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Movimentos sociais e suas marcas no mundo globalizado: do sindicalismo aos atuais movimentos na seara brasileira e sua importância na luta pela democracia

Resumo: Este artigo busca promover uma reflexão acerca das questões trabalhistas e sindicais decorrentes das transformações ocorridas ao longo dos anos, apontando elementos importantes relevantes ao tema, sob a ótica dos movimentos sociais. Frente a um mundo globalizado, tal qual o que vivemos atualmente, verifica-se o crescente aumento dos movimentos sociais no Brasil e no mundo, desta forma, o presente artigo, busca fornecer subsídio para compreensão de fatos ocorridos na sociedade brasileira nos últimos anos a partir de uma análise de movimentos ocorridos ao longo dos anos e em diferentes sociedades. Diante disto, este, se dispõe uma reflexão acerca dos movimentos sociais de forma globalizada, a fim de entender os movimentos sindicalistas no Brasil.

Palavras-chave: Movimentos sociais. Globalização. Sindicalismo. Democracia.

Sumário: Introdução; I – História dos movimentos sociais e principais movimentos; II – Movimentos sociais e o marco da internet, III – Movimentos sociais e a história do Brasil, IV – Sindicalismo; Conclusão.

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INTRODUÇÃO

A sociedade brasileira, bem como o mundo, passa por diversas transformações ao longo dos anos, dentre as quais, cabe destacar os movimentos sociais. O presente artigo, tem como objetivo, analisar resultados capazes de demonstrar a importância da união das classes em sindicatos para reivindicar seus direitos trabalhistas, tendo em vista que a busca de forma individual encontra maiores dificuldades, e que uma categoria reunida e organizada tem mais possibilidades de alcançar o objetivo almejado.

A partir do tema gerador “movimentos sociais”, este artigo parte do ponto inicial dos movimentos sociais até os mais recentes, passando pelos movimentos de mais destaque, os movimentos sindicalistas. Os movimentos sociais são meios pelos quais a sociedade civil, tende a aproximar-se das transformações necessárias para uma certa demanda, isto é, por exemplo, diante de uma demanda como o trabalho em condições degradantes e recendo baixos salários, a classe operaria, diante de um movimento, busca trazer melhorias para sua classe, ou seja, se movimenta na busca de melhores condições de salário e salubridade para o exercício de suas funções.

Desta forma, o presente artigo, busca fornecer subsídio para compreensão de fatos ocorridos na sociedade brasileira nos últimos anos a partir de uma análise de movimentos ocorridos ao longo dos anos e em diferentes sociedades, para tanto traz os subtítulos: I – História dos movimentos sociais e principais movimentos; II – Movimentos sociais e o marco da internet, III – Movimentos sociais e a história do Brasil, IV – Sindicalismo.

1. HISTORIA DOS MOVIMENTOS SOCIAIS E PRINCIPAIS MOVIMENTOS

Partindo de um pressuposto, de que os movimentos sociais são meios pelos quais a sociedade civil, tende a aproximar-se das transformações necessárias para uma certa demanda, entende-se que determinados indivíduos agem afim de trazer uma melhoria a sua necessidade, age em coletividade com outros indivíduos que buscam o mesmo.

Os movimentos sociais, acontecem, geralmente, em forma de ocupações e passeatas com o intuito de mobilizar um maior número de indivíduos que se identifique com a causa. Desta maneira, o presente capitulo deste artigo, vislumbra abordar aqui, como os movimentos sociais aconteceram no mundo, de forma a entender, futuramente a formas como eles foram praticados no Brasil, já que cada sociedade, apresenta uma demanda diante do tempo e contexto em que se está inserida.

Acerca destes movimentos, não há de se destacar todos, apenas alguns para que se compreenda a importância da união dos cidadão em busca de melhorias, uma vez que segundo o Art. 1º, parágrafo único, da Constituição Republicana Federativa do Brasil, 1988, “Todo o poder emana do povo, que o exerce por meio de representantes eleitos ou diretamente, nos termos desta Constituição”, desta forma, entende-se que o povo tem legitimidade para ir as ruas manifestar-se por meios de movimentos lícitos na busca por seus direitos, levando em cota ainda que, segundo o artigo 5° da CF/88, incisos XVI e XVII,

“XVI – todos podem reunir-se pacificamente, sem armas, em locais abertos ao público, independentemente de autorização, desde que não frustrem outra reunião anteriormente convocada para o mesmo local, sendo apenas exigido prévio aviso à autoridade competente;

XVII – é plena a liberdade de associação para fins lícitos, vedada a de caráter paramilitar;”

Verificado as disposições da Constituição vigente acerca da mobilização de indivíduos para mobilização em movimentos sociais, passa-se a analisar alguns importantes movimentos sociais, observando seus contexto histórico, sociedade e época em que estes aconteceram e o pretendiam.

Ao longo doa anos, em diversas sociedades, indivíduos inquietos e indignados com a forma como viviam e eram tratados pela sociedade civil, passaram a unir-se em movimentos que buscavam a melhoria de suas condições políticas, econômicas, de vida, de trabalho, etc. desta forma, destacam-se alguns como a Revolução Industrial (século XVIII), Revolução Francesa (1789), Greve Geral de São Paulo (1917), Queda do Muro de Berlim (1989), Primavera Árabe (2010).

A Revolução Industrial do século XVIII, foi um momento de transição dos métodos de produção, os produtos artesanais passaram a dar lugar a manufatura, durante este período, as maquinas tomaram o lugar dos homens, restando apenas os operários que conduziam as maquinas, os quais viviam em condições de trabalho subumanas, com jornadas de 16 horas de trabalho e condições insalubres, sendo motivador para que surgissem os primeiros sindicatos. Em 1864, os operários, através de suas reinvindicações deram surgimento a primeira central sindical mundial da classe trabalhadora.

Compreende-se a Revolução Francesa (1789), como um movimento popular que eclodiu em Paris, 1789, e se expandiu pela França. O movimento foi marcado pela queda do Rei Luiz XVI e da Bastilha em 14 de julho de 1789. Os ideais de liberdade, igualdade e fraternidade, se espalharam não só pela França como atravessaram os continentes, contribuindo para o surgimento de outros movimentos, tais como a luta pela independência das colônias. Foi raças a este movimento que os franceses puderam alcançar uma melhor estrutura social e política a partir da publicação da Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão, um grande marco para o mundo democrático.

Greve Geral de São Paulo (1917), o movimento grevista aconteceu a partir dos ideais sindicalistas trazidos pelos imigrantes europeus, os grevistas reivindicavam a redução da jornada de trabalho, as quais excediam 12 horas, proteção ao trabalho infantil e feminino, já que crianças trabalhavam junto as suas mães em condições de insalubridade, regulamentação de direitos trabalhistas, etc. as quais não foram atendidas. No entanto, foi possível estabelecer um aumento salarial de 20%. As manifestações grevistas iniciaram de forma pacifica, se tornaram violentas a partir da morte de um sapateiro pela polícia, sendo necessário reforço militar para conter as depredações e saques.

Queda do Muro de Berlim (1989), a cidade de Berlin na Alemanha estava dividida pelo conhecido “Muro da vergonha”, o qual separava a Berlin capitalista, da Berlin sindicalista. O processo de derrubada do muro foi feito sob o olhar dos soldados sem que houvesse repressão, esse foi um marco do fim da Guerra Fria. O muro foi derrubado a picaretadas e marteladas por manifestantes alemães.

Primavera Árabe (2010), tem como marco um cidadão, Mohammed Bouazizi, o qual ateou fogo em seu próprio corpo como forma de protesto a corrupção do governo. Também conhecida como Revolução de Jasmim, tal movimento contagiou outros países de cultura islâmica, especialmente através da internet por meio das redes sociais como o Facebook e Twitter, fazendo o movimento se expandir, este movimento ia contra a ditadura vivida nestes países, de governo repressor.

Diante destes movimentos, pode-se entender a relevância da união do povo na busca por seus direitos, estes elementos na história do mundo. Diante, também, da evolução das tecnologias e globalização do mundo, o capítulo subsequente abrange a importância do marco da internet para os movimentos sociais mais atuais.

2. MOVIMENTOS SOCIAIS E O MARCO DA INTERNET

Em Rede de indignação e esperança, de Manuel Castells, o autor dá destaque para aos meios de comunicação e globalização. Os movimentos sociais abordados por Manuel Castells, tem início com a expansão da internet e das redes sociais, como meio para escapar da crise financeira, vivida na Islândia, e abuso da autoridade governamental e policial encontrada na Tunísia.

“(…) A conexão entre comunicação livre pelo Facebook, You Tube e Twitter e a ocupação do espaço urbano criou um híbrido espaço público de liberdade que se tornou uma das principais características da rebelião tunisiana, prenunciando os movimentos que surgiriam em outros países. (CASTELLS, Manuel.  2013, p.21)”

A partir da movimentação social vivida nestas sociedades frente as indignações dispostas nas redes sociais, o pensamento dos civis vai se lapidando e transformando ao meio em que estão inseridos na busca de melhorias para suas demandas. Os países de religião islâmica, são os principais expostos por Castells no que se refere aos movimentos sociais, não somente Tunísia e Islândia, mas o Egito também, foi marcado pelos movimentos sociais oriundos da internet. O que se observa aqui, é que a repressão governamental e ausência de democracia, são o estopim para movimentar a sociedade egípcia e promover as mudanças necessárias no cenário político.

Mesmo frente a repressão do governo, como também ocorreu no brasil, o que será visto mais a frente durante o período ditatorial de 64, os movimentos por democracia continuaram fortes, travando uma luta continua tendo em vista ser um pais de religião e cultura islâmica, o que implica na limitação e repressão de determinados direitos, por assim dizer, partindo do princípio que estes apresentam uma cultura diferente.

Tendo como fonte de inspiração, Tunísia e Islândia, o Egito, que vivia sob a repressão do governo, movimentou a sociedade egípcia por intermédio das redes sociais meio pelo qual, promover mudanças no senário político. Segundo disposições de Castells, “Nem o Exército nem seus patrocinadores ocidentais aceitariam um regime islâmico radical no Egito. Assim, a consolidação de um regime democrático naquele país, como quer que venha a ser feita, vai implicar um governo islâmico moderado. (2013, p. 53).

 Mesmo diante da repressão sem limites do governo egípcio, com o bloqueio dos meios de comunicação e repressão violenta, o movimento por democracia continuou forte, ainda que seja uma luta continua tendo em vista ser um pais de religião e cultura islâmica.

A luta pela democracia nos países de religião islâmica continuou e desencadeou e 2010 a Primavera Árabe, onde a

“A mídia digital desempenhou papel causal na Primavera Árabe no sentido de ter fornecido a própria infraestrutura que estabeleceu laços de comunicação e capacidade organizacional entre grupos de ativistas antes que o protesto maior tivesse lugar, e enquanto os manifestantes de rua estavam sendo formados. De fato, foi por causa dessas bem-desenvolvidas redes digitais que líderes cívicos conseguiram mobilizar para o protesto um número tão grande de pessoas. (CASTELLS, Manuel.  2013, p.67)”

A Primavera Árabe foi um movimento social contra os governos do mundo árabe ocorridos em prol das de democracia e melhoria na qualidade de vida, político-social. Como já citado, os movimentos sociais no mundo árabe surgiram por meio das redes sociais, meio simples e barato, pelo qual se espalharam as formas de protesto não só pelo “mundo árabe”, mas deu notoriedade as suplicas deste, ao mundo globalizado que acompanhava tudo pela internet e outras mídias.

“Ao longo da história, os movimentos sociais foram e continuam a ser as alavancas da mudança social.1 Geralmente se originam de uma crise nas condições de vida que torna insustentável a existência cotidiana para a maioria das pessoas. São induzidos por uma profunda desconfiança nas instituições políticos que administram a sociedade. (CASTELLS, Manuel.  2013, p.127)

0 verdadeiro objetivo desses movimentos é aumentar a consciência dos cidadãos em geral, qualificá-los pela participação nos próprios movimentos e num amplo processo de deliberação sobre suas vidas e seu país, e confiar em sua capacidade de tomar suas próprias decisões em relação A classe política. (CASTELLS, Manuel.  2013, p.139-140)”

Desta forma, é possível observar, a partir das palavras de Manuel Castells, o objetivo e origem dos movimentos sociais. Com o passar do tempo sociedades passam por fatores que geram sua transformação, um fator de grande importância para o mundo moderno, foi a internet e as redes sociais, estas têm a capacidade de aproximar pessoas e modificar sociedades pelo fato de mobilizarem indivíduos em favor de um ideal, seja pós crise, seja por indignações comuns a uma sociedade, mas seu objetivo real é modificar pensamentos e construir uma consciência de mundo geradora de melhorias.

Ao passo que, o mundo foi se globalizando e os continentes se tornando cada vez mais próximos por meio das mídias de comunicação em massa, foi possível observar o crescimento dos movimentos sociais, movimentos em prol de melhorias na qualidade de vida política, econômica, social, e é neste contexto que se pretende fazer uma análise acerca dos movimentos sociais na história do Brasil, desde o período colonial ao momento em que se vive hoje.

3. MOVIMENTOS SOCIAIS E A HISTÓRIA DO BRASIL

Para compreender a sociedade brasileira, tal qual ela é hoje, é preciso, antes, compreender sua história e evolução, para tanto, este artigo se propõe a apresentar uma breve história a respeito dos principais movimentos sociais que fazem parte da luta pela democracia brasileira. A história dos movimentos sociais no Brasil, começam ainda durante o período colonial, neste, o mais importante foi o movimento abolicionista, em função da exploração escravagista vivida, primeiro pelos índios que aqui abitavam, e logo depois pelos negros trazidos da África.

A mistura dos diferentes povos que se encontraram neste país, são um reflexo da sociedade como ela é, em termos culturais, étnico, político e social, principalmente, desigual, ou seja, enquanto as minorias eram abastadas, e por esse fato tinham cidadania, seus “inferiores”, não possuíam quaisquer direitos cívicos. Neste contexto,

“[…] É claro que não se poderia esperar dos senhores qualquer iniciativa a favor da educação de seus escravos ou de seus dependentes. Não era do interesse da administração colonial, ou dos senhores de escravos, difundir essa arma cívica. Não havia também motivação religiosa para se educar. A Igreja Católica não incentivava a leitura da Bíblia. […] (CARVALHO, José Murilo de. 2002, p. 23).”

A educação, neste período, não era uma prioridade, tão pouco de ser passada aos seus escravos, desta forma deixariam de ser alienados para lutar por seus direitos quanto civis.  O que se pode dizer sobre esse momento é que houve educação religiosa difundia pela Igreja Católica, com a finalidade de catequisar índios e africanos, considerados hereges por cultuar outras formas religiosas.

A partir da Independência, a Constituição passou a dar o direito de voto a homens a partir dos 25 anos de idade, ou aqueles que possuíssem uma renda superior a 100 mil reis. Mulheres e escravos, continuavam a margem da sociedade, não eram considerados cidadãos e tão pouco tinha direitos. O exercício do voto tinha cunho político, na verdade, não social de cidadão, mas para angariar um maior número de votos.

Com o passar das Republicas, verifica-se que não houveram mudanças significativas na sociedade brasileira da época, diferentemente das sociedades inglesa, francesa, as quais foram marcadas pela luta pela liberdade, pelos direitos civis, político, trabalhista, marcada também, muitas vezes com sangue, a exemplo da Revolução Industrial e Revolução Francesa.

Outros movimentos foram surgindo, ainda singelos e de menor expressão, dentre os quais abre destaque para os movimentos trabalhistas. Os operários agora, lutavam por melhores condições de trabalho e salários. Os movimentos sociais foram então tomando-se cada vez maiores e mais propensos a trazer mudanças, diferentemente do que acontecia no início da sociedade brasileira, quando a sociedade se encontrava inerte as violações cívicas.

Em 1917 houve a Greve Geral de São Paulo, movimento operário, no qual os grevistas reivindicavam a redução da jornada de trabalho, as quais excediam 12 horas, proteção ao trabalho infantil e feminino, etc. Este período ficou marcado pelas mudanças adotas pelo governo nos aspectos trabalhista, industrial e comercial, decorrentes dos movimentos do período anterior, consolidando a lei do trabalho em 1943.

Em 1934, a Constituição regulou a jornada de trabalho, sendo esta, agora de oito horas, e um salário base, o salário mínimo, que fosse capaz de nutrir as necessidades familiares. Durante esta “Marcha acelerada”, a sociedade brasileira passou por diversos momentos distintos, e as greves outrora proibidas, passaram a ser direito soa trabalhadores, sendo em 1964, aprovada a primeira lei de greve.

No período que compreende de 1964 a 1985, o Brasil foi marcado pela Ditadura Militar, este período ficou caracterizado pela regressão política e econômica vivida no país durante este período em decorrência dos conflitos entre Política x Cidadãos, onde a economia caiu, a liberdade ficou limitada e novas normas foram instauradas pelo governo ditatorial, sendo a pena de morte reintroduzida ao ordenamento jurídico.

“Dado o golpe, os direitos civis e políticos foram duramente atingidos pelas medidas de repressão, por essa razão, eles merecem atenção especial. Como era maior a mobilização em 1964 e como estavam mais desenvolvidos os meios de controle, a repressão política dos governos militares foi também mais extensa e mais violenta do que a do Estado Novo.  Em­ bora presente em todo o período, ela se concentrou   em dois momentos:  entre 1964 e 1965, e entre 1968 e 1974.

Os instrumentos   legais da repressão   foram   os “atos institucionais" editados pelos presidentes militares. O primeiro foi introduzido logo em 9 de abril de 1964 pelo general Cas­telo Branco. Por ele foram cassados os direitos políticos, pelo período de dez anos, de grande número de líderes políticos, sindicais e intelectuais e de militares. (CARVALHO, José Murilo de. 2002, p. 160)”

Tal período compreendeu os Atos Institucionais, instrumentos normativos repressivos, pelos assaltos a bancos, tortura sofrida por opositores e repressão da imprensa que não podia noticiar os fatos que estavam acontecendo. Ainda, durante este período, embora, repressão seja a primeira palavra que vem à cabeça quando o assunto é ditadura, em 1968, o país passou por uma grande transformação econômica, conhecida como “milagre econômico”, quando o produto interno bruto chegou a 13,6 % durante o governo mais repressivo e violento deste período, o governo Médici.

Mas não houve só crescimento econômico, houve também social, foram criados, durante esse o período, o um Fundo de Garantia por Tempo de Service (FGTS), o Banco Nacional   de Habitação (BNH) e criado o Instituto Nacional de Previdência Social (INPS), como meios de estabilizar a economia do país

Após um período de trevas, acontece com a volta dos direitos civis e políticos, período que compreende os anos de 1974 a 1985. A abertura dos direitos se deu em quando o general/presidente minimizou as restrições quanto a propaganda eleitoral, e mais tarde, com a revogação do AI-S, com o fim da censura previa e a volta dos primeiros exilados políticos.

Embora o general Geisel, governasse sob um período ditatorial, conhecido pela repressão, como já supracitado, foi durante seu governo que a repressão passou a diminuir, desautorizando este, as ações repressivas e propondo uma abertura política, este momento ficou marcado, ainda, pelos movimentos sindicais renascidos através dos movimentos oposicionistas trazendo o nome de Luís Inácio da Silva, Lula, como um dos mais importantes. Tais movimentos oposicionistas contaram com a presença de artista e intelectuais, dentre os quais destaca-se Chico Buarque de Holanda, graças a sua popularidade expandiu e personificou a resistência e a luta pela redemocratização em suas canções.

Neste período de trevas, Tancredo Neves ficou conhecido como homem símbolo da redemocratização, sendo possível a retomada da democratização civil em 1985 embalada pelas eleições, ficando, a redemocratização marcada, neste período, pelos caras pintadas que foram as ruas pedir o impedimento do então presidente eleito, Fernando Collor de Melo, sendo este substituído pelo seu vice-presidente Itamar Franco.

A partir dos movimentos sociais vividos no pais, foi promulgada em 1988 uma nova Carta Magna, a Constituição Federativa do Brasil de 1988, a qual está vigente nos dias atuais, foi mais um marco importante para a redemocratização brasileira, trazendo inovações legais e institucionais afim de trazer melhorias a coletividade, trazendo direitos e deveres aos cidadãos.

Alguns fatos, entretanto, marcaram negativamente este período de retomada da democratização. A Magna Carta de 1988, apenas transferiu o controle dos policias militares, para os governos estaduais. Um exemplo da violência militar neste período foi a invasão do Carandiru, o qual ficou marcado pelo sangue de mais de 100 presos.

Embora a nova Constituição tenha trazido muitas inovações escritas, na pratica, tais inovações ainda custam a se desenvolver. O que nos faz pensar o atual período brasileiro, onde a população tem ido as ruas. Em 2013 iniciou uma onda de protestos que foi se alastrando pelo pais, as manifestações que iniciaram devido ao aumento das tarifas dos transportes públicos, foram dando lugar a novos movimentos em face de velhas indignações, eis que vieram, os movimentos em prol da saúde e educação, tendo em vista os autos valores gastos na construção de estádios e outros para copa de 2014, enquanto a sociedade brasileira apresenta um déficit nesses.

Durante os protestos pode-se observar, que como em 1992, a maioria dos manifestantes eram jovens estudantes, buscando melhoria de vida, o que demonstra uma sociedade cada vez menos alienada e mais participativa nas questões político-sociais, e o importante papel das redes sociais para os movimentos, já que estes eram marcados através do Facebook, Instaram, Whatsapp e outros.

4. SINDICALISMO

É comum abordar as mutações sofridas pela sociedade em diversas áreas, inclusive nas questões trabalhistas, onde sabemos existir uma grande quantidade de trabalhadores disponíveis e ainda trabalhos precários e temporários em escala global. As longas jornadas de trabalho implicam no domínio deste sobre a vida dos indivíduos. A luta pela redução das jornadas de trabalho, pode articula ação contra o controle opressivo no tempo de trabalho e contra o controle opressivo no tempo de vida. No entanto, a redução de trabalho implica na redução salarial, fazendo desta uma luta complementar.

A democratização do trabalho é mais que a busca pelos direitos dos trabalhadores, é também a concretização e propriedade de conhecimentos e direitos fundamentais (individuais e coletivos) para integração da população em serviços públicos de educação, saúde, assistência social, entre outros, uma vez que, em um mundo capitalista, o consumo é necessário as condições de trabalho, levando em consideração a oferta e demanda.

Neste contexto, entende-se por sindicato como a associação de indivíduos comuns em defesa de interesses comuns, este é proveniente do grego sundikós e possui derivação do latim syndicus, se referindo a palavra advogado. Este surgiu junto a Revolução Industrial e o Capitalismo objetivando a melhora das condições de vida da classe operária.

É papel dos sindicalistas atuar como mediadores, e por isso a semelhança com o advogado, afim de defender os interesses dos trabalhadores, surgido na Europa no século XVII, chegou ao Brasil no século XIX, onde após a abolição da escravatura, a mudança econômica vivida com a indústria manufatureira e os imigrantes europeus que chegavam ao Brasil com uma experiência salarial, estes, diante das más condições de trabalho passaram a se unir em sindicatos.

No entanto, a crise sindical se desenvolve a partir do abismo social da classe trabalhadora, reduzindo o poder sindical. A fragmentação dessa classe dificulta a organização sindical, isto é, a dificuldade de incorporação de mulheres nos setores mercantis, ajudou na redução das taxas de sindicalização no universo feminino.

Lafargue aponta alguns desafios do movimento sindical, como a capacidade sindical de romper a barreira social que separa os trabalhadores, capacidade de romper com a tendência crescente e excessiva institucionalização e burocratização do mercado sindical, capacidade sindical de auxiliar na busca de um projeto ambicioso que caminhe na direção da emancipação dos trabalhadores.

“I-A redução da jornada diária (ou de tempo semanal) de trabalho tem sido uma das mais importantes reivindicações do mundo do trabalho, uma vez que se constitui num mecanismo de contraposição a extração do sobretrabalho, realizado pelo capital, desde sua gênese com a Revolução Industrial e contemporaneamente com a acumulação flexível da era do toyotismo e da máquina informacional. Desde o advento do capitalismo, a redução da jornada de trabalho mostra-se central na ação dos trabalhadores, condição preliminar para uma vida emancipada. (ANTUNES, Ricardo. 2011 p. 110)”

No Brasil, a Magna Carta promulgada em 1988, versa em seus artigos 7° e 8° direitos e deveres referentes aos direitos e deveres dos trabalhadores e sua associação aos sindicatos, mas para que os trabalhadores, possuíssem tais direitos assegurados em texto Constitucional, os trabalhadores precisaram enfrentar muitos obstáculos, além de trabalharem em péssimas condições e receber salários impróprios a sua subsistência e de sua família, a atividade sindical era ilegal, fazendo com que os trabalhadores não pudessem lutar por seu ideal, sem estar cometendo um delito.

CONSIDERAÇOES FINAIS

A partir da análise de movimentos sociais de destaque na história, é possível observar a importância destes para a história da democracia e reconhecimento dos direitos dos cidadãos, não apenas no âmbito nacional, mas global, partindo do princípio que cada movimento surgido em uma determinada sociedade migrou e imigrou as demais de diferentes foras, através dos meios de povoamento, pela mídia, pelas redes sociais, destacando o sindicalismo surgido na Inglaterra na Revolução Industrial, que imigrou para o Brasil junto aos operários imigrantes, dando início a Greve Geral de São Paulo, bem como também as manifestações ocorridas nos países de religião islâmica, os quais por meio da internet, mostraram ao mundo a opressão em que viviam, na busca por um modelo de governo mais democrático.

O que se compreende com este, é que as manifestações sociais nascem e pela busca por melhorias de vida e consagração da dignidade humana, neste sentido esta obra relata movimentos sociais que ocorreram pelo globo, chegando ao Brasil, influenciados pelas redes sociais.

Desta forma, a internet foi um marco da globalização e expansão dos movimentos sociais, mostrando ao mundo a realidade vivida em diferentes sociedades. Diante da obra de Manuel Castells, observa-se um subsidio importante, fazendo refletir acerca de questões internas e externas, a relevância dos movimentos sociais da modernidade, iniciados e compartilhados com o mundo através da internet. O que se verifica com as disposições deste artigo, é que o governo pode ser um meio de opressão forte, mas o povo tem maior poder e deve continuar buscando melhorias necessárias para tornar-se mais justo e igualitário.

Isto posto o presente artigo, dispõe ainda, considerações acerca do trabalho e sindicalismo vivenciado pelo indivíduo que está exposto a longas jornadas e péssimas condições de trabalho, trazendo a transformação social ocorrida diante da luta deste pela melhoria de tais condições, perpassando pela origem e dificuldades decorrentes da luta do Operariado X Classe Burguesa.

Este busca transmitir ao leitor a relevância do movimento sindical para o trabalhador do século XXI, embora algumas melhorias tenham sido alcançadas, a busca por seus direitos deve ser inerente ao cidadão, para que este se torne livre.

Dentre as conclusões que se pode tirar deste trabalho, pode-se citar a importância de ter direitos assegurados na norma jurídica vigente para o trabalhador. E em casos de desrespeito aos preceitos constitucionais e infraconstitucionais, o indivíduo deve se manifestar afim de alcançar tais direitos, não só individuais, mas de seus semelhantes, bem como a necessidade da internet na atuação dos movimentos sociais atuais, que buscam, não favorecer uma classe – diferente dos sindicatos-, mas favorecer toda uma sociedade democrática, e a importância dos movimentos sociais ocorridos ao longo dos anos em diferentes sociedades, para a formação da sociedade tal como ela é atualmente.

 

Referências
ANTUNES, Ricardo. Adeus ao trabalho? Ensaio sobre as metamorfoses e a centralidade do mundo do trabalho – 15ª ed. – São Paulo: Cortez, 2011.
CARVALHO, José Murilo de. Cidadania no Brasil. O longo Caminho. 3ª ed. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2002.
CASTELLS, Manuel. Rede de indignação e esperança: movimentos sociais na era da internet: Rio de Janeiro: Zahar, 2013.
LAFARGUE, Paul. O Direito à preguiça. – Versão para eBooks.

Informações Sobre o Autor

Thaisa Andrade Oliveira

Bacharel em Direito pelo Centro Universitário AGES – UniAGES


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Equipe Âmbito Jurídico

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