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Indenização por acidente de trabalho em obras da construção civil: direitos e responsabilidades

O setor da construção civil é um dos que mais registram acidentes de trabalho no Brasil, devido à complexidade das atividades realizadas e aos riscos envolvidos no ambiente de obra. Esses acidentes podem ter consequências graves para os trabalhadores, muitas vezes resultando em lesões permanentes, incapacidade para o trabalho ou até mesmo morte. Esse cenário gera importantes questões sobre o direito à indenização e as responsabilidades das empresas envolvidas. Este artigo explora os direitos dos trabalhadores, os tipos de indenização aplicáveis e as obrigações das empresas em casos de acidentes na construção civil.

Responsabilidade da empresa em acidentes na construção civil

A legislação brasileira estabelece que as empresas são responsáveis por garantir a segurança e a saúde dos trabalhadores em todas as etapas de uma obra. No caso da construção civil, essa responsabilidade inclui fornecer condições seguras de trabalho, adotar medidas preventivas, seguir as normas regulamentadoras de segurança e disponibilizar Equipamentos de Proteção Individual (EPIs). As normas mais relevantes para a construção civil são as NR-18 (Condições e Meio Ambiente de Trabalho na Indústria da Construção) e NR-35 (Trabalho em Altura), que impõem obrigações rigorosas às empresas para prevenir acidentes.

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Quando ocorre um acidente e fica comprovado que houve falha por parte da empresa na adoção dessas medidas, a responsabilidade pela indenização recai sobre a empresa. Em casos onde a segurança no ambiente de trabalho não foi devidamente assegurada, a empresa pode ser considerada negligente e responderá pela indenização dos danos causados ao trabalhador.

Direitos do trabalhador acidentado na construção civil

O trabalhador da construção civil tem direito a uma série de proteções em caso de acidente, que incluem benefícios previdenciários e direitos trabalhistas específicos. Entre esses direitos estão:

  • Auxílio-doença acidentário (B91): quando o trabalhador precisa se afastar por mais de 15 dias devido ao acidente, ele tem direito ao auxílio-doença acidentário, pago pelo INSS. Esse benefício é concedido até que o trabalhador tenha condições de retornar às suas atividades ou, em caso de incapacidade permanente, até que seja avaliada a necessidade de aposentadoria por invalidez.
  • Aposentadoria por invalidez: se o acidente causar uma incapacidade permanente que impeça o trabalhador de realizar qualquer atividade laboral, ele poderá solicitar a aposentadoria por invalidez, garantindo uma fonte de renda.
  • Estabilidade no emprego: o trabalhador que retorna ao trabalho após um acidente tem garantia de estabilidade no emprego por 12 meses, período durante o qual ele não pode ser demitido sem justa causa, conforme o artigo 118 da Lei 8.213/91.

Além desses direitos, o trabalhador acidentado pode buscar indenizações por danos materiais, morais e estéticos, quando o acidente resultar em prejuízos financeiros, sofrimento psicológico ou deformidades visíveis.

Tipos de indenização para o trabalhador da construção civil

Os danos causados por um acidente de trabalho na construção civil podem gerar diferentes tipos de indenização, a depender da gravidade das consequências e do impacto na vida do trabalhador:

  • Indenização por danos materiais: cobre todas as despesas e prejuízos financeiros resultantes do acidente, como gastos médicos, transporte, medicamentos e perda de salário durante o período de afastamento. Caso o trabalhador perca sua capacidade de trabalho, essa indenização também pode incluir lucros cessantes para compensar a renda que ele deixou de receber.
  • Indenização por danos morais: visa compensar o sofrimento emocional e psicológico causado pelo acidente, especialmente em casos onde o trabalhador sofreu traumas ou estresse. Esse tipo de indenização considera o impacto do acidente na qualidade de vida do trabalhador e seu bem-estar emocional.
  • Indenização por danos estéticos: é devida quando o acidente deixa cicatrizes ou provoca deformidades visíveis. Esse valor compensa o impacto estético sofrido pelo trabalhador, além dos danos morais já mencionados.

Essas indenizações podem ser buscadas judicialmente caso a empresa não cumpra com suas obrigações espontaneamente. A Justiça do Trabalho é responsável por julgar esses casos e assegurar que o trabalhador receba a devida compensação.

Responsabilidade solidária e subsidiária de empreiteiras e subcontratadas

No setor da construção civil, é comum que várias empresas estejam envolvidas em uma mesma obra, incluindo empreiteiras e subcontratadas. Em casos de acidente de trabalho, a responsabilidade pela indenização pode recair sobre a empreiteira, a subcontratada ou ambas, dependendo da relação entre as empresas e do contrato de trabalho do funcionário.

Se a empreiteira principal não supervisionar adequadamente as condições de segurança e o cumprimento das normas regulamentadoras, ela pode ser considerada responsável, mesmo que o trabalhador seja formalmente contratado pela subcontratada. Em alguns casos, a responsabilidade é compartilhada, e ambas as empresas podem ser acionadas para garantir o pagamento das indenizações devidas.

Segurança no trabalho e prevenção de acidentes

A empresa é obrigada a adotar todas as medidas necessárias para garantir a segurança dos trabalhadores na construção civil, seguindo as orientações das normas regulamentadoras. Entre essas obrigações, destacam-se o fornecimento de EPIs, como capacetes, cintos de segurança, botas, e a realização de treinamentos sobre o uso adequado dos equipamentos e sobre os riscos da atividade.

A NR-18 determina que todas as medidas de proteção coletiva, como sinalização e andaimes seguros, devem ser priorizadas, e que os trabalhadores sejam orientados sobre os procedimentos de segurança. O descumprimento dessas normas configura negligência por parte da empresa e pode aumentar a gravidade da indenização em caso de acidente.

Procedimentos para garantir a indenização

Para assegurar a indenização, o trabalhador acidentado deve seguir alguns passos importantes. O primeiro é o registro do acidente junto ao INSS, por meio da Comunicação de Acidente de Trabalho (CAT). A empresa é responsável pela emissão da CAT, mas, caso não emita o documento, o próprio trabalhador ou seus representantes podem fazer o registro.

Além disso, é fundamental reunir provas, como laudos médicos, fotos do local do acidente e depoimentos de colegas de trabalho. Essas provas são essenciais para comprovar a responsabilidade da empresa e o impacto do acidente na vida do trabalhador, servindo como base para o processo de indenização.

A importância do laudo pericial

Em casos de disputa sobre a indenização, a Justiça do Trabalho pode solicitar um laudo pericial para avaliar a gravidade das lesões e a relação entre o acidente e as atividades realizadas. O perito analisa as condições de trabalho, os EPIs fornecidos e a conduta da empresa para determinar se houve falha ou negligência na segurança. Esse laudo é fundamental para estabelecer a responsabilidade da empresa e calcular o valor das indenizações.

Prazo para solicitar a indenização

O trabalhador tem até dois anos após o término do contrato para solicitar a indenização por danos decorrentes do acidente. Para benefícios previdenciários, como o auxílio-doença acidentário, o prazo é de cinco anos. O trabalhador deve estar atento a esses prazos para garantir que não perca o direito à compensação.

Considerações finais sobre acidentes na construção civil

Os acidentes de trabalho na construção civil podem trazer consequências sérias para os trabalhadores, que têm direito a uma indenização em caso de negligência das empresas responsáveis. A legislação trabalhista e previdenciária brasileira oferece uma série de proteções ao trabalhador, e é fundamental que a empresa cumpra as normas de segurança para evitar incidentes.

Contar com a orientação de um advogado trabalhista é importante para que o trabalhador conheça seus direitos e receba a indenização justa. As empresas, por sua vez, devem priorizar a segurança e seguir rigorosamente as normas para garantir um ambiente de trabalho seguro e protegido, minimizando os riscos de acidentes e suas consequências jurídicas.

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