todos os dias de Jarede foram novecentos e sessenta e dois anos; e morreu. Enoque viveu sessenta e cinco anos, e gerou a Matusalém. Andou Enoque com Deus, depois que gerou a Matusalém, trezentos anos; e gerou filhos e filhas. Todos os dias de Enoque foram trezentos e sessenta e cinco anos […]. Matusalém viveu cento e oitenta e sete anos, e gerou a Lameque. Viveu Matusalém, depois que gerou a Lameque, setecentos e oitenta e dois anos; e gerou filhos e filhas. Todos os dias de Matusalém foram novecentos e sessenta e nove anos; e morreu. Lameque viveu cento e oitenta e dois anos, e gerou um filho, a quem chamou Noé […]. Viveu Lameque, depois que gerou a Noé, quinhentos e noventa e cinco anos; e gerou filhos e filhas. Todos os dias de Lameque foram setecentos e setenta e sete anos; e morreu.” (Gênesis 5, 18-26)
Especula-se que as idades alcançadas pelos povos antigos são cominadas ao perfeito equilíbrio interno e externo, alcançado naturalmente naquela época. Tendo em vista que as questões atuais de agrotóxicos nos alimentos, de reagentes químicos e toda essa concentração de lixo e gases poluentes, não eram preocupação naquela época, assim como a questão da extinção de animais e a contaminações dos animais marítimos, e o buraco na camada de ozônio.
Aqueles povos nem sonhavam com a gasolina ou óleo diesel, que colaboram na formação do efeito estufa, na causa do aquecimento global, afetando toda a estrutura humana e enfraquecendo o sistema imunológico.
Obviamente, não se deseja voltar ao tempo dos ancestrais, porém políticas públicas para intervir nesses males, junto aos estudos de gerontologia social, já estão sendo aplicadas para prevenção desses agentes e melhoria na saúde e no bem estar de cada indivíduo e, consequentemente, de seu envelhecimento.
Essa prevenção se dá na tentativa de retardar o envelhecimento humano ou o aspecto envelhecido. Mas para que se tenha sucesso, se faz necessário o tratamento da alma como um equilíbrio psicossocial.
O poeta romano Juvenal fala sobre o equilíbrio da mente no corpo em sua Sátira X:
“Deve-se pedir em oração que a mente seja sã num corpo são. Peça uma alma corajosa que careça do temor da morte, que ponha a longevidade em último lugar entre as bênçãos da natureza, que suporte qualquer tipo de labores, desconheça a ira, nada cobice e creia mais nos labores selvagens de Hércules do que nas satisfações, nos banquetes e camas de plumas de um rei oriental. Revelarei aquilo que podes dar a ti próprio; Certamente, o único caminho de uma vida tranquila passa pela virtude.” (Juvenal)
A sátira no início do poema diz que “… a mente seja sã num corpo são”, e é uma inspiração de Juvenal aos anciões romanos, indicando que ao invés de fazerem orações tolas, pedissem em oração saúde física e espiritual. No passar dos tempos, a satírica citada teve vários sentidos. Hoje, o que entendemos dela é que apenas uma mente sã sustenta um corpo são, generalizando conceitos de equilíbrio saudável no modo de vida do ser humano na frase atual: “ Mente sã, corpo são”.
Concordando com os pensamentos do poeta romano, Leslie Kamen-Siegel diz que:
“O pessimismo, a depressão e o estresse resultantes de acontecimentos de vida, relacionam-se com o enfraquecimento da função imunitária” (Kamen-Siegel etial., 1991; Levy, & Heiden, 1991).
Kamen-Siegel foi quem constatou que atitudes pessimistas de pessoas da terceira idade com relação à vida cominava baixa a imunidade. Ele ensinava que sentidos e emoções peculiares do estresse, como a ansiedade e a tristeza, estão correlacionados ao baixo empenho imunitário.
As lutas diárias do ser humano os enfraquecem, e isso se repercute na vida idosa, onde deveria ser só sossego, mas a luta pelo seu espaço na sociedade resulta em ansiedade e tristeza. Kamen-Siegel, Rodin, Seligman, e Dwyer (1991) afirmavam que o otimismo está positivamente ligado a força que o sistema imunitário implica a um desafio antigênico.
Diante desses fatos, é importante a contribuição social para modificar os efeitos deletérios do estresse nos idosos, que se caracteriza a uma postura de derrota e pessimismo, apoiando a reintegração do idoso nos fazeres social, demonstrando a importância que eles têm no seio da sociedade. Caso contrário, o sistema imunológico dos idosos corre sérios riscos e a homeostase do indivíduo fica atribulada, uma vez que idoso não é sinónimo de velho, e sim de pessoa em processo de envelhecimento célere, devido a todas as questões já mencionadas.
Pensando na prevenção dos riscos que promovem um envelhecimento forçado, o governo formula políticas sociais de saúde para os idosos a fim de tratá-los, o que o faz apenas com medicamentos para imunização de doenças que enfraquecem o organismo, deixando de lado os outros tantos fatores que causam o envelhecimento humano, preocupando-se apenas com a questão medicinal. As políticas públicas que tratam da saúde da classe idosa vêm debatendo temas como o bem-estar dos idosos, mas a soluções quase sempre estão concretizados em políticas de medicamentos.
6. Políticas públicas inerentes ao bem-estar da pessoa idosa
O panorama atual de preocupação do bem-estar do idoso está nas campanhas de vacinação anual dos idosos, ação proveniente da Política Nacional da Saúde da Pessoa Idosa. Para uma breve análise dessa política nacional, se faz necessário contextualizá-la dentro das conferências internacionais de saúde, em especial as Conferências Internacionais da Promoção da Saúde. Essas conferências resumem-se basicamente à conquista de modos de vida mais saudáveis capazes de um envelhecimento ativo. A primeira conferência resultou na Declaração da Alma Ata (1978), essa declaração prioriza o completo bem estar físico, mental e social; e a Declaração de Jacarta (1997), resultado da quinta conferência, que promoveu os idosos a grupos em primazia de investimentos na ampliação da saúde.
Correlatado com essas conferências internacionais, a Constituição Federal de 1988, a Lei da Política Nacional do Idoso – Lei nº 8.842 94, o Decreto nº 1.948 96 e o Estatuto do Idoso – Lei nº 10.741, cooperam para a formalização de políticas inerentes a saúde da pessoa idosa como direitos fundamentais. Pode-se relacionar essas legislações, relativas ao idoso no Brasil, ao surgimento da Política Nacional de Saúde da Pessoa Idosa, ratificando o direito do idoso na saúde nos vários planos de atendimento.
Os gestores da saúde de âmbito federal, estadual e municipal, ainda baseados em conferências para formulação de políticas públicas sociais, se apoiaram na III Conferência Latino Americana de Promoção da Saúde e Educação para a Saúde em 2002, realizada no Brasil, em São Paulo para efetivar a campanha de vacinação ao idoso, porém, somente em 2007, esses gestores concretizaram a efetivação da campanha, uma vez que a conferência realizada no Brasil compreendeu a universalidade, a integralidade e a equidade da atenção à saúde na área de imunizações. É justamente nessa proposta que o governo brasileiro se compromete ao formular a política de vacinação ao idoso, através da Campanha Nacional de Vacinação do Idoso, tendo como principal produto a vacina contra a influenza (a gripe).
Com essa política, o Ministério da Saúde se propõe contribuir com a prevenção de enfermidades que intervêm no andamento das ações rotineiras das pessoas da terceira idade, diminuindo a morbimortalidade por doenças infecciosas imunopreveníveis e a tentativa de proporcionando-lhes, preferencialmente, qualidade de vida, bem-estar e inclusão social.
Essa tática governamental é de suma importância, mas no que tange a gerontologia social, como um todo, essa campanha não é completa, uma vez que os males a saúde humana são psicossomáticas. Enquanto seres biopsicossociais, os seres humanos também trazem polaridades psíquicas e sociais, ou seja, o que ocorre na mente reflete no campo somático e/ou psicossomático, e social.
Desta forma, o Brasil estando ciente dessas polaridades, através das muitas campanhas a respeito da diversidade da saúde humana, não deveria aplicar solução apenas no campo de imunização a doenças físicas, mas a imunização também a todos os campos humanos, como os males psicológicos e sociais, trabalhando, dessa forma, o bem-estar total da classe idosa.
Quando fala-se em imunização das esferas psicológicas e sociais, fala-se da aplicação de tratamentos da alma, da difícil vivência social que as pessoas idosas têm, através da ampliação dos direitos humanos da terceira idade, e da implantação de uma cultura social que promova dignidade à pessoa idosa, a fim de buscar dinamismo, harmonia, equilíbrio e “homeostase social”. Essas expressões são palavras-chave no entendimento de como evitar as doenças psicossomáticas, que, conjuntas, promovem o envelhecimento rápido do ser humano.
Uma vez que o governo tarda no tratamento completo e total face o envelhecimento forçado pelas várias agressões culturais, políticas, psicossociais e biológicas, resta buscar soluções, através da felicidade individual, para amenizar o aceleramento do processo de envelhecer na fase adulta-média.
7. O Sorriso como um método de prevenção ao envelhecimento célere
O Dr. Patch Adams, que inspirou o filme “Patch Adams – O Amor é contagioso” (1998) de Tom Shadyac e Steve Oedekerk, onde enfatiza a restruturação através da felicidade, afirma que existem curas através do bom humor e do amor. Em seu livro House Calls: how we can heal the world a visit at time (Tocar a Campainha: como podemos curar o mundo no período de uma visita), Dr. Patch Adams aborda o lado emocional de cura, criticando a sociedade pelos fatores de exclusão social e o egoísmo do individualismo trazido pela globalização. No livro, ele lembra que a simples visita a um familiar, a um vizinho ou amigo, demonstra preocupação, levando satisfação pessoal para o visitado, o fazendo entender que ele é importante. A mencionada obra enfatiza também que alguns dos fatores mais importantes na recuperação humana é o amor, a compaixão, a amizade e a esperança.
Já o livro Gesundheit!: Good Health is a Laughter Matter (Gesundheit: Boa Saúde é um Assunto de Risos) aborda os tratamentos do Instituto Gesundheit, em West Virginia – Estados Unidos da América, através de uma visão positiva de Patch Adams sobre um futuro com acesso aos cuidados de saúde acessível a todos com qualidade, seguros de tratamento digno que respeite seus direitos e suas condições humanas em um hospital público, que contenha troca de humor humano e não uma transação comercial e impessoal, com finalidade de uma restruturação humana em todos os bons aspectos sociais, medicinais e psicológicos, responsáveis pelo perfeito andamento da estrutura humana.
Assim como o Dr. Patch Adams, o médico russo Dr. Andrei Skutin defende a felicidade como reagente de agressões externas que colaboram para o enfraquecimento humano e, consequentemente, envelhecimento rápido através de enfermidades, afirmando que o ato de sorrir ajuda na redução da pressão sanguínea e o avanço da imunidade, além de diminuir frequência de asma, tumores e outros.
Mantak Chia é outro autor que fala sobre o sorriso:
“Na China antiga, os taoístas ensinavam que um constante sorriso interior, um sorriso para si mesmo, assegurava saúde, felicidade e longevidade. Por quê? Sorrir para si mesmo é como aquecer-se no amor: você se torna o melhor amigo de si mesmo. Viver com um sorriso interno é viver em harmonia consigo mesmo.” (1983, pg. 51).
O hábito de sorrir, de possuir felicidade plena, não é a única solução de cura, porém faz bem à saúde, a prova disso é a Pesquisa divulgada em 2006 pela Escola de Medicina da Universidade Loma Linda, na Califórnia (EUA), que evidencia o riso como colaborador para aumentar a produção e a atividade das células NK (do inglês, natural killers) na estrutura humana, responsáveis por destruir agentes externos prejudiciais ao organismo.
7.1 As células Natural Killer e a felicidade face o envelhecimento célere
A célula Natural Killer – NK, também conhecida como exterminadora natural, é um tipo de linfócito (glóbulo branco que causa uma espécie de defesa específica no organismo). O hormônio do crescimento estimulam as células NK, assim como eventos psíquicos, e fases lúteas de ciclo menstrual estimulada pelos hormônios da tireóide, que pode aumentar as funções das células NK. Essas fases mencionadas não se enquadram na realidade das pessoas idosas, porém vastos experimentos clínicos em seres humanos e em animais vêm apresentando as células NK, sensíveis à influência de fatores externos como o estresse, além de outros, psicossociais, afirmando que para os idosos estimularem essas células basta sorrir.
7.2 Os Direitos Humanos dos Idosos: a expressão de um sorriso
A declaração Universal dos Direitos do Homem foi adotada e proclamada pela Assembléia Geral das Nações Unidas, em 10 de dezembro de 1948 e é formada por um preâmbulo e 30 artigos que enumeram os direitos humanos e liberdades fundamentais de que são titulares todos os homens e mulheres, de todo o mundo, sem qualquer discriminação.
Almeida (2005, p.10), sobre os direitos humanos diz que nela:
“[…] encontra-se o repúdio a toda e qualquer forma de exploração, desigualdade e discriminação, seja de sexo, de idade, de raça, de nacionalidade, de religião, de opinião pública, de origem social, etc.”
Assim como Almeida observou, os direitos humanos fazem segmento ao idoso com os mesmos direitos de todos os componentes da sociedade mundial, apenas o art. 25, em sua parte “b”, analisa diretamente o idoso, quando reza:
“[…] tem direito à segurança no desemprego, na doença, na invalidez, na viúves, na velhice ou noutros casos de perda de meios de subsistência por circunstâncias independentes da sua vontade.”
Essa parte do art. 25 enquadra o idoso na expressão “velhice”, uma vez que a sociedade encara o idoso na condição de pessoa velha em sua totalidade. Mas as Assembléias Mundiais do Envelhecimento I e II, realizadas em Viena-Austrália, e Madri – Espanha, nos anos 1982 e 2002, respectivamente, vieram para debater documentos que constituem bases fundamentais para uma cultura gerontológica no mundo.
A primeira Assembléia Mundial sobre o Envelhecimento teve como referência a Conferência dos Direitos Humanos realizado em Teerã em 1968 e saltou em um fórum intergovernamental focado no ponto do envelhecimento populacional e individual em todas as nações do mundo, derivando a aprovação do plano global e internacional de ação. Esse plano no Brasil resultou na concepção de leis beneficiando a população idosa, como as mudanças da Constituição Federal de 1988. Essas modificações vieram do entendimento certo de que a população idosa, por meio de sua vulnerabilidade, estariam sofrendo em maior escala as consequências dos sistemas do colonialismo, neocolonialismo, racismo e práticas da apartheid no contexto político econômico e social daquela época.
A segunda Assembléia Mundial sobre o Envelhecimento definiu diretrizes para orientar as políticas públicas relativas à população idosa para o Século XXI. As propostas resultantes dela se fundamentam em uma nova idéia de velhice, que se constrói em volta da consideração de envelhecimento produtivo, ou seja, inclusão social dos idosos, mediante a capacitação das pessoas para a atuação plena e eficaz na vida econômica, política e social, mediante o trabalho remunerado ou voluntário. Embora o Brasil caminhe a lentos e pequenos passos nesse projeto, a verdade é que ela está andando rumo a ser concluída, mesmo que ainda migalhe o direito de cidadania do idoso.
Almeida (2005, p. 12) conceitua cidadania como:
“É o conjunto das liberdades que se expressa pelos direitos civis: de ir e vir, de ter acesso à informação, de ter direito ao trabalho, a fé, à propriedade e à justiça; poder votar e ser votado; participar do poder político; ter acesso à segurança e desfrutar do bem-estar econômico.”
Ao aprovar o Estatuto do Idoso, o Brasil define o lugar ativo do idoso na cidadania, no aspecto de direitos e de compromissos com a sociedade. Toda essa abrangência de direitos e de leis ratificando os direitos humanos do idoso se afunila no Brasil em tratamento particular da medicina, que com progresso da ciência torna fato o prolongamento da vida. Todavia, o envelhecer com dignidade ainda é um direito a ser conquistado, especialmente pela população pobre. Os direitos humanos dos idosos é um desafio lançado à sociedade, é a consciência pessoal de cada cidadão em tratar dignamente a classe dos idosos.
Aristóteles (333 a.C.), aborda sobre o tratamento digno:
“Um exame dos tipos principais de vida mostra que as pessoas de maior refinamento e de índole mais ativa identifica a felicidade com a honra, pois a honra é, pode-se dizer, o objetivo da vida política. Todavia, isso parece ser demasiadamente superficial para ser o que buscamos, visto que a honra depende mais de quem a concede que de quem a recebe, ao passo que nos parece que o bem é algo próprio de um homem e que dificilmente lhe poderia ser tirado.”
Nessas palavras Aristóteles conceitua uma sociedade onde a honra é tanto de quem recebe, quanto de quem a oferece, construindo cidadania de um bem peculiar do ser humano, a dignidade humana. Somente honrando os mais velhos, se é digno de honra e respeito.
8. CONCLUSÃO
A gerontologia social moderna contextualiza o envelhecimento como processo a ser tratado e prevenido. Essa contextualização apresenta modificações radicais na imagem predominante do capitalismo sobre a velhice, abandonando a idéia de exclusão e incapacidade para assumir um conceito de inserção social, em uma visão abrangente, além da biológica, como a social, política e psicológica por exemplo.
Os direitos humanos procuram propor um envelhecimento ativo, que constitui um processo de curso de vida, em uma visão intergeracional de qualidade de vida, pautado na ética, na sociedade e nos assuntos de desenvolvimento da nação.
Stacy Adams(1965), a respeito do tratamento digno a todos, reafirma que:
“Na teoria da equidade, a motivação, o desempenho e a satisfação de um funcionário depende da avaliação subjetiva que ele faz das relações entre sua própria razão de esforço – recompensa e a razão de esforço – recompensa dos outros em situações parecidas”.
Assim, a teoria da equidade narra o bom funcionamento humano através da dação, como retribuição, de respeito e transferência de valores humanos, ou materiais na medida em que os cabem. Trazendo essa teoria para o tema em questão – gerontologia social e os direitos da pessoa idosa – poder-se-ia falar que um programa de recepção à classe idosa deveria atender muito além da gratuidade de atendimento, estendendo a recompensa pelo esforço de uma vida contributiva à teia social global. Essa recompensa se dá através de tratamento humano e digno, com respeito e atenção total, diferente do abandono encontrado em leitos de hospitais, asilos e outros.
Verifica-se, pois, que a homeostase social se desequilibra quando das situações de abandono, desprezo e exclusão social, ao que os idosos precisam ser respeitados, para se sentirem ativos na sociedade, e, consequentemente, felizes.
Assistente Social. Pesquisadora. Mestranda em Cognição, Tecnologias e Instituições pela Universidade Federal Rural do Semi-árido – UFERSA
Advogada. Professora do Curso de Direito. Doutoranda em Direito pela Universidade de Brasília – UnB. Mestre em Ambiente, Tecnologia e Sociedade pela Universidade Federal Rural do Semi-árido – UFERSA. Especialista em Direitos Humanos pela Universidade do Estado do Rio Grande do Norte – UERN. Graduada em Direito pela Universidade do Estado do Rio Grande do Norte – UERN
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