Influências do Inconsciente Coletivo Nas Qualidades Individuais e a Tendência à Ocorrência de Falsas Memórias

Andressa Sechi Marra[1]

Alessandro Severino Valler Zenni[2]

 

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RESUMO: Este estudo parte da proposta teórico-reflexiva na intenção de demonstrar que a memória humana está a sofrer influências que vão além do empirismo. Nesse sentido, partindo dos estudos aprofundados sobre as particularidades na formação do conhecimento humano e na recuperação das memórias, a hipótese que se admite é a de que o inconsciente coletivo e o acesso dos indivíduos aos conhecimentos passados e experiências dos seus pares está inserido em um campo acessível por todas as pessoas, e todas as recordações e informações envolvidas nos processos conscientes do homem podem sofrer influências daquilo que ele mesmo nunca viveu. Há ainda a carga emocional que todo sujeito imprime nas vivências que experimenta, que a depender da intensidade e da negatividade, também estão a influenciar as evocações dos fatos ocorridos no passado e protagonizados ou assistidos por todo aquele que precise dar testemunho. Portanto, a fragilidade das memórias que sofrem a todo tempo interferências dos conhecimentos e impressões pessoais adquiridas pelo homem pode comprometer a fidedignidade das lembranças e consequentemente, a finalidade do testemunho, especialmente nos sistema jurídico processual penal. A memória humana tem se demonstrado altamente sugestionável e a conclusão deste trabalho caminha no mesmo sentido, embora por proposições que levam em consideração as bases epistemológicas e filosóficas do conhecimento da alma humana.

PALAVRAS-CHAVE: Personalidade humana; Memória humana; Inconsciente coletivo; Campo mórfico; Falsas memórias.

 

ABSTRACT: This study starts from the theoretical-reflexive proposal in the intention to demonstrate that human memory is undergoing influences that go beyond empiricism. In this sense, starting from the in-depth studies on the particularities of the formation of human knowledge and the recovery of memories, the hypothesis admitted is that the collective unconscious and the individuals’ access to the past knowledge and experiences of their peers is inserted in a accessible by all people, and all the memories and information involved in the conscious processes of man can be influenced by what he himself has never lived. There is also the emotional charge that every subject implies in the experiences that he experiences, depending on the intensity and the negativity, are also influencing the evocations of the events occurred in the past and carried out or assisted by anyone who needs to bear witness. Therefore, the fragility of memories that suffer at any time interferences of the knowledge and personal impressions acquired by the man can compromise the trustworthiness of the memories and consequently, the purpose of the testimony, especially in the criminal procedural legal system. Human memory has proved highly suggestible, and the conclusion of this work is in the same direction, albeit by propositions that take into account the epistemological and philosophical bases of the knowledge of the human soul.

KEY-WORDS: Human personality; Human memory; collective unconscious; Morphic field; False memories

 

Somos o que recordamos

(Iván Izquierdo)

 

1 INTRODUÇÃO

A ciência busca compreender e explicar os fenômenos humanos a partir de bases empíricas que consideram hipóteses testadas. No entanto, a partir de uma proposta bastante reflexiva que não desatende ao aparato teórico profundo e vasto no campo da memória humana e das falsas memórias, o presente trabalho leva em consideração a influência do inconsciente coletivo nos processos de formação das qualidades da personalidade humana.

O conhecimento humano e as experiências vividas no passado levam à formação de um processo consciente em muito influenciado pela simbologia, pelas reproduções de informações e experiências de gerações passadas para as gerações presentes que formam o conhecido campo morfogenético ou inconsciente coletivo.

Toda essa incorporação de experiências e conhecimentos faz com que a alma humana e consequentemente a memória humana contenha fenômenos que não são prováveis apenas pelo empirismo, mas também pela simbologia e pela mítica.

A complexidade da memória humana para além da fisiologia informa que pode haver outras possibilidades que contenham informações importante sobre a personalidade humana, sobre a forma com que os indivíduos reagem aos estímulos e sobre como a carga emocional pode comprometer a evocação de recordações.

Desta forma, partindo do horizonte que cumula o conhecimento científico positivista e o campo mítico (rechaçado pelos positivistas) e da simbologia pode-se criar uma teoria reflexiva que demonstra o quão frágil pode ser a fidedignidade de todos os depoimentos ou testemunhos que dependam da memória humana e da evocação de lembranças, especialmente ao considerar a transferência de impressões e informações a todas as pessoas por meio do acesso aos arquétipos, ou seja, tudo aquilo que já foi vivenciado por gerações passadas.

 

2 MEMÓRIA HUMANA E PROCESSAMENTO CONSCIENTE

A apreensão da realidade é muito mais que o simples ato de pensar. O ato cognitivo envolve o homem em sua dimensão multifacetária.

Na seara de domínio humano, a cognição inclui a linguagem, o pensamento conceitual e todos os demais atributos da consciência humana[3]. Somos não uma individualidade, mas milhares de fragmentos justapostos de forma caótica, e a função cognitiva (dentre a biológica, sensorial e pedagógica) é responsável por conferir significado às apreensões de mundo do observador.

Segundo Descartes, a afirmação ‘penso, logo existo’ implica dizer que a consciência do indivíduo é a condição mínima para que ele exista. Contudo, na proposta de Morin, o homem que existe pensa e sente, ou seja, fortemente influenciado pelas emoções como origem dos comportamentos individuais e coletivos, o homem pensa, sente e logo existe[4].

Para a teoria do conhecimento de Aristóteles[5], as impressões sensoriais são a fonte básica do conhecimento. De forma breve, segundo a teoria, as percepções provocadas pelos sentidos são primeiramente tratadas pela faculdade da imaginação e partir das imagens formadas inicia-se a construção da base material da faculdade intelectual. E é a imaginação (parte da alma responsável por produzir imagens) que permite os processos superiores de pensamento.

Logo, memória é uma qualidade de afeto ou afeição daquilo que passou. Toda memória implica a passagem do tempo. Não há memória sem imaginação e apenas as criaturas vivas que têm consciência sobre o tempo são capazes de recordar. Todas as coisas que podem ser imaginadas podem ser recordadas[6].

A personalidade segundo a terapia Cognitivo-Comportamental[7] refere-se a padrões de comportamento, emoções e sentimentos que influenciam na forma de julgar o mundo que circunda o homem e também na tomada de decisões.

É fato que a consciência humana se ampara em toda uma arquitetura neural, mas, para além da fisiologia, nas lições de Piaget e Varela[8], conhecer é criar. Este homem que se percebe inteiro insiste em (re) criar-se[9] continuamente, passa a perceber o mundo de forma diferente a partir de novos significados obtidos das vivências em estados ampliados de consciência, é o que se denomina colapso quântico[10].

Mesmo nosso padrão de vida reflete lembranças. Podemos escolher nossa “sorte”, o estilo de nossos companheiros, a forma de nosso trabalho, nosso mito pessoal, com o objetivo de repetir, e assim recordar o passado. Reagimos segundo velhos padrões – a “transferência” de Freud – e as emoções ativam nossas lembranças. Com essas estratégias, repetimos sem nos darmos conta, a dor e o medo dos primeiros anos, controlando-os e preservando-os ao mesmo tempo…A memória está lá, mas orienta nossas vidas sem que nós o saibamos[11].

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Nessa linha de concepção teórica, a memória, guardada ou esquecida, são emoções antigas que conduzem a vida do ser humano. E cada emoção que o ser experimenta é incorpora em sua forma de reagir aos estímulos do mundo através da fala, do gestual, dos movimentos do corpo e dos sinais transmitidos.

Por isso é que Piaget[12] sustenta que o homem é contínuo de-vir (vir a ser) que carece de libertação das sujeições impostas pela moral social para finalmente alcançar a moral individual que será, necessariamente, ecológica[13] na medida em que o homem só será respeitado em sua moral se respeitar a moral do seu próximo.

É nesse sentido que se afirma que o homem moral é produto coletivo, pois a vida social é necessária para que o sujeito possa tomar consciência de sua individualidade e atingir sua maturidade espiritual e funcional imanente.

Há pesquisas de calibre sendo desenvolvidas e levadas à experimentos a fim de responder ao seguinte questionamento: em relação à acurácea da memória humana, sob certas condições a recordação de fatos baseados em algumas ‘certezas’ podem ser enganadoras[14].

As falsas memórias se referem a recordações (ou lembranças) de fatos que na realidade não ocorreram, ou ocorreram de forma bastante diferente da recordação. Roediger e McDermott[15] refere-se ao fenômeno das falsas memórias como ‘ilusões de memória’, asseverando que correspondem à situações em que a recordação de uma lembrança passada sofre séria distorção do evento original. Ele o faz traçando um paralelo com os ‘ilusões da percepção’[16].

Nos estudos utilizando o paradigma DRM[17] há exploração da técnica lembrar/saber[18], que tem se mostrado bastante eficaz na indução de falsas lembranças, ao menos em nível experimental. A técnica (paradigma) contribui para a compreensão da ativação consciente ou não, durante a fase de codificação da informação estudada.

Mas, a memória humana também se manifesta de forma não deliberada ou implícita[19], e só o empirismo pode trazer a contento a explicação sobre se a memória ativa a palavra crítica (não levada a estudo no paradigma DRM) conscientemente ou não.

Há ainda forte influência da manipulação do tempo em relação aos estímulos durante a etapa de estudo no paradigma DRM, especialmente porque é útil para demonstrar que a ativação e o monitoramento podem influenciar falsas memórias.

Todo o aparato teórico, que por sua vez se baseia em estudos práticos, é necessário para explicar a Teoria da Ativação e Monitoramento[20]. Segundo ela, quando o tempo de apresentação dos estímulos for muito breve (apresentação das palavras estudo, mesa, cadeira, panela, geladeira e caderno, por exemplo), há fragilidade no envolvimento dos processos conscientes de codificação e, por isso, espera-se uma produção baixa de falsas memórias.

Ou seja, para a Teoria da Ativação e Monitoramento, os tempos rápidos reduzem a probabilidade de ativação da rede semântica e com isso a palavra crítica (no exemplo, caderno poderia ser a palavra crítica) tem menores chances de ser ativada, do que decorre a baixa ocorrência de falsas memórias[21].

Tudo isso para explicar que quanto maior for o engajamento de processamento consciente da informação no cérebro haverá maior probabilidade de ocorrência de falsas memórias segundo o paradigma DRM, justamente porque maior terá sido o tempo de estímulos no teste de reconhecimento.

Portanto, em sendo o sistema jurídico dependente da evocação da memória humana para os relatos e produção de provas relacionadas a fatos acontecidos no passado, é crível que exista fragilidade na recordação e ocorrência de falsas memórias considerando o fato do tempo transcorrido e da intensidade de envolvimento e monitoramento do agente em relação aos estímulos. Mais que isso, é possível que a racionalidade ceda espaço à intuição da mente humana e que as ‘certezas conscientes’ da recordação sejam apenas a repetição das ativações da nossa rede semântica.

 

  • CONTEXTO EMOCIONAL NEGATIVO

Dada a vastidão e profundidade teórica dos estudos sobre a produção de falsas memórias e sua influência no contexto dos sistemas processuais penais (especialmente), somado à influência de estudiosos de calibre a se debruçar sobre o tema instigante, há questionamentos no sentido de que podem haver fatores que inibem ou aumentam a produção de falsas memórias.

Nesse sentido se questiona sobre a influência das emoções no contexto das falsas memórias. Especificamente se perquire sobre se e quais estados emocionais do indivíduo podem influenciar na acurácia de sua memória. Além disso, em qual contexto emocional e qual influência eles exercem sobre a fixação da informação (ou memorização).

A emoção é conceituada como reatividade breve[22], intensa e limitada a um evento específico. Sob o ponto de vista experimental a emoção humana se refere ao estado afetivo/fisiológico que um indivíduo apresenta quando exposto a um teste de memória[23].

A decomposição analítica da consciência em fenômenos particulares é feita apenas, por necessidade de exposição, para facilitar o estudo da atividade da nossa mente sucedendo-se uma série infinita, os fenômenos psíquicos estão subordinados á lei da casualidade e, ao mesmo tempo, interdepende-se e influenciam-se. A consciência é definida como complexo de fenômenos psíquicos ou elementares, afetivos e intelectivos, que se apresentam na unidade de tempo e que permitem o conhecimento do próprio eu e do mundo exterior. A consciência é a zona clara da nossa vida psíquica que se encontra em situação oposta á zona obscura, de dimensões mais amplas a qual chamamos de inconsciente. No plano psicológico, o caráter de intencionalidade, convertendo a consciência em projeção em deferência ao que é mentado e não como algo que é conteúdo[24].

Em outras palavras, cada ser humano tem um modelo próprio de habilidades, crenças, comportamentos e traços de personalidade que o individualizam. Algumas dessas particularidades pessoais[25] parecem estar relacionadas com a suscetibilidade à produção de falsas memórias, como humor deprimido e outros estados emocionais[26].

Um indivíduo por ser exposto a diferentes estímulos emocionais, de maior ou menor intensidade (ou dimensão), como o alerta e a valência[27]. O alerta se refere à ativação gerada pelo estímulo, ou seja, é o conjunto de respostas cognitivas que preparam o organismo para determinada interação social ou ação, podendo ir da calma até o estado de êxtase. Um estímulo alerta pode ser relaxante (calmante) ou estressante. Já a valência se refere especificamente ao conteúdo do estímulo, que pode ser agradável ou desagradável e pode se dividir em neutra, positiva ou negativa[28].

Há estudos[29] que apontam maior tendência na produção de falsas memórias quando os indivíduos são expostos a conceitos carregados emocionalmente[30], desagradável e com alta carga negativa. Isso porque, para uma das explicações, a cognição humana tende a elaborar mais informações de caráter negativo ao processar informações semânticas ou autobiográficas. Isso pode induzir a um erro de decisão pela sobrecarga de informações processadas em um determinado tempo.

Portanto, certas características individuais e a relação entre fatores da personalidade humana interagem com a falsificação de mais informação que outras. Mais que isso, o nível de característica que um fator representa para um indivíduo também pode exercer influência pelo reconhecimento verdadeiro e/ou falso a depender do conteúdo emocional positivo ou negativo de uma determinada informação[31].

A partir daí se pode pensar em pessoas cujas características marcantes da personalidade podem apresentar predisposição a um desempenho diferenciado, positiva ou negativamente, da memória especialmente nos casos em que a informação a ser recuperada (evocada) tem conteúdo emocional.

Nesse mesmo sentido […] alguns transtornos parecem ter maior preocupação em se posicionar de forma desejável frente ao social. Portadores de transtorno de ansiedade social, por exemplo, preocupam-se de forma extremada com a impressão que suas ações causam nas outras pessoas. Tais preocupações podem influenciar as suas memórias sobre eventos sociais posteriores, impactando sobre o aumento ou a diminuição de seus próprios sintomas de ansiedade em situações sociais futuras. […].[32]

Tal constatação é de grande valia para o campo do direito e da psicologia, uma vez que a personalidade de determinada testemunha, vítima ou paciente pode sofrer forte influência na fidedignidade da recuperação de uma informação causada por características que podem levar tais indivíduos a relatarem situações reais de forma bastante diferente da realidade vivenciada, justamente por se recordarem de forma corrompida (distorcida) do evento[33].

 

3 O INCONSCIENTE COLETIVO NA FORMAÇÃO DAS QUALIDADES INDIVIDUAIS DA PERSONALIDADE

Os experimentos servem à ciência na explicação dos fenômenos humanos, cujas tese e proposições ficam condicionadas ao empirismo. Contudo, há considerações no sentido de que alguns desses fenômenos não podem ser explicados de forma lógica e derivada de experimentações para comprovação das hipóteses suscitadas.

Fala-se que no caso dos arquétipos e do inconsciente coletivo (não reconhecidos seriamente pela ciência positivista) a compreensão dos fenômenos se baseia muito mais na simbologia e experiências diretas que no empirismo teórico.

A uma porque os fenômenos derivados do inconsciente coletivo se referem a mitos, sonhos, símbolos, dentre outros, ao passo que a simbologia se concentra na morfogenia[34], procurando compreender como a agregação de certos elementos se dá a outros e como ocorre a formação de sistemas específicos a partir disso.

Ambas teorias demonstram que há outros meios que fogem ao positivismo e ao empirismo clássicos que podem explicar alguns fenômenos humanos, especialmente aqueles relacionados à complexidade da vida e alma humanas. Jung e Sheldrake[35] provocam os conhecedores e apreciadores da ciência a enxergarem para além de seus postos e admitirem que há possibilidades para além do empirismo.

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A reflexão proposta em linhas simples do trabalho parte das considerações teóricas fundamentais para compreensão do fenômeno das falsas memórias no ser humano, suas peculiaridades e a partir de quais circunstâncias há maiores ou menores chances de ocorrerem. Contudo, neste ponto especificamente se pretende a provocação filosófica partindo da epistemologia para além do campo científico, que, ressalte-se, é vastíssimo e a pretensão não é reduzi-lo à inexpressividade em nenhuma hipótese.

Pois bem, segundo Jung[36] a vida humana pode ser compreendida através de simbologias, que consideram as experiências interiores do indivíduo (sonhos, fantasias, etc) como ponto de partida para o entendimento da organização psíquica da personalidade global de uma pessoa. Por isso se diz que sua psicologia aprofunda os conhecimentos da alma humana esquecidos pelos cientistas da modernidade.

Partindo da proposta acima, Jung propõe a existência de dois tipos de inconsciente[37]: O pessoal, que se encontra em uma camada mais superficial  e corresponde ao complexos emocionais reprimidos ou esquecidos pelo indivíduo; e o coletivo, relacionado à camada mais profunda do inconsciente que se caracteriza pela similitude do homem com todos os seus pares independente de quaisquer circunstâncias.

O inconsciente pessoal conta com o ego, gerenciador da consciência humana por excelência, responsável pela estrutura psíquica e ligado à tomada de decisões dos indivíduos. O ego é para o homem sujeito de identidade pessoal, de modo que sua função é organizar conscientemente as experiências e impressões internas e externas. Por isso, o sonho segundo Jung é a representação simbólica de um estado da psique e mostra situações e objetos ou pessoas que refletem o padrão mental do homem[38].

Então, conforme a estrutura dos sonhos se pode dizer que o inconsciente pessoal dos indivíduos exterioriza os complexos ou personifica e representa uma das dimensões da identidade pessoal reprimida, como uma sombra.

Já o inconsciente coletivo, por ser de natureza universal contém a simbologia universal dos antepassados, suas tradições, mitos e crenças e que formam a representação coletiva do grupo[39]. O conteúdo deste inconsciente é inato e se encontra em todos os seres humanos independente de qualquer manifestação volitiva.

Jung[40] denominou o inconsciente coletivo de arquétipos[41], isto é, formas preexistentes. Dessa forma, o arquétipo representa o inconsciente não vivido pelo homem, mas que se modifica através das percepções e conscientização de cada um, podendo assumir nuances de acordo com a consciência individual na qual se manifesta.

Já Sheldrake[42] propõe a existência de campos morfogenéticos que seriam estruturas invisíveis que determinam e organizam o comportamento de toda a natureza e que permanece em constante evolução e mutação. Segundo ele, nestes campos está contida toda a história e evolução da natureza.

Mais amplo que Jung na explicação dos arquétipos, Sheldrake assevera que os campos morfogenéticos estão relacionados com todo o cosmos, enquanto o inconsciente coletivo se restringe aos seres humanos.

Portanto, apesar da individualidade dos sujeitos existe uma integração geral do homo sapiens[43]. As culturas a qual pertencem são limitações ilusórias do ponto de vista das teorias explicadas em linhas acima, já que o sujeito é conectado a uma rede e traduz as informações e interpretando-as conforme as impressões de mundo de cada um.

Quando o sujeito devolve ao mundo suas impressões a partir de conexões pessoais se pode dizer que tais experiências vividas através do campo dotado de propriedades conectivas em nível espacial e temporal, ocorre o fenômeno de sedimentação, que leva em conta não apenas o registro individual, mas considera também as recordações que outros sujeitos possuam de experiências comuns. E, isso se dá através do acesso ao registro coletivo[44].

Qualquer modo novo de pensamento nasce, pela força das circunstâncias, dentro do âmbito dos hábitos de pensamentos existentes. […] os modelos de realidade vulgarmente aceites – e muitas vezes chamadas de paradigmas – assentam em suposições, mais ou menos consideradas evidentes, as quais depressa se tornam habituais[45].

Portanto, refletindo o conteúdo exposto em linhas breves se pode dizer que as conexões ao campo ocorre a partir da transmissão de informações entre os indivíduos. Ou seja, o conhecimento de cada sujeito soma-se à memória coletiva do grupo ao qual pertence, podendo ser compartilhado por todas as pessoas numa espécie de acesso ao campo mórfico[46] específico.

A partir de então, ocorre o que os estudiosos denominam ressonância mórfica[47], que é justamente o processo difuso e não intencional de coletivização do conhecimento e consequentemente, o aumento da consciência do ser humano.

 

4 INTERAÇÃO ENTRE QUALIDADES INDIVIDUAIS E SUSCETIBILIDADE DAS FALSAS MEMÓRIAS

Considerando que a psique coletiva (ou cultura coletiva) cede ao homem a qualidade de pessoa como agente de expressão do interesse coletivo, se pode dizer que a mesma cultura reprime no homem os instintos mais animais e promove certa domesticação. No entanto, a exagerada repressão do instinto desagua na sede por liberdade, que por sua vez faz emergir a natureza animal[48].

Isso porque se entende que cada cultura é responsável por moldar a pessoa conforme os parâmetros previamente estruturados, de modo que a cultura é um campo de memória acessado pelos participantes quantas vezes forem necessárias[49]. É através do conhecimento que cada homem alcança individualidade[50], num processo semelhante a um despertar, de encontro consigo mesmo.

E, se o coletivo influencia com tanta intensidade na construção do sujeito e vice-versa, os arquétipos são os padrões naturais da razão e intuição humanos, que identificam o homem com o seu meio e que orientam sua busca pelos caminhos e tomadas de decisões num eterno equilíbrio entre características negativas e positivas.

Somado a isso, se a memória humana é mais sugestionável diante dos eventos emocionalmente carregados[51], e, se o homem é um produto de um inconsciente coletivo que se autodetermina diante do conhecimento e das impressões de mundo que decorrem de suas conexões com o mesmo campo coletivo (os arquétipos), talvez a fragilidade da evocação de recordações se explique também pelo acúmulo de paradigmas derivados das certezas das memórias dos grupos, quando o homem se apropria de lembranças e conhecimentos que não foram efetivamente experimentados, mas decorrem da ressonância mórfica já comentada.

Uma das teorias que tem se lançado em busca da explicação do fenômeno das falsas memórias na atualidade é a Teoria do Traço Difuso (Reyna & Brainerd, 1995), para a qual a memória não é um sistema unitário – pelo contrário, existem dois sistemas independentes de memória, processados paralelamente: a memória literal e a de essência. A memória de essência é ampla, robusta e armazena somente as informações inespecíficas, ou seja, aquelas que representam o significado da experiência como um todo. Já a memória literal é a codificação das informações de forma precisa, registrando e armazenando detalhes, sendo, contudo, mais suscetível ao esquecimento e à interferência, se comparada à memória de essência[52].

O sujeito é a síntese da contínua conexão com todos os registros espaço-temporais individuais e coletivos, somado à interferência das memórias de vivências. Então, são os estímulos do tempo presente que provocam na pessoa reações químicas no centro nervoso e que resgatam explicações passadas, tudo a orientar os caminhos e a tomada de decisões.

Por isso, a permanente troca do homem com seu meio confirma os modelos mentais ou os substitui, dado o dinamismo das informações. Cria-se uma espécie de retro-alimentação, e nesse sentido, o padrão de vida oferece ao sujeito a segurança de identificar as situações à sua frente como algo já vivido. E, diante de situações ainda não vividas, a história e as memórias passadas acessíveis por ressonância mórfica[53] fixam na perspectiva analítica uma forma de encaixe do novo ao já conhecido.

Mas, influenciados pela complexidade do meio social e dos sistemas sociais altamente autopoiéticos[54], os sujeitos tendem a tomar decisões semelhantes baseados na similitude de palavras, pensamentos e sentimentos. Mas, a instabilidade leva à dificuldade de identificação e gerenciamento de soluções, provocando o desequilíbrio do sistema como um todo.

Supondo-se que algumas instabilidades são suscetíveis de ocorrência, com maior probabilidade que outras, a depender dos padrões de acontecimentos do passado e gravados no campo mórfico (segundo Jung), situações externas podem interferir e fazer com que a probabilidade de mudanças seja urgente, ocasião em que os valores que sustentam o equilíbrio dos sujeitos haverá de se alterar[55].

Não obstante a proposta, reflexiva ou empírica, se distanciar de verdades absolutas, afirmar-se que a memória humana se manterá intacta por muitos anos é frágil e improvável, especialmente em função da constante modificação das circunstâncias que envolvem os sujeitos, além de que as memórias passadas e o inconsciente coletivo baseado em padrões de experiências vividas pelos pares estão a influenciar as tomadas de decisões e conhecimento acumulado pelos indivíduos.

Não há garantia de fidedignidade na evocação das memórias dos indivíduos, que podem sofrer comprometimento dos eventos elencados acima e também pela carga emocional que as circunstâncias de vida expuseram o sujeito. Então, a suscetibilidade de ocorrência de falsas memórias não é um evento volitivo e espontâneo, mas apresenta concausas, dentre as já ditas, o efeito do tempo.

Diante da forte carga valorativa de prova nos sistemas jurídicos (principalmente penal) conferidos à evocação da memória através do testemunho, alguns fatos podem potencializar a ocorrência de falsas lembranças, aquém da suscetibilidade humana à sugestionabilidade, especialmente ao se considerar o inconsciente coletivo e sua participação na formação da personalidade humana.

Ainda que a ciência não explique tais fenômenos que aprofundam os conhecimentos míticos e da simbologia, a complexidade da alma humana e a potência dos fenômenos químicos cerebrais somado ao inconsciente coletivo podem auxiliar na busca de respostas sobre a ocorrência de falsas recordações e da fragilidade dos fatos dependentes da memória unicamente.

 

5 CONCLUSÃO

O diálogo estabelecido neste trabalho é importante sob o ponto de vista da necessidade de compreender os fenômenos que envolvem a alma e memória humanas contrapondo-se os conhecimentos aprofundados do cientificismo cumulado com a reflexão mítica que a complexidade humana reclama.

A formação da personalidade do homem é baseada nas qualidades individuais de cada um, suas impressões de mundo, a forma como se dá a reatividade ao meio social de todo o conhecimento acumulado, além da fisiologia e de todas as reações químicas envolvidas.

Contudo, o homem também é o conjunto de sentimentos e emoções positivas ou negativas, exteriorizadas ou não, que tendem a influenciar na personalidade com maior ou menor grau de conformismo com os padrões impostos pelo contexto geral social.

Além disso, também compõem o complexo da personalidade o inconsciente coletivo na perspectiva de conhecimentos que foram experimentados pelas gerações passadas e que são acessados por todas as pessoas a qualquer tempo, num campo universal e que independe do tempo ou das circunstâncias, formando uma espécie de registro da humanidade, que faz com que certas experiências nunca vivenciadas pelos sujeitos se tornem conhecidas, cuja reação e tomada de decisões são previsíveis. É o que se denomina ressonância mórfica do teórico Jung.

Portanto, assim como o inconsciente coletivo, as cargas emocionais (especialmente as negativas) também podem influenciar a fidedignidade da evocação das lembranças humanas a partir da necessidade de obtenção de testemunhos ou depoimentos, de grande carga valorativa e especial importância no sistema jurídico processual penal vigente.

Ao final, se o sujeito se encontra indissociavelmente conectado a uma rede geral e universal de conhecimento, pensamentos e sentimentos, e, se a memória humana é altamente sugestionável por serem frágeis as recordações que contam com grande influência pessoal e de experiências de cada sujeito, pode-se afirmar que não há recordações que guardem exata conformidade com a experiência passada.

E, o fato de o ser humano ser capaz de recordar fatos que jamais foram vividos de forma espontânea ou induzida (sugestionabilidade), a principal dúvida que se coloca é se a memória humana é capaz de conhecer o limite entre o falso e o verdadeiro e se o inconsciente coletivo ou memória coletiva podem influenciar (e  quanto) na formação da memória de cada um, comprometendo a evocação da lembrança depois de certo tempo.

 

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[1] Mestranda do programa de pós-graduação strictu sensu da Unicesumar.

[2] Pós-doutor em Direito pela Universidade de Lisboa, Doutor em Filosofia do Direito pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo. Professor do Centro Universitário de Maringá em nível de graduação e mestrado.

[3] FIALHO, Francisco Antônio. Ciência e cognição. In: DI BIASI, Francisco (Org). Em busca da consciência que está por vir. Consciência, Cognição e Neurociência. (Anais…) I Simpósio Nacional sobre Consciência. organizado pela Fundação OCIDEMNTE e realizado no Centro de Convenções da Bahia, em Salvador, no período de 8 a 10 de setembro de 2006. Disponível em: <http://simposioconsciencia.com.br/uploads/anais2016/ANAIS_I_SIMPOSIO_INTERNACIONAL_SOBRE_CONSCIENCIA_2006.pdf#page=20>. Acesso em 15 jan. 2018.

[4] Ibid., p. 23.

[5] ARISTÓTELES. Da memória e da reminiscência. 1986, p. 291 apud SMOLKA, Ana Luiza Bustamante. A memória em questão: uma perspectiva histórico-cultural. Educ. Soc., Campinas, v. 21, n. 71, p. 166-193, July 2000. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0101-73302000000200008&lng=en&nrm=iso>. Acesso em: 15 jan. 2018.

[6] SMOLKA, Ana Luiza Bustamante. A memória em questão: uma perspectiva histórico-cultural. Educ. Soc., Campinas, v. 21, n. 71, p. 166-193, July 2000. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0101-73302000000200008&lng=en&nrm=iso>. Acesso em: 15 jan. 2018.

[7] NEUFELD, Carmem Beatriz et al. Falsas memórias e diferenças individuais: um estudo sobre fatores de personalidade e qualidade da memória. Psicol. Reflex. Crit.,  Porto Alegre ,  v. 26, n. 2, p. 319-326,    2013. Disponível em: < http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102-79722013000200012>. Acesso em 13 jan. 2018.

[8] FIALHO, Francisco Antônio. Ciência e cognição. In: DI BIASI, Francisco (Org). Em busca da consciência que está por vir. Consciência, Cognição e Neurociência. (Anais…) I Simpósio Nacional sobre Consciência. organizado pela Fundação OCIDEMNTE e realizado no Centro de Convenções da Bahia, em Salvador, no período de 8 a 10 de setembro de 2006. Disponível em: <http://simposioconsciencia.com.br/uploads/anais2016/ANAIS_I_SIMPOSIO_INTERNACIONAL_SOBRE_CONSCIENCIA_2006.pdf#page=20>. Acesso em 15 jan. 2018, p. 25.

[9] Ibid.

[10] Ibid., p. 26.

[11] DEIKMAN, Arthur. Liberdade pessoal. Rio de Janeiro: Record; s.d., p. 19, apud FIALHO, Francisco Antônio. Ciência e cognição. In: DI BIASI, Francisco (Org). Em busca da consciência que está por vir. Consciência, Cognição e Neurociência. (Anais…) I Simpósio Nacional sobre Consciência. organizado pela Fundação OCIDEMNTE e realizado no Centro de Convenções da Bahia, em Salvador, no período de 8 a 10 de setembro de 2006. Disponível em: <http://simposioconsciencia.com.br/uploads/anais2016/ANAIS_I_SIMPOSIO_INTERNACIONAL_SOBRE_CONSCIENCIA_2006.pdf#page=20>. Acesso em 15 jan. 2018.

[12] FIALHO, op. cit., p.30.

[13] Ibid., p. 31.

[14] HUANG, Tin Po; JANCZURA, Gerson Américo. Processos conscientes e inconscientes na produção de falsas memórias. Psic.: Teor. e Pesq., Brasília, v. 24, n. 3, p. 347-354, set.  2008. Disponível em: < http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0102-37722008000300011&script=sci_abstract&tlng=pt>. Acesso em 11 jan. 2018.

[15] ROEDIGER, H. L. & MCDERMOTT, K. B. (2000). Tricks of memory, Current Directions in Psychological Science. Apud HUANG, Tin Po; JANCZURA, Gerson Américo. Processos conscientes e inconscientes na produção de falsas memórias. Psic.: Teor. e Pesq., Brasília, v. 24, n. 3, p. 347-354, set.  2008. Disponível em: < http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0102-37722008000300011&script=sci_abstract&tlng=pt>. Acesso em 11 jan. 2018, p. 348.

[16] Ibid., p. 351.

[17] Deese, em 1959 propôs um método (mais tarde – em 1995 – utilizado por Roediger e McDermott) que induz as pessoas a se convencerem de que tiveram certa experiência quando na verdade ela nunca ocorreu, como por exemplo, ver uma palavra que na verdade nunca havia sido vista. Tal método ficou conhecido como paradigma DRM, no qual o experimentador apresenta uma lista de palavras semanticamente relacionadas. Depois, ao realizar um teste de memória, os participantes devem reconhecer quais palavras lhe foram apresentadas. Nesta etapa são incluídas palavras novas além daquelas apresentadas ao estudo. Na maioria das vezes, as pessoas se recordam perfeitamente de terem lido a palavra crítica (que não foi levada a estudo), em função de sua semelhança semântica em relação às demais palavras estudadas.  HUANG, Tin Po; JANCZURA, Gerson Américo. Processos conscientes e inconscientes na produção de falsas memórias. Psic.: Teor. e Pesq., Brasília, v. 24, n. 3, p. 347-354, set.  2008. Disponível em: < http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0102-37722008000300011&script=sci_abstract&tlng=pt>. Acesso em 11 jan. 2018, p. 347.

[18] TULVING, E. Memory and consciousness, 1985 Apud HUANG, Tin Po; JANCZURA, Gerson Américo. Processos conscientes e inconscientes na produção de falsas memórias. Psic.: Teor. e Pesq., Brasília, v. 24, n. 3, p. 347-354, set.  2008. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0102-37722008000300011&script=sci_abstract&tlng=pt>. Acesso em 11 jan. 2018, p. 348.

[19] UNDERWOOD, B. J. False Recognition produced by implicit verbal responses, 1965. Apud HUANG, Tin Po; JANCZURA, Gerson Américo. Processos conscientes e inconscientes na produção de falsas memórias. Psic.: Teor. e Pesq., Brasília, v. 24, n. 3, p. 347-354, set.  2008. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0102-37722008000300011&script=sci_abstract&tlng=pt>. Acesso em 11 jan. 2018, p. 347.

[20] HUANG, Tin Po; JANCZURA, Gerson Américo. Processos conscientes e inconscientes na produção de falsas memórias. Psic.: Teor. e Pesq., Brasília, v. 24, n. 3, p. 347-354, set.  2008. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0102-37722008000300011&script=sci_abstract&tlng=pt>. Acesso em 11 jan. 2018, p. 353.

[21] HUANG, Tin Po; JANCZURA, Gerson Américo. Contexto emocional negativo e processamento consciente na produção de falsas memórias em tarefas de reconhecimento. Psicol. Reflex. Crit., Porto Alegre ,  v. 26, n. 3, p. 534-542,    2013 . Disponível em: < http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102-79722013000300013&lng=en&nrm=iso&tlng=pt>. Acesso em: 11 jan. 2018.

[22] HUANG, Tin Po; JANCZURA, Gerson Américo. Contexto emocional negativo e processamento consciente na produção de falsas memórias em tarefas de reconhecimento. Psicol. Reflex. Crit., Porto Alegre ,  v. 26, n. 3, p. 534-542,    2013 . Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102-79722013000300013&lng=en&nrm=iso&tlng=pt>. Acesso em: 11 jan. 2018, p. 541.

[23] Ibid., p. 540.

[24] BORINE, Monica Silvia. Psicologia da consciência. In: DI BIASI, Francisco (Org). Em busca da consciência que está por vir. Consciência, Cognição e Neurociência. (Anais…) I Simpósio Nacional sobre Consciência. organizado pela Fundação OCIDEMNTE e realizado no Centro de Convenções da Bahia, em Salvador, no período de 8 a 10 de setembro de 2006. Disponível em: <http://simposioconsciencia.com.br/uploads/anais2016/ANAIS_I_SIMPOSIO_INTERNACIONAL_SOBRE_CONSCIENCIA_2006.pdf#page=20>. Acesso em 15 jan. 2018.

[25] Ávila e Stein (2006) apresentaram resultados semelhantes ao testarem a memória de adultos jovens (com níveis alto, baixo e padrão de neuroticismo) através de listas de palavras semanticamente associadas. Os dados evidenciaram que participantes com altos índices de neuroticismo foram mais suscetíveis a falsas memórias. As autoras foram além e observaram a memória para palavras com conteúdo emocional positivo, negativo e neutro. Os resultados indicaram que participantes com altos níveis de neuroticismo apresentavam mais falsas memórias para palavras com conteúdo negativo em comparação com participantes que apresentavam nível médio desse fator de personalidade. A importância desses estudos está relacionada à interpretação de resultados de falsas memórias, que devem ser considerados diferentemente conforme as dificuldades cognitivas dos indivíduos. Considerando que características individuais realmente exerçam influência sobre a suscetibilidade à distorção mnemônica, generalizar um resultado independentemente dos traços de personalidade dos participantes parece ser um erro de avaliação.  ÁVILA, L. M.; STEIN, L. M. A influência do traço de personalidade neuroticismo na suscetibilidade às falsas memórias, 2006 Apud NEUFELD, Carmem Beatriz et al. Falsas memórias e diferenças individuais: um estudo sobre fatores de personalidade e qualidade da memória. Psicol. Reflex. Crit., Porto Alegre, v. 26, n. 2,  p. 319-326,    2013. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102-79722013000200012>. Acesso em 13 jan. 2018, p. 325.

[26] NEUFELD, Carmem Beatriz et al. Falsas memórias e diferenças individuais: um estudo sobre fatores de personalidade e qualidade da memória. Psicol. Reflex. Crit., Porto Alegre, v. 26,  n. 2,  p. 319-326,    2013. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102-79722013000200012>. Acesso em 13 jan. 2018, p. 325.

[27] NEUFELD, Carmem Beatriz et al. O efeito do alerta emocional na qualidade da memória. Estud. psicol. Campinas, v. 30, n. 3, p. 337-344, set.  2013. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103-166X2013000300003>. Acesso em 19 dez. 2017.

[28] BARRETT, L. F.; RUSSELL, J. A. The structure of current affect: Controversies and emerging consensus, 1999. Apud NEUFELD, Carmem Beatriz et al. O efeito do alerta emocional na qualidade da memória. Estud. psicol. Campinas, v. 30, n. 3, p. 337-344, set.  2013. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103-166X2013000300003>. Acesso em 19 dez. 2017.

[29] A ideia defendida nos estudos de Lang (1995) considera que os itens negativos podem ser processados por vias distintas dos positivos. Para ele, existe sistemas distintos de processamento para informações negativas e positivas, ou seja, um sistema apetitivo para as positivas e um aversivo para as negativas. LANG, P. J. The emotion probe: Studies of motivation and attention, 1995. Apud HUANG, Tin Po; JANCZURA, Gerson Américo. Contexto emocional negativo e processamento consciente na produção de falsas memórias em tarefas de reconhecimento. Psicol. Reflex. Crit., Porto Alegre,  v. 26, n. 3, p. 534-542,    2013 . Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102-79722013000300013&lng=en&nrm=iso&tlng=pt>. Acesso em: 11 jan. 2018, p. 540.

[30] Um estudo brasileiro, por exemplo, apontou que participantes com e sem história de negligência emocional demonstraram um padrão de resposta semelhante para memória verdadeira, mas as pessoas que sofreram negligência emocional obtiveram menor índice de falsas memórias para listas de palavras (e.g., pânico, escuro) semanticamente relacionadas com conteúdo emocional negativo (e.g., medo) e neutro (e.g., pátria, símbolo estão associadas à palavra bandeira; Grassi-Oliveira, Gomes, & Stein, 2011). Neste mesmo estudo, observou-se que as palavras negativas foram mais recuperadas do que as palavras neutras pelos dois grupos. Os autores destacam que a diferença entre os grupos, no que se refere às falsas memórias, estaria relacionada à sensibilidade de detecção da essência do material. NEUFELD, Carmem Beatriz et al. Falsas memórias e diferenças individuais: um estudo sobre fatores de personalidade e qualidade da memória. Psicol. Reflex. Crit., Porto Alegre,  v. 26, n. 2,  p. 319-326,    2013. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102-79722013000200012>. Acesso em 13 jan. 2018, p. 326.

[31] NEUFELD, Carmem Beatriz et al. Falsas memórias e diferenças individuais: um estudo sobre fatores de personalidade e qualidade da memória. Psicol. Reflex. Crit., Porto Alegre,  v. 26, n. 2,  p. 319-326,    2013. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102-79722013000200012>. Acesso em 13 jan. 2018, p. 326.

[32] Ibid.

[33] NEUFELD, Carmem Beatriz et al. O efeito do alerta emocional na qualidade da memória. Estud. psicol. Campinas, v. 30, n. 3, p. 337-344, set.  2013. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103-166X2013000300003>. Acesso em 19 dez. 2017, p. 343.

[34] FREIRE, Patricia de Sá; MARQUES, Demis; DEBATIN, Marisa. Memória coletiva: aproximação epistemológicas das teorias de Sheldrake e Jung. (Anais…)  XII Congresso Nacional De Excelência Em Gestão & III INOVARSE 2016, 29 e 30 de setembro de 2016. Disponível em: <http://www.inovarse.org/sites/default/files/T16_211.pdf>. Acesso em: 14 jan. 2018, p. 02.

[35] Ibid., p. 03.

[36] JUNG, Carl Gustav et al. O homem e seus símbolos. 5. ed. Tradução de Maria Lúcia Pinho. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1964, Apud FREIRE, Patricia de Sá; MARQUES, Demis; DEBATIN, Marisa. Memória coletiva: aproximação epistemológicas das teorias de Sheldrake e Jung. (Anais…)  XII Congresso Nacional De Excelência Em Gestão & III INOVARSE 2016, 29 e 30 de setembro de 2016. Disponível em: <http://www.inovarse.org/sites/default/files/T16_211.pdf>. Acesso em: 14 jan. 2018, p. 03.

[37] JUNG, Carl Gustav et al. O homem e seus símbolos. 5. ed. Tradução de Maria Lúcia Pinho. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1964, Apud FREIRE, Patricia de Sá; MARQUES, Demis; DEBATIN, Marisa. Memória coletiva: aproximação epistemológicas das teorias de Sheldrake e Jung. (Anais…)  XII Congresso Nacional De Excelência Em Gestão & III INOVARSE 2016, 29 e 30 de setembro de 2016. Disponível em: <http://www.inovarse.org/sites/default/files/T16_211.pdf>. Acesso em: 14 jan. 2018, p. 04.

[38] JUNG, Carl Gustav et al. Psicologia do Inconsciente. Tradução de Maria Luiza Appy Petrópolis, RJ: Vozes, 1980, Apud FREIRE, Patricia de Sá; MARQUES, Demis; DEBATIN, Marisa. Memória coletiva: aproximação epistemológicas das teorias de Sheldrake e Jung. (Anais…)  XII Congresso Nacional De Excelência Em Gestão & III INOVARSE 2016, 29 e 30 de setembro de 2016. Disponível em: <http://www.inovarse.org/sites/default/files/T16_211.pdf>. Acesso em: 14 jan. 2018, p. 04.

[39] FIALHO, Francisco Antônio Pereira; NAKAYAMA, Marina Keiko; SILVEIRA, Ermelinda Ganem Fernandes. Anotações das aulas: desenvolvimento Humano, 2009. Apud FREIRE, Patricia de Sá; MARQUES, Demis; DEBATIN, Marisa. Memória coletiva: aproximação epistemológicas das teorias de Sheldrake e Jung. (Anais…)  XII Congresso Nacional De Excelência Em Gestão & III INOVARSE 2016, 29 e 30 de setembro de 2016. Disponível em: <http://www.inovarse.org/sites/default/files/T16_211.pdf>. Acesso em: 14 jan. 2018, p. 04.

[40] JUNG, Carl Gustav et. al. Os arquétipos e o inconsciente coletivo. Tradução de Maria Luíza Appy. Dona Mariana R. Ferreira da Silva – Petrópolis, RJ: Vozes, 2000, Apud FREIRE, Patricia de Sá; MARQUES, Demis; DEBATIN, Marisa. Memória coletiva: aproximação epistemológicas das teorias de Sheldrake e Jung. (Anais…)  XII Congresso Nacional De Excelência Em Gestão & III INOVARSE 2016, 29 e 30 de setembro de 2016. Disponível em: <http://www.inovarse.org/sites/default/files/T16_211.pdf>. Acesso em: 14 jan. 2018, p. 5.

[41] O arquétipo é uma espécie de aptidão para reproduzir constantemente as mesmas ideias míticas; se não as mesmas, pelo menos parecidas. Parece, portanto, que aquilo que se impregna no inconsciente é exclusivamente a ideia da fantasia subjetiva provocada pelo processo físico. Logo, é possível supor que os arquétipos sejam as impressões gravadas pela repetição e reações subjetivas. JUNG, Carl Gustav et al. Psicologia do Inconsciente. Tradução de Maria Luiza Appy Petrópolis, RJ: Vozes, 1980, Apud FREIRE, Patricia de Sá; MARQUES, Demis; DEBATIN, Marisa. Memória coletiva: aproximação epistemológicas das teorias de Sheldrake e Jung. (Anais…)  XII Congresso Nacional De Excelência Em Gestão & III INOVARSE 2016, 29 e 30 de setembro de 2016. Disponível em: <http://www.inovarse.org/sites/default/files/T16_211.pdf>. Acesso em: 14 jan. 2018, p. 04.

[42] FREIRE, Patricia de Sá; MARQUES, Demis; DEBATIN, Marisa. Memória coletiva: aproximação epistemológicas das teorias de Sheldrake e Jung. (Anais…)  XII Congresso Nacional De Excelência Em Gestão & III INOVARSE 2016, 29 e 30 de setembro de 2016. Disponível em: <http://www.inovarse.org/sites/default/files/T16_211.pdf>. Acesso em: 14 jan. 2018, p. 05.

[43] FREIRE, Patrícia de Sá et.al. Cultura como rede de conexões paradigmáticas: um caminho para entender e gerenciar os estados de crise provocados pela globalização. Florianópolis, SC, 2008, Apud FREIRE, Patricia de Sá; MARQUES, Demis; DEBATIN, Marisa. Memória coletiva: aproximação epistemológicas das teorias de Sheldrake e Jung. (Anais…)  XII Congresso Nacional De Excelência Em Gestão & III INOVARSE 2016, 29 e 30 de setembro de 2016. Disponível em: <http://www.inovarse.org/sites/default/files/T16_211.pdf>. Acesso em: 14 jan. 2018, p. 05.

[44] LASZLO, Ervin. Nas raízes do universo. Lisboa: Instituto Piaget, 1993, Apud FREIRE, Patricia de Sá; MARQUES, Demis; DEBATIN, Marisa. Memória coletiva: aproximação epistemológicas das teorias de Sheldrake e Jung. (Anais…)  XII Congresso Nacional De Excelência Em Gestão & III INOVARSE 2016, 29 e 30 de setembro de 2016. Disponível em: <http://www.inovarse.org/sites/default/files/T16_211.pdf>. Acesso em: 14 jan. 2018, p. 5.

[45] SHELDRAKE, Rupert. A ressonância mórfica & a presença do passado: os hábitos da natureza. Lisboa: Instituto Piaget, 1995, apud FREIRE, Patricia de Sá; MARQUES, Demis; DEBATIN, Marisa. Memória coletiva: aproximação epistemológicas das teorias de Sheldrake e Jung. (Anais…)  XII Congresso Nacional De Excelência Em Gestão & III INOVARSE 2016, 29 e 30 de setembro de 2016. Disponível em: <http://www.inovarse.org/sites/default/files/T16_211.pdf>. Acesso em: 14 jan. 2018, p. 6.

[46] Ibid.

[47] Ibid.

[48] BORINE, Monica Silvia. Psicologia da consciência. In: DI BIASI, Francisco (Org). Em busca da consciência que está por vir. Consciência, Cognição e Neurociência. (Anais…) I Simpósio Nacional sobre Consciência. organizado pela Fundação OCIDEMNTE e realizado no Centro de Convenções da Bahia, em Salvador, no período de 8 a 10 de setembro de 2006. Disponível em: <http://simposioconsciencia.com.br/uploads/anais2016/ANAIS_I_SIMPOSIO_INTERNACIONAL_SOBRE_CONSCIENCIA_2006.pdf#page=20>. Acesso em 15 jan. 2018.

[49] FREIRE, Patricia de Sá; MARQUES, Denis; DEBATIN, Marisa. MEMÓRIA COLETIVA: APROXIMAÇÃO EPISTEMOLÓGICAS DAS TEORIAS DE SHELDRAKE E JUNG. Área temática: Gestão do Conhecimento Organizacional. Congresso Nacional de Excelência em Gestão. Inovarse, p. 07 (citando FREIRE, Patrícia de Sá et.al. “Cultura como rede de conexões paradigmáticas: um caminho para entender e gerenciar os estados de crise provocados pela globalização”. Florianópolis, SC, 2008).

[50] FREIRE, Patrícia de Sá et.al. Cultura como rede de conexões paradigmáticas: um caminho para entender e gerenciar os estados de crise provocados pela globalização. Florianópolis, SC, 2008, Apud FREIRE, Patricia de Sá; MARQUES, Demis; DEBATIN, Marisa. Memória coletiva: aproximação epistemológicas das teorias de Sheldrake e Jung. (Anais…)  XII Congresso Nacional De Excelência Em Gestão & III INOVARSE 2016, 29 e 30 de setembro de 2016. Disponível em: <http://www.inovarse.org/sites/default/files/T16_211.pdf>. Acesso em: 14 jan. 2018, p. 08.

[51] NEUFELD, Carmem Beatriz; BRUST, Priscila Goergen; STEIN, Lilian Milnitsky. O efeito da sugestão de falsa informação para eventos emocionais: quão suscetíveis são nossas memórias?.  Psicologia em Estudo, Maringá, v. 13, n. 3, p. 539-547, jul./set. 2008. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S1413-73722008000300015&script=sci_abstract&tlng=pt>. Acesso em 20 dez. 2017.

[52] BRAINERD, C. J.; REYNA, V. F.; POOLE, D. A. Fuzzy-trace theory and false memory: Memory theory in the courtroom. Apud NEUFELD, Carmem Beatriz; BRUST, Priscila Goergen; STEIN, Lilian Milnitsky. O efeito da sugestão de falsa informação para eventos emocionais: quão suscetíveis são nossas memórias?.  Psicologia em Estudo, Maringá, v. 13, n. 3, p. 539-547, jul./set. 2008. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S1413-73722008000300015&script=sci_abstract&tlng=pt>. Acesso em 20 dez. 2017.

[53] SHELDRAKE, Rupert. A ressonância mórfica & a presença do passado: os hábitos da natureza. Lisboa: Instituto Piaget, 1995, apud FREIRE, Patricia de Sá; MARQUES, Demis; DEBATIN, Marisa. Memória coletiva: aproximação epistemológicas das teorias de Sheldrake e Jung. (Anais…)  XII Congresso Nacional De Excelência Em Gestão & III INOVARSE 2016, 29 e 30 de setembro de 2016. Disponível em: <http://www.inovarse.org/sites/default/files/T16_211.pdf>. Acesso em: 14 jan. 2018, p. 06.

[54] LUHMANN, Niklas. Sociologia do direito II. Tradução de Gustavo Bayer. Rio de Janeiro: Edições Tempo Brasileiro, 1985, p. 10-12.

[55] FREIRE, Patricia de Sá; MARQUES, Demis; DEBATIN, Marisa. Memória coletiva: aproximação epistemológicas das teorias de Sheldrake e Jung. (Anais…)  XII Congresso Nacional De Excelência Em Gestão & III INOVARSE 2016, 29 e 30 de setembro de 2016. Disponível em: <http://www.inovarse.org/sites/default/files/T16_211.pdf>. Acesso em: 14 jan. 2018, p. 08.

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